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BY CARRIE AARONS

BY CARRIE AARONS
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BY CARRIE AARONS
PRÓLOGO

Demi

Nove anos atrás

Olhando para o relógio, vi que eram 1:02 da manhã.

Nada de bom acontece a essa hora da noite. Essa hora as pessoas


deveriam estar dormindo. Ou saindo de um turno no hospital. Ou
acordando para beber um copo de água ou acalmar um bebê chorando.

O que não deveriam fazer é estarem sentadas na frente de um


espelho de maquiagem, com uma luz tão forte que contrasta com a
escuridão do dormitório.

Passo uma camada extra do meu batom favorito e dou uma segunda
olhada para verificar se cada cílio está perfeitamente separado e coberto
com rímel preto. Alcançando a escova de cabelo escovo outra vez os
cachos que fiz, fazendo-os parecerem mais naturais, mas incrivelmente
sexys.

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Minto para mim mesma, dizendo ao meu coração estúpido que dessa
vez ele notará todo o meu esforço. Que quando abrir a porta, finalmente
perceberá que sou bonita e que vale a pena conversar comigo de verdade,
não apenas me ligar no meio da noite para foder.

A negação corre profundamente em meus poros e escolho a roupa


perfeita de por acaso já estava acordada e só levantei da cama para vir te
ver.

Mas, é claro que ele não reconhecerá nada disso. Ele cobrirá a minha
boca com a dele, colocará as mãos no meu cabelo, arrancará as minhas
roupas... então serei um caso perdido. Toda a resolução que construí, as
horas com as quais passei conversando comigo mesma sobre como formar
uma conexão real desta vez, tudo irá por água abaixo.

Então sento e espero, o meu pé batendo nervosamente enquanto olho


para o meu telefone, esperando a luz verde da ligação. Porque quando ele
liga, eu vou. Nunca digo não.

Meus amigos olham constantemente para mim com olhares de


desaprovação quando volto para casa com ele depois de uma festa, ou vou
até seu dormitório no frio, ou choro silenciosamente quando o vejo beijar
outras garotas no campus.

Sou fraca e sei disso. Mas, não vou parar.

Porque estar com ele é a melhor sensação que já conheci.

Porque quando ele me toca, não há melhor sentimento no mundo.

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Porque sou a mariposa e ele é a chama.

E o problema é que sei que ele nem notaria se eu queimasse


completamente.

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CAPÍTULO UM

Demi

Ver o sonho de outra pessoa se tornar realidade é uma bênção.

Um pequeno momento em que você tem o privilégio de testemunhar


a alegria dessa pessoa, sua felicidade pura quando a única coisa que eles
desejavam está bem na frente deles.

É uma sensação como nenhuma outra, um ato egoísta e altruísta ao


mesmo tempo.

Saber que você está possibilitando isso e que faria o necessário para
permitir que a felicidade aumentasse ainda mais.

É o que faço para viver. Observo como os maiores sonhos das


crianças são realizados e, simultaneamente, quando elas partem deste
mundo.

Eu as assisto correrem com os maiores atletas do mundo, gritarem


com a força de seus pequenos pulmões nos passeios na Disney, rirem
enquanto fazem uma participação especial em seu programa de televisão
favorito. E então engulo a bílis na garganta quando suas mães prendem

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seus tubos de oxigênio ou dão uma injeção no meio do Magic Kingdom, ou
protegem seus corpos fracos do sol, porque estar ao ar livre
comprometerá seu sistema imunológico.

Ao longo dos anos, meu estômago se tornou uma abóbada de aço,


treinei meus dutos lacrimais para me tornar imune. Mas ainda existem
casos que se fixam sob sua pele, abrem feridas antigas e te machucam.

É o que acontece agora com Ryan Gunter. O garoto de sete anos que
foi diagnosticado recentemente com o mesmo câncer que assisti
desmantelar meu próprio irmão anos atrás.

— Pegaremos esse. — Jogo o arquivo na mesa de carvalho cinza na


sala de conferências.

— Demi, estamos sobrecarregados demais, talvez possamos esperar


até o próximo mês… — Minha vice-presidente de operações, Farrah, olha
para os outros seis funcionários sentados ao redor da mesa.

— Eu não ligo. Pegaremos esse. Vou trabalhar mais, fazer horas


extras, resolver toda a papelada, eu apenas... esse é um dos meus. — Fios
de cabelo castanho claro caem um pouco nos meus olhos e percebo que
preciso visitar meu salão para cortá-los.

De vez em quando, um dos meus funcionários da Wish Upon a Star


reivindica um caso como deles. Alguma doença, ou uma criança à qual se
apegam ao ler o arquivo, ou algo que tocou seus corações de alguma
forma. E mesmo se estamos soterrados de trabalho, mesmo que isso nos
impeça de assumir outro caso, ninguém diz nada e apenas concorda.

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E isso aconteceu agora, uma conformidade silenciosa caiu sobre a
mesa.

— Ok, Gina, diga-nos onde estamos com os outros casos. — Minhas


mãos alisam meu vestido verde militar, o ajuste e a sua cor contrastam
bem com a minha pele branca e meus cabelos cor de chocolate ao leite.

Sou a CEO, o rosto da minha organização sem fins lucrativos.


Embora pareça materialista e superficial me preocupar em fazer babyliss
no meu cabelo e usar salto alto todas as manhãs, também mostra ao
mundo que sou verdadeiramente uma mulher de negócios.

E isso me rende clientes que querem trabalhar conosco, por isso,


tudo era um mal necessário.

Meu coordenador de marketing examinou as crianças atuais que


estávamos tentando conceder desejos e o que restava em cada caso para
fazê-lo.

Atualmente, temos dez crianças que precisam de seus desejos


realizados nos próximos dois meses. Minha equipe conversava com o time
profissional de beisebol de Nova York, um contato na Casa Branca, um
resort em Aruba e a nova princesa do pop que está em sua turnê mundial
de um milhão de dólares.

Comecei minha empresa há cinco anos, por causa de um desejo e


uma oração, com a herança que recebi quando meu avô faleceu. Ele
sempre apoiou meus sonhos e, quando deixou esse mundo, eu soube que
era hora de fazer o que pensava há anos. Naquela época, toda vez que

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chegava ao meu apartamento depois de um longo dia na empresa de
relações públicas em que trabalhava, pensava em começar essa
organização sem fins lucrativos que faria crianças com doenças
incuráveis felizes e daria uma pequena parte de alegria às famílias que
estavam sofrendo, porque sabia muito bem como era.

Com muito trabalho, graxa nas mãos e algumas horas criando


conexões úteis, eu construí meu negócio, uma instituição de caridade
maravilhosa e bem-sucedida. As pessoas ouviam o nome Demi Rosen e
logo sabiam que eu podia lidar com as coisas. Sabiam que eu poderia
realizar sonhos.

— Vamos tomar uma bebida. Acho que depois de hoje merecemos. —


Farrah entra no meu escritório com o convite no final do dia.

Olhando ao redor da sala que é meu escritório particular, fechado do


resto do belo espaço que a Wish Upon a Star ocupa num dos edifícios
mais atraente do centro de Charlotte, acho que ela está certa. Meu
escritório, como grande parte de todo o espaço, é feito principalmente de
janelas de vidro do chão ao teto com vista para a cidade movimentada.
Embora não seja Nova York ou Chicago, nossa cidade secundária é um
lugar movimentado por si só. Móveis modernos, mesas com o toque
pessoal de cada funcionário e paredes revestidas com fotos em preto e
branco de nossos desejos concedidos ao longo dos anos completam o lugar.

A única despesa que temos são as flores frescas que encomendo


semanalmente para o nosso escritório.

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Elas parecem manter o ânimo de todos, e quando as famílias vêm
nos visitar apenas a visão de um belo buquê os deixam à vontade ou lhes
dão um pequeno impulso de alegria.

— Acho que você está certa. — Pego minha bolsa de couro e a sigo.

Chegamos ao McDaniels, o bar que fica na esquina. Temos sorte de


encontrar uma mesa na hora do happy hour.

— Por que sinto que envelhecemos toda vez que chegamos aqui? —
As calças de estampa de cobra de Farrah e a blusa de manga branca
fazem com que ela pareça diferente das outras pessoas.

Ela é mais ousada do que eu, seu cabelo preto é cortado em estilo
Chanel e tem um piercing no nariz. Quando a entrevistei pela primeira
vez, pensei que não poderíamos trabalhar juntas.

Mas, o pensamento mudou rapidamente, Farrah é o yin do meu


yang quando se trata de administrar o negócio. E também se tornou
lentamente uma das minhas amigas mais próximas.

— Talvez seja porque a maioria dessas crianças ainda nem sabe o


que significa a palavra 401(k)1. — Sinalizo para um barman e peço dois
gins e duas tônicas, já estamos acostumadas a bebê-los juntos.

Aos trinta anos, Farrah e eu já estamos ficando velhas para um


lugar como esse, mas também não era como se quiséssemos ir para outro.

1 401(k) é um plano de aposentadoria pago pelo empregador. Esse tipo de plano permite que o
funcionário invista parte do seu salário antes da incidência de impostos sobre o seu salário.

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Farrah estica o pescoço e diz: — Droga, eu preciso transar.

Ela é, ao contrário de mim, muito casual sobre sexo. Muitas vezes,


ela me alegrava com suas histórias de encontros que deram muito certo
ou muito errado.

— Bem, tem muitos homens elegíveis para escolher. — Aceno minha


mão em volta do bar.

Ela dá de ombros. — Não, eles são garotos ainda. Eu os comeria


vivos. Mas não significa que eles não são do seu tipo. Deixe-me ser seu
cupido.

Ela já pediu isso antes. — Não, você conhece minha regra. Sem
encontros, sem homens.

— Você é lésbica? Vamos, fala sério, você sabe que pode me dizer.

Farrah já fez essa pergunta antes.

Eu ri. — Eu não teria nenhum problema em dizer se eu fosse


lésbica, mas não sou. Honestamente, é mais simples assim, melhor para
mim.

Ela suspira e desiste da ideia. Olha para as pessoas no bar,


enquanto termina sua bebida.

Aceno para mim mesma, sabendo que estou certa. Se você não
deixar ninguém entrar, pelo menos intimamente, nunca se machucará.

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E nunca me permitiria me machucar novamente.

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CAPÍTULO DOIS

Paxton

Há algo severamente humilhante em envelhecer.

Não apenas no sentido mental, o aprendizado e a sabedoria que


acompanham a adição de anos à vida de alguém.

Mas envelhecer para um atleta é sempre sobre o físico. Os ossos


doloridos que se tornam mais difíceis de ignorar a cada vez que você sai
do campo, as articulações que estalam a cada movimento quando você sai
da cama de manhã, os músculos que não conseguem mais levantar a
quantidade de peso que estavam acostumados.

E então, eventualmente, a lesão chega. Pode ser uma ou podem ser


muitas. Mas sempre há aquele momento decisivo em que você sabe que
sua carreira atingiu seu pico e agora você está na encosta caindo para a
aposentadoria.

Na idade madura de trinta anos, um ano depois de rasgar meu


menisco, eu sabia que já estava no meio da colina.

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Alongo o meu quadril, aquecendo minha perna direita na academia
que não se parece em nada com a que treinei nos últimos dez anos.
Porque o que também vem junto com o envelhecimento, pelo menos como
jogador de futebol americano profissional, é ser negociado. É deixar o
time pelo qual sangrou, por anos, porque eles poderiam te vender barato
para uma equipe que poderia precisar de um veterano experiente, mesmo
que você não seja cem por cento um veterano.

Estou amargurado, sim, mas é assim que acontece na liga. Não que
Charlotte não seja legal; é mais quente que Massachusetts. Frequentei a
faculdade aqui, é como voltar para casa. Tem um bom centro da cidade e
uma boa base de fãs, o apartamento em que cresci não está tão ruim.

— Como está o joelho? — Anthony, o personal trainer com quem


trabalho desde que assinei com os Cheetahs da Carolina do Norte, entra
nas instalações de última geração.

Os melhores equipamentos de levantamento, linhas de esteiras e


bicicletas, pesos, bolas medicinais, faixas de resistência... tudo no
brilhante armazém, pintado nas cores marrom e dourado da equipe.
Parece com qualquer outro centro esportivo profissional em que já estive.
Na verdade, este é a sala em que passei mais tempo desde que voltei para
Charlotte, há dois meses.

Isso é meio patético.

— Sentindo-se solto, o que é bom. Acho que estarei bem para treinar
essa semana. — Estávamos uma semana fora da temporada regular e
perdi o treinamento no campo.

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Após rasgar os músculos do joelho na metade da temporada passada,
decidi fazer a cirurgia e fazer a dura batalha de um retorno. Aos trinta
anos, muitos contavam meus últimos minutos. Mas eu ia provar que
esses linguarudos estavam errados.

— Bom, porque eu vou te levar ao limite hoje. — Ele sorri como se


gostasse da minha dor.

O que provavelmente é verdade.

Anthony caminha até o rádio, sintonizando em uma estação de


heavy metal que ele sabe que colocará minha cabeça no lugar certo.

— Ei, você já tirou algum tempo para conhecer a cidade? — Ele se


senta ao lado do tapete onde me estico.

Repito meus exercícios de fisioterapia, três repetições antes de


tentar malhar. — Honestamente, só tenho tentado ficar o mais saudável
possível para jogar.

— Entendo. Mas... você deveria sair um pouco. Ande por aí, veja
como os fãs e as pessoas agem aqui. Às vezes, isso te dará ainda mais
motivação. Lembre-se, o futebol é tanto um jogo mental quanto físico.

Ele estava certo, é claro, mas eu não me permitia ter uma vida social
há anos. Uma bebida ocasional com um companheiro de equipe, um
jantar com meu irmão quando ele veio à cidade, um raro encontro... mas
foi isso. Minha vida, nos últimos sete anos estava miseravelmente
solitária.

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Anthony vê minha hesitação. — Escute, eu vou te dizer uma coisa.
Vou pagar uma cerveja após você gritar pela próxima hora.

Lutando comigo mesmo, decido que preciso do relaxamento. — Ok,


nós temos um acordo.

****

Duas horas depois, a garçonete coloca nossos hambúrgueres na


nossa frente.

Minha boca se enche d’água e agora acredito em Anthony quando ele


me disse que este pequeno restaurante na Rua Tryon tem algumas das
melhores comidas da cidade. Faz tanto tempo que morei aqui e não tenho
mais ideia de quais restaurantes são bons.

Tudo mudou nos oito anos em que estive fora, inclusive eu.

Viro minha primeira cerveja, uma IPA lupulada,2 antes de comer.

— Merda, precisava disso depois do inferno que você me fez passar


hoje.

2 IPA Hoppy é um tipo de cerveja com alta concentração de lúpulos, o que faz com que seu sabor seja
mais amargo. Sua graduação alcoólica também é um pouco maior que o normal.

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Ele ri. — Para um velhote nesta liga, você pode surpreendentemente
se manter.

Lanço um olhar de desaprovação. — Idiota. Enfrentarei de igual


para igual qualquer um desses garotos saindo do forno.

— Não duvido. Honestamente, acho que você estará pronto para


jogar. Essa é a recomendação que darei ao treinador Bryant.

Ele não deveria me dizer isso, mas aprecio a abertura. — Obrigado,


cara. Você não precisa se comprometer por mim, mas sei que sua palavra
me ajudará bastante com o treinador.

Não passei muito tempo com Jason Bryant, o treinador com quem
jogava agora, mas ele parecia um pé no saco. E, como Anthony, ele foi
direto comigo em cada interação que tivemos até agora. Havia algo a ser
dito por ser um jogador mais velho. Como os treinadores e funcionários
estavam mais próximos da sua idade do que os garotos arrogantes que
vinham da faculdade havia algum tipo de respeito tácito.

