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Conforme defendido em nossa obra, o STJ entendeu que a aplica-


ção (não declarada) em cotas de fundo de investimento em contas
no exterior configura o crime de “evasão imprópria” ou “evasão
depósito”
Por Leandro Nunes | 12 de agosto de 2019
Categoria: direito penal econômico (https://www.leandrobastosnunes.com.br/categoria/artigos/direito-penal-economico/ )

Notícia abaixo extraída do sítio do STJ ( publicada em 11/06/2019):


http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Aplicacao-em-fundo-no-
exterior-equivale-a-deposito-em-conta-para-caracterizar-evasao-de-divisas.aspx
DECISÃO
11/06/2019 08:15

Aplicação em fundo no exterior equivale a depósito


em conta para caracterizar evasão de divisas
A aplicação em fundo de investimento sediado no exterior equivale à manutenção de depósito de valores em conta
bancária fora do país para �ns de caracterização do crime de evasão de divisas, previsto no   artigo 22
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7492.htm#art22 )   da Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro (Lei
7.492/1986).

A tese de que o termo “depósito” não englobaria aplicações �nanceiras foi rejeitada pela Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ao analisar recurso de um brasileiro denunciado pelo crime de evasão de divisas.

O processo é decorrente da Operação Satiagraha, que investigou, entre outros fatos, as aplicações do fundo de
investimentos Opportunity Fund, sediado nas Ilhas Cayman. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o réu tinha cerca
de US$ 180 mil em uma aplicação no Opportunity em dezembro de 2002, valor não declarado à Receita Federal e que foi
sacado no ano seguinte.

O relator do caso no STJ, ministro Joel Ilan Paciornik, a�rmou que é necessário interpretar o termo “depósito” de acordo
com os objetivos da Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro.

Segundo ele, a lei não restringiu a modalidade de depósito. “Assim, não deve ser considerado apenas o depósito em conta
bancária no exterior, mas também o valor depositado em aplicação �nanceira no exterior, em razão da disponibilidade da
moeda e do interesse do Sistema Financeiro Nacional”, explicou.

Definição ampla

O ministro citou doutrina jurídica recente para fundamentar o entendimento de que o termo “depósito” utilizado pelo
legislador buscou abarcar todo tipo de investimento que fosse convertido em dinheiro, incluindo aplicações em fundos de
investimento, ações, debêntures e outros.

“A suposta aplicação �nanceira realizada por meio da aquisição de cotas do fundo de investimento Opportunity Fund no
exterior e não declarada à autoridade competente preenche a hipótese normativa do artigo 22, parágrafo único, parte
�nal, da Lei 7.492/1986”, resumiu Paciornik.

Ele ressaltou que o Banco Central, na Circular 3.071/2001, já estabelecia que os valores dos ativos em moeda detidos no
exterior deveriam ser declarados.

A Quinta Turma rejeitou também o questionamento do recorrente sobre a suposta ilicitude das provas, já que o tema não

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Conforme defendido em nossa obra, o STJ entendeu que a aplicação (nã... https://www.leandrobastosnunes.com.br/conforme-defendido-em-nossa...

foi debatido no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) e seria inovação recursal.

Leia o acórdão (https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1821691&


num_registro=201502209048&data=20190513&formato=PDF ).

(…)

Esta notícia refere-se ao(s)   processo(s): AREsp 774523 (https://ww2.stj.jus.br/processo


/pesquisa/?aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&
termo=AREsp%20774523 )
Neste julgamento, tivemos a honra de ter sido referenciado no aludido  leading case, na
seguinte forma:
(….) Ainda, em manifestação mais recente, a doutrina de Leandro Bastos
Nunes que, colacionando o acórdão do Tribunal a quo, entendeu por escorreita uma
interpretação teleológica do termo “depósito”, cito (in Evasão de Divisas, 2ª Edição revista e
ampliada – Salvador: Juspodivm. 2017. �s. 141/142): “A norma penal faz alusão à manutenção de
“depósitos não declarados”. A nosso ver, o legislador, ao tipi�car a expressão “depósito’, buscou
abarcar todo tipo de investimento que fosse convertido em valor monetário (dinheiro), incluindo
ações, cotas de fundo de investimentos, debêntures, entre outros. Nesse sentido, é cediço que,
quem faz este tipo de aplicação, tem por escopo transformá-lo em pecúnia, assim que puder,
detendo a disponibilidade imediata para seu uso �nanceiro. A mens legis deve ser efetivada, em
virtude da técnica de
interpretação sistemática e teleológica, haja vista que a �nalidade do
legislador foi a de proteger as reservas cambiais. Com efeito, a�gura-se
intuitivo o fato de que, ainda que as cotas do fundo de investimentos
estejam no exterior sem previsão de imediata transferência à conta
corrente, a aludida situação possibilita a sua disponibilidade imediata para
serem convertidas em pecúnia, conforme os ditames da vontade do seu
titular (solicitação de resgate, venda no mercado de ações, etc.).
Nesse sentido, a interpretação teleológica é um método de
interpretação legal que tem por critério extrair a �nalidade da norma.
Conforme a respectiva exegese, ao se interpretar um dispositivo legal,
deve-se levar em conta as exigências econômicas e sociais,
conformando-se aos princípios da justiça e ao bem comum (art. 5° da Lei
de introdução às normas do Direito). O elemento teleológico pode ser explicado como uma maneira
de desvendar o sentido da lei, descobrindo suas �nalidades e objetivos. A palavra “teleologia’
signi�ca “a doutrina acerca das causas �nais’: a qual busca explicar as coisas pelos �ns a que são
destinadas. As �nalidades de uma lei devem sofrer alterações ao decorrer dos tempos, em virtude
da evolução da sociedade, cabendo ao intérprete revelar as novas �nalidades, fazendo-o dentro de
um trabalho sério e responsável, com observâncias de princípios do próprio ordenamento jurídico.
De outro lado, vale registrar que os depósitos podem ter   origem no exterior, ou seja, não é
necessária a remessa no Brasil e a
posterior manutenção em outro país, podendo, para con�gurar o delito,
incidir, por exemplo, na hipótese da respectiva transferência de uma
conta no exterior para outra em outro país. Deve-se incluir no conceito de depósito qualquer tipo de
investimento no exterior aplicado no sistema �nanceiro, tais como, ações, fundos ou cotas de
fundos de investimentos (incluindo previdência privada), haja vista o escopo da norma em tutelar o
controle das divisas situadas no exterior, abrangendo os respectivos depósitos oriundos de
quaisquer tipos de aplicações �nanceiras, com base na hermenêutica da interpretação sistemática e
teleológica(…) “ ( STJ, 5ª Turma, Rel. Joel Ilan Pacirornik, Agravo em recurso especial 774.523, j.
07/05/2019).

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declaracao-ao-bacen-das-cotas-de-fundos-de-investimentos-
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Evasão de divisas e bitcoin à luz da
jurisprudência do STJ

(https:∕∕www.leandrobastosnunes.com.br∕a-ausencia-de-declaracao-
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8 de agosto de 2019

  RESUMO: o presente artigo tem por objetivo traçar um panorama do entendimento do Superior Tribunal de Justiça  (STJ)
em relação ao crime de evasão de divisas e a tipi�cação dos delitos envolvendo a utilização de bitcoin. A metodologia
envolve o estudo de casos concretos e conclusões derivadas das respectivas análises das decisões judiciais. Palavras …
Continue lendo (https://www.leandrobastosnunes.com.br/a-ausencia-de-declaracao-ao-bacen-das-cotas-de-fundos-de-investimentos-e-bitcoins-con�guram-o-crime-de-evasa

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