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GERENCIE A CRISE COM

SEGURANÇA NA SUA EMPRESA

MEDIDAS
JURÍDICAS FACE
AO
CORONAVÍRUS
Coordenado por Janaina Bastos
Este informativo foi criado com o objetivo de auxiliá-lo
neste momento de fragilidade econômica, em virtude da
pandemia do coronavirus que assola o país, onde as
empresas se veem obrigadas a reduzir ou encerrar
temporariamente as suas atividades.

Estamos diante de um cenário incerto para a economia


e negócios, onde essa crise pode durar de 01 a 03
meses e, sua empresa precisa se planejar da melhor
forma para que tal crise não afete substancialmente a
situação econômica e financeira da empresa,
além do inevitável.

A iminente decretação de calamidade pelas autoridades


Públicas evidencia o estado de força maior em todos os
âmbitos das relações empresariais, em especial nas
relações de trabalho, uma vez que a disseminação do
Covid-19 trata-se de evento que não foi possível evitar
ou impedir, não tendo o empresário culpa pela situação
caótica que estamos vivenciando.

Assim, a própria CLT prevê a relativização das normas


trabalhistas a fim de assegurar a continuidade da
atividade empresarial e consequente manutenção dos
empregos. Para os casos que não é possível a
manutenção da empresa, há uma possibilidade de
minimizar os impactos para o empresário, o qual
mencionaremos neste material.

Para alcançar este objetivo, nossas orientações tomam


por base a legislação vigente e as determinações atuais
do poder público para combater a disseminação do
vírus e reduzir os impactos na economia.

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QUANTO ANTES VOCÊ TRAÇAR
UM PLANO MELHOR

O QUE FAZER
COM SEU
FUNCIONÁRIO
Aqui apresentamos algumas medidas que
podem ser tomadas pela empresa em relação
aos seus de trabalhadores, até que seja editada
nova medida governamental:
1 .H O M E O F F I C E ( T R A B A L H O À
DISTÂNCIA)
Se a atividade exercida pelo empregado puder
ser realizada de casa, ou seja, fora do
estabelecimento, a empresa e funcionário
poderão acordar, mediante realização de um
termo de aditivo de contrato com as novas
regras, o
trabalho na modalidade home office.

Nesta modalidade, está dispensado o


pagamento de transporte, mantendo
a continuidade do pagamento do auxílio
alimentação quando já praticado pela
empresa.
2. FÉRIAS INDIVIDUAIS
No caso de redução das atividades da empresa e
desnecessidade de manter todo o quadro de
funcionários, a empresa poderá optar por conceder
férias individuais aos trabalhadores que já
possuem o período aquisitivo completo (férias
já vencidas). Os funcionários que ainda não
tenham completado o período de 1 (um) ano
não poderão tirar as férias antecipadamente.

Apesar da necessidade de notificação prévia ao


trabalhador de no mínimo 30 dias, entendemos
que é um risco mínimo a se passar diante do
cenário atual, podendo o a empresa dispensar
a notificação prévia ao
trabalhador.
CORONAVÍRUS | 2
WWW.JANAINABASTOS.COM.BR Não deixa de ser um descumprimento, mas
destacando que não há previsão de multa na CLT
para os casos em que há o supressão do prazo do
pré-aviso das férias para o trabalhador e que o
TST recentemente se posicionou pela não
condenação da empresa ao dobro só pela
ausência do prazo, julgamos ser um risco menor.

Contudo, é necessário observar o pagamento das


férias e acréscimo de 1/3 constitucional em até 2
dias antes do funcionário entrar em
gozo das férias, sob pena do pagamento em
dobro.

3. FÉRIAS COLETIVAS

Uma outra alternativa seria a concessão das férias


coletivas a todos os funcionários ou a um
determinado setor da empresa.

No caso das férias coletivas, o empregador fica


obrigado a realizar a comunicação ao Ministério da
Economia (antigo MTE) e ao sindicato,
com uma antecedência mínima de 15 dias,
informando a data de início e fim das férias, como
também quais setores serão abrangidos pela
medida. Ressalvando que as Microempresas e
empresas de pequeno porte estão desobrigadas de
informar sobre a concessão de férias coletivas ao
Ministério da economia, segundo orienta a Lei
Complementar nº 123/2006.

