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UFPE-CB Biomedicina - 2020.

1 Caio Barr
Farmacologia

Conceito e classificação
Antibióticos - As principais drogas utilizados atualmente em
nossa meio, além da Estreptomicina, são:
Aminoglicosídeos  Gentamicina;

Histórico  Tobramicina;

- Em 1943. Após examinar vários actinomicetos de  Netilmicina;


solo, Waksman et al. isolaram uma cepa de  Paramomicina;
Streptomyces griséus, que produzia uma substância
que inibia o crescimento do bacilo da tuberculose e  Amicacina (semissintético);
de diversos microorganismo gram-positivos e
 Espectinomicina (único da classe que não
gram-negativos.
tem estrutura aminoglicosídica, mas possui
- A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídeo uma molécula aminociclitol presente nos
obtido a partir do fungo Streptomyces griséus em outros componentes da classe).
1944.
Características
Origem farmacocinética comuns dos
Relação dos aminoglicosídeos, sua origem e ano de aminoglicosídeos
descoberta.
- São mal absorvidos por via oral, a maioria é
Nome Gênero Ano de
descoberta usada por via parenteral ou tópica
Streptomycin Streptomyces 1944
griseus - São bactericidas agindo principalmente sobre
Neomycin Streptomyces 1949 gram - não localizados no Sistema Nervoso
fradiae Central.
Kanamycin Streptomyces 1957 - Não há metabolização e a eliminação ocorre quase
kanamyceticus
totalmente por filtração glomerular.
Paromomycin Streptomyces 1959

Gentamicin
fradiae
Micromonospora 1963
Características gerais
purpurea - São substâncias solúveis em água estáveis em pH
Tobramycin Streptomyces 1968 6 a 8, e com estrutura polar de cátions, o que
tenebrarius impede sua absorção via oral.
Amikacin Streptomyces 1972
kanamyceticus - Exerce então sua ação, principalmente em meio
Netilmicin Micromonospora 1975 aeróbico, e pH alcalino.
intensis
Spectinomycin Streptomyces 1962 - Portanto, em coleções purulentas sua
spectabilis concentração é ruim.
Sisomucin Micromonospora 1970
intensis Propriedades farmacológicas
Dibekacin Streptomyces 1971
kanamyceticus - Pouco absorvidas por via oral, esta via é utilizada
Isepamucin Micromonospora 1978 somente para a descontaminação da flora intestinal
purpúrea (Neomicina).
- Níveis séricos máximos: 60 a 90 minutos por via
IM, e em infusões intravenosas por 30 minutos.
- Atividade bactericida está relacionada ao seu pico Aminoglicosídeos
sérico, quanto maior a concentração da droga mais
rápida e maior o efeito bactericida, mostrando - Grupo 01:
ainda importante atividade bacteriostática residual,
principalmente quando do uso concomitante com  Canamicina (natural);
antimicrobianos B-lactâmicos.  Amicacina (semissintético);
- Distribuem-se bem no líquido extracelular, porém  Tobramicina (semissintético);
a concentração intracelular é pequena, por
necessitarem de transporte ativo para sua absorção.  Gentamicina (natural);

- Exceção são as células tubulares renais proximais  Sisomicina (semissintético);


onde fazem com que a urina atinja concentrações
 Netilmicina (semissintético);
25 a 100 vezes a sérica.
- Grupo 02: Neomicina derivados (por ser muito
- A penetração nas secreções pulmonares alcança
toxica não é utilizada no tratamento de infecções
20% da concentração sérica, também é baixa a
bacterianas).
penetração em líquor, exceto em recém-nascidos.
São eliminados quase que inalterados por filtração Gentamicina
glomerular.
- Droga mais antiga dos aminoglicosídeos usadas
Mecanismo de ação nas infecções por bactérias gram negativas.
- Fixam-se à subunidade 30S provocando leitura - Administração por via parenteral ou tópica.
incorreta do código genético e levando a formação
de proteínas defeituosas. Assim, atuam de forma - Efeitos Adversos: ototoxicidade (2%), pode
bactericida. Ainda hoje não se sabe, como, ocorre a ocorrer bloqueio neuromuscular, náuseas, cefaléia,
morte dessas bactérias, caso é devido a produção da alterações bioquímicas e superinfecção.
proteína defeituosa ou a falta da proteína normal. - É obrigatório o monitoramento dos níveis séricos
- Além disso, agem também sobre a membrana da droga em pacientes com insuficiência renal.
citoplasmática, provocando dissociação dos
fosfolipídios.
Associações com a gentamicina
- Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a - Gentamicina mais Penicilina G para tratar
síntese proteica ou produzindo proteínas estreptococos.
defeituosas. - Gentamicina mais Carbenicilina (penicilina de 3
- Para atuar, o aminoglicosídeos deve geração para tratar Pseudomonas.
primeiramente ligar-se à superfície da célula - Obs.: reforçam o tratamento tanto de bactérias
bacteriana e posteriormente deve ser transportado gram positivas quanto negativas, porém com foco
através da parede por um processo dependente de nas gram negativas.
energia oxidativa.
- O aminoglicosídeo passa pela parede celular das
Amicacina
bactérias por conta de poros presentes nela. - Amicacina-derivado semissintético da
Consequentemente adentra a membrana plasmática canamicina.
por um processo ativo e por fim atuará na
subunidade 30S dos ribossomos. Com isso, é feito - Uso parenteral com toxicidade comparável a
com que ocorram 3 mecanismo, assim, pode ser canamicina.
ocasionado o interrompimento da síntese proteica, - Ototoxicidade e nefrotoxicidade.
pode causar uma ausência no alongamento proteico
ou também fazer com que seja produzida uma - Usada nas infecções hospitalares por ser resistente
proteína defeituosa. Assim, esse mecanismo se à inativação enzimática.
chama bactericida.
Tobramicina  A lesão é muitas vezes irreversível, mesmo
com a suspensão da droga;
- Apresenta-se mais potente que a gentamicina em
relação ao Pseudomonas com menor oto e Efeitos colaterais
nefrotoxicidade. ototoxicidade
- Uso parenteral e tópico (colírio).
- É relativamente incomum, porém importante por
- Neomicina - o mais tóxico dos aminoglicosídios sua irreversibilidade, podendo ocorrer mesmo após
sendo usada ou em situações especiais por via oral. a interrupção da droga.
- Oral- enterites provocadas por E. coli, pré- - É relacionada com: dose, tempo > ou = 10 dias,
operatório das cirurgias abdominais. idosos uso concomitante ou prévio de drogas
ototóxicas, desidratação, desnutrição e
- Por via tópica (gotas otológicas).
insuficiência renal.
- Tópica – pele, olhos e ouvido e em preparações
- Lesão do 8° par craniano: alteração da função
associadas a outros antimicrobianos em
vestibular e/ou auditiva.
dermatologia.
- Neomicina e framicetina limita o uso sistêmico.

