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FEDERAL
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como representativo da controvérsia e afetado para julgamento pelo regime da repercussão
geral.
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praças inativos que deixaram de recolher suas contribuições pela alíquota da Lei
Federal 13.954/2019 com amparo na jurisprudência desta Corte (sequencial 104).
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Dando cumprimento ao entendimento majoritário desta
Suprema Corte, o Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina concedeu tutela de
urgência nas referidas ações coletivas para afastar a alíquota da contribuição previdência
imposta pela aludida lei federal, mantendo a aplicação da Lei Complementar Estadual
412/2008.
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feito na qualidade de amicus curiae, nos termos dos artigos 138 e 1.038, inciso I, do CPC,
com o consequente conhecimento dos embargos de declaração a seguir opostos.
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equilíbrio financeiro-atuarial dos entes federativos que tiverem
de devolver as contribuições recolhidas a maior dos militares
inativos e de seus pensionistas, desde o início dos
recolhimentos efetuados com base na lei federal.
Acresça-se, nessa ordem de ideias, a insegurança jurídica
causada pela existência de normativos distintos, federal e
estadual, com sobreposição do primeiro sobre o modelo
contributivo dos Estados e do Distrito Federal, afastando-se,
inconstitucionalmente, as alíquotas então previstas pelas
legislações estaduais. Ademais, dois aspectos ressaltam, a
fortiori, essa instabilidade jurídica: ( i) a Lei federal 13.954/2019
proibia os entes federativos de alterarem, por lei própria, as
alíquotas de contribuição nela previstas, até 1º de janeiro de
2025, nos termos do § 2º do artigo 24-C do Decreto-Lei
667/1969 e (ii) a regulamentação federal entrou em vigor na
data de sua publicação (artigo 29), com forte ruptura na
autonomia dos Estados e do Distrito Federal de disporem sobre
os valores devidos a título de contribuição para a inatividade e
pensões de seus militares
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haja o aclaramento da questão para evitar possíveis discussões que possam trazer
prejuízos aos associados.
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teto do RGPS ou que excede o dobro do teto para os casos
dos representados com doenças graves. (evento 1/1, p. 26).
A concessão da tutela de urgência exige o preenchimento dos
requisitos previstos no art. 300, caput, e § 3º, do CPC: a)
probabilidade do direito; b) perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo; e c) reversibilidade dos efeitos da decisão.
No caso concreto, ressai dos autos que o IPREV, diante da
inclusão do art. 24-C no Decreto-lei n. 667/1969, realizado pela
Lei n. 13.954/2019, passou a exigir o recolhimento
da contribuição previdenciária na alíquota de 9,5% incidente
sobre os proventos auferidos pelos representados, militares
inativos portadores de doença incapacitante, consoante
demonstra os contracheques adunados à petição inicial (evento
1/1, p. 6-8). A norma em voga possui a seguinte redação:
Incide contribuição sobre a totalidade da remuneração dos militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, ativos ou inativos, e
de seus pensionistas, com alíquota igual à aplicável às Forças
Armadas, cuja receita é destinada ao custeio das pensões militares e
da inatividade dos militares.
Doutro lado, o inciso XXI do art. 22 da Constituição Federal,
com a redação dada pela Emenda Constitucional (EC) n.
103/2019, dispõe que compete privativamente à União legislar
sobre "normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares".
Por conta disso, remanesce aos Estados a competência
suplementar para dispor sobre as inatividades e pensões das
polícias militares e dos corpos de bombeiros militares. (...)
Ainda, observa-se que o § 1º do art. 149 da CF, com a redação
dada pela EC n. 103/2019, enuncia que "a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei,
contribuições para custeio de regime próprio de previdência
social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos
pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo
com o valor da base de contribuição ou dos proventos de
aposentadoria e de pensões".
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A interpretação conjunta dos arts. 22, XXI, e 149, § 1º, da
Constituição Federal, conduz à conclusão de que é
competência exclusiva dos Estados definir a alíquota e a base
de cálculo das contribuições previdenciárias dos inativos
militares e dos respectivos pensionistas.
