Você está na página 1de 7

29/02/2016 A 

Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

Estudo Teosófico
Satyât  nâsti  paro  Dharma

6,2 mil 2

Curtir

A Ilusão da Individualidade
32 1

Curtir

Enviado por Mauricio em ter, 03/19/2013 ­ 15:41

No artigo sobre o campo de evolução, citei um trecho encontrado na


Doutrina Secreta, mais especificamente no livro 1, na parte dos comentários
sobre as estâncias. Vou colocá-lo aqui, agora na íntegra, pois ele toca em
um assunto que está no âmago de todo o nosso estudo:
 


"Levanta a cabeça, Ó Lanu! Vês uma luz ou luzes inumeráveis por cima de
ti, brilhando no céu negro da meia-noite?
"Eu percebo uma chama, ó Gurudeva! Vejo milhares de centelhas não
destacadas, que nela brilham.
"Dizes bem. E agora observa em torno de ti, e dentro de ti mesmo. Essa luz
que arde no teu interior, porventura a sentes de alguma maneira diferente
da luz que brilha em teus irmãos humanos?
"Não é de modo algum diferente, embora o prisioneiro continue seguro
pelo Carma e as suas vestes externas enganem os ignorantes, induzindo-os
a dizer: Tua Alma e Minha Alma."


 
Lembro-me de que, ainda bastante jovem, uma frase chamou minha

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 1/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

atenção. "Nenhum homem pode olhar para a face de Deus e sobreviver". É


uma passagem da bíblia (Ex 33:20), embora eu só tenha confirmado isso
pouco tempo atrás. Independente do significado pretendido para essa
passagem, ela disparou uma série de "momentos filosóficos" em minha
mente adolescente.
 
Por exemplo, eu costumava divagar a respeito do que significava a
"expansão de consciência" normalmente associada ao processo evolutivo
espiritual, e em última instância chegando à onisciência divina. E cheguei a
conclusão de que, para viver no mundo físico, nossa consciência se focou
em um ponto muito pequeno, de forma a dar atenção a todos os mínimos
detalhes associados a nossa subsistência. Nossa atenção é normalmente
dedicada integralmente a esse único ponto de vista. Olhamos, a partir dele,
para o mundo ao nosso redor, e assim nos dirigimos para a escola, para o
trabalho, estudamos para a prova, escovamos os dentes, e de forma geral
"tocamos a vida". Reparem nesse último parágrafo como todas as frases
tem um sujeito bem definido, um ator para cada ação. A existência desse
"ator" tão claramente definido é reflexo de nossa consciência estar centrada
nessa pequena quantidade de matéria a que chamamos "corpo físico". O
corpo físico é o foco da consciência, que se desloca de forma imperfeita nos
veículos igualmente limitados do corpo emocional e mental.
 
Ao longo do nosso crescimento espiritual, começamos a notar a sutil
transferência do foco dessa consciência, das necessidades de nosso corpo
físico para as necessidades de outros corpos físicos. Não é mais apenas o
nosso corpo que serve de referência para experimentar o mundo; as dores
e alegrias vivenciadas por nossos familiares, e mesmo de alguns amigos
mais próximos, nos afetam diretamente, e buscamos suprir suas
necessidades e alimentar seu bem estar. Mais a frente, mesmo as
dificuldades encontradas por pessoas menos próximas começam a ser
"sentidas" como dificuldades nossas. Elas nos incomodam, como se
estivessem afetando negativamente nossa própria "estadia" neste plano. E
com isso, nos movimentamos para tentar minimizar essas dificuldades tidas
como alheias.
 
Chega um momento em que percebemos que as dores, injustiças e
realizações até de nossos animais de estimação são importantes para nós. E
depois, as de outros animais. E de seres vivos em geral. No fundo, a vida
passa a ser uma coisa única, e literalmente a dor de qualquer ser vivo se
torna nossa dor. Nosso ponto de referência para as experiências vividas se
transfere, lentamente, de nosso próprio corpo para os corpos de cada vez
mais seres vivos.
 
Quando provocada pelo nosso crescimento espiritual, essa empatia é um
sintoma de um fato extremamente interessante. Ela é provocada pela sutil
transferência do foco de nossa consciência do corpo físico para o corpo
astral e mental, e em alguns casos mesmo para planos acima destes.
Quanto mais nos "afastamos" de nosso corpo físico (por favor, espero que
ninguém deixe de tomar banho por causa disso - esse afastamento não
significa negligência com o corpo físico!), menos focados em nossa
personalidade "individual" ficamos.
 