Eu vivia e respirava futebol, era a minha vida. Mas, às vezes, eu


queria mudar de conversa. E agora era um daqueles momentos. — Então,
você está no time há quanto tempo?

Ele abaixa o guardanapo, coberto com molho barbecue do


hambúrguer e limpa a garganta. — Há cerca de seis anos, é um ótimo
lugar para se estar. Os proprietários são ótimos, os treinadores ouvem os
personal trainers e temos um grande senso de lealdade, por isso não
temos muitos valentões e encrenqueiros no time. Minha esposa adora

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aqui; nossa filha acabou de começar o jardim de infância... é uma ótima
cidade para se viver.

— Eu não sabia que você era casado.

Anthony tira um colar de debaixo da camisa, uma aliança de


casamento pendurada no meio. — Dez anos, cara. Mantenho meu anel
aqui, não quero que os pesos o arranhem. Mas, Lucy, a minha esposa, ela
é a melhor coisa que aconteceu comigo.

Pelo olhar em seus olhos, sei que ele fala sério. Já vi duas emoções
diferentes de pessoas que são casadas; felicidade ou sofrimento. Anthony
está obviamente na primeira e, uma pequena parte de mim, queima de
ciúmes. Nunca cheguei perto disso, mas Deus sabe que passei anos sendo
egoísta demais para perceber que queria algo como o que ele tinha.

Algo como o que meus pais tinham.

Anthony está falando, mas o grito nos meus ouvidos o afoga.

A tristeza enche todos os poros e, mesmo sete anos depois, parece


que alguém apunhalou uma estaca no meu coração cada vez que penso
neles.

Talvez eu possa finalmente encontrar isso. Talvez esse movimento,


embora involuntário, seja bom para mim. Talvez Charlotte traga um
novo começo quando minha carreira chegar ao fim.

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CAPÍTULO TRÊS

Demi

Uma semana depois chega o dia do nosso encontro com Ryan, sua
família e o jogador de futebol americano que ajudará a realizar seu
desejo.

Tendo me encontrado com a família e esse garotinho especial no


hospital no início da semana, onde me sentei com eles enquanto Ryan
recebia um tratamento quimioterápico, mal podia esperar para
apresentá-los. Mal podia esperar para ver seu rosto se iluminar e ouvir
todas as perguntas adoráveis que ele faria ao seu herói.

Ele lembrou muito Julian; o mesmo diagnóstico, quase da mesma


idade, quase os mesmos cabelos castanhos claros que começaram a cair.

— Tudo certo? — pergunto a Gina.

Com tudo que estava acontecendo, junto com os dois eventos sociais
em que participei essa semana na esperança de recrutar novos membros
do conselho, não tive tempo de planejar todos os detalhes minuciosos do
desejo de Ryan. Estava mais interessada em conhecer a família, o que
comecei a fazer com a minha visita ao hospital. Mas eu sabia que o sonho

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dele incluía o time de futebol aqui em Charlotte e algo sobre ficar à
margem do campo num jogo.

Gina e Farrah supervisionaram a aquisição e o agendamento e tenho


certeza de que nos encontraremos com Harry, o representante de relações
públicas dos Cheetahs.

— Estamos todos prontos, chefe. Ele já está aqui, conversando com


Ryan e sua família. Insistiu em vir ele mesmo, em vez de Harry. Embora
Harry tenha enviado seu melhor. — Gina aponta para a nossa sala de
conferências, o ponto central envolto em vidro no meio do nosso escritório
que você pode olhar diretamente.

Eu me viro, os meus olhos de chocolate escuro pousando na figura


sentada ao lado do doce garotinho.

Minhas mãos começam a tremer. Minha nuca formigando de


antecipação. Meu estômago com um nó de nervosismo, enviando um
ruído ansioso que precisei engolir.

Ele nem estava na mesma sala que eu, e ainda assim poderia me
afetar dessa forma.

Eu tremia no meu melhor terno Ann Taylor, tudo porque Paxton


Shaw estava, mais uma vez, no mesmo prédio que eu.

O cabelo loiro arenoso cortado curto, combinava com os


deslumbrantes olhos esmeralda, um pequeno brinco preto na orelha

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esquerda, a mandíbula forte como aço que agora está coberta de barba
loira.

Ele é um homem agora, tão diferente do garoto que conheci, mas


ainda assim é o mesmo.

Meus ovários mal conseguem se conter. Queria dar um tapa neles,


órgãos traidores.

— Por que o Tight-End3 mais famoso da liga está na nossa sala de


conferências? — Gina caminha ao meu lado, seus olhos quase o despindo
pelo nosso escritório.

— Tight-End? — Minha língua praticamente sai da minha boca


pensando em quão firme era sua bunda quando eu costumava vê-la.

— Sério? Com todos os times de futebol que ficamos próximos ao


conceder desejos e você ainda não aprendeu nenhum termo ou posição?
Demi, eu tenho vergonha de você. Esse é Paxton Shaw, o melhor jogador
da Liga Nacional de Futebol. Ele tem três anéis do Super Bowl, seu nome
em livros de recordes e, isso é só o começo.

Ela me confundiu. Claro que eu sabia quem era Paxton Shaw e sabia
que ele era um atleta profissional, o que era culpa do Facebook. Mas, eu
sabia quem ele era por uma razão muito diferente das centenas de
milhares de americanos que adoravam a seus pés todos os domingos.

3 Tight-End, é um jogador mais forte e versátil, possui duas funções no campo, bloquear e receber
passes.

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Fazia oito anos desde que o vi, mas era como se eu pudesse sentir as
mãos de Paxton sobre cada centímetro do meu corpo.

Meus pés, de alguma forma, se movem milagrosamente, seguindo


Gina. Preciso participar desta reunião, e tento mascarar minhas
emoções, trancá-las dentro de mim. Espero fazer um bom trabalho, mas
que diabos eu posso dizer. Internamente, todos os sinos de alerta estão
disparados.

Entro na sala, sugando todo o ar que restava quando a porta de


vidro se fecha atrás de mim.

Ryan, seus pais e Joe, nosso coordenador de agendamento, olham


para Gina e eu. Os olhos esmeraldas de Paxton viram numa fração de
segundo depois, me encarando.

E... ele não me reconhece.

Fico corada, não posso evitar, vergonha sufoca os meus ossos. Oh


meu Deus, ele não tem ideia de quem eu sou.

Tenho vívidos sonhos sexuais com ele há anos. Passei repetidamente


na minha cabeça o que fiz de errado para ele não me querer. Pensei em
como minha vida seria diferente se tivéssemos nos comprometido um com
o outro.

E Paxton Shaw não tem absolutamente nenhuma lembrança do meu


rosto.

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— Olá a todos. Ryan, é tão bom vê-lo novamente. Como você está se
sentindo, garoto? — Entro no modo profissional, não querendo mais dar
atenção a esse homem.

— Oi, senhorita Demi! Eu tenho uma camisa autografada! — Ele


segura a camisa na mesa à sua frente, seu adorável sorriso torto com os
dentes faltando.

— Isso é tão legal! Espero que esses adultos não estejam entediando
você demais. — Eu pisco conspiratoriamente para ele.

Ele ri, e olho para a mãe dele, que tem lágrimas nos olhos.
Provavelmente é o melhor que ele sentiu em um ano, e sei como é ser
grato por isso. Sento-me ao lado dela, apertando a sua mão.

Joe começa a reunião, detalhando para qual jogo Ryan e sua família
irão, como participarão dos treinos de antemão, sua posição com os
treinadores durante o primeiro e o segundo trimestre.

Sei que é estranho ainda não ter cumprimentado Paxton, não ter
estendido minha mão e nem agradecido por estar aqui.

Eu me viro para encará-lo, colocando um sorriso falso no rosto. Posso


fazer isso, sou mais forte do que era antes.

Esse homem, aquele sentado do outro lado da mesa, fora minha


criptonita. Ele me amarrou por dois anos inteiros.

E no final, me arruinou para qualquer um, para sempre.

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CAPÍTULO QUATRO

Demi

Dez anos atrás

Ludacris canta através dos alto-falantes, copos vermelhos


espalhados por todas as superfícies e uma máquina de fumaça aleatória
se espalhando pela pista de dança improvisada.

Eu me dera uma noite fora da rotina, minha melhor amiga e colega


de quarto Chelsea, me convenceu de que não poderia passar mais uma
sexta-feira em nosso dormitório assistindo The West Wing no meu DVD
player.

Surpreendentemente, eu estava me divertindo. Poderia ser os quatro


shots de gelatina com álcool nadando no meu estômago, mas meu corpo
parecia flutuar e senti o ritmo da música me envolver.

Meus olhos percorrem a pista de dança, para onde um grupo de


pessoas se aglomera em torno de alguém que não consigo ver. Danço
mais perto, me afastando do meu grupo de amigas que dançam em um

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semicírculo, algumas delas moendo em caras e algumas apenas fazendo
suas próprias coisas.

Enquanto faço meu caminho, algumas pessoas se dispersam, e ele se


levanta de onde descansava em um dos enormes alto-falantes tocando
música pela casa.

Bem mais de trinta centímetros mais alto do que eu, com cabelos
loiros indisciplinados enfiados atrás das orelhas, jeans escuro cobrindo as
pernas longas e uma camiseta branca com decote em V mal contendo a
massa de músculos que constituem seus braços. Um diamante pisca em
um lóbulo da orelha e é brega, mas também grita bad boy.

Nunca fui afim de garotos problemáticos.

E, no entanto... há algo nesse cara que me atrai para ele até eu estar
praticamente sentada no colo dele. Talvez sejam as bebidas me deixando
ousada ou talvez seja a necessidade de fazer algo tão fora do personagem
que meu coração grita por isso.

Mas me vejo iniciando uma conversa com o cara mais gostoso que já
coloquei os olhos.

— Ei. — Coloquei um pouco de flerte no meu jogo, colocando a mão


no meu quadril e me inclinando para ele, me surpreendendo mesmo que
fosse apenas uma palavra.

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Seus olhos, verdes brilhantes mesmo na luz escura da festa em casa,
me examinam. Sinto-me nua, despida para ele. É emocionante, sujo e
quero mais.

— Oi. Qual é o seu nome? — Sua voz é grave e rica, como um


bálsamo suave.

No movimento mais chocante que já fiz, pego a garrafa de cerveja da


mão dele e bebo, nunca quebrando o contato visual. — Demi. E você
quem é?

Vejo a centelha em sua expressão enquanto ele vê meus lábios


envolverem o gargalo da garrafa. — Você não sabe quem eu sou?

— Deveria?

Um sorriso se espalha pelos lábios carnudos. — Sou apenas o melhor


atleta nessa faculdade, o jogador de futebol que ganhou para você e todo
mundo o campeonato nacional do ano passado.

Normalmente, eu pensaria que se gabar assim é um sinal para eu


cair fora, um sinal do seu ego grosseiro. Mas esse cara me hipnotizou, e
posso ver um pouco de humor por baixo de seu enorme senso de orgulho.
E realmente não sei quem ele é, não conheço nada de esportes, mas acho
que ele se dá bem.

— Ok, melhor atleta, qual é o seu nome?

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Seu sorriso é ainda mais arrogante quando ele estende a mão. —
Paxton Shaw, ao seu serviço.

A música muda e meu corpo se move por vontade própria. Aceito a


mão de Paxton e estou apertando simultaneamente, também o puxando
para que dance comigo.

Seu corpo grande me envolve, os braços fortes enrolados na minha


cintura enquanto suas mãos me direcionam de uma maneira que dita
meu ritmo. Nossos corpos se moldam juntos, é um erro como me sinto tão
bem neste momento. Nunca me permiti ceder a algo assim, querer isso.

A boca de Paxton cai no meu pescoço quando a próxima música bate


no chão e eu ofego, sem esperar o beijo quente na minha pele. Minhas
pernas se tornam emborrachadas, minha coluna aquece como madeira
derretendo sob as chamas. Ele está ali para me segurar, para continuar a
leitura da minha clavícula enquanto sinto a umidade como uma piscina
entre minhas coxas.

— Vamos subir, — sussurra no meu ouvido.

Nunca fui esse tipo de garota, só vi esse tipo de cena nos filmes. Mas
eu o quero tanto, ao contrário de como sempre quis que alguém me
tocasse antes. Quase como se ele não me tocasse eu morreria no local.

Com nossas mãos entrelaçadas, ele me leva ao segundo andar da


casa. Nem sei de quem é essa casa e, ainda, dois minutos depois estou
embaixo de um garoto estranho em uma cama estranha.

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E amando cada segundo disso.

O álcool deixa meu cérebro confusa, e parece passar alguns minutos


que não me lembro. Mas lembro da risada dele, da sua boca quente nos
meus lábios, do jeito que eu me deixei levar por ele, das nossas roupas
saindo.

Sexo, nas duas vezes que fiz, sempre parecia um ato que uma
mulher não gostava, mas precisava tolerar por um homem.

Oh, como estava errada.

No momento em que Paxton me fez gozar, com os seus quadris


batendo no meu, finalmente entendi. Entendi porque os homens fariam
qualquer coisa para conseguir isso, porque as mulheres se sentiam
empoderadas, sexuais e vivas no ato de ser íntimo com outra pessoa.

Quando ele saiu de mim, nós dois respiramos pesadamente, eu sorri


para o teto. Talvez, naquelas vezes em que me entreguei a outros garotos,
simplesmente não estive com o cara certo. Talvez, só precisava estar com
a pessoa certa. E finalmente, dois anos nessa vida louca que a faculdade
trouxe, encontrei a pessoa com quem eu sentia prazer.

O som de um cinto me fez mexer, sentar me apoiando nos cotovelos.

Do outro lado do quarto, Paxton estava completamente vestido e


senti uma carranca se formar no meu rosto. Para onde ele ia?
Certamente poderíamos levar mais alguns minutos para sentir a pele um
do outro, explorar as curvas e fendas dos nossos corpos.

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— Vejo você por aí, boneca.

Ele piscou para mim, e depois saiu pela porta, fechando- a atrás
dele.

Confusão e solidão surgiram. Ele não me beijou, não esperou eu me


vestir e me levou de volta ao dormitório. Nem sequer pediu meu número.

Foi a primeira vez que agi por impulso, fui para a cama com um
estranho. E agora me deparei com a verdade fria e dura de que, como
todo o resto, ele era um porco que não queria nada além de me foder.

Que pena que toda vez que o vi depois daquela noite, a amnésia se
instalou no que diz respeito a esses sentimentos de abandono.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO CINCO

Paxton

É claro que eu sabia quem era Demi Rosen.

E não porque fiz minha pesquisa sobre sua organização, o mesmo


que faria para qualquer empresa ou instituição de caridade que
solicitasse meu tempo.

Não, sabia exatamente onde eu e minhas mãos estivemos naquela


garota.

Bem, acho que ela era tecnicamente uma mulher agora. E um


nocaute absoluto. Ela amadureceu desde a faculdade, mesmo sendo linda
naquela época também. Suas pernas ficaram mais longas, como se isso
fosse possível, seu rosto um pouco mais magro, com maçãs do rosto
afiadas e lábios carnudos. Aqueles olhos, impossivelmente grandes e
emoldurados por longos cílios negros, o perfuravam.

Demi tinha um daqueles corpos que parecia bom demais para ser
verdade. Uma cintura fina que dava lugar a uma bunda redonda e firme
na parte inferior, seios grandes e empinados. E mesmo com essas curvas
ela era quase magra e alta como uma modelo.

BY CARRIE AARONS
Eu sabia, entrando nesta reunião, que ela era dona da Wish Upon a
Star.

