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Minuta Embargos Aaa
Minuta Embargos Aaa
Fernando, NIF ·····, residente em ·····, executado nos autos em referência, vem deduzir
embargos de executado contra a exequente Sofides, SA, o que faz nos termos e com os
seguintes fundamentos:
4. E o mesmo se retira da cláusula 2.1: "A SOFIDES reserva-se o direito de, após a
recepção do exemplar do contrato que lhe é destinado, confirmar ou recusar a
concessão do crédito".
5. Por outro lado, do documento em análise nem sequer consta o montante da quantia
alegadamente mutuada, a respectiva taxa de juros ou os valores do seu reembolso,
tendo-se clausulado apenas que o custo do crédito a constituir no âmbito do contrato
varia em função do montante e da duração do saldo (cfr. cl. 7ª).
6. Por fim, tal documento e clausulado geral nem se mostra assinado pelo executado,
pois a assinatura deste apenas consta do pedido de reserva permanente de dinheiro.
8. Todavia, a entender-se estar-se, não perante uma mera proposta, mas perante um
contrato de abertura de crédito devidamente concretizado, neste apenas se contêm
prestações futuras ou a previsão da constituição de obrigações futuras, o que não é
posto em causa pelo teor da cláusula 3.6, em que apenas se reconhece a exigibilidade
destas obrigações: "O mutuário reconhece a exigibilidade das dívidas decorrentes da
utilização do crédito em conta corrente e a sua responsabilidade pelo respectivo
pagamento à SOFIDES".
9. E, sendo assim, nem por aqui estaríamos perante um título exequível.
O Direito
«Por definição, o título executivo é o documento que pode segundo a lei, servir de
base à execução de uma prestação, já que ele oferece a demonstração legalmente
bastante do direito correspondente (cfr. Castro Mendes, Lições de Direi to Civil, 1969,
pág. 143).
Ora, como "toda a execução tem por base um título, pelo qual se determinam o fim e
os limites da acção executiva" - artº.10º 1 do nCPC - facilmente se percebe que aquela
afirmação deve necessariamente constar do título executivo.
Como se vê, "... pela análise do título se há-de determinar a espécie de prestação e da
execução que lhe corresponde (entrega de coisa, prestação de facto, dívida
pecuniária), se determinará o quantum da prestação e se fixará a legitimidade activa e
passiva para a acção" (Anselmo de Castro, A Acção Executiva Singular, Comum e
Especial, pág. 11).
Conforme já salientava Alberto dos Reis, "...desde que a execução não é conforme ao
título, na parte em que existe divergência, tudo se passa como se não houvesse título:
nessa parte a execução não encontra apoio no título" (Código do Processo Civil
Explicado, pág. 26).
E, sempre que isso aconteça, ou seja, "... se a discordância entre o pedido e o título
consistir em excesso de execução, isto é, em se pedir mais do que o autorizado pelo
título", cabe ao juiz indeferir liminarmente o requerimento executivo na parte em que
exceda o conteúdo do título, mandando prosseguir a execução pela parte que
efectivamente lhe corresponda" (Lopes Cardoso, Manual da Acção Executiva, pág.
29).
Quanto à causa de pedir em acção executiva, há quem entenda que ela se reconduz
ao próprio título accionado (cfr. Alberto dos Reis, Comentário, I, pág. 98, Lopes
Cardoso, ob. cit., págs. 23 e 29 e Ac. do STJ de 24-11-83, BMJ 331/469), enquanto
outros sustentam que ela é antes constituída pela factualidade essencial de onde
emerge o direito, reflectida embora no próprio título (cfr. Castro Mendes, A Causa de
Pedir..., págs. 189 e sgs., Lebre de Freitas, Acção Executiva, 2ª ed., pags. 64 e 65, A.
Varela, RLJ, 121º/148 e sgs e Ac. do STJ de 27-1-98, CJ, STJ, I, pág. 40).
Como quer que seja, os próprios defensores da 2ª teoria não retiram qualquer relevo
ao título executivo, limitando-se a enquadrá-lo no seu meio próprio, que é o
processual, do mesmo passo que enquadram a factualidade causal no seu meio
próprio, que é o substantivo (cfr. Ac. do STJ de 27-794, CJ, STJ, III, pág. 70).» Ac.
TRL de 01-07-2010, Processo: 4986/09.1TCLRS.L1-6, Rel: CARLOS VALVERDE
E isto, porque é necessário que o título permita certificar a existência da obrigação que
se constituiu entre as partes, pois só assim representa um facto jurídico constitutivo do
crédito e que deve emergir do próprio título (cfr. Alberto dos Reis, processo de
Execução, I, pág. 125).
Se não for junto tal documento complementar, que deve obedecer às condições
estabelecidas no documento que constitui o título-base, não há prova da existência de
obrigação dotada de força executiva (cfr. Lopes Cardoso, ob. cit., pág.73, Lebre de
Freitas, ob. cit., pág. 49 e Antunes Varela, Manual de Processo Civil, 2ª ed., pág. 80).