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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
3ª Vara Cível, Família, Sucessões, Infância e Juventude de Porto Nacional
Anel Viário, s/n, Área do Centro Olímpico Ademar Ferreira da Silva - Bairro: Jardim Aeroporto - CEP:
77500-000 - Fone: (63) 3363-1144 - Email: familia1portonacional@tjto.jus.br

ALIMENTOS - LEI ESPECIAL Nº 5.478/68 Nº 0000247-22.2022.8.27.2737/TO

SENTENÇA

1 RELATÓRIO

Cuida-se de ação revisional de  alimentos com pedido de tutela


antecipada de urgência proposta por Gustavo Ferreira Barbosa, representado por sua
genitora Rosirene Ferreira Araújo, requerendo a revisão dos alimentos a fim de
majorá-los no importe de R$ 28,8% (vinte e oito virgula oito por cento) do salário
mínimo vigente.

No evento 11, houve o indeferimento do pedido liminar pleiteado pela


parte autora, eis que ausente um dos requisitos autorizadores, entretanto, fora
deferido o pedido de expedição dos descontos dos alimentos junto folha de
pagamento do requerido, cuja comunicação do empregador deu-se através de e-mail
(EMAIL1, evento 18), com a confirmação do recebimento em 07/03/2022 (AR1,
evento 19).

Em audiência para a tentativa de conciliação, a qual restou infrutífera


(ATA1, evento 36), o requerido compareceu espontaneamente, sendo intimado para
apresentar contestação no prazo legal.

Nos autos de evento 39, transcorreu o prazo para que o  requerido


apresentasse defesa no prazo legal (CERT1, evento 39).

É o relato. Passou-se à decisão.

2 FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação revisional de alimentos em que narra a parte autora o


seguintes fatos:

[...]  As partes tiveram um relacionamento amoroso culminando no


nascimento de Gustavo Ferreira Barbosa, atualmente com 09(nove) anos de
idade.  Conforme Acordo homologado e anexo nos autos nº 0003079-
04.2017.827.2737, foi fixado pagamento de alimentos no valor de 21,5% (vinte e
um vírgula cinco por cento) do salário mínimo. Na época, o Requerido estava

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desempregado. O requerido atualmente trabalha na empresa GRANOL
INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO, com CTPS assinado, CNPJ:
50.290.329/0070-34, situada na Rod. TO-255, km 62, Zona Rural, Porto
Nacional/TO, CEP: 77500-000, Telefone: (63)3496-1001. A necessidade do filho
Gustavo aumentou consideravelmente no decorrer dos anos. O requerente está em
idade escolar, atualmente precisa realizar uma cirurgia, sendo recomendada por
médico urologista, sendo evidente que devem ser majorados os alimentos,
procedendo a ajuste no binômio necessidade/possibilidade. Considerando a melhora
da situação financeira do Requerido, devem os alimentos serem majorados para
28,8% (vinte e oito vírgula oito por cento) do salário mínimo vigente, incluindo o
décimo terceiro salário [...] 

Ademais, pugna ao final pela seguinte medida judicial:

[...] f) No mérito, a PROCEDÊNCIA desta pretensão, para determinar


a REVISÃO, da obrigação de prestar alimentos de modo que seja majorado o
importe alimentar ao equivalente a 28,8% (vinte e oito vírgula oito por cento) do
salário mínimo, incluindo o décimo terceiro salário do Requerido, pelos motivos
acima expostos [...]. 

Processo regularmente instruído e presentes as condições da ação. 

Inicialmente, decreto a revelia do requerido, eis que  compareceu


espontaneamente em audiência para tentativa de conciliação, ficando ciente do prazo
legal para apresentar defesa, e não contestou.

Assim, feita a contextualização da demanda e inexistindo  outras


questões incidentais ou preliminares a serem analisadas, estando presentes as
condições da ação e os pressupostos de existência e de desenvolvimento válido e
regular do processo, se passa a análise do mérito. 

O requerido, como dito acima,  não apresentou contestação, tornando-


se, portanto, revel.

Dispõe o Código de Processo Civil que a revelia induz presunção de


veracidade dos fatos.

Em ação de alimentos, os efeitos da revelia são parciais. Vejamos.

No caso, a revelia não supre a relação de parentesco, a qual foi


demonstrada pela parte autora através dos documentos anexos na inicial
(CERTNASC2, CERTNASC3, evento 01);  também não induz à revelia quanto ao
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valor requerido correspondente às   necessidades do autor, por ser fato constitutivo
do seu direito. 

Nesse aspecto, é de bom alvitre salientar que, em se tratando de ação


de revisão de alimentos, tem-se como concretização do elemento probabilidade do
direito a demonstração da alteração do binômio  necessidade-possibilidade” (art.
1.694, § 1º, CC), 

No tocante  à  necessidade  do  alimentando, de plano se verifica que


é  presumida, isso em razão da menoridade, além de encontra-se em idade escolar,
bem como restou evidenciado que o autor necessita realizar procedimento cirúrgico,
conforme laudo médico acostado no processo (LAU5, evento 01). 

Em análise das informações constantes dos autos, em relação à


possibilidade do requerido, restou evidenciado no curso do processo,  por meio
do  ofício expedido a  empregadora GRANOL INDÚSTRIA COMÉRCIO E
EXPORTAÇÃO, determinando a efetivação dos descontos da pensão alimentícia em
folha de pagamento, que o requerido possui vínculo laboral ativo. 

Sob o pálio, o genitor tem o dever legal de prestar alimentos ao filho,


de acordo às suas possibilidades, e durante a instrução processual, não houve
a  demonstração clara da  diminuição de sua capacidade econômica, fato não
contestado pelo requerido.

