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Membros do Comitê Contra a Tortura. Prisão e Perseguição Política no Brasil
Membros da Frente Internacionalista dos Sem-Teto - FIST
MEMBROS DA ANISTIA INTERNACIONAL

EXMO. SR . DR. JUIZ DE DIREITO DA 36 VARA 'VEL DA


COMARCA DA CAPITAL

Ref.: Proc. no. 0324684-25.2011.8.19.0001

• de Dom
Rost.cfe fio oPe s d"1"nte
01M8069

JOSÉ MANUEL MARIA, brasileiro, solteiro, servente de


pedreiro (desempregado), portador da cédula de identidade n°. 11.688.546-8
DETRAN/RJ e inscrito no CPF sob o d. 095.588.247-80, residente e
domiciliado nesta Capital, à Rua do Acre, n°. 32, Centro, FRANCISCOADA1LaVALO 4 It
,brasileiro, solteiro, copeiro, portador da CTPS n°.
54813 S 121/RJ e inscrito no CPF sob o n°. 026.539.227-18, residente e
domiciliado nesta Capital, à Rua do Acre, 32, vêm por seu advogado
qualificado nas procurações anexadas, com fundamento no artigo 475-L do
Código de Processo Civil interpor, como de fato interpõem

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA
Em face do ESPÓLIO DE ANTÔNIO COELHO
FAUSTINO, representado em juízo por seu suposto Inventariante conhecido
como ANTÔNIO JOSÉ DE JESUS FAUST1NO, que se diz brasileiro, solteiro,
engenheiro, portador da cédula de identidade n°. 08158643/IFP, e inscrito no
CPF sob o n°. 020.456.437-94, residente "nesta cidade" (em local ignorado),
assim o fazendo pelas razões fáticas e jurídicas que seguem, com fulcro no
artigo 475-L, inciso II, do Código de Processo Civil, com a redação dada pela
Lei n°. 11.232/05.

1— DA GRATUIDADE DE JUSTICA:

Inicialmente, afirmam os Réus, ora Impugnantes, com base


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1— DA GRATUIDADE DE JUSTICA:

Inicialmente, afirmam os Réus, ora Impugnantes, com base


no artigo 4° da Lei n°. 1.060/50 e no inciso LXXIV do artigo 5° da Constituição
Federal, que não possuem condições financeiras para arcar com custas e
honorários sem prejuízo do próprio sustento e de seus familiares, em razão do
- que postulam a concessão da Gratuidade de Justiça.

II— DOS FATOS E FUNDAMENTOS:

Os Impugnantes estão sendo executados em virtude de


decisão, com trânsito em julgado, que pôs fim à ação de despejo cumulada com
cobrança de aluguéis (processo n°. 0324684-25.2011.8.19.0001).

Tal ação, porém, se trata de uma lide simulada, em


manifesta fraude contra os ora Réus, que nunca fizeram qualquer "contrato
verbal" com o espólio ou seu suposto "Inventariante".

Assim, é inexigível o título em que se funda a presente


ação, por ser ilegal pretender a execução de um "contrato verbal", sendo que o
espólio autor, ora impugnado, sequer qualificou os Réus na petição inicial,
sendo impossível crer que alguém, como o espólio impugnado, "alugasse" o
prédio objeto desta lide (Rua do Acre, 32) mediante simples "contrato verbal",
e sem sequer tentar descobrir os números dos documentos de identificação dos
seus "inquilino"; isto é um expediente, que encobre uma FRAUDE.

As alegativas do espólio impugnado vêm de encontro às


regras de experiência comum e às práticas comerciais, narrando a petição
inicial fatos inverossímeis; neste ponto, a improcedência do pedido inicial é de
rigor, a despeito da revelia dos Impugnantes.

Importante trazer à lume questão de ordem principiológica,


considerando que o julgador ao decidir o caso controverso não está adstrito a
concessão dos pedidos formulados na inicial, em razão dos princípios
fundamentais informadores do processo civil, e neste ponto, importa pinçar o
principio da persuasão racional do juiz, também denominado principio do livre
convencimento, segundo o qual, o juiz, em conformidade ao contido no art.
131, apreciará livremente o contido nos autos e decidirá de forma motivada,
observado ainda, os demais princípios aplicáveis.

A propósito, a revelia, segundo a Jurisprudência:


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"(...) Não induz procedência do pedido e nem


afasta do exame de circunstâncias capazes de
Qualificar os fatos tictamente comprovados".
(RSTJ vol. 53, p. 335).

Neste sentido, ainda o Colendo Superior Tribunal de


Justiça (STJ):

• "A presuncão de veracidade dos fatos


alegados pelo autor em face à revelia do réu é
relativa, podendo ceder a outras
circunstâncias constantes dos autos, de acordo
com o princípio do livre convencimento do juiz".
(STJ, 4' turma, Relator Ministro César Rocha,
DJU de 08.09.97, p. 42.504).