Tive exatamente a mesma reação que ela teve comigo, mas tive
tempo suficiente para aproveitar a privacidade da minha própria casa.
Quando vi a foto dela no site, minha língua quase caiu. A garota que fodi
por alguns anos na faculdade, bem na frente dos meus olhos. Minha foda
principal, um dos sexos mais quentes que já tive, morando aqui na minha
nova cidade.

Tive tempo de controlar minhas emoções antes de vê-la, o que ela


claramente não teve. Demi não tinha ideia de que eu estaria aqui. E
enquanto permaneci profissional, pelo bem da família naquela sala, vi o
constrangimento rastejar sobre seu rosto.

E pela milionésima vez no que concernia a ela, uma pequena parte


de mim morreu de culpa. Nunca fiz o certo por essa garota e, quando ela
quase saiu da sala de conferências depois que o Gunter saiu, sabia que
precisava me desculpar.

Mas que se danasse meu pau meio dolorido se eu também não


quisesse egoisticamente ver como ela estava.

Bato na porta do escritório dela e aqueles olhos castanhos escuros,


da cor do café preto, me olham.

— Senhor Shaw, o que posso fazer por você? — A voz de Demi é uma
polidez cortante.

BY CARRIE AARONS
Entro e fecho a porta. Tenho a sensação de que seus funcionários
não têm ideia de que nos conhecemos e tenho certeza que ela não deseja
isso.

— Acho que podemos deixar de lado a atuação, Demi.

É estranho olhar para o rosto de uma pessoa que você conheceu


intimamente.

Éramos praticamente estranhos agora e não sabíamos muito um do


outro naquela época.

Seu rosto vacila por apenas um momento, e então aquele sorriso


falso está de volta.

— É bom vê-lo novamente, Paxton. Obrigada por fazer isso pela


família Gunter.

Me movimento pelo escritório dela, um espaço agradável decorado


em branco e cinza, com retratos emoldurados de Londres e dois vasos
grandes cheios de rosas brancas.

Pergunto-me, internamente, se elas são de um namorado ou


marido.

— Claro, ele é um ótimo garoto. Então, como você está? — Quero me


sentar, mas ela parece apreensiva.

Flashes de quando eu costumava fazê-la gemer, fazer seu corpo se


contorcer debaixo de mim, inundam os meus sentidos enquanto respiro

BY CARRIE AARONS
aquele familiar perfume de baunilha. É engraçado, não importa quantos
anos se passaram, sempre que sinto o cheiro desse aroma penso em
Demi.

Quando recebi a ligação a oito anos do meu agente sobre o contrato,


arrumei meus pertences na faculdade e saí dois dias depois. Nunca olhei
para trás, não me preocupei em dizer adeus a ela. Eu me sinto como um
idiota por essa atitude agora.

Nunca respondi as únicas duas mensagens de texto que ela enviou,


mas, novamente, tudo o que diziam era: Quer vir esta noite? e, Ouvi dizer
que você foi embora do campus. Para o idiota de 21 anos que eu era, essas
duas frases não eram realmente exigentes ou nem remotamente
parecidas com uma namorada, então as ignorei. Demi fazia parte da
minha antiga vida e eu estava em treinamento e depois viajaria pelo país
para jogos.

O que eu deveria ter feito era dar à garota com quem saía há dois
anos a decência de um adeus. Deveria pelo menos ter dito que ia embora,
em vez de virar fantasma completamente.

Mas depois dessas mensagens, ela nunca tentou entrar em contato


comigo novamente. Ao vê-la agora, sinto a tensão que nos cerca. Talvez
ela não tivesse cortado as coisas tão claramente quanto eu, porque
parecia haver uma lasca gigante no ombro dela.

— Estou bem, obrigada. E você? — Pelo seu tom, poderia dizer que
ela realmente não queria saber.

BY CARRIE AARONS
Eu a estudo, embora ela esteja vasculhando papéis em sua mesa, na
tentativa de não fazer contato visual. — Estou bem, voltei para cá há
cerca de dois meses. Muita coisa mudou na cidade desde aqueles dias de
faculdade.

Isso faz Demi olhar para mim, suas piscinas castanhas se


estreitando, mas o sorriso nunca sai dos seus lábios. Ela é uma
profissional bem treinada, tem a hospitalidade do sul. Alguém que não a
conhecia pensaria que estava sendo genuinamente legal.

— Sim, mudou. Bem, estamos ansiosos pelo jogo no domingo. Mais


uma vez, obrigada por fazer isso.

Ela está me dispensando e entendo a dica, não querendo pressioná-


la.

Claramente, ela não quer falar comigo e realmente não a culpo.

— Como eu disse, estou feliz em fazer isso. Vejo você no jogo. Sou o
número vinte, assim como nos velhos tempos da faculdade, se você não
souber.

Seu sorriso grita pura raiva, mas ela apenas inclina a cabeça.

Deixo o escritório Wish Upon a Star sentindo que fui atingido na


cabeça por um iceberg.

Mas, droga, foi bom ver aquela mulher gostosa de novo.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO SEIS

Paxton

Dez anos atrás

A lama ainda está presa debaixo das minhas unhas, a única parte
que não consegui limpar no chuveiro.

Foi um jogo difícil, mas jogar na chuva sempre foi meu tipo de jogo
favorito. Isso torna o futebol um pouco mais duro, percorrendo rotas um
pouco mais difíceis, a tensão dos músculos um pouco mais dolorosa.

Mistura de vitória e exaustão corre nas minhas veias, e o ônibus da


equipe tem um grupo de caras de vinte e poucos anos se preparando para
enlouquecer quando voltarmos ao campus. Sábado à noite e as festas e
bares estarão a todo vapor, apenas esperando seus reis completarem o
caos.

E enquanto parte de mim quer ser idolatrado, também quero ir para


a cama.

Marquei três touchdown esta noite, praticamente carreguei o time


nas costas.

BY CARRIE AARONS
Meus ossos doem, meus pés estão doloridos e minha cabeça está tão
pesada que posso fechar meus olhos e adormecer bem aqui. Pego outro
gole de uísque na garrafa sendo passada, não que isso ajude minha
exaustão.

Não, eu poderia receber um excelente boquete agora e depois


desmaiar.

Desbloqueando meu celular, puxo o número de Demi e envio uma


mensagem para ela. Estamos transando há alguns meses e sei que ela
está prontamente disponível na hora que eu ligar.

Posso ver a esperança nos olhos dela cada vez que terminamos, mas
nunca abordo o assunto. Estou muito ocupado para uma namorada e,
embora ela seja uma ótima distração, não estou interessado em algo
mais. Meus olhos estão no futuro, e uma mulher apenas me amarraria.

É quase fácil demais quando ela envia uma mensagem em segundos


dizendo que está livre. Às vezes isso é um desgosto para mim, um fato
que sei que é uma merda, mas é verdade mesmo assim. Demi precisa de
mim muito mais do que preciso dela... mas ela é gostosa demais para que
eu possa desistir dela.

— Você verá sua amiga de foda? — Travis, meu quarterback, senta


no assento vazio ao meu lado.

— Merda, essa garota quer ser esposa. Você ainda não cortou isso?
— Darrell, nosso atacante enorme, revira os olhos para mim.

BY CARRIE AARONS
Dou a ambos o dedo. — Foda-se, pessoal. Não estou casando com
ninguém, e sim, eu vou pegar uma boceta. Não posso evitar que vocês
fiquem com ciúmes porque receberei boquetes consistentes de uma garota
bonita.

Darrell ri. — Não posso argumentar que... estou com um pouco de


inveja. Os peitos da sua garota...

Ele faz um som como se tentasse imaginar como Demi é nua. Não
tão secretamente, gosto que eles me invejem... e que eu seja o único cara
para quem ela mostrará seus seios. Fora o que ela faz comigo, ela é uma
garota legal... outro fato que dificulta a interrupção das coisas. Isso me
deixa mais duro do que um cano de aço, sabendo que Demi é uma dama
nas ruas e uma aberração nos lençóis.

Flexiono minhas mãos, dobrando minhas juntas. — Cala a boca,


pessoal, e apenas saibam que quando estalo meus dedos, ela vem
rastejando.

Isso era verdade. Vinte minutos depois, estava sentado no meu


quarto na casa que eu e alguns dos meus colegas de time alugamos fora
do campus, quando Demi entrou. Mandei uma mensagem e ela veio às
duas da manhã. Não parece que ela tenha que se esforçar para vir em
qualquer lugar para chupar o meu pau.

— Ei, você. — Demi sempre era tímida quando nos cumprimentamos


inicialmente, como se soubesse que deveria ter vergonha de me atender
tão facilmente, mas também não era algo carinhoso.

BY CARRIE AARONS
Por um segundo fugaz, me senti mal por fazê-la sair da cama em
temperaturas mais frias na Carolina do Norte. Ela está constantemente
vindo aqui no meio da noite, sozinha, no meu quarto de merda, na minha
casa de merda. Sequer tenho lençóis adequados, o tamanho da King é
muito grande para o tamanho dos lençóis Queen. Na maioria das vezes,
dou desculpas sobre porque ela não pode ficar mais um pouco. E, no
entanto, aqui está ela. Sou o tipo mais baixo de escória, mas pelo menos
não minto para ela sobre o que sou. Ela vê claramente que não quero
fazer qualquer coisa remotamente perto de se apaixonar por ela, e ainda
assim, ela continua dormindo comigo.

Fui até ela, meu pau já meio engatilhado, minhas bolas se apertando
enquanto a sensação de antecipação da excitação dispara na minha
espinha. — Ei, linda.

Uma vez que minhas mãos estavam enroladas em sua cintura,


puxando para baixo a legging que ela vestia, Demi corou um pouco. —
Ótimo jogo, Pax. Parecia que você havia se machucado, tem certeza que
está bem?

— Estou bem, mas poderia ser minha enfermeira, caso queira cuidar
dos meus ferimentos. — Dou uma piscadela para ela, minha mente suja
funcionando com força total.

Empurro a legging pelos seus quadris, amando a sensação áspera


dos calos nas palmas das minhas mãos contra a pele aveludada. Usando
meus lábios no local exato debaixo da orelha, sinto-a presa como um gato
no cio, empurrando os quadris contra os meus.

BY CARRIE AARONS
— Vocês estão a apenas dois jogos do campeonato, como se sente? —
Demi se afasta, me olhando nos olhos.

Ela está fazendo isso novamente, tentando fazer uma conexão e


conversar.

Como é que todas as meninas querem conversar? Como se nós


estivéssemos indo bem e de repente ela se torna minha namorada e
acabamos fazendo uma sessão de terapia. Demi tenta fazer isso de vez
em quando. Acredito que é porque ela acha que vou de repente me tornar
interessado em algo mais com ela do que apenas sexo.

Calando-a, cubro sua boca com a minha, mergulhando minha língua


profundamente, demonstrando as coisas que posso fazer entre suas
coxas. Suspirando na minha boca, ela cede tão facilmente, influenciada
pelas habilidades que uso enquanto mordisco o lábio inferior.

Juntando meus quadris contra ela, Demi leva minha sugestão não
tão sutil e abaixa minha calça de moletom. Sua mão pequena me
encontra, apertando ao redor da base e bombeando do jeito que gosto. Ela
faz questão de acariciar minha cabeça com o polegar em cada bombeada,
um pequeno truque que ensinei a ela e faz minhas bolas se espremerem
impossivelmente mais apertadas, me fazendo ver faíscas na borda da
minha visão.

— É isso aí, querida. Suba na cama, bunda pra cima, — rosno no


ouvido dela, precisando enfiar meu pau entre suas dobras aveludadas
agora.

BY CARRIE AARONS
Ela faz o que mando, sabendo que isso a fará se sentir incrível. Sua
bunda redonda sorri para mim enquanto coloco um preservativo. Se eu
perguntasse, provavelmente poderia convencer Demi a me deixar fodê-la
sem nada... mas, por enquanto, eu ainda não era um completo idiota.
Estava extremamente perto, no entanto.

Nem tomo tempo para tocá-la, ou lamber entre aqueles lindos lábios,
porque estou com tesão e preciso comemorar minha vitória esta noite.
Entro nela e solto um gemido ao afundar, sua boceta me segurando com
força.

É assim que gosto mais de Demi, debaixo de mim, flexível, gemendo.


Com cada impulso, ela me empurra. Envolvo meu punho no cabelo dela e
a fodo forte e com a rapidez que quero, nunca desistindo. Esta é a minha
situação para controlar, e é muito bom estar neste momento sem falar,
apenas sentindo.

Quando meu orgasmo surge em minhas bolas, ainda sinto todos os


vasos sanguíneos se esvaziarem no preservativo. Gozo sem verificar se
ela já gozou também, embora pelos sons eu se que a satisfiz.

Quando rolo na cama, longe de Demi, um olhar para o relógio revela


que são cerca de três e meia da manhã. Quero dormir, me esticar na
minha própria cama. Mas é tarde, e não sou tão idiota assim para
mandá-la quase no rastro do amanhecer para um passeio de vergonha.

— Você pode ficar se quiser. — Meu tom indica que na verdade eu


não quero.

BY CARRIE AARONS
Aqueles grandes olhos castanhos carregam esperança. — Tem
certeza?

Viro do meu lado, olhando para ela por cima do ombro. — Sim, é
tarde. Está tudo bem.

Certifico-me de não a tocar o resto da noite. E quando acordo por


volta das dez da manhã, ela havia ido embora.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO SETE

Demi

O barulho da torcida é ensurdecedor.

Bandeirolas marrons e douradas são acenadas em círculos em torno


de quase todas as cabeças dos torcedores, o soar de alguma música pop de
sucesso misturando-se com os aplausos e cânticos do time da casa.

Minha boca enche d'água com o cheiro de salsicha e pimentão,


pipoca, cerveja e amendoim à deriva no vento. Onde quer que você olhe,
algum tipo de emoção está ocorrendo. Seja o olhar de olhos arregalados
de uma criança experimentando seu primeiro jogo, o mascote fazendo
piruetas à margem do campo, os treinadores batendo nas ombreiras dos
jogadores, deixando-os empolgados.

Morando em Charlotte a maior parte da minha vida adulta, a única


coisa que não fiz foi assistir a um jogo dos Cheetahs. Acho que, após eu
ficar obcecada com a carreira universitária de Paxton, o futebol era uma
das coisas que eu precisava evitar quando ele partiu sem nem um adeus
no dia em que entrou na liga. Sempre que tínhamos um desejo que exigia
participação em um jogo, enviava Farrah. Ela nunca fez nenhuma
pergunta, mas eu sabia que ela entendia que havia algum tipo de história

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ali. Então, embora conhecesse um monte de jogadores e fosse amiga de
muitos em visitas a hospitais, dias de assinatura ou jantares de caridade,
nunca apareci em um jogo.

— Demi Rosen, em campo! Nunca pensei que veria o dia. E ainda de


salto alto. — Greg Backus, um dos jogadores do Cheetah, ficou na minha
frente de uniforme e protetores.

Greg tentou me convidar para sair pelo menos uma dúzia de vezes.
Não que ele não fosse bonito, diabos, tenho certeza que as mulheres na
área de Charlotte cortariam as suas mãos direitas para sair com ele, mas
mantive minha regra e o rejeitei todas às vezes.

Olhei para os meus sapatos Sam Edelman favoritos. — Uma mulher


de negócios sempre deve estar preparada. Além disso, esses saltos são
incríveis.

Seus olhos esquentam. — Bem, eles parecem. Você me deixará te


levar para sair um dia?

— Oi, Demi. Prazer em vê-la novamente. — Nesse exato momento,


Paxton aparece.