Ocorre que, face ao cenário de calamidade e da


necessidade de redução e de suspensão das
atividades empresariais para contenção do vírus
(força maior), entendemos que o prazo da
comunicação das férias coletivas ao sindicato e aos
colaboradores possa ser relativizado, no entanto,
precisa ser feito antes da concessão das férias,
sendo imprescindível também o pagamento das
férias e acréscimo de 1/3 constitucional em até 2
dias antes do gozo das
férias.

Os empregados com menos de 12 (doze) meses


de serviço gozarão de férias proporcionais,
calculadas na proporção de 1/12 por mês de
serviço ou fração superior a 14 dias. O período
superior ao direito de férias será considerado como
licença remunerada;

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Para os empregados com menos de 1 (um) ano
de trabalho, o novo período aquisitivo
começará a contar a partir do 1º dia de gozo
das férias coletivas. Já para os funcionários
com mais de 1 ano de serviço, o período
aquisitivo não será alterado.

Dada a impossibilidade atual da concessão do


aviso prévio, temos realizado tratativas junto
aos sindicatos das categorias para viabilizar
acordo coletivo com este fim para cada
empresa, estudando caso a caso. Procure
um advogado de sua confiança para esta
intermediação.

4. BANCO DE HORAS
Para as empresas que já possuem termo de
acordo individual ou coletivo de banco de horas,
o empregador poderá se valer das horas extras
que o funcionário possui para conceder folgas
durante esse período, até que estejam
zeradas o banco de horas do funcionário.

Para aqueles funcionários que não possuem


horas a serem compensadas ou para aquelas
empresas que não possuem previsão do banco
de horas, recomendamos que seja realizado
uma negociação com o sindicato da categoria
para que seja firmado o acordo de
implementação do banco de horas
negativo, considerando, pois não há previsão
legal de compensação de horas não prestadas.

Esta última modalidade de compensação de


horas negativas também poderá ser firmada
diretamente com o funcionário, através de
acordo individual, por uma interpretação
extensiva da lei. Não sendo descartada a
possibilidade de futuramente os Tribunais
decretarem a ilegalidade do pacto e a
condenação apenas no adicional de horas
extras, salvo melhor entendimento.

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5. LICENÇA REMUNERADA
A licença não tem prazo estipulado, podendo durar
o tempo necessário até que a situação volte à
normalidade, ficando a critério do
empregador estabelecer o período da licença,
devendo realizar o pagamento do salário
normalmente. Não são pagas as despesas com
transporte e alimentação, salvo determinação
contrária da convenção coletiva.

Nos casos em que a licença durar acima de 30


dias, o funcionário não terá direito às férias,
consoante previsão do art. 133, III, da CLT,
devendo haver aviso ao Sindicato e ao Ministério
da Economia.

No tocante a perda da fruição das férias, não há


entendimento firmado acerca do pagamento do 1/3
constitucional das férias. Alguns doutrinadores
avaliam que é necessário efetuar o pagamento, por
ser um direito garantido na Constituição Federal.
Em contrapartida, alguns outros entendem que fica
dispensado o pagamento. No âmbito das decisões
judiciais, matem-se a incerteza quanto a
necessidade e período de pagamento.

Nesse sentido, considerando a dificuldade


econômico-financeira deste momento, cabe ao
empregador avaliar os riscos e tomar a melhor
decisão.

Para os casos de interrupção do serviço pela


empresa em se tratando de força maior, como é o
caso, superior a 30 dias, é possível a
compensação dessas horas em até no máximo 2
horas por dia, desde que não exceda de 10 (dez)
horas diárias, quando houver retomada do
serviço, durante o número de dias indispensáveis à
recuperação do tempo perdido, em período não
superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano.

Nesta hipótese, é importante que o empregador


realize o controle de jornadas dos
funcionários para que não ultrapasse o limite de 10
horas estipulados em lei.

Esta modalidade pode ser uma ótima opção para o


empregador, que poderá utilizar da mão de obra
para recuperar a sua produção após a crise.

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6. EXTENSÃO DA JORNADA ATÉ
12H POR DIA
Nos termos do que dispõe a CLT (art. 61 e 501),
é possível que, em se tratando de força maior
e/ou de serviços que não podem ser adiados,
as empresas aumentem a jornada laboral
acima do limite legal ou do convencionado, sem
a necessidade de autorização do sindicato,
limitado a 12 horas por dia.