Outrossim, a revelia produz o efeito da veracidade em relação aos fatos


referentes à possibilidade do requerido, é dizer, o equilíbrio do binômio
“possibilidade x necessidade”, cuja prova da possibilidade é da parte requerida e a
desconstituição da  necessidade também, o que, neste caso, não fora feito pelo
requerido, diante da revelia. 

Assim, restam presentes os requisitos necessários para que o valor da


pensão seja majorado, na forma requerida na inicial.

Noutro vértice, cabe também salientar que o valor fixado a título de


pensão foi de 21,5% (vinte e um vírgula cinco por cento) do salário mínimo, o que
hoje equivale ao valor de R$ 283,80  (duzentos e oitenta e três reais e oitenta
centavos). 

Ora, é evidente que se trata de uma pensão com um valor baixo, que
visa atender minimamente às necessidades básica do requerido, se podendo até dizer
que sequer o mínimo existencial está sendo garantido, mas sim o mínimo vital,
referente às condições materiais mínimas que o indivíduo precisa para sobreviver.
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Ademais, a fixação dos alimentos provisórios poderá ser revista a
qualquer tempo, seja para majorar, seja para reduzir o valor estabelecido, desde que
aportem aos autos elementos de convicção que justifiquem a redefinição
do quantum.

Nessa ordem de ideias, considerando a comprovada  quantia necessária


para suprir as necessidades da  criança, e, ainda, levando em conta a revelia
do requerido, que, inclusive, não se insurgiu em relação as pretensões autorais e por
toda a fundamentação acima, se depreende  que o pedido inicial deve ser julgado
totalmente procedente em sua totalidade, a ser fixado em 28,8% (vinte e oito vírgula
oito por cento) do salário mínimo. 

3 DISPOSITIVO

Isso posto, com base nos fundamentos acima, julgo totalmente


procedente os  pedidos  formulados na ação, para majorar  os alimentos para  28,8%
(vinte e oito vírgula oito por cento) do salário mínimo vigente na data do
pagamento,  a   serem pagos  mediante desconto pelo empregador direto da conta
salário, caso em que deve incidir sobre décimo terceiro salário, tendo em vista sua
natureza salarial.

Os alimentos definitivos devem ser pagos no dia 05 do mês


imediatamente posterior à sua intimação.

Extingo o feito  com resolução de mérito, nos termos da norma do art.


487, inciso I, do CPC/15. 

Condeno a parte requerida  ao pagamento de custas processuais, taxa


judiciária, despesas processuais e honorários advocatícios em favor da Defensoria
Pública, estes arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. 

4 PROVIMENTOS

4.1 CERTIFIQUE-SE o trânsito em julgado da sentença, uma vez que


as partes renunciaram expressamente ao prazo recursal;

4.2 OFICIE-SE ao empregador do alimentante para que proceda aos


descontos mensais dos alimentos no valor fixado, diretamente na folha de
pagamento, repassando-os diretamente à alimentanda na conta bancária informada
nos autos (ANEXO6, evento 01), cujo desconto, deverá acontecer a partir da
primeira remuneração posterior, a contar do protocolo do ofício. 

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4.3 A conduta omissiva por parte do empregador será interpretada
como descumprimento injustificado da decisão, passível de aplicação de multa por
ato atentatório à dignidade da justiça, sem prejuízo das sanções criminais, civis e
processuais cabíveis.

4.4 Fica, portanto, o empregador ADVERTIDO, nos termos do artigo


  77, IV e §2º do CPC, que não havendo o cumprimento será reconhecível o ato
atentatório à dignidade da justiça e será aplicada ao responsável multa de até 20%
sobre o  valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta, multa esta que, não
sendo paga no prazo a ser fixado por este juízo, será inscrita como dívida ativa da
União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua
execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos
previstos no art. 97 do CPC.

4.5 No ponto, cabe salientar que a sanção criminal por desobediência é


fato a ser apurado no juízo criminal, competindo ao Ministério Público a
apresentação de eventual denúncia.

4.6 Ademais, considerando que os valores auferidos a título de décimo


terceiro, horas extras e férias possuem natureza salarial, devem também ser
incluídos na base de cálculo da pensão alimentícia fixada. 

4.7  Oferecido recurso de apelação,  INTIME-SE  a parte


recorrida/apelada para, no prazo de 15 (quinze) dias, oferecer contrarrazões. Após,
com ou sem resposta, e não havendo preliminar (es) de apelação e/ou apelação
adesiva    PROCEDA-SE  conforme NCPC, art. 1.010, § 3º. Nas contrarrazões,
havendo preliminar (es) de apelação e/ou apelação adesiva, suscitada(s) pelo
recorrido(a)/apelado(a),  INTIME-SE  a parte apelante/recorrente para, no prazo de
15 (quinze) dias, manifestar-se/apresentar contrarrazões e, após,    PROCEDA-
SE conforme NCPC, art. 1.010, § 3º. 

4.8  Com o trânsito em julgado,  PROCEDA-SE  conforme o


provimento 09/19 – CGJUS. 

Saem os presentes intimados.

Publique-se em audiência. Registre-se. Intimem-se. Arquive-se.


Cumpra-se. 

Porto Nacional, data certificada pelo sistema.

 
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Documento eletrônico assinado por ADALGIZA VIANA DE SANTANA, Juíza de Direito, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro
de 2011. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.tjto.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 7842379v38 e do código CRC
cc9ecf4d.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ADALGIZA VIANA DE SANTANA
Data e Hora: 14/4/2023, às 18:29:20

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