Já é ruim o suficiente ter que ver o idiota que pisou no meu coração,
mas ele tem que ser tão lindo? Paxton se parece com Thor, antes mesmo
de os filmes de Thor existir. Com um brinco. Se você nunca esteve com
um cara com um brinco, está perdendo o barato. É uma ativação
surpreendentemente grande.

BY CARRIE AARONS
— Paxton. — Aceno com a cabeça.

— Ei, não dê toda a atenção ao novo cara. Lembre-se de quem esteve


aqui primeiro. — Greg pisca para mim antes de correr pela linha lateral
para alongar o tornozelo.

Paxton estreita os olhos para as costas de Greg, e quero dar um tapa


nele. Ele não tem absolutamente nenhuma reivindicação sobre mim, não
mais.

Mas claramente, ele se lembra do que éramos um para o outro. Ele


deixou isso claro ao entrar no meu escritório e tentar ter uma conversa
jovial.

Não estou interessada em nada disso, e espero ter transmitido essa


mensagem. Estou cerrando os dentes e suportando isso até que hoje
termine e nunca mais precise estar na mesma sala que Paxton Shaw.

— Senhorita Demi, olha para a minha camisa! — Ryan corre até


mim com o couro cabeludo careca coberto por um chapéu dos Cheetahs,
uma camisa assinada por todos os jogadores que vai até os seus joelhos.

— Isso é legal demais, você é um garoto de sorte por conseguir uma


dessas. E ter tantos jogadores olhando para você. Ouvi dizer que você
marcou um touchdown em Connor Ike!

Ryan e sua família passaram a maior parte dos dias de treinos desta
semana e os aquecimentos horas antes do jogo de hoje com a equipe. Eles
o incluíram em exercícios, jogando passes, assistindo filmes e executando

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as chamadas de jogadas. Combinei tudo isso com Harry, o representante
de relações públicas com o qual costumamos lidar.

— Eu marquei, e chutei o ponto extra! E agora eles me deram um


fone de ouvido. Pax é realmente incrível. — Ele perdeu um dos dentes da
frente e, meu Deus, é ele adorável.

Estamos à margem, onde ficaremos o jogo todo. A equipe deu a ele


um fone de ouvido oficial para que ele possa ouvir todas as jogadas
quando estão sendo narradas.

E sim, Paxton foi muito gentil com ele. Não sei por que estou
surpresa, ele esteve no holofote da mídia por tanto tempo. Mas agradeci
silenciosamente por ser tão bom com Ryan. Ele esteve ao lado dele desde
o primeiro momento que conheceu o menino, e eu sabia que Ryan
lembraria e apreciaria esse desejo pelo resto da vida.

Amargura e aborrecimento criam uma bola de emoção e entope


minha garganta. O resto da vida dele. Isso pode não demorar. Foda-se
essa porra de doença, e o fato de levar crianças tão jovens.

— Amigo, preste atenção ao meu primeiro touchdown, eu darei essa


bola diretamente para você. — Pax agita o boné de Ryan.

— E agora, seus Cheetahs da Carolina do Norte! — A voz ressoando


no sistema de som abafa meus pensamentos.

BY CARRIE AARONS
A multidão fica louca quando o resto da equipe sai do túnel, e os
jogadores na lateral acenam para a multidão ou pulam, sendo
ovacionados.

Mesmo quando os tempos eram melhores entre Paxton e eu, um


período de seis meses durante o meu primeiro ano, onde tivemos um
impasse sobre sermos exclusivo, ele não me convidou para participar de
um jogo como namorada. Um dos meus maiores sonhos era sentar na
seção da família, ao lado das outras garotas usando o número do
namorado e ser conhecida por todas as famílias como a garota de Pax.

Mas ele nunca me deu isso e, olhando para trás agora, meu coração
dói de tristeza pela garota insegura demais para dar um fora na bunda
do perdedor e se livrar do cara que me tratou como uma merda. Porque
foi isso que ele fez, todo mundo viu.

Meus amigos, especialmente Chelsea, me repreenderam por ficar em


casa em qualquer sábado à noite em que o time de futebol jogasse, meus
olhos grudados na televisão assistindo Paxton marcar touchdowns.

Então, quando, no quarto tempo do jogo, Pax voa pelo ar para a zona
final, meu coração pula. Não quero, mas velhos hábitos são difíceis de
perder.

Ele corre pela linha lateral até onde Ryan está e pega a bola da
pontuação antes de levantar o garoto sobre os ombros. O telão do estádio
mostra os dois aplaudindo, e a multidão continua comemorando e assim,
neste momento, esse garotinho pode esquecer tudo sobre a doença que o
atormenta.

BY CARRIE AARONS
Assim que é socialmente aceitável deixar o jogo, eu fugi. Mais um
minuto dentro daquele estádio e todas as paredes cuidadosamente
construídas que usei para me fortalecer contra o meu passado
desmoronariam.

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CAPÍTULO OITO

Demi

— Diga que não assisti apenas ao que pensei ter assistido.

A voz de Chelsea aparece sobre o Bluetooth no meu carro. — Oi,


para você também, Chels.

— Não brinque comigo, Demi Rachel. Você não pode ficar ao lado do
Diabo e apenas pensar que sua melhor amiga não ligará para você para
ver se foi queimada por ficar em pé tão perto de Hades.

Reviro meus olhos. — Você está sendo dramática. Sou profissional,


isso fazia parte do meu trabalho. Estou bem.

Dúvida soa em seu tom. — Não acredito. Você levou anos para
superar esse idiota. Eu sei, eu estava lá. Tive que falar com você várias
vezes.

Memórias de chorar silenciosamente no meu travesseiro me


atormentam, mas as empurro para a parte de trás do meu cérebro. —
Estou bem, Chels, sério. Sou uma mulher de trinta anos com seu próprio

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negócio, sou madura o suficiente para poder ver uma antiga paixão e
viver para contar sobre isso.

Dirijo meu carro pelo centro da cidade, passando pelos arranha-céus


e indo em direção à minha casa em Davidson, um subúrbio nos arredores
da cidade.

O silêncio segue por alguns segundos antes que ela fale novamente.
— Ok, eu acredito em você. Mas preciso de detalhes. Como diabos isso
aconteceu?

Suspiro e conto a ela sobre Ryan, seu desejo e como Paxton foi
prático. Foi realmente meio doce vê-los juntos.

Eu me repreendo por pensar com carinho nele ao mesmo tempo em


que Chelsea pensa. — Então ele está ajudando um garoto doente... isso
ainda não faz dele uma boa pessoa. Na verdade, ainda sinto a raiva
fervendo no meu estômago quando penso no pau dele.

Tenho que rir, porque caramba, se ela não é a melhor amiga de todos
os tempos. Conversamos pelo resto da minha viagem de carro de vinte e
cinco minutos, sobre seus pacientes no consultório dentário em que
trabalha como dentista. Sobre meus pais e os dela, sobre o rato que está
tentando tomar o seu apartamento. Quando desligamos, prometendo
mandar uma mensagem durante Dançando com as estrelas, fico com a
sensação de solidão que costumo ter quando digo adeus a Chelsea.

Ela decidiu se mudar para casa depois da faculdade, optando por


não ficar em Charlotte, a cidade em que estudamos. Ao contrário de mim,

BY CARRIE AARONS
ela queria estar perto de casa e de sua família em Connecticut. E não que
eu não amasse meus pais ou onde cresci, mas senti a necessidade de me
ramificar. E se voltasse para o Queens, teria caído no mesmo ritmo
antigo.

À medida que a agitação da cidade desaparece atrás de mim, sinto a


tensão nos meus ombros relaxar. Comprei uma casa no bairro bonito de
Davidson há cerca de dois anos atrás, querendo plantar algumas raízes e
sair da cidade.

Foi a melhor decisão que já tomei. É o meu paraíso, a residência de


tijolos brancos de dois andares com uma garagem anexa. Pintei em tons
neutros, fazendo todas as coisas por meses e nos fins de semana. No
verão, sento-me no pátio dos fundos e tomo chá gelado com o meu Kindle.
No inverno, acendo minha lareira a lenha e me aconchego com uma taça
de vinho.

E então, é claro, há Maya.

Minha Golden retriever corre para me cumprimentar assim que


abro a porta, nem me permitindo tirar as chaves da fechadura antes de
girar aos meus pés, querendo sair.

— Oi, meu amor! — Eu me abaixo, largando minha bolsa no chão e


chutando meus saltos ao mesmo tempo em que faço carinho no pelo dela.

Maya é a única com quem preciso morar. Ela não me incomoda por
fazer minhas unhas duas vezes por mês, ou mantém a televisão ligada à

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ESPN todos os dias, ou precisa de garantias constantes sobre o tamanho
de seu ego.

Não, ela está perfeitamente feliz em sentar ao meu lado no sofá,


sendo acariciada e ocasionalmente alimentada com comida humana.
Maya ocupou o outro lado da minha cama e ficou encantada com os
passeios no parque nas manhãs de fim de semana. Ela é minha filha,
minha confidente, e por quem eu anseio voltar para casa.

— Quem é a melhor garota do mundo? — brinco com ela enquanto


coloco a coleira para levá-la para passear.

Crepúsculo se instala no horizonte, o mundo escurecendo e se


iluminando simultaneamente. Eu podia ser uma amante do dia, mas a
noite sempre foi a minha favorita. Uma sensação de mistério, as sombras
nos permitindo sentir algo que o dia proíbe. A lua e sua tapeçaria de
estrelas; obras de arte colocadas lá para nossa leitura. A sensação de
relaxamento que vem com o fim de um dia.

Mas a única coisa que desprezo nas horas depois das sete da noite é
a solidão. A forte sensação de estar sozinha surge rapidamente quando o
sol se põe.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO NOVE

Paxton

Ser atleta profissional é uma bênção e uma maldição.

No lado da bênção, posso ir para um trabalho que amo


apaixonadamente todos os dias. Também recebo muito dinheiro para
fazer isso. Sou muito bom em campo, e ser jogador de futebol cumpre
minha natureza ferozmente competitiva.

Mas nem tudo é sobre garotas gostosas, carros velozes e pilhas de


dinheiro. Atletas desse nível trabalham duro. Cortar alimentos de nossas
dietas, renunciar às famílias porque é muito difícil formar laços quando
você está na estrada.

Manter o ouvido no chão, imaginando a cada segundo se você ficará


no banco ou será cortado.

E depois há as demandas físicas que isso impõe. Eu malho sete dias


por semana, às vezes três ou quatro horas por dia. Além disso, a
massagem, a fisioterapia e manter o meu corpo em forma é basicamente
um segundo emprego em período integral.

BY CARRIE AARONS
É por isso que estou no Freedom Park, me preparando para suar
como um animal com um dos meus colegas de equipe.

— O que você tem feito no seu tempo livre em torno de Charlotte,


meu cara? É bom estar de volta? — O punho de Connor se apoia no meu
ombro e ele começa a se alongar, nós dois estamos esperando por
Anthony.

Ele é um dos caras mais velhos do time, um zagueiro com quem


treino muito, já que nossas posições são opostas em ataque e defesa. Um
cavalheiro do sul do Tennessee, Connor é bom para conversar e tomar
uma cerveja. Ele é confiante sem ser arrogante, o que é uma joia rara
nesta liga e, francamente, o único tipo de jogador com quem quero me
cercar hoje em dia. Estou velho demais para ficar com os novatos
tentando provar alguma coisa.

— Não muito, cara... apenas tentando conhecer todos os


restaurantes incríveis que apareceram desde que fui embora. E estou
trabalhando com Wish Upon a Star, eles me conectaram à família
Gunter, você viu Ryan à margem no jogo da semana passada?

— Oh, sim, garoto incrível. Tão triste, cara... por que a vida tem que
ser uma cadela tão fria? E por falar em frio, mas malditamente sexy, por
isso Demi Rosen entrou em campo no domingo?

— Você conhece Demi? — Tento não parecer muito ansioso.

Anthony aparece enquanto Connor continua. — Cara, todo mundo


conhece Demi. A mulher mais gostosa de toda a cidade de Charlotte, e é

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fechada com mais força do que um molusco protegendo sua pérola
premiada.

— O que isso significa? — Estico um braço sobre minha cabeça.

— Do que estamos falando? — Anthony aperta minha mão e acena


para Connor.

— Demi... Shaw aqui a conheceu pela primeira vez enquanto


conhecia um garoto que tinha um desejo.

Anthony começa a abrir sua bolsa na grama; alguns pesos, algumas


faixas de resistência, cronômetro e tapetes. — Oh, ela é ótima, realmente
faz um trabalho maravilhoso para essas famílias. E minha esposa é louca
por ela. Mas sim... ela é meio fria com os recém-chegados. Se você está
pensando o mesmo que todos os outros caras do vestiário geralmente
consideram quando se trata de Demi, eu abandonaria essa ideia agora.
Segundo Lucy, ela não namora.

Hmm, então ela está solteira. Mas, aparentemente, gosta de ficar


assim. É errado que eu fique um pouco animado pelas flores em seu
escritório não serem de outro homem?

— Que merda, essa garota é material de esposa. — Connor balança


a cabeça.

Quando terminamos de alongar, Anthony detalha o treinamento em


circuito que faremos, cada rodada interrompida por dois minutos de
sprints suicidas nesta grama. Começamos, o treino surpreendentemente

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intenso por ser realizado em um parque ensolarado. É bom sair da sala
de musculação, raramente faço exercícios como esse atualmente.

Na terceira vez, quando corto e viro para correr e tocar a linha


durante exercícios suicidas, uma dor aguda dispara pelo meu joelho.

— Porra! — desisto, pulando conforme a dor irradia pela minha


perna.

— Você está bem? — Anthony corre, com o apito ainda na mão. Acho
que ele é um ótimo profissional porque adora o emprego, mas também
porque ele secretamente gosta de ser um sádico.

Connor também para, e odeio a aparência simpática que ambos


olham para mim. Eu fico lá, sacudindo o joelho e tentando pressioná-lo.
Parece bom, não como se algo tivesse acontecido, mas sou cauteloso.

— Sim, só um pouco dolorido. Meus ossos velhos não são mais os


mesmos. — Exceto que não está apenas dolorido.

Se estou sendo sincero comigo mesmo, essa é provavelmente a


minha última temporada. Neguei o máximo que pude, mas caramba, não
posso nem fazer alguns exercícios de sprint. Com dois anéis já no cofre da
minha casa, esperava adicionar um terceiro antes de ser colocado no
pasto e na aposentadoria. Isso deve acontecer nesta temporada, ou acho
que não conseguirei subir no pódio do vencedor novamente.

BY CARRIE AARONS
— Descanse, Shaw, não preciso que você rasgue outra coisa nessa
temporada. — O olhar de Anthony é suspeito e provavelmente sabe que
estou minimizando a dor.

Aceno, prometendo fazer isso. Mas nós três sabemos que é agora ou
nunca, e sacrificarei meu corpo da maneira que for necessária para
adicionar essa vitória final à minha ficha pessoal.

****

Uma das melhores coisas sobre o lugar que a gerência do Cheetah


me preparou é o terraço na cobertura.

A maioria dos caras na minha profissão está feliz em um bar de


esportes barulhento, no campo de golfe ou festejando em alguma boate
VIP. Mas eu? Sou um tipo de cara sente e observe as estrelas, se é que já
houve alguma. Crescendo na pequena cidade do cais em que meus pais se
estabeleceram, em Rhode Island, meu irmão e eu estabelecemos uma
rotina desde tenra idade.