Pensem a respeito dessa última afirmação, tendo em mente exemplos
como o de Madre Teresa de Calcutá. Ela dedicou sua vida inteira a cuidar de
quem quer que aparecesse, dizendo que via em qualquer ser humano o

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 2/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

próprio Cristo, e tratar deles era como tratar o próprio Cristo. Em grande
parte, ela anulou a própria personalidade para conseguir fazer isso. Sua
vida não foi centrada em si mesma: foi centrada nas vidas de todos que ela
pode alcançar. Note a relação que forçosamente existe entre essas duas
coisas: quanto mais nos focamos em outras vidas, menos conseguimos nos
focar em "nossa" própria vida (de novo, isso não deve ser confundido com
negligência em relação à nosso corpo). É bastante óbvio, mas é um ponto
que é importante percebermos claramente.
 
Vamos dar mais um passo nesse raciocínio. Até agora, falamos de um
punhado de pessoas, em situações onde nossa personalidade ainda se
mantém como o fio condutor entre todas as ações. As ações ainda partem
da personalidade, por assim dizer. Mas suponha, por um instante, que a
consciência se eleve acima dos três veículos da personalidade, e portanto
não tenha mais nenhuma preocupação diretamente vinculada a
manutenção desses corpos. Simultaneamente, suponha que esse processo
de abarcar cada vez mais vidas dentro do foco dessa consciência continuou
a ocorrer, e atingiu proporções ainda maiores devido ao fato do foco não
estar mais na personalidade. Como notamos anteriormente, forçosamente
a "consciência do eu", a atenção na individualidade tem que diminuir ainda
mais. Nesse ponto, eu me perguntei: "até onde essa individualidade pode
sobreviver ao processo de abarcar mais e mais vidas dentro de nossa
consciência - um processo que, por definição, pode ser chamado de
expansão da consciência?". Volto a essa pergunta em instantes.
 
Então percebi que muitas pessoas podiam viver o mesmo processo. "E se, ",
me perguntei, "mais um indivíduo estivesse expandindo sua consciência
dessa forma, e uma das vidas que ele tocasse fosse a minha? E eu tocasse a
dele?". Nossas consciências estariam de certa forma se fundindo. "Eu
percebo uma chama, ó Gurudeva! Vejo milhares de centelhas não
destacadas, que nela brilham." Lanu explica com perfeição esse conceito
usando a imagem dada no texto citado. Nossas consciências começam a se
interpenetrar, mais e mais, na medida em que nos direcionamos para a
evolução do espírito, que transcende até mesmo nossa existência humana,
considerando todas as encarnações que tivemos e teremos (afinal, chega
um ponto em que abandonamos até mesmo nosso corpo causal). E mais
que isso, nossas consciências começam a se tornar mais uma consciência
de grupo do que uma consciência individual. Imagino que, no "final" desse
processo, a individualidade simplesmente deixe de existir.
 
E o que entendemos como "vida", afinal, senão a consciência restrita aos
veículos de nossa personalidade? Partindo desse entendimento limitado,
realmente é impossível "olhar para a face de Deus" e manter nosso eu
individualizado. No momento em que é possível "olhar para a face de
Deus", já não mais existimos dessa forma!
 
Os anos se passaram, e eu vi um desenho em um livro do Arthur Powell.
Vou reproduzir ele aqui:
 

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 3/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

 
Esse desenho representa o Logos, em Adi, e os raios que partem dali são as
mônadas, e consequentemente nossa consciência. Notem que no plano
físico elas estão bastante separadas, mas no astral e no mental elas
começam a ficar mais largas e se aproximar. Já no plano búdico, elas se
tocam, e começam cada vez mais a se interpenetrar, até que em
anupadaka/adi são uma coisa só. Certamente é uma imagem didática, e que
reforça a importância do grupo, sobre a qual escrevi algum tempo atrás.
 
O objetivo último de nosso desenvolvimento não é a personalidade. Quanta
entrega isso representa! Todo o trabalho executado nesta vida é praticado
pela personalidade. Por isso é essencial buscarmos sempre o vínculo com
nossa Alma, com a nossa Tríade Superior. Sem esse alinhamento,
terminamos por direcionar nossos esforços para o benefício exclusivo da
personalidade - e quem poderia dizer que isso é errado? Como entidades
reencarnantes, pode não ser o mais adequado ou o mais proveitoso, porém
certamente é compreensível. Devemos, pois, buscar esse alinhamento, e a
partir do bem estar e da clareza encontrados neste contato, nos suprir de
força e determinação para o trabalho.
 
E se possível, aqui e ali, estender a mão uns aos outros. Quão mais simples
será nossa caminhada quando nos lembrarmos disso com mais
frequência...
 