Neste caso, o empregador poderá exigir que o


funcionário trabalhe além da sua jornada para
manter os serviços inadiáveis em
funcionamento, seja em virtude de aumento
significativo da demanda ou pela redução do
quadro de funcionários, amparados pela
situação excepcional de força maior.
Esta exceção pode ser aplicada aos
estabelecimentos que estão autorizados a
funcionar durante a pandemia, tais como
padarias, supermercados e hospitais e afins.

Fica autorizado o pagamento dessas horas


extraordinárias no adicional de no mínimo 25%
sobre a hora normal, diferente do adicional das
horas extras comum que é de 50% sobre
as horas normais.

7. REDUÇÃO DO SALÁRIO E
CARGA HORÁRIA
Qualquer tipo de medida neste sentido deve ser
intermediada pelo sindicato da categoria ou
aguardar até a edição de Medida Provisória ou
Decreto pelo governo.

Qualquer medida contrária pode representar


sérios riscos à empresa, ante à previsão
constitucional de irredutibilidade salarial.

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COMO LIDAR DURANTE O


TRABALHO
TRABALHADORES EM GRUPOS EMPREGADO INFECTADO COM
DE RISCOS O CONVID-19
Conforme orientado pelas autoridades de O trabalhador que esteja com coronavirus
saúde, as pessoas com idade a partir de 60 deverá entrar em licença médica remunerada,
anos e as gestantes estão inseridas no com a apresentação de um atestado médico
grupo de risco, sendo alvos de maior informando os dias necessários do seu
cuidado face a disseminação do Covid-19. afastamento para tratamento da sua saúde.

Por isso, há recomendação que estes Caso esse afastamento perdure por mais de
funcionários sejam dispensados do serviço 15 dias, o funcionário entrará em benefício
ou retirados do contato com o público. previdenciário (auxílio doença) com
pagamento do salário pelo INSS a partir do
Os funcionários que estão enquadrados 16º dia.
acima, devem manter contato com um
médico de sua confiança, que deverá É importante que o funcionário cumpra a
avaliar a necessidade de afastamento do quarentena, conforme orientação médica, a
local de trabalho mediante a concessão de fim de que não transmita o vírus para outras
atestado médico. pessoas.

Caso o funcionário não tenha acesso ao Esta deliberação está sendo revista pelo
procedimento informado acima, a empresa governo para possivelmente
por mera liberalidade poderá afastá-los do ser custeada por ele, desonerando as
contato com o público ou dispensá-los empresas.
voluntariamente mediante a concessão da
licença remunerada.

Uma vez concedida a licença remunerada,


o empregador estará dispensado do
pagamento do vale transporte.
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DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E


DOS CASOS SUSPEITOS
O Empregador precisa colaborar com as autoridades públicas no sentido de preservar a
saúde do trabalhador e da comunidade, contribuindo de forma ativa para evitar o contágio e a
expansão do vírus. Sendo assim, caso seja do conhecimento do empregador qualquer caso
de suspeita, deverá informar imediatamente as autoridades públicas para que possam tomar
as providências necessárias.
Ademais, é dever do empregador adotar medidas preventivas e de contenção para manter o
meio ambiente do trabalho seguro para todos. Nesse sentido, é de responsabilidade do
empregador:

- Disponibilizar orientações de como o trabalhador poderá se prevenir, com a implementação


de normas de higiene e saúde;
- Disponibilizar lavatórios e sabão, bem como fornecer álcool 70% em gel e orientar os
funcionários na sua utilização;
- Conceder o uso de EPI’s, tais como luvas e máscaras caso seja necessário para a
execução da atividade;
- Orientar a equipe de apoio a intensificar a limpeza nas áreas comuns do estabelecimento,
com a higienização constante de objetos de uso comuns;
- Determinar que os funcionários que apresentem os sintomas se dirijam imediatamente a
unidade de saúde sendo imprescindível o envio do atestado médico por meio eletrônico;

Salientamos que a não observância das medidas acima pela empresa poderá acarretar na
aplicação de multa pelas autoridades competentes.
Por outro lado, caso o funcionário se recuse a obedecer às medias dispostas pela empresa,
bem como se recuse a usar os EPI’s fornecidos a empresa poderá aplicar as penalidades
dispostas no art. 482 da CLT.