Esta a orientação que deve ser aplicada nos presentes


autos, notadamente porque o suposto "contrato" que o Impugnado alega ter
com os Impugnantes não restou comprovado, sendo inoperante por não conter
assinatura no campo próprio, tornando-se imprestável para configuração da
relação ex locato que, sabidamente, somente se comprova mediante cognição
probatória, inexistente no caso dos presentes autos.

Isto seria bastante à improcedência do pedido, mas além


disso, nota-se que ao ser malograda a tentativa de citação dos Réus Ubiratan
Nunes da Silva, Luiz Carlos de Oliveira, Celso dos Santos Monteiro,
Ubiraci Moura de Azevedo e João de Oliveira, o espólio simplesmente
desistiu da ação em face deles, passando a imputar aos ora Impugnantes a
totalidade do suposto "débito", como se o "contrato verbal" pudesse ser
transferido para quem bem entenda, o que elimina, também, o argumento do
"não pagamento de aluguéis" (sk) disputado!

A petição inicial, neste particular, é peça completamente


inepta, uma vez que alega (fl. 03) que o aluguer mensal é de "R$ 180,00 para
cada ocupante, que dormem nos quartos existentes no local, perfazendo um
total de R$ 1260,00 acrescido das taxas que incidem sobre o bem" e diz que o
quantum debeatur exigido dos então 7 (sete) Réus seria "relativo aos meses de
JANEIRO à JULHO de 2011, perfazendo um total de R$ 8.820,00, conforme
planilha anexa". Ao substituir o pólo passivo pelos ora Impugnantes, porém., o
Impugnado deixou de atualizar a planilha de suposto débito, imputando aos
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ora 3 (três) Impugnantes, como réus exclusivos da ação, os mesmos valores


exigidos solidariamente dos 7 (sete) Réus originários — R$ 8.820,00 (oito mil,
oitocentos e vinte reais).

O juiz, portanto, pelo seu livre convencimento motivado,


deveria (e não apenas "poderia"), ao verificar que o espólio impugnado não
apresenta mais do que a alegativa de um "contrato verbal" de aluguer em
prédio localizado em ponto central da Capital, que não qualifica
corretamente os supostos "inquilinos", e ainda por cima deixa de individualizar
os "débitos" a serem cobrados, substituindo alguns réus por outros, mas
imputando ao novos réus os mesmos valores cobrados dos antigos,
• CONSTATAR QUE ESTE PROCESSO É MERA FRAUDE PRATICADA
PARA ENRIQUECER ILICITAMENTE ÀS CUSTAS DOS MORADORES
DO PRÉDIO SITO NA RUA DO ACRE, N°. 32, RETIRANDO-OS DE SUAS
RESIDÊNCIAS.

Será possível que o espólio não tenha se dado conta de que


os ora Impugnantes, se estivessem ad argumentandum em algum "débito" para
com o Impugnado, não poderiam ser os mesmos valores de "JANEIRO a
JULHO de 2011" que foram cobrados solidariamente dos Réus excluídos do
pólo passivo?

O prédio de n°• 32 da Rua do Acre NUNCA foi objeto de


qualquer "contrato de aluguer", seja ele escrito, ou "de boca", como alega o
Impugnado; os Réus da presente "ação de despejo", bem como os ora
• Impugnantes JAMAIS viram o de cujus "Antônio Coelho Faustino" ou seu
suposto "inventariante", não tendo com ele nenhum contato ou acordo.

Os Réus excluídos da presente ação, assim como os ora


Impugnantes são, na verdade, posseiros, isto é, ocupantes sem-teto de área
urbana, que ocuparam o prédio por vê-lo abandonado e sem fim social, vindo
a destiná-lo a sua moradia.

O suposto "inventariante", estando imbuído do intuito de


tomar o imóvel para si, e não tendo como ajuizar uma possessória - uma vez
que os Réus e os ora Impugnantes detêm posse velha sobre a res - travestiu o
seu pedido temerário e de má-fé como "ação de despejo", mero subterfúgio, e
como viu que correria um risco muito grande se falsificasse a assinatura dos
Réus e dos Impugnantes em um "contrato de aluguer", optou pela saída de
alegar "contrato verbal".

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A sentença ora impugnada não refletiu o melhor direito,


inclusive ao condenar aos Impugnantes em "honorários de sucumbência" no
montante de 10% (dez por cento) do valor atribuído à causa, uma vez que se os
Impugnantes não ofereceram resistência ao processo principal (sendo
condenados à revelia), não há que se falar em condenação em honorários.

III — DO DIREITO:

Esta impugnação ao cumprimento de sentença é calcada no


inciso II do art. 475-L do CPC, in verbis:

Art. 475-L. A impugnação somente poderá


versar sobre:

- inexigibilidade do titulo

Aqui é inexigível o "título" em que se funda o pedido, qual


seja, um "contrato verbal" ou "de boca", onde a parte autora alega o
inadimplemento dos alugueres relativos a determinado período, e de outra
banda, a parte requerida afirma a inexistência de tais débitos, o que de fato não
restou provado pelo requerente, sendo despiciendo inclusive, qualquer
discussão acerca da admissibilidade desta ou daquela modalidade probatória.