Quase todas as noites, depois do jantar, pegávamos nossas cadeiras


de jardim e as colocávamos no cais atrás de nossa casa, a água ocupando
a pequena enseada do Oceano Atlântico em que vivíamos banhando na
pequena praia de nossa propriedade. Sentávamos lá, enquanto as
crianças bebiam suco de maçã, e se atiravam na merda e as estrelas

BY CARRIE AARONS
iluminavam o céu. Ao longo dos anos, amigos foram adicionados e,
quando o ensino médio e a faculdade chegaram, o mesmo aconteceu com o
álcool. Mas depois que todos saíam, éramos apenas eu e ele ou outros
amigos íntimos, nós sentávamos naquelas cadeiras do gramado e
conversávamos sobre a vida.

Sentado no terraço do meu apartamento agora, vendo as estrelas


brilharem enquanto tomo uma garrafa de cerveja, só me lembro de uma
coisa.

Meus pais moram em casa, nas margens de Rhode Island.

Espero que estejam fazendo a mesma coisa agora, sentados lá, entre
as estrelas. Espero que não estejam com dor. Que estejam de mãos dadas
olhando para mim enquanto olho para cima pensando neles.

Cinco anos atrás, suas vidas foram levadas muito cedo pelo mesmo
mar em que nos sentávamos quando crianças. Eles não deveriam ter
saído naquele dia, o boletim meteorológico estava ruim na melhor das
hipóteses. Mas mamãe queria um passeio de veleiro à tarde e papai não
poderia dizer não a ela.

Quando a guarda costeira encontrou o barco, eles nos disseram que


nossos pais não tinham chance contra a tempestade. As ondas eram
grandes demais e, embora meu pai fosse um barqueiro experiente, não
havia nada que pudesse ter feito.

Ter que identificar os corpos de seus pais… é um pesadelo que você


nunca tira da cabeça.

BY CARRIE AARONS
A morte deles me mudou como pessoa. Antigamente era sociável,
agora tendo a me ater a pequenos grupos ou simplesmente ficar sozinho.
Festas e mulheres não me interessam mais, e já faz muito tempo desde
que levei uma mulher para dormir comigo. Odiava-me todos os dias por
não dar aos meus pais o que eles mais queriam; eu, estabelecido e feliz
com uma família. Inferno, como eles queriam ter um neto.

Quando o mar levou meus pais, também levou meu ego. Um pouco
da minha faísca. Isso me fez perceber que, mesmo que eu tivesse um
ótimo relacionamento com minha mãe e meu pai, o quão importante era
passar um tempo com a família. Todas as outras coisas eram apenas
minúcias. Não significava nada se você não tivesse pessoas em sua vida
que amava.

E assim, enquanto olho para as muitas galáxias, os barulhos de


Charlotte depois de escurecer abaixo de mim na rua, não posso deixar de
me arrepender de não ter encontrado tempo para encher minha vida com
mais pessoas que amava.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO DEZ

Paxton

Ryan geme quando a agulha entra no braço, virando o rostinho, mas


assisto o tempo todo.

O quarto em que estou no Hospital Infantil Charlotte está cheio de


crianças com menos de doze anos que recebem tratamentos de
quimioterapia. Quero gritar, meu medidor de raiva interno está tão alto
que tenho que cavar minhas unhas nas palmas das mãos enquanto
formam punhos.

Quem diabos tornou possível que crianças inocentes pudessem ser


diagnosticadas com câncer? Deveria ser ilegal, imoral, impossível. Quero
pegar esses médicos pelo jaleco e exigir uma cura.

Mas, sabendo que nada disso ajudará, apenas sento ao lado de Ryan,
discuto jogadas passadas e seguro sua mão, a quimioterapia pingando em
suas veias.

Antes do acidente dos meus pais, provavelmente teria sido outro


cara. Provavelmente deixaria o garoto ir a um jogo, o acompanharia e
daria uma camisa. Mas... essa foi a última metade da minha vida. Agora

BY CARRIE AARONS
era uma nova metade, cortada em duas pelo evento definitivo da morte
deles.

Se olhar para mim, conversar, sair comigo, faria Ryan se sentir


melhor, então eu passaria cada minuto livre fazendo isso por ele. Esse
garoto, tão corajoso merecia o que queria por ter que passar por essa
merda. E eu daria o que fosse para ele. Com certeza tinha dinheiro e
tempo para isso. Além disso, ele era um carinha incrível.

— Quer jogar Go Fish? — Ryan move o baralho de cartas que sua


mãe colocou na mesa entre nós.

— Você me deixará vencer? Porque se assim for, não tenho certeza


se quero jogar — provoco.

Ele ri. — Sim, certo, eu vou chutar sua bunda!

Pisco para ele. — Eu esperava que você dissesse isso.

Jogamos algumas mãos, Ryan estremecendo de vez em quando e


tendo que fazer uma pausa porque se sente enjoado.

Cerca de uma hora depois de sentar com ele, Demi entra pela porta.

E para completamente quando me vê. — Oh, eu não sabia... não


sabia que você estaria aqui... posso voltar outra hora…

Ela enlouqueceu me vendo aqui, disso tenho certeza. Isso me deixa


triste, mas me diverte. Ela não tem ideia de como agir em torno do idiota
que foi embora sem nenhum adeus. Mas ela está perturbada, o que

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significa que ainda sente algo por mim. Mesmo que seja um ódio
profundo.

Seu cabelo é sempre a primeira coisa que me lembro, caindo pelas


costas em longas ondas castanhas. Costumava cheirar a biscoitos
açucarados. Está vestida de jeans e uma camisa simples de manga
comprida. Embora pareça uma bibliotecária gostosa naquele traje
comercial em que a vi duas vezes agora, acho que gosto ainda mais dela
assim. É mais acessível do que a pessoa formidável que agora incorpora
como CEO da Wish Upon a Star.

Sim, eu a procurei antes e após trabalhar com ela. Sua empresa é


uma das empresas de maior sucesso em toda Charlotte e a segunda
organização sem fins lucrativos de maior sucesso que ajuda a realizar
desejos para crianças doentes.

Ela a construiu sozinha e não aceita porcaria de ninguém, enquanto


ainda mantém essa disposição alegre. Sério, essa foi uma frase escrita
sobre ela em um artigo.

— Ei, Demi! Quer vir jogar Go Fish conosco? — Felizmente, a


criança de sete anos sentada ao meu lado não entende as emoções que há
entre ela e eu.

Isso a faz deixar o olhar mortal que está me dando atualmente.

— Claro!

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Durante o tratamento de Ryan, nós três jogamos cartas, e Demi
ensina Ryan a jogar pôquer. No final, ele está chutando a nossa bunda. É
engraçado, não tinha ideia de que ela sabia jogar pôquer tão bem.

Então, novamente, eu realmente não sei nada sobre ela agora.

Ryan adormece depois, e as enfermeiras nos informam que


provavelmente devemos deixá-lo descansar.

Saímos para o corredor do hospital, andando desajeitadamente lado


a lado.

— Então, tchau — diz Demi.

Ao mesmo tempo em que pergunto: — Gostaria de jantar?

O choque em seu rosto por eu propor uma refeição juntos é palpável.

— Por que jantaríamos juntos? — A malícia em seu tom me faz dar


um passo atrás.

Levanto uma mão em sinal de trégua. — Olha, Demi, sei que fui um
idiota naquela época. E sinto muito por isso. Pensei em ligar para você
cem vezes na última década para pedir desculpas.

— Que surpresa você não ter ligado. — Sarcasmo escorre da língua.

Droga. Sei que fui um completo idiota com essa garota. Mas não
sabia que ela ainda estaria me odiando por isso. Não que possa culpá-la.

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— Sei que não acreditará em mim, mas eu mudei. A vida não foi tão
gentil comigo como era quando estávamos na faculdade.

Demi desvia o olhar, cruzando os braços sobre o peito. — Diz o


jogador de futebol profissional que ganha milhões por ano.

— Dinheiro não compra felicidade, disso tenho certeza, — murmuro.

Isso faz seu olhar voltar para o meu, aqueles grandes olhos
castanhos procurando minha alma.

— Jante comigo. Deixe-me pelo menos me desculpar um pouco pelo


que fiz com você.

Estou ciente de que estou implorando. Assisto sua luta consigo


mesma internamente, mas finalmente ela sopra um grande suspiro. —
Certo. Mas eu escolho o lugar.

****

Demi escolhe um bistrô meio italiano com cerveja de barril da Sicília


e pizza de pão sírio que cheira divinamente.

O jantar é... estranho, na melhor das hipóteses. Faço perguntas na


maior parte e ela me dá respostas monossilábicas. Às vezes, existem
lacunas silenciosas tão dolorosas que me encolho e enfio muito pão na

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boca. Farei exercícios aeróbicos por uma semana depois de consumir
tantos carboidratos.

Nossa sobremesa vem, um pedaço de torta para mim e um


cappuccino para ela. Nunca poderia dizer não às sobremesas do sul, e
também poderia me entregar a esse pequeno prazer. Estou velho e
acabado agora, de qualquer maneira, se você ouvir o que os repórteres
dizem.

— Você não me disse o porquê trabalha com isso. — Tento ficar em


um tópico neutro, mostrar interesse.

Porque posso ter sido um idiota naquela época, mas estou muito
interessado em conhecê-la agora.

Demi olha para mim e estou preocupado que ela foque apenas na
resposta. Mas então ela fala algumas das palavras mais inspiradoras que
já ouvi. — Penso em cada uma dessas crianças como uma estrela
preciosa. Cuja vida na Terra pode ser curta, mas seu tempo flutuando em
torno desse grande e imenso universo místico está longe de terminar.
Elas podem estar queimando por nós, em breve não poderemos ver seu
brilho, mas sempre estarão aqui, olhando para nós quando o céu noturno
ganhar vida.

E é aí que percebo que fui um grande idiota há dez anos. Porque


nunca conheci realmente Demi e, claramente, há muito mais nessa
mulher do que jamais me permiti saber.

Sou um idiota, arrependimento e ódio me chutam no estômago.

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Como poderia ter sido tão cego para olhar além de uma mulher que
teria esse tipo de visão da morte? Quem voluntariamente conheceria
crianças inocentes que lutavam contra as doenças mais horríveis. A
maioria das pessoas lança um olhar compreensivo e continua a sua vida,
incapazes de lidar com a pura tristeza que suas vidas carregam.

Mas ela... ela se senta com eles em tratamentos muito depois que
seus desejos são cumpridos. Tenho a sensação de que ela está
constantemente cuidando das famílias, além de apenas realizar os sonhos
de seus filhos. E a maneira como descreve a morte... bem, se é algo assim,
espero que meus pais tenham experimentado da maneira que ela pensa.

— Isso é... isso é lindo. — Tenho que engolir minha emoção.

Demi olha para mim, sua expressão cautelosa como se estivesse se


perguntando se estou zombando dela. Mas não estou. Não nos vemos há
oito anos e, embora o acidente tenha sido relatado, desde que eu já era
famoso quando aconteceu, há uma boa chance dela não ter ideia que
meus pais morreram.

Honestamente, nunca me abri o suficiente para contar muito sobre


eles. Estava muito ocupado ligando para ela às três da manhã para uma
foda rápida.

— Sinto muito por nunca termos conversado muito naquela época.


Eu era um garoto idiota da faculdade, e deveria ter te tratado melhor.
Nós realmente poderíamos ter nos conhecido de verdade.

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Fico surpreso quando Demi ri, mas quando encontro seus olhos, eles
não são doces. Estão me cortando, amargos enquanto me examinam.

— Eu conheci você, Paxton. Seu aniversário é 11 de março, você


cresceu em Rhode Island e praticou todos os esportes sob o sol antes de
começar a jogar futebol. Acho que tem um irmão, embora nunca tenha
falado muito sobre sua família. Você prefere Sam Adams a qualquer
outra cerveja, pode chutar a bunda de qualquer pessoa em uma
competição de karaokê e é realmente muito bom em matemática, embora
nunca admitisse isso para seus amigos naquela época. Você lavava os
seus lençóis apenas com Tide, não sei o porquê, mas era o único
detergente no seu armário. Gosta de creme dental Crest e odeia colônia, a
menos que seja tão suave que mal consegue sentir o cheiro. Eu te
conheci; peguei qualquer pedaço que estivesse disposto a divulgar e
guardei para o caso de um dia você decidir me querer de verdade. Então
eu seria capaz de fazer todas essas coisas de namorada para você, saber
as coisas que os parceiros deveriam saber.

Choque e agonia soam nas minhas veias... sou um idiota do caralho.


Vou me desculpar profusamente, mas ela me interrompe.

— Não se preocupe, já se passaram dez anos. Apenas saiba que eu te


conheci, e você não se incomodou em saber meu nome do meio.

Com isso, ela se levanta da mesa e vira. Um segundo depois, ela está
voltando. Sem uma palavra, ela joga algumas notas de vinte dólares em
cima da mesa.

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Isso dói. Porque essa mulher pensa tão mal de mim que nem me
deixa pagar o jantar para compensar os anos de maus-tratos que eu a fiz
suportar.

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CAPÍTULO ONZE

Demi

Por que eu fiz isso?

Oito anos. Oito anos perfeitamente bons, eu fiquei sem pronunciar


seu nome. Fazia pelo menos três desde que parei de imaginar seu rosto
pelo menos uma vez por dia. Estava bem, eu estava estável.

E então tive que ser masoquista, compartilhando uma refeição com


ele e derretendo quando ele falou. Eu me sentia ficando molhada, bem ali
entre nossas entradas e sobremesas. Por isso tive que colocá-lo em seu
lugar, para colocar minha cabeça no lugar.

Porque o que disse era verdade. Eu o estudei, catalogando todas as


informações que ele estava disposto a me fornecer. Conhecia-o de dentro
para fora. E ele não me conhecia, nem um pouco.

Ele foi a razão pela qual não poderia me apaixonar por mais
ninguém, não quando fui tão rejeitada por tanto tempo pelo homem que
amei cegamente. Mesmo quando alguém me amou fielmente, com todas
as minhas falhas, não podia dar o suficiente para fazer o relacionamento
funcionar.

BY CARRIE AARONS
Pensei em Zachary... algo que não fazia há um tempo. Quatro anos
atrás, quando minha mãe intrometida não suportava mais que eu não
trouxesse alguém para Hanukkah4, meus pais me arrumaram um
encontro com o filho de uma mulher da sinagoga.

Ele era judeu, alto, moreno e bonito, tinha um bom emprego no setor
de restaurantes. Zach era charmoso e atencioso, exatamente o tipo de
cara que eu precisava. Ele abriu portas, fez o jantar, enviou flores para o
escritório.

Então, quando ele me pediu em casamento depois de um ano de


namoro, eu disse sim.

Ainda que não o amasse com todo o meu coração, minha cabeça
sabia que ele era bom para mim. Que seria um bom marido, que eu não
precisava estar loucamente apaixonada para me contentar com o
casamento.

Só que... quando minha mãe apareceu duas semanas depois, cheia


de revistas de casamento, amostras de véu e o número da melhor padaria
da cidade, eu sabia que não funcionaria. Minhas paredes ainda estavam
erguidas, ainda não conseguia sentir nada. E eu não era uma pessoa tão
horrível quanto Paxton Shaw, nunca prenderia alguém a mim para
sempre que não pudesse amar igualmente. Sabia que destino horrível era
aquele.

4Festividade judaica para celebrar a vitória da luz sobre a escuridão e a luta dos judeus contra os seus
opressores, coincidindo com os meses de novembro ou dezembro no calendário gregoriano.

BY CARRIE AARONS
Então, por que fui jantar com Paxton ontem à noite? Sabia que tipo
de pessoa ele era e eu ainda estava sob seu feitiço, depois todos esses
anos.