Se o funcionário for comprovadamente contaminado pelo Covid-19 no ambiente laboral, em


virtude de estar exposto ao atendimento ao público, há um risco de que tal fato seja
enquadrado como acidente de trabalho.

Por isso é tão importante que o empregador tome todas as


medidas cabíveis e recomendadas para preservar o meio ambiente de trabalho,
assegurando a saúde do trabalhador. CORONAVÍRUS |8
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RENEGOCIE ANTES DA INADIMPLÊNCIA


A pandemia de coronavírus tem provocado abalos nos mercados globais e, na atividade
econômica como um todo, o que pode levar a grandes prejuízos financeiros para médias e
pequenas empresas, a depender do tempo em que a quarentena social prevaleça.
Com base nisso, a Federação Brasileira de Bancos anunciou uma medida tomada
inicialmente pelos 5 principais Bancos do País, quais sejam:

PRORROGAÇÃO DO DÉBITO POR 60 DIAS – BANCO DO BRASIL,


BRADESCO, ITAÚ UNIBANCO e SANTANDER
Para tentar minimizar os riscos financeiros para os clientes pessoas físicas, micro e
pequenas empresas, a dívida contraída diretamente com o banco poderá ser prorrogada por
até 60 (sessenta) dias. Sendo assim, caso, exista algum contrato com o banco BRADESCO,
BANCO DO BRASIL, ITAÚ UNIBANCO e SANTANDER, que não seja dívida de cartão de
crédito e cheque especial, e vai vencer nos próximos 60 dias, deve-se entrar em contato com
seu gerente para verificar as condições para “jogar para frente” o pagamento.

PRORROGAÇÃO DO DÉBITO POR 60 DIAS – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


A caixa informou uma Pausa de até 60 dias no pagamento das parcelas dos seus contratos
de CDC, Crédito Pessoal e Habitação, bem como na renovação do seu Consignado. Assim
como, pausa de até 2 prestações para contratos de crédito com até 59 dias de atraso.
Fora pausado também por 60 dias, o pagamento das parcelas do Capital de Giro, assim
como, para contratos de crédito parcelado de Pessoa Jurídica que estejam adimplementes.
Nesse sentido, caso exista contratos com a Caixa que venha a vencer nos próximos 60 dias,
deve-se entrar em contato com o gerente para prorrogar o pagamento.

CAPITAL DE GIRO E LINHA DE CRÉDITO – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


A caixa reduziu os juros de até 45% no Capital de Giro, com taxas a partir de 0,57% a.m.
Disponibilizou linhas de crédito especiais, com até 6 meses de carência, para empresas que
atuam nos setores de comércio e prestação de serviços.

DO FORNECEDOR DE SERVIÇO
Sugerimos o levantamento de todos os contratos e débitos com os fornecedores para que
seja apurado o que vai conseguir pagar ou não. As notas que não vão ser pagas, sugerimos
o encaminhamento para o escritório, para que encaminhemos ao fornecedor uma proposta
para tentar a prorrogação do débito.
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E SE O FIM FOR INEVITÁVEL...


Em último caso, na hipótese em que o empregador não consiga manter a empresa no
decorrer do período da pandemia, optando por encerrar as suas atividades em definitivo, com
a baixa do CNPJ, a CLT lhe autoriza a rescisão do contrato de trabalho do funcionário com o
pagamento de apenas 50% das verbas nos casos de funcionários que não possuam
estabilidade legal.

Se o funcionário estiver gozando de estabilidade por qualquer motivo, fara justa ao


pagamento integral das vergas rescisórias conforme mandar os artigos 477 e 478 da CLT.

A modalidade de rescisão com pagamento parcial das verbas rescisórias, trata-se de um


caso excepcional que só se aplica em razão da força maior.

COORDENAÇÃO

JANAINA BASTOS
advocacia@janainabastos.com.br

Professora de Direito do Trabalho da ESA/BA, Palestrante, Advogada especialista em


assessoria preventiva para empresas, pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho, pós-
graduada em Direito Processual, Diretora de comunicação da Associação Bahiana de
Advogados Trabalhistas, Diretora Jurídica da Câmara da Mulher Empresária do
FECOMÉRCIO de Lauro de Freitas-BA

Por
Janaina Bastos
Alana Gomes
Laís Casais
Rafael Gomes

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