Uso clínico dos Efeitos colaterais


aminoglicosídeos ototoxicidade
- Nefrotoxicidade: todos são potencialmente
- Tratamento de infecções por G negativos:
neurotóxicos.
gentamicina, amicacina, tobramicina.
- Manifestação clínica: poliúria, glicosúria,
- Infecções intestinais: (oral ou tópica) neomicina.
proteinúria, microglobulinúria, excreção
Toxicidade dos aumentada de sódio e diminuição da osmolaridade
urinária.
aminoglicosídeos
- Após 7 a 10 dias de tratamento como uma
- Ototoxicidade. insuficiência renal aguda do tipo não oligúrica, por
necrose tubular aguda.
- Nefrotoxicidade.
- Aumento da creatinina 5 a 10%.
- Neurotoxicidade.
- Reduz a filtração em 5 a 25%.
- Outras (hipersensibilidade cruzada, alteração no
níveis de transaminases, granulocitopenia e - Há reversibilidade da função renal com a
superinfecções). interrupção do tratamento.

Ototoxicidade dos Nefrotoxicidade dos


aminoglicosídeos aminoglicosídeos
- Todos os aminoglicosídeos são tóxicos para os - As consequências são moderadas e geralmente
dois ramos do 8° par craniano. reversíveis.
- No ramo vestibular (equilíbrio): - Pacientes idosos, com insuficiência renal e/ou do
sexo feminino são mais propensos às
 Melhor prognóstico; manifestações nefrotóxicas.
 Reversível com a suspensão da droga;
Efeitos colaterais:
- No ramo coclear (audição):
Nefrotoxicidade
- Fatores de risco incluem: uso concomitante de Interações
outros drogas nefrotóxicas, idade avançada,
doenças hepática subjacente, uso prévio de - Sinergismo com a B-lactâmicos e glicopeptídeos.
aminoglicosídeos e estados hipovolêmicos.
- Administração deve ser separada dos B-
- O emprego de doses menores, repetidas em lactâmicos: inativação química.
intervalos mais curtos tem maior nefrotoxicidade.
- Aumento de nefrotoxicidade com glicopeptídeos:
Neurotoxicidade dos clindamicina, anfotericina B.

aminoglicosídeos Precauções com o uso dos


- A administração dos aminoglicosídeo pode levar aminoglicosídeos
a grau variável de bloqueio neuromuscular
- Duração do tratamento (não deve ultrapassar 10
- A paralisia decorre de altas concentrações da dias de tratamento)
droga na junção neuromuscular.
- Aminoglicosídeos + cefaloridina: potencial
- Inibição dos receptores pré-sinápticos ou pós- nefrotóxico.
sinápticos de acetilcolina.
- Aminoglicosídeos + curare ou anestésicos
Efeitos colaterais: paralisia inalatórios: bloqueio neuromuscular.

neuromuscular - Atenção com as pessoas portadoras de


insuficiência renal e lesões auditivas.
- Complicações rara, vista em situações especiais,
como:

 Absorção de altas doses intraperitoneal ou


de infusões rápidas do medicamento.

 Os mais susceptíveis são pacientes que:


1. Usaram curarizantes;
2. Pacientes com miastenia gravis,
hipocalemia, hiperfosfatemia,
botulismo. Nos quais os
aminoglicosídeos não devem ser
utilizados. O tratamento é feito com
administração de gluconato de
cálcio.
- Lembrar do risco de paciente usando
aminoglicosídeo e submetido a anestesia, podendo
ter: Depressão respiratória por paralisia flácida da
musculatura na recuperação pós-anestésica.

Mecanismo de resistência
- Ribossomos alterados.
- Alteração da permeabilidade da membrana.
- Modificação enzimática de aminoglicosídeos.

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