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Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia – TEB 0057

Aula Prática 4 – Fluorescência


Professora Dra Cristine Rodrigues
Equipe: Israel Assis, Lorenzo Paixão, Natália Nitsch Turma: C

INTRODUÇÃO

A Fluorescência é um fenômeno que estamos acostumados a presenciar no nosso dia a


dia. Trata-se da emissão de luz por alguma substância, ocorrendo a partir de estados
eletrônicos excitados, chamado estado singleto, no qual o elétron excitado não muda a
orientação de spin, continuando desemparelhado. Consequentemente, o retorno ao seu
estado fundamental é permitido e ocorre rapidamente via emissão de um fóton, energia
eletromagnética. A taxa de emissão de fluorescência é muito alta, fazendo com que o
tempo de vida da luminescência seja muito baixo. Os processos os quais ocorrem
absorção e emissão de luz são ilustrados pelo Diagrama de Jablonski, onde basicamente
são destacados os estados excitados de singlete e o decaimento de energia conforme o
tempo. (PUC-Rio)

A substância a ser estudada, o quinino, é uma substância derivada de uma planta e que
serve para tratamento de doenças. Além disso, foi o primeiro fluoróforo a ser estudado e
responsável por estimular o desenvolvimento dos primeiros espectrofluorímetros que
surgiram na década de 1950. Sua capacidade luminescente é proveniente do seu sistema
cíclico acoplado, a quinolina, assim como seus grupos com capacidade de liberação de
prótons no meio. A presente prática teve como objetivo analisar a fluorescência do
quinino, assim como fatores que podem alterar a força da emissão, como pH e presença
de íons.

OBJETIVOS
Os objetivos dessa aula prática foram:
- Visualizar a ocorrência de fluorescência em amostra de água tônica;
- Comparar a intensidade da fluorescência da amostra em diferentes condições;
- Relacionar os efeitos estudados em aula sobre a fluorescência com o observado na
prática.

MATERIAIS E MÉTODOS
A primeira parte do experimento visou visualizar a mudança de fluorescência na amostra
de água tônica de acordo com a mudança de pH. Para isso, foram adicionados H2SO4
0,5M e NaOH 0,5M em diferentes concentrações, atingindo pH 1, 4, 6 e 9. Já a segunda
parte do experimento visou visualizar a mudança de fluorescência da amostra adicionando
um grupamento que retira elétrons no meio, o íon Cl. As quantidades de amostra, de
solução ácida ou básica ou do sal foram adicionadas diretamente no vidro de relógio
utilizado para visualização, e estão quantificadas na tabela a seguir.

Tubo Amostra (mL) Solução

Branco 1 mL -

pH 1 1 mL 1 gota H2SO4 0,5M

pH 4 1 mL 1 gota NaOH 0,5M

pH 6 1 mL 2 gotas NaOH 0,5M

pH 9 1 mL 3 gotas NaOH 0,5M

Cl 1 mL 3 gotas NaCl 0,5M

Todas as amostras foram então submetidas à luz UV em um ambiente escuro, permitindo


assim uma melhor comparação entre as amostras tanto por olho nu quanto pelo uso de
aparelhos celulares.

RESULTADOS e DISCUSSÃO

A quinina (C20H24N2O2) é a substância responsável pela fluorescência observada


no presente experimento. Na foto, podemos observar a fluorescência da quinina em
solução com uma cor azul-esverdeada clara e brilhante, quando exposta a radiação
eletromagnética proveniente de lâmpadas UV. Na Figura 1, da esquerda para a direita, os
vidros de relógio contendo as amostras são a solução de quinina original, solução de
quinina adicionada de tampão de pH 2, 4, 6 e 9, respectivamente. A solução que se
encontra abaixo das demais foi adicionada com cloreto de sódio.
Figura 1 - observação de fluorescência de soluções de quinina em diferentes
condições.

A análise dos níveis de intensidade da fluorescência apresentada nas amostras foi


feita a olho nu e com o auxílio de câmeras digitais de aparelhos celulares,
constatando-se, como observado na Faura 1, uma ocorrência de fluorescência mais
abundante na amostra de pH 2 (segunda da direita para a esquerda), seguido da amostra
pura. Em pH 4 o fenômeno ainda é observado, porém mais atenuado. Soluções em pH 6
e 9, bem como na presença de cloreto de sódio, apresentaram pouca ou nenhuma
fluorescência mesmo quando expostas à luz UV.

pH, como se sabe, é uma função da concentração de prótons (H+) no meio. A


presença de mais (pH baixos) ou menos (pH mais altos) H+ no meio altera o equilíbrio
das dissociações de algumas substâncias, adicionando ou removendo prótons de sua
estrutura.

Os resultados observados acima, no que tange nas amostras com diferentes pH’s,
são provavelmente devidos a protonação e desprotonação de grupos funcionais presentes
na molécula de quinina. Esse recebimento e liberação de prótons altera a disponibilidade
e distribuição de elétrons capazes de saírem de serem excitados (passarem ao estado
singlete), e portanto, ocasionarem o fenômeno de fluorescência quando retornam aos
seus níveis de energia fundamentais. Essa protonação e desprotonação ocorre
usualmente nos nitrogênios (nas cadeias heterocíclicas) da quinina. Em especial, o
nitrogênio presente na porção dos dois anéis aromáticos pode ser considerado o
responsável por essa alteração na fluorescência, já que possui pKa próximo de 4
(SCHULMAN et al., 1974), o tornando sensível a alterações no pH nessa faixa. A
protonação dessas porções da molécula faz com que seus elétrons, antes livre e
possibilitados de serem excitados e posteriormente retornarem ao seu estado
fundamental, agora tenham menos liberdade para fazê-lo.

Já no caso da alteração da diminuição de fluorescência em função da salinidade


da solução (solução adicionada de cloreto de sódio), pode estar relacionada a presença
de um elemento eletronegativo no meio (Cloro dissociado) (CHAICHI et al., 2014). Esse
elemento pode desempenhar um papel sequestrante de elétrons, diminuindo os efeitos de
fluorescência.

REFERÊNCIAS

PUC-Rio. Introdução à Fluorescência. Disponível em: Microsoft Word - tese final.doc


(puc-rio.br). Acesso em: 30/03/2022.

National Center for Biotechnology Information. PubChem Compound Summary for CID
3034034, Quinine. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Quinine. Accessed Mar.
25, 2022.

SCHULMAN, Stephen G. et al. Fluorescence of 6‐methoxyquinoline, quinine, and


quinidine in aqueous media. Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 63, n. 6, p. 876-880,
1974.

OLIVEIRA, Djalma M. et al. Desenvolvimento de um Fluorímetro Artesanal e Propostas


para sua Aplicação nas Aulas Práticas de Disciplinas de Química Analítica Instrumental
nos Cursos de Graduação. Revista Virtual de Química, v. 7, n. 6, p. 2438-2456, 2015.

CHAICHI, M. J.; ALIJANPOUR, S. O. The fluorescence Quenching Study of Quinine


in Presence of Some Anions. Caspian Journal of Chemistry, v. 3, n. 1, p. 15-21, 2014.

VOGEL, Arthur I. Análise Química Quantitativa.Grupo GEN, 2002. 978-85-216-2580-3.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2580-3/

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