Não éramos nada além de um pedaço de osso ruído. Algumas horas


quentes de sexo alucinante e alguma conversa de travesseiro. Ele me fez
tremer como ninguém mais poderia, ou jamais conseguiu. Mas é isso que
acontece com o cara que faz você sentir o melhor orgasmo possível; ele
nunca é do tipo comprometido. Você não se apaixona pelo garoto que faz
você sentir que sua garganta é o novo deserto do Saara, ou aquele que a
faz sair altas horas da noite.

Não, você fica com o homem calmo e respeitável. Aquele que sabe
uma coisa ou duas sobre prioridades e construção de uma vida. É para
isso que você se promete a longo prazo.

Mas tive um assim e o joguei fora. Aparentemente, por mais que eu


negasse, meu coração queria insanidade.

É por isso que eu estava sentada nesse maldito camarote, no alto do


estádio Cheetahs, fingindo não tentar dar uma olhada nele no campo.

— Experimente o camarão de coco, eles são deliciosos. — Gina vem


com um prato cheio de petiscos.

— Você é um poço sem fundo. Se eu comesse isso, teria que ir a dez


aulas de spinning. — Farrah revira os olhos e bebe a taça de Chardonnay
em sua mão.

BY CARRIE AARONS
Farrah era um demônio na academia. Enquanto eu desfrutava de
uma boa corrida aqui e ali, ela passava todas as manhãs nas aulas de
treino mais intensas que a cidade oferecia. E havia Gina, que estava com
cinquenta quilos e podia engolir o que quisesse.

Eu estava em algum lugar no meio.

Ainda não sei o porquê concordei em participar deste jogo, embora


fosse rude recusar ingressos que o gerente geral do Cheetahs enviara
pessoalmente, depois de toda a boa imprensa que trouxemos para a
equipe a partir do desejo de Ryan Gunter. E eu queria provar para mim
mesma que estava finalmente superando meu ex-ficante, porque ele
nunca me deixou chamá-lo de meu namorado.

Os Cheetahs venciam de catorze a três no terceiro tempo e passei o


jogo alternando entre beber taças do delicioso Cabernet que eles tinham
no bar gratuito e tentar parecer desinteressada com o que acontecia no
campo.

Mas foi difícil. Observar Paxton em campo era algo semelhante a


uma obra de arte. Embora... ele não fosse tão gracioso em seus
movimentos como era antes. Que engraçado, faz anos desde que o vi no
campo de futebol, e ainda assim notei que algo estava errado. Não me
interpretem mal, ele ainda era muito talentoso... mas um pouco do brilho
que costumava trazer estava faltando.

BY CARRIE AARONS
— Estou surpresa que ele esteja jogando este ano. Ele é tão velho e,
após rasgar seu MCL5, todos disseram que não voltaria. — Gina é tão
franca que se senta ao meu lado com um novo prato.

— Ele rasgou seu MCL? — Como eu disse, evitei seguir a carreira


dele.

Farrah inclina a cabeça para o lado. — Foi apenas a maior história


do esporte na última temporada.

Encolho os ombros, tentando fingir ignorância. — Vocês sabem que


não gosto muito de esportes. Acho que a última vez que liguei a ESPN foi
para assistir Tim Tebow correr sem camisa pelo campo de treinamento.

— Deus, ele era tão sexy. Muito denso, mas tão sexy — suspira
Farrah.

— Você é uma esnobe quando se trata de futebol. Saia da bolha e


descubra o mundo das fotos nuas de Bryce Harper para a Body Issue6 —
zomba Gina.

— Ei, nudez é nudez, e estou bem com tudo isso — brinda Farrah
sua taça na minha, mesmo que eu não faça parte dessa discussão
ridícula.

5 Ligamento Colateral Medial (LCM), localizado na face interna do joelho, é um dos quatro ligamentos
que atuam na sua estabilização. A ruptura do LCM é a lesão mais comum em esportes como o futebol.
6 Body Issue é uma edição da revista ESPN que apresenta dezenas de atletas em fotografias nuas e
seminuas.

BY CARRIE AARONS
— Mas, de qualquer maneira, sim, o rasgou em dois. Ele teve que
ser tirado do campo chorando. Só outra vez os fãs o viram emocionado,
quando ele marcou o touchdown no dia seguinte à morte de seus pais
naquele acidente. Foi horrível, mas ele jogou seu melhor jogo no dia
seguinte. — Gina balança a cabeça, tristeza nos olhos.

— O que? — Choque me paralisa. — Os pais dele morreram?

Farrah assente. — Oh, foi horrível, lembro-me das fotos do funeral


na ESPN. Eles morreram no veleiro deles, numa tempestade inesperada
perto da casa deles. Morreram no sábado, e havia muita especulação se
Paxton jogaria no dia seguinte... especialmente porque o jogo tinha
implicações nos playoffs7. Mas ele jogou. Acabou marcando três
touchdowns. Após o jogo, recusou todas as entrevistas, mas foi visto
ajoelhado, chorando, na End Zone, quando todos entraram no vestiário.

Arrepios percorrem toda a minha pele. Como eu não sabia que os


pais dele haviam morrido? Claro, ele nunca me deixou conhecê-los, mas
eu já vi fotos, o ouvi falar sobre eles de vez em quando. Inferno, nós
ficamos envolvidos por dois anos, e eu mal sabia sobre a família dele.
Imediatamente, eu me senti uma pessoa horrível.

Engulo o nó da garganta e tento permanecer neutra. — Há quanto


tempo isso?

7 Conjunto de jogos, geralmente disputados antes ou após a época normal de competição, para
desempatar, determinar vencedor ou para apurar para outra fase ou competição.

BY CARRIE AARONS
Gina considera, colocando um dedo no queixo. — Cerca de cinco
anos? Sim, deve ter sido, porque assisti ao jogo com um irmão de
fraternidade idiota que acabou perguntando se poderíamos fazer um
ménage naquela noite.

Farrah ri. — Ah, que puritana. Você deveria ter aceitado. Três é
melhor que dois.

— Obrigada, Dra. Viciada em sexo. — Gina revira os olhos. — Mas


sim, ele nunca mais foi o mesmo desde então. As pessoas dizem que ele é
um atleta melhor, mas ele é como uma máquina. Não há mais paixão.

Durante o resto do jogo, fico remoendo o que Gina disse. Mudei nos
últimos oito anos, mas talvez Paxton também. Nunca considerei que
eventos aconteceram em sua vida para torná-lo uma pessoa diferente,
como ele disse quando me chamou para jantar.

Alguém no escritório da frente dos Cheetahs pergunta se queremos


entrar em campo para o final do jogo e as meninas gritam seus sim
animados. Eu sigo, ainda em transe sobre os pais de Paxton. Deveria ter
enviado flores ou algo assim. Enviado pelo menos um cartão. Talvez
pudesse deixá-lo saber agora o quanto estava arrependida.

O jogo terminou com uma vitória gloriosa para o time da casa, e


assistimos aos jogadores se cumprimentarem e comemorarem com tapas
na bunda. Vejo Paxton do outro lado do campo, tirando o capacete e
revelando seu cabelo dourado e suado. Como é possível que mesmo depois
de mais de duas horas de luta com unhas e dentes por uma vitória ele
pareça comestível?

BY CARRIE AARONS
Mas agora eu o considero sob uma luz diferente. Sei como é perder
uma das pessoas mais próximas de você, como seu mundo gira em seu
eixo e você nunca mais é o mesmo. Como deve ter sido perder duas
pessoas, especialmente as que o trouxeram para este mundo?

Estou prestes a me aproximar, mostrar algum tipo de simpatia após


ser tão fria com ele.

Exceto que, quando estou a um metro de distância, uma repórter


caminha até ele com um gravador e um caderno. Loira, peito grande, com
um vestido vermelho apertado que parece deslocada neste local. Ela está
batendo os cílios e jogando o cabelo por cima do ombro.

E Paxton está sorrindo para ela, sua linguagem corporal sedutora.

Dizem que um amputado ainda pode sentir dor fantasma, mesmo


depois que o membro se foi.

É assim que me sinto assistindo Paxton falar com essa repórter, com
a mão no braço dele. Isso me faz relembrar um dos momentos mais
miseráveis da minha vida. Quando desespero e desânimo eram meus dois
melhores amigos.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO DOZE

Demi

Nove anos atrás

Outra noite de sábado, outra festa em alguma casa de merda com


um barril de cerveja de merda.

Minhas amigas estão se divertindo, conhecendo novos caras ou


jogando jogos de bebida. Elas estão se soltando, como garotas normais no
primeiro ano. Depois de uma semana cheia de aulas e exames
estressantes eu deveria fazer o mesmo.

Mas não posso.

Porque tenho visto Paxton se esfregar numa ruiva peituda pela


última uma hora e meia.

Viro outra dose de vodca que alguém colocou no meu copo, tornando-
a minha quinta. Meus ossos são gelatina, meu coração esmagado em mil
pedaços e sinto que posso vomitar de tristeza a qualquer segundo.

BY CARRIE AARONS
Estávamos dormindo juntos há mais de um ano, ligações tarde da
noite e nos esgueirar era nossa especialidade. Não que eu quisesse que
fosse, mas toda vez que abordei a conversa de me tornar mais, Pax tinha
os melhores contra-ataques para sair da conversa.

Ele fazia um charme para sair com uma conversa que me enganava,
manipulando o assunto sem dar uma resposta direta. Ou ele me beijaria,
usando seus talentos para me calar e me afastar. Ou explicaria sobre seu
futuro e futebol, e eu seria burra o suficiente para cair nessa resposta
novamente.

Quando Pax me vê no campus, ele acena e sorri, mas nunca caminha


comigo ou conversa. Normalmente, ele está sempre rodeado por um
amigo ou dois, sempre a borboleta social. A pessoa com quem ele está
sempre sorrirá, como se soubessem quem eu sou.

Tenho a distinta sensação de que seus amigos falam de mim pelas


minhas costas, eles sabem que sou a pobre garota desesperada que Pax
mantém em uma gaveta e pega quando sente vontade de brincar.

Vergonha queima na base do meu pescoço, e lágrimas brotam nos


cantos de meus olhos. Por que ele faz isso comigo? No fundo, sei quem ele
realmente é, quando ninguém está olhando. Nos momentos em que nos
deitamos um ao lado do outro depois do sexo, nossas cabeças nos
travesseiros, falando sobre bobagens... esse é quem Paxton Shaw
realmente é.

Mas a pergunta que eu realmente deveria me fazer é: por que


continuo nisso? Por que me permito ser abusada emocionalmente assim?

BY CARRIE AARONS
Especialmente quando ele está do outro lado da sala, usando os
lábios para explorar a clavícula da garota. Ouvi rumores de que ele saía
com outras garotas, a maior parte eu ouvi de Chelsea, e ela queria que eu
o abandonasse para que pudesse cortar seu pênis. Ou pelo menos é o que
ela sempre me diz. Nunca acreditei nela, sendo cega demais para meu
próprio bem quando se tratava dele.

Mas agora... eu queria jogar coisas no chão. Quebrar pratos. Ouvir


Boyz II Men sem parar enquanto tomava sorvete e assistia filmes de
garotas com Gerard Butler.

Antes que eu saiba o que estou fazendo, meus pés me fazem


atravessar a sala.

— Filho da puta! — Invado o espaço deles, gritando com Pax.

Alguns estudantes bêbados ao nosso redor riem da garota por


arrumar briga numa festa. Pax me olha de cima a baixo, com os olhos
vidrados e confusos.

— Desculpe-me? — O tom dela é rude e agressivo.

Pax olha para mim como se eu fosse um cervo ferido. — Demi, vá


para casa. Você está bêbada. Vá encontrar a Chelsea.

Ele fala comigo como se eu tivesse cinco anos, como se não me


conhecesse de verdade. Como se tivesse pena de mim.

BY CARRIE AARONS
— Vai se foder, Pax. — Minhas palavras estão arrastadas e com
raiva.

— Essa é sua namorada? — A ruiva se afasta dele.

—Não, — diz Pax ao mesmo tempo em que aceno com a cabeça.

— Não importa, não vou me envolver nesse drama. — Ela solta a


mão dele e depois se mistura na multidão.

— Por Cristo, Demi! — Ele levanta as mãos, fúria pintada em todo o


rosto.

Eu me encolho, envergonhada com o que acabei de fazer, mas


também me sentindo desesperada e pequena. Pax agarra meu cotovelo e
me leva para fora, na parte mais escura do quintal, onde ninguém pode
nos ouvir. Para outros, parecemos um casal no meio de uma briga. Mas
sei que ele está prestes a quebrar meu coração em um milhão de pedaços.

Porque eu sou uma insaciável por punição?

— Que diabos foi isso? Pensei que estávamos de acordo, nos


divertimos quando estamos juntos e nos divertimos separadamente
quando saímos.

Eu o cutuco no peito, todos os erros que ele cometeu contra mim me


fazem enlouquecer. — Não, você concordou com isso! Você quer apenas
me comer e comer outras pessoas também, seu pedaço de merda!

BY CARRIE AARONS
Pax passa as mãos pelos cabelos loiros desgrenhados. — Demi, você
não é minha namorada. Nós fodemos às vezes. Merda, eu sabia que isso
poderia acontecer. Sabia que você provavelmente teria sentimentos por
mim.

Ele diz isso com naturalidade, como se eu fosse algum tipo de


mulher emocional e ele não fosse culpado por nada. Posso praticamente
ouvir os ventrículos do meu coração rachando sob seu punho, lágrimas
caindo livremente dos meus olhos.

— Você é um idiota. Você me persuade, me estimula e age como se


estivéssemos juntos, como se pudéssemos ser algo. Você sente alguma
coisa por mim? Quero uma resposta verdadeira desta vez.

Estou tremendo, tão brava e tão magoada que não consigo ver
direito.

Pax olha para mim, com mais pena nos olhos. — Não sei o que dizer
Demi...

Deixo o álcool me levar, e levanto minha mão batendo no rosto dele.


O som reverbera sob as árvores, fora da vista de alguém. Mesmo quando
brigamos, ninguém está presente para ver. Todo o nosso relacionamento
ocorre nas sombras.

Nós nos encaramos e não acredito que tive a ousadia de fazer isso.

Eu corro na direção oposta, odiando a pessoa que implorou pela


atenção do garoto e ficou tão irritada que recorreu à violência física.

BY CARRIE AARONS
Dois dias depois, quando ele me mandou uma mensagem para pedir
desculpas, acabei na cama dele outra vez.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TREZE

Paxton

Eu sabia que ela estava lá em cima, me observando naquele campo.

Isso me alimentou, sabendo que em algum lugar dentro do estádio


do Cheetahs, Demi estava torcendo por mim. Esperançosamente.

Na verdade, ela provavelmente estava torcendo para que eu fosse


abordado por um linebacker8 de cento e trinta quilos. Mas não foi o caso.
Não sentia a necessidade de impressionar ninguém há muito tempo, e
isso quase me fez sentir como o adolescente arrogante que já fui. Aquele
que correu sob as luzes da noite de sexta-feira para ver sua cidade natal.

Exceto que quando finalmente fui com os caras do time para a ala de
amigos da família após o jogo, onde os jogadores encontravam pessoas
que vieram ao jogo por eles, ela não estava lá.

— Farrah, certo? — Aponto para a garota que pensei ser a número


dois no Wish Upon a Star.

8 São membros da equipe defensiva.

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A garota, que parecia um pouco com uma versão gótica de Olivia
Munn, olhou duas vezes quando me aproximei dela. — Hum, sim.

— Oi, Paxton, prazer — aceno. — Acho que nos conhecemos no seu


escritório?

A garota de pé ao lado dela, uma loira pequena que parecia muito


mais jovem que qualquer um de nós, olha para mim. — Você conheceu.
Quero dizer, você a conheceu. Você conheceu a nós duas. Nós
trabalhamos lá.