Esse intelecção foi desenvolvida pelo Min. Luís Roberto
Barroso em decisão unipessoal que deferiu pedido de tutela de
urgência em Ação Cível Originária quando determinou "[...] que
a União se abstenha de aplicar ao Estado do Rio Grande do
Sul qualquer das providências previstas no art. 7º da Lei nº
9.717/1998 ou de negar-lhe a expedição do Certificado de
Regularidade Previdenciária caso continue a aplicar aos
policiais e bombeiros militares estaduais e seus pensionistas a
alíquota de contribuição para o regime de inatividade e pensão
prevista em lei estadual, em detrimento que prevê o art. 24-C
do Decreto Lei nº 667/1969, com a redação da Lei nº
13.954/2019". A decisão contém a seguinte ementa:
DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ALÍQUOTA
DE CONTRIBUIÇÃO PARA INATIVIDADE E PENSÃO. POLICIAIS E
BOMBEIROS MILITARES ESTADUAIS. 1. Ação cível originária por
meio da qual o Estado do Rio Grande do Sul pretende não ser
sancionado caso aplique aos militares estaduais a alíquota de
contribuição para o regime de inatividade e pensão prevista na
legislação estadual (14%), em detrimento de lei federal que
determinou que se aplicasse a essa categoria a mesma alíquota
estabelecida para as Forças Armadas (atualmente, 9,5%). 2.
Plausibilidade jurídica da tese de que a União, ao definir a alíquota de
contribuição previdenciária a ser aplicada aos militares estaduais,
extrapolou a competência para a edição de normas gerais sobre
“inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de
bombeiros militares” (art. 22, XI, da Constituição, com a redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103/2019). 3. A interpretação
sistemática da Constituição fortalece o argumento de que alíquota da
contribuição previdenciária devida por militares estaduais deve ser
fixada por meio de lei estadual que considere as características dos
regimes de cada um desses entes públicos (arts. 42, § 1º, 142, § 3º, X
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e 149, § 1º, da Constituição). 4. A edição de atos normativos cuja
aplicação implicará a redução das alíquotas de contribuição
praticadas pelo Estado revela comportamento contraditório da União
– que, de um lado, exige dos demais entes públicos que assegurem o
equilíbrio de seus regimes próprios de previdência, e de outro,
restringe os meios para o alcance desse objetivo. 5. Existência de
perigo na demora, já que o descumprimento da legislação federal
sujeita o Estado à aplicação das consequências jurídicas previstas no
art. 7º da Lei nº 9.717/1998 e à negativa de expedição do Certificado
de Regularidade Previdenciária, com prováveis prejuízos à execução
de políticas públicas. 6. Medida cautelar deferida. (Ação Cível
Originária n. 3.350 MC/DF, j. 19.2.2020).
No mesmo sentido, o Min. Alexandre de Moraes, em
19.5.2020, na Ação Cível Originária n. 3.396, proposta pelo
Estado do Mato Grosso, reconheceu a competência exclusiva
do ente para fixar a alíquota da contribuição previdenciária.
Nessas circunstâncias, entende-se presente a probabilidade do
direito, consistente na inaplicabilidade da disposição contida no
art. 24-C do Decreto-lei n. 667/1969, pois deve prevalecer o
que estabelece o art. 61, caput, da Lei Complementar estadual
n. 412/2008.
A seu turno, o periculum in mora também se faz presente, pois
a adoção de forma distinta para o cálculo da contribuição
previdenciária acarreta o recolhimento de valor superior ao
realmente devido, importando, pela via reflexa, na diminuição
de rendimentos que têm de natureza eminentemente alimentar.
Destarte, a concessão da tutela provisória é a medida que se
impõe.
1. Isto posto, defiro o pedido de tutela provisória (CPC, art.
300) para o fim de determinar ao IPREV que se abstenha de
aplicar o art. 24-C do Decreto-Lei n. 667/1969, com redação
dada pela Lei n. 13.954/2019, para o cálculo da contribuição
previdenciária, restaurando a eficácia do disposto no art.
17 da Lei Complementar estadual n. 412/2008 em favor dos
militares inativos e pensionistas representados pela
associação autora (evento 1/8), e no art. 61, caput, do
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mesmo Diploma Legal, aos segurados que gozam da
isenção especial prevista no referido dispositivo.
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“traduz a exigência de previsibilidade e estabilidade do ordenamento jurídico, espelhando
uma forma de tutela dos direitos fundamentais dos jurisdicionados, de sorte que as decisões
não despertem surpresas injustas ou preconizem rupturas na confiabilidade do sistema”.
REQUERIMENTOS
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Diante do exposto, requer-se:
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