Curso de Formação em Psicoterapia Breve – Módulo IV
2021 Características Principais da PB: O que é Conflito Nuclear e Conflito Focal
Apesar de conhecida como Psicoterapia Breve, esta técnica não se define
pela sua temporalidade, sendo o Foco a característica mais marcante. Em PB é possível alcançar objetivos terapêuticos num espaço de tempo mais curto do que numa Abordagem tradicional por consequência de sua atuação focalizada. Possui como característica distintiva a tríade Atividade, Planejamento e foco. A Atividade do Psicoterapeuta em PB é ativa e participativa empregando atitudes como: Avaliar e diagnosticar as condições internas do paciente; determinar um foco a ser trabalhado durante o processo psicoterapêutico, estabelecer junto como o paciente um contrato terapêutico, definir metas e objetivos terapêuticos a serem atingidos, atuar numa linha de focalização que implica em interpretação seletivas, atenção seletiva e negligência seletiva, agilizar o processo utilizando recursos distintos à interpretação transferencial clássica. Alguns fatores contrapõem a atuação terapêutica em PB a atividade em psicoterapias mais prolongadas, a atitude deliberadamente ativa do Psicoterapeuta, o acordo sobre os limites da terapia e a definição do plano terapêutico focal. O psicoterapeuta deve se opor à neurose de transferência através de interpretações que considerem a realidade atual do paciente, criar um clima que favoreça o paciente expressar seus impulsos sem a necessidade de lançar mão de defesas para proteger-se da ansiedade causada por eles, favorecendo a EEC. A conduta deliberadamente ativa do psicoterapeuta, os limites estabelecidos e a elaboração de um plano terapêutico possibilitam a contraposição da Psicoterapia Breve às terapias mais prolongadas. Alguns fatores estão relacionados ao prolongamento da psicoterapia, paciente pode apresentar resistência, sobredeterminação de sintomas, necessidade de elaboração, origem da neurose na primeira infância, transferência, dependência, transferência negativa relacionada ao término, neurose de transferência, Psicoterapeuta pode apresentar tendência passividade no sentido de deixar-se guiar pelo paciente, de não transmitir temporalidade, adotar uma postura perfeccionista, preocupar-se excessivamente em investigar as experiências mais antigas do paciente. Em PB o psicoterapeuta se coloca frente a frente com o paciente, permitindo que o este perceba as reações faciais, gestos e posturas além das expressões verbais. A atividade do psicoterapeuta busca trabalhar aspectos transferenciais e de realidade externa e não só fatores regressivos e prospectivos. O processo em Psicoterapia Breve não passa pela “neurose de transferência”, ocorrendo através das EEC, sendo necessária uma maior atividade por parte do psicoterapeuta no processo. As condições necessárias para o desenvolvimento da Terapia Focal são: A disponibilidade e capacidade do paciente em explorar sentimentos, a habilidade do terapeuta em identificar e compreender o problema do paciente dinamicamente, estabelecer um foco a ser trabalhado e um planejamento terapêutico. O Planejamento terapêutico é essencial para o êxito da Terapia Focal, que mesmo mantendo os objetivos fundamentais e enfoques principais referentes ao foco, deve ser essencialmente flexível. A Avaliação psicodinâmica do paciente é indispensável para o planejamento terapêutico, devendo-se preservar a eventual possibilidade de revisão estratégica. Após o processo avaliativo e estabelecimento do projeto de trabalho, deve-se realizar uma devolução diagnóstica e estabelecimento do contrato firmado nos limites do foco da terapia. Paciente atua ativamente do processo e tem poder de aceitar ou não o contrato, caso o aceite serão estabelecidas “Regras Básicas” (atenção seletiva, interpretação seletiva e negligência seletiva), paciente participa trazendo assuntos referentes ao foco. A devolução possibilita o envolvimento do paciente no processo psicoterapêutico e o estabelecimento de uma aliança de trabalho que facilite alcançar os objetivos estabelecidos. Uma correta avaliação psicodinâmica permite que o psicoterapeuta elabore uma estratégia voltada para a problemática focal, que será trabalhada a fim de promover novas experiências, estabelecendo a “tríade da PB” (atividade, planejamento e foco), assim como, uma indicação terapêutica. As técnicas devem ser adotadas a partir de uma cuidadosa avaliação da estrutura da personalidade do paciente e de suas condições egóicas, podendo ser necessário tratamentos mais longos ou curtos a depender do quadro apresentado pelo paciente. Um dos fatores primordiais para o sucesso da Psicoterapia Breve é a capacidade do paciente dispor de recursos internos que lhe permitam uma EEC. Diagnóstico e avaliação permitem estabelecer um planejamento acerca da conduta e a correta utilização das técnicas adotadas. É preciso considerar que a avaliação pode sofrer influência do contexto cultural em que avaliado e avaliador estão inseridos, assim como, da linha teórica e do enfoque adotado pelo avaliador. O psicodiagnóstico consiste numa hipótese inicial que pode se confirmar ou não coma evolução da terapia e o emergir de novos fatos trazidos pelo paciente. A avaliação psicodinâmica precisa, necessariamente, ter como base uma Teoria da Personalidade somado ao conteúdo trazido pelo paciente, testes psicológicos podem ser utilizados a depender do caso. O foco equivale ao material consciente e inconsciente trazido pelo paciente, e deve ser elaborado a partir de uma interpretação essencial de base terapêutica. Dirige-se ao foco conduzindo o paciente na direção do mesmo, utilizando interpretação seletiva e negligência seletiva, caso o material possua mais de uma interpretação, deve-se escolher a que esteja de acordo com o foco. Focalizar consiste em conduzir o paciente a trabalhar emocionalmente um conteúdo previamente definido, buscando atingi-lo ao voltar sua atenção a uma determinada área buscando transformá-la numa figura pregnante, conforme as leis de boa forma da teoria da Gestalt, que se destaca sobre o fundo menos demarcado. Numa primeira entrevista procura-se compreender a queixa principal que trouxe o cliente à consulta e a situação-problema apresentada, referente a situações e fatores manifestos que levam a sintomas subjetivos. O psicoterapeuta formula uma hipótese psicodinâmica inicial que compreende a Psicopatologia e a Psicodinâmica do paciente fundamentada na corrente teórica adotada pelo profissional, com base na hipótese levantada o profissional irá delimitar o conflito focal. O trabalho em Psicoterapia Breve não se estende a toda hipótese psicodinâmica, procura delimitar os aspectos centrais desta hipótese, mesmo os que se apresentam de forma parcial, através da delimitação do foco. À medida que o conflito focal remete ao conflito primário, em Psicoterapia Breve se trabalha derivados do conflito nuclear, eleitos de acordo com sua urgência e importância. Em Psicoterapia Breve o ponto de urgência pode ser: extrafocal, situação urgente e/ou traumática que passa a predominar o quadro atual do paciente, não se relaciona necessariamente com o conflito focal, ou intrafocal, referente a uma situação que demanda atenção especial e está vinculada ao conflito focal.
REFERÊNCIAS:
BRAIER, E. Psicoterapia Breve de Orientação Psicanalítica. Martins Fontes,
2008.
LEMGRUBER, V. Psicoterapia Breve: Técnica Focal. Artmed, 1984.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)