— Se acalma, Sparky. — Farrah revira os olhos. — Esta é Gina.

Aceno para Gina também. — Demi veio com vocês?

Elas olham uma para a outra. — Sim, ela veio. Por quê?

— Vocês sabem onde ela está? — Estou sendo estranho, sei disso.
Mas não preciso me explicar.

— Ela saiu alguns minutos atrás. Precisava chegar em casa para


alimentar sua cachorra. — Farrah olha para mim com perguntas nos
olhos.

— Obrigado por virem. — Sorrio e me viro rapidamente.

Pegando a saída dos jogadores para o estacionamento, corto metade


do caminho para conseguir sair. Sei onde as pessoas com passes VIP
estacionam e precisava alcançá-la antes que Demi pudesse ir embora.
Este era um terreno neutro tecnicamente, eu não podia simplesmente ir

BY CARRIE AARONS
até a casa dela ou ao escritório. Ela se sentiria bombardeada e não iria
querer falar comigo.

— Demi! — grito, vendo-a do outro lado do estacionamento.

Ela está vestida de jeans e uma camisa simples, mas ainda está de
salto e meu pau se mexe como um tigre enjaulado quando me aproximo
dela. Jesus, eu acho que escapou da minha mente todos esses anos quão
linda ela é. As pernas longas e a postura, eu quero quebrar totalmente
essa fachada profissional.

O que diabos havia de errado comigo quando tinha vinte e poucos


anos? Eu não sabia o que tinha na minha frente.

Cabelos castanhos chicotearam o ar quando ela vira a cabeça, e eu


sabia pelo olhar em seu rosto, que ela reconheceu minha voz. E pelo olhar
no rosto, ela não ficou satisfeita em me encontrar caminhando em sua
direção.

— Paxton. — Não foi uma saudação amigável, mas não foi um tapa e
contei minhas bênçãos.

— Você gostou do jogo? — Estou quase a alcançando, mas ela não


pode escapar porque o carro está atrás dela.

— Gostei, obrigada. Tenho que ir. — Ela não quer nada comigo.

— Gostaria de jantar comigo? — Estou sem jeito, mas é difícil não


ficar perto dela agora.

BY CARRIE AARONS
Demi inclina a cabeça para o lado, os olhos não revelando nada. —
Não, obrigada. Já tenho um compromisso marcado.

Seguro a porta do carro quando ela tenta abri-la e entrar. — O que,


passear com a sua cachorra?

Ela faz uma careta. — Quem te disse isso?

Balanço a cabeça. — Não importa, mas a cachorra pode esperar.


Venha jantar comigo?

— Porque foi tão bom da última vez, — ela murmura e seus olhos se
arregalam, como se não quisesse dizer em voz alta.

Gosto quando Demi sai do roteiro. Nas últimas duas semanas, ela
parecia intocável, fria. Ocorre-me que posso ser a causa de um pouco
disso, a culpa é do bastardo frio que fui no passado.

— Admito que não foi bom, mas te devo isso. Tenho sido um idiota,
sei disso. E nos dará a chance de falar sobre... — Aponto entre nós. —
Nós.

Demi revira os olhos e tenta entrar no carro novamente. Um


pensamento deve permear seu cérebro, porque ela volta e deixa a fúria
sair.

— Por que você acha que quero algo entre nós? Vivi minha vida por
oito anos inteiros sem nunca ver seu rosto. E vivi muito feliz, obrigada.
Por que eu precisaria de um pingo da sua amizade, ou muito menos de

BY CARRIE AARONS
um relacionamento romântico com você? — Ela levanta as mãos. — Não
precisamos fazer isso. Vivemos agora na mesma cidade, mas ela é
grande. Não precisamos nos ver.

— Demi, eu não sou um idiota. E você também não. Somos duas


pessoas crescidas que podem admitir que no minuto em que você entrou
na sala de conferências, uma faísca foi reacendida. Nunca seremos
amigos, não, nunca fomos. Mas sou maduro o suficiente para admitir que
sinto uma atração por você e sei que você sente uma por mim. Temos um
passado, sim, mas podemos reescrevê-lo. Sou uma pessoa diferente, não
sou o idiota que era naquela época. E você pode admitir que cada vez que
olha para mim sabe que também podemos ser algo.

Esperava que ela se inclinasse, e me desse pelo menos algo. Eu não


era louco por pensar que poderíamos pegar os pedaços esfarrapados de
nossos dias de faculdade e tentar fazer algo novo funcionar. Costurar
uma nova colcha dessas memórias em algo que durasse.

— Não sei ao certo o que você quer que eu diga, Paxton. Toda vez
que olho para você, vejo como eu era fraca. Vejo o quanto você me
machucou. Como deixarei isso de lado?

Vejo a dor em seus olhos, e odeio ter sido o causador disso.

— Tudo o que posso dizer é que sou uma pessoa diferente. A


maneira como você descreveu o que acontece quando as pessoas
morrem... levei aquilo a sério. No tempo em que nos separamos, perdi
meus pais. Tragicamente. E isso mudou todas as fibras dentro de mim.

BY CARRIE AARONS
Então, aquele idiota que te machucou? Ele não está mais aqui. Sei que
posso dizer isso até as vacas voarem, mas também provarei para você.

O rosto de Demi reflete a pena que sente por mim e quero apagar
isso.

— Não, não faça isso. Não fique com pena de mim e não pense que
estou jogando a carta de órfão para ganhar sua confiança. Estou
simplesmente dizendo que perdi as duas pessoas nesta terra que mais me
amavam, e isso me mostrou quão importante é o amor. E agora, a única
mulher que quero conhecer mais, que eu poderia amar, é você. Não estou
brincando. É como se no momento que a vi, um interruptor fosse
acionado na minha cabeça.

Dúvida ainda permanecia em sua expressão. — Não sei…

— Você não precisa saber. — Estou desesperado agora, e podia


sentir isso na minha medula. — Apenas me deixe te mostrar.

Exasperado, eu a vejo ceder. — Se eu deixar você me mostrar, posso


entrar no meu carro e voltar para casa para cuidar do meu cachorro?

—Sim. — Imediatamente saio do seu caminho, porque ela me deu


uma mão e não quero pegar o braço.

Demi revira os olhos novamente antes de sair do estacionamento e


se afastar.

BY CARRIE AARONS
Apenas sorrio, sabendo que acabei de fazer a coisa mais importante
que consegui fazer em muito tempo.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO CATORZE

Demi

— Acho que isso é o número sete da sorte. Você vai perdoá-lo? —


Meu entregador da UPS, Chuck, entrega o buquê.

Minha casa está cheia de rosas em todas as cores. Brancas,


vermelhas, cor de rosa… qualquer cor que pense, Paxton Shaw
provavelmente já a comprou.

Sorrio. — É muito difícil dar a alguém um olhar mortal quando sua


casa cheira tão bem.

— Bem, o que quer que o pobre rapaz tenha feito, eu acho que ele
sente muito.

Ele sai depois de dar um presente de cachorro a Maya e ela corre


alegremente para a sala de estar para devorar migalhas do tapete.

Desde segunda-feira de manhã, recebi sete buquês enormes na


minha porta da frente. Quando Paxton me encurralou no
estacionamento, realmente não acreditava que ele me mostrasse o porquê
deveria lhe dar outra chance.

BY CARRIE AARONS
Mas se havia alguma maneira de chegar ao coração de uma mulher,
especialmente uma que gostava de jardinagem, era um belo arranjo de
flores. Ou sete deles.

Ele parecia tão arrependido uma semana atrás, parado na minha


frente falando sobre seus pais. Eu sabia como era perder um ente
querido, como isso mudava o próprio tecido do seu ser. Então, quando
olhei para ele, vi a destruição completa que ele causou ao meu coração.

Mas talvez, apenas talvez, pudesse acreditar que um evento tão


trágico havia alterado a maneira como ele via o mundo e como isso o fazia
tratar as pessoas agora.

Eu ainda tinha tantas reservas, então por que sorria toda vez que
passava pelo balcão da cozinha cheio de flores? E por que continuei me
lembrando do seu rosto, aqueles lábios cheios, enquanto ele falava sobre
nós e o que poderíamos ser?

A dor no meio do meu peito que pensei ter enterrado há tanto tempo
ressurgiu, puxando-me e fazendo as pontas dos meus dedos formigarem
quando pensei em Pax. Eu queria admitir que ele estava certo? Que a
razão pela qual não estive com mais ninguém, interrompi meu noivado,
foi porque ainda tinha sentimentos por ele. Que ele era a terra e eu era a
lua, e não pude deixar de ser puxada de volta para ele.

Claro, ainda tinha sentimentos por ele, isso era óbvio. Atualmente,
não podia passar três segundos sem sonhar acordada com o quanto ele
me excitou quando estávamos na faculdade e quanto ele amadureceu
desde então. Ele era como um irmão Hemsworth, apenas mais sexy, se

BY CARRIE AARONS
isso fosse possível. Tive que cerrar minhas coxas cada vez que pensava
na sombra da barba por fazer pintando sua mandíbula forte. Meus
mamilos endureciam toda vez que pensava em como ele usara aqueles
lábios rosados em mim, e quanto tempo se passou desde que qualquer
homem colocou os lábios em qualquer lugar de mim.

Maya late ao meu lado e pulo, sem perceber que ela entrou na
cozinha cheia de sol. Fui pega em flagrante sonhando acordada sobre
sexo.

— Oi, garota bonita, você terminou seu osso? — Me inclino,


esfregando minha bochecha no seu focinho.

Ela senta na minha frente, seus sinceros olhos castanhos me


encarando.

Às vezes, pensava que ela podia realmente sentir o que pesava em


minha mente.

Maya lambe minha bochecha, me dando um beijo molhado e babado.

— Obrigada pelo beijo. — Também beijo o focinho dela.

Nós nos acariciamos por mais um minuto, antes que ela se afaste
para olhar para mim.

— Devo lhe dar outra chance? Ele passou no seu teste? — murmuro,
mais pensando em voz alta do que realmente fazendo uma pergunta à
minha cachorra, a qual ela nunca será capaz de responder.

BY CARRIE AARONS
Não que ela responda fisicamente a qualquer pergunta.

Maya late novamente, quase sorrindo para mim enquanto faz um


círculo, sinalizando que quer passear.

— Ok, tudo bem, vamos lá fora. Todas essas flores e seu perfume me
darão dor de cabeça de qualquer maneira.

Exceto que ainda sorrio mais uma vez ao passar por elas, antes de
abrir a porta do meu quintal e jogar a bola para minha garota.

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CAPÍTULO QUINZE

Paxton

Provavelmente não deveria tê-lo atraído aqui sob falsas pretensões,


mas Ryan dissera que queria ajudar e eu não podia negar a um garoto
doente o direito de assistir ao verdadeiro amor florescer. Poderia?

— O que você disse a ela? — salto, muita adrenalina correndo pelas


minhas veias.

Eu era um homem adulto. Não ficava nervoso. Não na frente de


milhares de pessoas e não em jogos cruciais que tinham tudo para ser
decisivos.

Mas quando se tratava de Demi hoje em dia, eu era uma bola suada
de estresse.

— Eu disse a ela que havia um jogo de futebol americano


beneficente em que eu estava competindo e queria que ela viesse. — Seu
sorriso cheio de dentes me faz rir e bato nele por ser um pequeno gênio
sorrateiro.

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— Quero dizer, não é uma mentira total. Você jogará um jogo de
futebol beneficente. Apenas não é para caridade e não vamos nos juntar a
você. Embora eu goste de sair com você, amigo.

Ryan me joga a bola e olha por cima do ombro para onde o jogo está
acontecendo. Duas dúzias de crianças de sua escola se divertem. Fico
feliz que, embora esteja passando por uma das coisas mais difíceis que
alguém possa imaginar, especialmente nessa idade, ele ainda se sente
bem o suficiente para sair e brincar.

Ele é uma pessoa muito especial.

— Desde que você me envie a camisa de que estávamos falando. E


ingressos para o jogo dos playoffs. — Ryan dança um pouco e dou risada.

— Você faz uma barganha difícil, mas sabe que eu faria isso com
prazer, mesmo que você não fosse um grande aliado agora.

Nesse momento, Ryan corre um pouco para frente, com as pernas


magras fazendo um jitterbug9. Olho pelo parque, que está lotado em um
sábado excepcionalmente agradável, e lá está ela.

De todas as centenas de humanos caminhando na grama agora,


meus olhos não conseguem ver nada além dela. Demi sempre foi a garota
mais bonita da sala, e sua beleza só aumentou no tempo em que estive
longe.

9 É um temo generalizado para descrever a dança swing.

BY CARRIE AARONS
Ela caminha em direção a Ryan, acenando e feliz, até me ver a
poucos metros dele. Então sua expressão se transforma em uma
carranca, e ela balança a cabeça para mim.

— Sério? Você usou o garoto? — Demi se abaixa para abraçar Ryan,


mas fala comigo, seus olhos castanhos cheios de desaprovação.

Levanto minhas mãos, inocente. — Ei, foi ideia dele.

Ryan a libera do abraço. — Foi, tecnicamente. Agora, eu tenho que


ir. Tenha um almoço romântico. — Ele pisca para ela. — Dê a ele uma
chance, ele A-M-A você.

Nós dois rimos da escolha da palavra, e passo a mão pelo meu cabelo
enquanto ela cora.

Alguns segundos se passam antes que eu fale. —Bem, isso é


estranho.

Demi está de pé na minha frente, e posso ver que ela não tem
certeza se deve ficar. — Bem, você me trouxe aqui.

— Sim, e obrigado por vir. E ficar, quando viu que era de fato o
idiota tentando te cortejar e não o garoto fofo que você adora. — Aponto
para a cesta e a toalha no chão. — Fiz um piquenique para nós. Uma
hora de almoço, sem expectativas, sem pressão, só um piquenique.

A boca de Demi se curva em um pequeno sorriso. — Ok, Casanova,


vou ficar. Mas apenas enquanto puder comer todo o presunto.

BY CARRIE AARONS
Ela olha o prato de queijo que coloquei no cobertor xadrez e posso
praticamente ver sua boca salivar.

O que diabos meu irmão, ou meus colegas de equipe, diriam sobre eu


planejar um piquenique romântico? Eles me chamariam de chicoteado, é
o que diriam.

Deveriam ter me visto pesquisando como arrumar uma cesta de


piquenique e procurando os melhores ingredientes de charcutaria. Pensei
que meu pau cairia. Mas estava muito preocupado em escolher os
sanduíches perfeitos e taças de vinho sem haste para me importar.

Foi bom basicamente não ter gastado meu dinheiro em nada e em


ninguém em cinco anos, porque poderia comprar tudo da melhor
qualidade para a minha chance de convencer Demi a dar uma segunda
chance para nós. Até voei para visitar um vinhedo chique da Itália que
um dos atacantes, Jared Jones, recomendara.

— Você chegou em casa a tempo para passear com o seu cachorro na


outra noite? — Sento, tirando as taças e desembalando mais comida da
cesta.

À distância, os pais torcem pelas crianças brincando no jogo de Ryan


e nós olhamos.

Os olhos de Demi voltam para mim lentamente e ela pega a taça que
coloquei na frente dela. — Cheguei, embora ela tenha levado vinte
minutos para conseguir ir ao banheiro e poderia tê-la estrangulado. Mas,
ao mesmo tempo, ela é a coisa mais adorável desde pão de forma, então...

BY CARRIE AARONS
Eu ri. — Não sabia que pão de forma era adorável.

Ela revira os olhos. — Você sabe o que eu quero dizer.

— Quantos anos ela tem? — Arrumo a comida e arrisco a fazer um


prato para ela.