Caberia ao espólio Impugnado, então requerente,


demonstrar de forma consistente, não somente a existência do "contrato
• verbal" de locação, mas além disso, acerca da situação de inadimplência, o
que de fato não ocorreu.

É regra comezinha de direito caber somente à parte que


alega um direito ou o fato desconstitutivo deste, fazer a prova de suas
alegações, nos termos do regramento elencado no art. 333 do Código de
Processo Civil e seus incisos.

Neste sentido, ensina o professor Moacyr Amaral Santos,


citando Chiovenda em sua obra "Primeiras Linhas de Direito Processual
Civil" –Vol. II– pg. 347 – Saraiva/1993:

"O ônus de afirmar e provar se reparte entre as


partes, no sentido de que é deixado à iniciativa
de cada uma delas provar os fatos que deseja
sejam considerados pelo juiz, isto é, os fatos que
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tenha interesse sejam por este tidos como


verdadeiros".

Provar, em verdade, é demonstrar um fato ou um direito


alegado ao julgador, para que este venha a formar sua convicção. A prova é em
verdade um ônus, não propriamente uma obrigação eis que, caso não cumprido,
o próprio indivíduo sofre as consequências deste descumprimento. O ônus é,
assim, um ato, uma conduta da parte litigante a fim de satisfazer interesse
próprio, evitando uma situação de desvantagem.

Mesmo diante do evidente antagonismo de versões,


somente poder-se-ia acolher a pretensão vestibular, neste particular, caso a
parte autora tivesse aparelhado sua pretensão com tais elementos
comprobatórios a respeito do não pagamento dos alugueres, o que inocon -eu.

NOUTRO GIRO, o que ficou demonstrado nestes autos é a


posse, tanto dos Réus, quanto dos ora Impugnantes, sobre o imóvel objeto
desta lide, para fins de moradia.

O que o espólio impugnado (ou antes, o seu suposto


"inventariante") pretende é ganhar fácil um imóvel e mais um dinheiro às
custas dos Impugnantes, escolhendo a esmo a parte a ser demandada, e dela
exigindo mundos e fundos, sem nenhum comprovação dos fatos alegados, que
por isso mesmo se desfazem com um flatus vocis reduzido a pulvus et nihil.

Conforme bem esclarece Elizabete Manigilia, citando a


jurista espanhola Suzana Huerta, as ocupações de imóveis que cumprem a
função social, rurais e urbanas, abrigando várias famílias de pessoas humildes,
honestas e trabalhadoras, nada mais são que a expressão da cidadania que visa
garantir a implantação efetiva do programa de proteção previsto na
Constituição Federal.

No mesmo sentido tem decidido os Tribunais:

Por expressa disposição legal (art. 333, I, do


Código de Processo Civil) é de incumbência
única e exclusiva da parte autora a produção de
provas acerca dos fatos constitutivos de seu
direito. E, não se desincumbindo desse mister
satisfatoriamente, a ponto de convencer o
julgador, dará azo ao não acolhimento da tese
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estampada na exordial. A prova oral, quando traz


duas versões antagônicas, deve, pelo princípio da
persuasão racional (CPC, art. 131), ser analisada,
medida e ponderada, posta em confronto com a
lógica e as regras da experiência, desprezando-se
o inverossímil e o improvável, para acolher-se o
que se evidencia racional, coerente e compatível
com as circunstâncias. (TJSC - Apelação Cível
n. 2006.005171-3 - Relator: Marcus Tulio
Sartorato - Data: 21/08/2007)

IV - DO PEDIDO:

Em vista do exposto supra, REQUEREM os ora Impugnantes:

1) seja deferido o beneficio da gratuidade de


justiça, nos moldes das Leis numero 7.115 de
19/08/1993 e numero 1.060 de 05/02/1950,
conforme requerido preliminarmente, tendo em
vista que os autores não possuem condições
financeiras de arcar com as custas processuais e
honorário advocatícios;

2) Seja recebida a presente impugnação,


intimando-se o espólio Impugnado para
respondê-la, querendo;

3) 0 deferimento da produção de todos os meios


de prova em direito admitidos;

4) Sejam acolhidas as razões acima expendidas,


para o efeito de julgar procedente a presente
impugnação, extinguindo-se a execução e
determinando-se, por conseqüência, o
cancelamento do despejo e da penhora;

5) A condenação do espólio Impugnado ao


pagamento das despesas do processo e de
honorários de sucumbência, a serem fixadas
segundo os parâmetros do artigo 20, §§ 3 0 e 40
do Código de Processo Civil, e demais de estilo.
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Requerem os Impugnantes que sejam feitas todas as


publicações pertinentes a presente demanda em nome do patrono, Dr. André
Luiz Costa de Paula, OAB-RJ 33.926, com escritório situado nesta Capital, na
Av. Presidente Vargas, 590/702, telefone (21) 9609-7119, conforme determina
o art. 39, inciso I do CPC.

Por derradeiro, à causa o valor simbólico de R$


8.820,00 (oito mil oitocentos e vinte reais para efeitos de custas, distribuição

• e alçada.

Temi em q e Pede eferimento.

rp. ré L' ta de Paula


OAB 926

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