32 1

Curtir

Tags
individualidade grupo consciência Planos evolução

Member
Ilusões e Individualidade
for 2 anos
Um holograma é, na prática, um imenso enredamento de
10 meses
Esoestudos
http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 4/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

Esoestudos formas. O universo holográfico, paralelamente a todas es


dom, 03/24/2013 sas considerações filosóficas, acha-se nas cogitações da ci
­ 18:32
Link ência mais ortodoxa. Quando um pesquisador abre o crâ
permanente nio de um cadáver a fim de estudar o cérebro em sua inti
midade anatômica, apenas consegue ver a holografia que
o seu próprio cérebro gera sobre o que seja um... cérebr
o... Enfim, uma estrutura de hardware que interpreta tud
o e tudo a partir de impulsos elétricos é utilizada para ent
ender, a partir dos impulsos interpretados, como essa est
rutura funciona... Nem a mais brilhante engenharia rever
sa permite imaginar que isso pode dar certo...

O mais árduo e doloroso para cada um de nós, talvez, sej


a concordar que somos construtos fictícios de um imenso
enredamento de formas, com uma pequena parcela depr
ocessamento de dados. Algo assim como terminais muito
restritos, com um chip de potencial mínimo apenas capac
itado a perceber e saber-se existente no seio de uma inim
aginável rede que, na grande maioria das vezes, não pode
ser inteligida pelo terminal...

Member
Sobre a Ilusão da Individualidade
for 2
Muita Paz para todos.
anos 2
meses Estive estudando e refleti sobre a Quinta força que nos vem
de ATMA (ou) EN SOF AOUR como é dirigida o que antecede
rita
santos a Creação do TODO, Abençoado Seja! Essa Quinta Força que
qui, está e se localiza no Coração e que nos vem pelo Centro Psí
11/21/2013 ­
01:32 quico (Cardíaco)Tiátira, me confirma que o propósito de esta
Link r aqui no físico com uma parcela de vida Individualidade seja
permanente
em parte necessária para que tomemos consciência do que
fizemos em nosso Karma/Darma anteriores. Mas é só para c
oncerto e localização em que espécie estamos. Mas quando
usamos essa energia "V" a Quinta Força então nos preenche
mos de tamanha Luz que enchergamos como um ponto LUZ
para além da Individualizade e fazendo parte de algo maior.

Amei este assunto. Ritabelhabahia

Member
Saudações a todos!
for 2
Saudações a todos!
anos 1
mês Esta reflexão fez-me lembrar de um certo livro,exatamente
um trecho específico,deixo aqui como complemento da disc
ursão

Excerto de O Lobo da Estepe-Hermann Hesse 

[...]
Eduardo
Quelis… E se em algumas almas humanas, singularmente dotadas e

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 5/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico
sex, de percepção sensível, se levanta a suspeita de sua composi
01/17/2014 ­
15:49 ção múltipla, e, como ocorre aos gênios, rompem a ilusão da
Link
unidade personalística e percebem que o ser se compõe de
permanente
uma pluralidade de seres como um feixe de eus, e chegam a
exprimir essa idéia, então imediatamente a maioria as pren
de, chama a ciência em seu auxílio, diagnostica esquizofreni
a e protege a Humanidade para que não ouça um grito de v
erdade dos lábios desses infelizes. Então, para que perder a
qui palavras, por que expressar coisas que todos aqueles qu
e pensam conhecem por si mesmos, quando sua simples en
unciação é uma nota de mau gosto? Assim, pois, se um hom
em se aventura a converter numa dualidade a pretendida u
nidade do eu, se não é um gênio, é em todo caso uma rara e
interessante exceção. Mas na realidade não há nenhum eu,
nem mesmo no mais simples, não há uma unidade, mas um
mundo plural, um pequeno firmamento, um caos de forma
s, de matizes, de situações, de heranças e possibilidades. Ca
da indivíduo isolado vive sujeito a considerar esse caos com
o uma unidade e fala de seu eu como se fora um ente simpl
es, bem formado, claramente definido; e a todos os homen
s, mesmo aos mais eminentes, esse rude engano parece co
mo uma necessidade, uma exigência da vida, como o respira
r e o comer.

O equívoco reside numa falsa analogia. Todo homem é uno


quanto ao corpo, mas não quanto à alma.

Atualizações do site!
Não deixe de ler o novo conteúdo lançado no site! Cadastre-se em nossa newsletter para receber as
atualizações em seu email!

Email

The subscriber's email address.

Cadastrar-se

Siga-nos!
Veja nosso perfil nas redes sociais:

E curta nossa página!

6,2 mil 2

Curtir

Arquivo mensal

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 6/7
29/02/2016 A Ilusão da Individualidade | Estudo Teosófico

Dezembro 2011 (2)


Abril 2012 (2)
Maio 2012 (5)
Junho 2012 (1)
Novembro 2012 (9)
Março 2013 (2)
Novembro 2013 (5)
Janeiro 2014 (1)
Fevereiro 2014 (4)
Fevereiro 2016 (1)

http://www.teosofico.com/artigo/ilus%C3%A3o­da­individualidade 7/7

Você também pode gostar