Devo ter escolhido corretamente, porque ela não faz um comentário


sarcástico ou revira os olhos, simplesmente começa a mordiscar o
sanduíche que lhe dei. Interiormente, dou um soco no ar, comemorando, e
finjo marcar um X a meu favor.

É claro que Demi ama sua cachorra pela maneira como seus olhos se
iluminam e um sorrisinho aparece em seus lábios carnudos. — Maya tem
três anos, uma golden retriever que adora sanduíches de queijo grelhado
e assiste tempestades pela minha porta de vidro deslizante.

— Uau, parece a minha combinação perfeita em um site de namoro.


Ela é solteira? — Coloco uma azeitona na boca e percebo como estou com
fome.

Estava tão nervoso, que acho que me esqueci de tomar café da


manhã. E talvez jantar ontem à noite. O que para um atleta é inédito.
Costumo consumir cerca de cinco mil calorias por dia, e essa é uma dieta
estritamente adaptada de proteínas, carboidratos e verduras saudáveis.
Estou me afastando disso durante este piquenique, mas a comida é cara e
tem um sabor delicioso. E fui bom durante toda a minha carreira, sempre
seguindo tudo à risca para melhorar meu desempenho. Agora que já
estou perto do fim posso sentir que estou escorregando.

BY CARRIE AARONS
Não apenas nos meus hábitos de dieta e exercício, mas também na
minha vida pessoal. Posso sentir meu deslizar para a normalidade,
descendo da montanha de campeões e estrelato para um mortal que iria a
encontros, cortaria a grama, aprenderia a fazer panquecas para meus
filhos em uma manhã de domingo. Não posso esperar por essas coisas.
Por mais que fosse agridoce que essa seria minha última temporada, fato
que não contei a muitas pessoas ou anunciei na mídia, eu estava pronto,
de certa forma. Pronto para me tornar um cara normal, morando no
subúrbio, deixando algo maior que o esporte ou a fama me ditar e me
consumir.

— Ela se deita com cães, mas até você é um cachorro grande demais
para ela. — Demi sorri e sei que ela está apenas brincando. — Então,
você gostou de voltar para Charlotte?

A primeira pergunta que ela me fez não é atada à malícia ou à


qualidade retórica, como se realmente não se importasse com a resposta.

Olho para ela, realmente olho para ela. E, novamente, quero chutar
mentalmente minhas bolas. Não realisticamente, porque essa merda dói,
mas sou um idiota por tratar essa garota do jeito que tratei todos aqueles
anos atrás.

Limpando minha garganta, porque sei que Demi está olhando para
mim como se eu tivesse três cabeças, paro de olhar com tanta intensidade
e a respondo. — É uma explosão do passado, de várias maneiras. Eu me
encontro andando por uma rua ou dirigindo por um determinado bairro, e
me lembro de fazer xixi atrás de um arbusto que vejo na beira da

BY CARRIE AARONS
estrada. Fiz muitas coisas idiotas e bêbadas aqui na minha juventude.
Então, acho divertido lembrar, mas também estranho para esse velho.

— Velho? Você tem trinta anos, Pax.

Meu apelido saindo de seus lábios faz meu estômago afundar. — Na


liga, isso é velho. Acho que jogando futebol você sempre se considera mais
velho do que realmente é. Esses jovens figurões entram lá, suas bolas
mal caíram, andando por aí como se fossem donos da porra do planeta.
Enquanto isso, eu estou congelando minhas costas depois de cada ataque
e tomando multivitaminas. Você deveria ver meu recipiente de
comprimidos, é como se eu estivesse em uma casa de repouso.

Isso a faz rir, o som semelhante a anjos voando, filhotes latindo ou


algo igualmente fofo.

— Bem, acho que os cães velhos são mais sábios e podem ser mais
bonitos.

Inclinando minha cabeça, me aproximo um pouco. — Demi Rosen,


você está flertando comigo?

Ela não se afasta, aqueles cílios longos tremulando em um piscar


lento. — Devo ter me esquecido de tomar meus remédios esta manhã.

— Provavelmente — murmuro, deslizando um dedo ao longo de sua


bochecha.

BY CARRIE AARONS
Demi não corre, mas vejo o medo. Tenho que fazer isso direito,
apagar todas as memórias de como eu era um saco de lixo do cérebro
dela. Sei que ela se arrepende do que tivemos e tem uma mágoa tatuada
em seu coração, eu que a coloquei lá. Portanto, não posso aceitar nada
que ela não tenha me dado explicitamente. Não posso forçá-la, preciso
deixá-la dar os passes desta vez.

Seus dentes afundam no lábio inferior, e sei que é um reflexo, algo


que ela não pode controlar. Já a vi fazer isso cem vezes, na minha cama,
em um armário em uma festa, na linha das árvores sombreadas fora da
vista.

Os sons dos jogos da tarde soam no parque, músicas, conversas e


pássaros preenchendo qualquer espaço aéreo restante.

Inclino-me mais para perto e posso ouvir quão superficial é a


respiração dela. — Quero te beijar agora. Acredite, não há nada que eu
queira mais.

Mas não vou. Quando te beijar pela primeira vez, em muito tempo,
quero que você me dê permissão. Quero que tenha certeza absoluta
quando acontecer. Então, Demi, eu posso te beijar?

Estamos em transe, uma bolha própria cercada por centenas de


pessoas, todas cuidando de seus próprios negócios.

— Não. — A palavra é um sopro, um sussurro, mas seus olhos dizem


que sim.

BY CARRIE AARONS
Imediatamente, tiro minha mão da mandíbula dela. — O que você
diz vale. Eu juro.

Não podemos parar de nos olhar e, mesmo que essa necessidade


animalesca de capturar sua boca se enfureça dentro de mim, não vou
persegui-la.

Não até que ela me diga que eu posso.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO DEZESSEIS

Demi

É engraçado; partes disso parecem tão familiares, partes disso


parecem tão novas que me jogam em um loop.

Após o piquenique e o quase beijo, Paxton coloca todos os recipientes


vazios e a manta na mochila que ele trouxe e a joga nas costas.

— Vamos dar um passeio. — Ele levanta seu corpo grande e magro,


oferecendo-me uma mão quando está de pé.

É ruim que meu estômago vibre quando ele me puxa, seu braço
musculoso agindo como se eu pesasse cerca de um quilo? Isso lembra o
tempo em que fazíamos sexo, ele me segurando contra a parede e me
empalando.

— Você está bem? — Pax olha para mim, seus olhos felizes e
brilhantes.

Não posso deixar de corar. Será que ele sabe sobre o que eu estava
pensando? — Sim, eu estou bem.

BY CARRIE AARONS
Minha voz soa um pouco alta, mas começamos a andar. Há uma
tensão instável entre nós desde que eu disse a Paxton que ele não poderia
me beijar, mas ele parece ter aceitado isso como uma pedrinha no seu
caminho e a chutado, passando por cima dela. Assim ele se afastou e
manteve as mãos para si mesmo, um puro cavalheiro. Não estava
acostumada com esse comportamento, não de Paxton Shaw.

Também não estava acostumada a ele querer me beijar em plena luz


do dia, na frente das pessoas. Fui treinada para esperar olhares
roubados, mensagens à meia-noite, tudo menos doçura e pedido de
permissão. Esse homem reservado e educado é uma nova versão de uma
pessoa que eu costumava odiar, então poderia odiá-lo ainda?

Estou em tanto conflito que quase não percebo Paxton parar no meio
do caminho e fazer uma pergunta.

— Quer alguns? — Pax aponta para um vendedor de sorvete italiano


e aceno, sempre com disposição para um doce.

Andamos juntos, esperamos na fila atrás de uma família fofa com


uma garotinha, o sorvete de cereja escorrendo pelo queixo enquanto a
mãe tenta alimentá-la.

— Vou querer um mirtilo, por favor, e você quer de qual sabor? —


Pax faz uma pausa, segurando a sua carteira aberta enquanto espera
minha resposta.

— Vou querer de cereja, obrigada.

BY CARRIE AARONS
Pegamos nosso sorvete e continuamos andando, a doçura me
esfriando após o suor se acumular no meu sutiã por ter esse homem
quase me beijando.

Pax olha para mim, prestes a dizer algo, quando um sorriso bobo
surge. — Você tem…

Ele aponta para o meu queixo e conscientemente levo a mão. — O


que? Tenho sujeira no meu rosto?

Rindo, ele continua apontando. — Você não entendeu o que eu falei?

— Entendi! — Eu ri, não querendo que pingue na minha camisa.

Pax estende a mão, o polegar habilmente limpando minha pele.


Ondas de luxúria formigam minha espinha, e mordo um suspiro. — Veja,
essa é outra situação em que eu te beijaria se tivesse sua permissão.

Sorrio, essa situação significativamente menos carregada de tensão


sexual do que quando estávamos na manta. — Você realmente quer me
beijar, hein?

— Sim, — responde ele imediatamente.

Eu tenho que rir. — Como você sabe que será bom?

Pax levanta uma sobrancelha. — Acho que já tivemos prática


suficiente para saber que seria bastante espetacular.

BY CARRIE AARONS
Aceno, sua mão se afastando mais uma vez. Sinto falta do calor dos
dedos dele. — Ok, tudo bem, acho que você tem um ponto.

— Agora pare de me provocar e tome o seu sorvete, — bufa,


brincando.

— Pare de ser um cão de caça, — provoco.

— Então, desde que te vi, diga-me, qual foi a aventura mais


emocionante em que você esteve? — Ele muda completamente de
assunto.

— Esperto, tentando se afastar do estranho elefante rosa sexual na


sala. — Inclino minha cabeça para ele, como se ele estivesse de chapéu.
— Mas vou morder a isca. Fui a Israel com meus pais no ano passado
para o Rosh Hashaná10. Foi incrível. Quero dizer, já estive lá, é o meu
lugar favorito na terra, mas ir durante os dias sagrados foi... nem tenho
palavras para isso.

Ele parece genuinamente interessado no que estou dizendo. —


Nunca fui à Israel, mas ouvi dizer que é incrível. Adoraria flutuar no Mar
Morto. Ou isso é uma armadilha para turistas?

Dou risada. — Bem, é uma armadilha turística, mas é uma


armadilha turística totalmente legal. A lama deixa sua pele incrível
depois, e você literalmente não pode afundar na água. É difícil colocar os

10 Ano Judaico

BY CARRIE AARONS
pés no fundo do mar, é assim que o corpo humano flutua nessa água.
Você se sente sem peso. Algumas pessoas pensam que é piegas, mas
achei libertador. Quando fui, andei quilômetros pela praia, até um local
onde quase ninguém estava, e flutuei por cerca de uma hora.

Sentamos em um banco, nossas guloseimas quase desapareceram. —


Parece muito relaxante.

— Melhor do que qualquer tratamento de SPA que já fiz. Mas não é


só isso, os israelenses têm essa visão da vida que é tão diferente da nossa.
As refeições duram horas, às vezes dias. São joviais e comemorativos,
mas ferozmente sérios nos dias sagrados. É apenas um mundo diferente.
E um que eu amo fazer parte com a maior frequência possível.

Pax assente e me vejo querendo saber o que ele tem feito.

— E você? Muitas viagens a Las Vegas e boates chamativas?

Ele franze a testa, mais para si do que para mim. — Não. Minha
melhor aventura, se é que você pode chamar assim, foi há dois anos,
quando meu irmão e eu alugamos uma casa no lago Michigan por três
semanas na baixa temporada. Acabamos pescando e acendendo fogueiras
no quintal, ouvindo música country e bebendo cervejas. Foi um festival
no meio do nada e foi o melhor momento da minha vida.

Fico surpresa. Pensei que ele teria dito Mônaco ou Cancun. Mas, em
vez disso, ele detalhou uma viagem de união com seu irmão que parecia
tão modesta quanto um rato da igreja.

BY CARRIE AARONS
— Parece ótimo, muito relaxante, mas muito discreto pelo que me
lembro de você.

Ele acena, o sol se põe no céu conforme o tempo passa. — Bem, você
tem muito a reaprender sobre mim. Gostei da viagem porque estava com
a família e era simples. Sem imprensa, sem expectativas, sem ternos
sofisticados ou necessidade de estar. Agora que a aposentadoria está no
horizonte, é isso que estou mais ansioso.

— Aposentadoria? Você é tão jovem. — Fico confusa.

Paxton sorri. — Acho revigorante que você ainda não saiba nada
sobre esportes. De qualquer forma, sou velho. Um velhote aos olhos da
liga. E não serei um daqueles atletas que continuam se arrastando,
mesmo que ele e o mundo inteiro saibam que ele está acabado. Então,
este é o meu último ano. Mas não conte à imprensa, eles ficarão em cima
de mim como arroz branco.

Finjo trancar meus lábios e jogar a chave fora. — Não direi nada. Ou
deixarei alguém saber quantas metáforas bregas você usa.

Pax revira os olhos, mas aqueles lábios carnudos se inclinam para


cima.

— Então é isso, hein? E o que vem a seguir? Não é como se você


precisasse trabalhar novamente. E não digo para descobrir quanto você
ganha, sei que é o suficiente para doar meio milhão de dólares à unidade
de quimioterapia de Ryan no hospital infantil.

BY CARRIE AARONS
Sim, eu sabia sobre a doação dele. A mãe de Ryan ligou para me
agradecer por apresentar Pax em suas vidas, e contou o que ele fez pelo
hospital em que o filho teve o tratamento. Ele fez isso sem informar
minha empresa, a mídia ou qualquer outra pessoa. Isso doação
verdadeira e foi uma das razões pelas quais eu estava dando a ele uma
segunda chance.

Ele ignora meu comentário, optando por sequer se gabar um pouco


de sua doação. — Não sei o que farei. Por muito tempo minha vida foi só
esperar o próximo passo, o próximo treino, o próximo jogo, a próxima
temporada. Morri de fome, comi proteína, trabalhei meus músculos ao
máximo, fiz entrevistas até minhas bochechas doerem de sorrisos falsos.
Acho que, honestamente, ficarei feliz em ter um tempo solitário para
mim.

Aceno, porque entendo isso. — Ficar sozinha é um dos meus


momentos favoritos. Espero que você possa descobrir como pode ser bom
depois que esta temporada terminar.

— Bem, não disse que queria ficar completamente sozinho. — Em


um movimento arriscado e sem perguntar, Pax entrelaça os dedos nos
meus enquanto caminhamos para o estacionamento ao lado do parque.

— Pensei que você ia pedir minha permissão. — Mas não puxo


minha mão. Ele encolhe os ombros. Com os dedos de Pax nos meus, sinto
a melhor coisa do mundo neste momento.

— Se não te pressionar um pouco, ficarei preso na zona de amigos


pelos próximos anos e esse velhote não tem esse tipo de tempo.

BY CARRIE AARONS
Reviro os olhos pela milésima vez nesse dia, mas mudo minha mão
para que ela se aninhe mais perto da dele. E não deixo ou solto até que
ele abra a porta do carro e me dê boa noite.

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CAPÍTULO DEZESSETE

Paxton

Nove anos atrás

Os pinos batendo contra a madeira da pista ecoam pelo boliche, e


Jamison dá um tapinha nas costas enquanto volta à nossa mesa.

— Tomem isso, filhos da puta. — Seu grande corpo, o de um


linebacker externo, espremido no estande.

Algumas garotas gritam e duas garrafas vazias de cerveja tombam.


O fim da pista está cheio de pessoas, sapatos e bebidas, tornando difícil
se mover. Ocupamos quase metade do Bowl-O-Rama, o time de futebol
teve a ótima ideia de assumir o local porque estávamos entediados com os
bares do centro no fim de semana. E éramos todos malditamente
competitivos, então havia isso também.

Conosco vieram outros amigos, groupies, namoradas de verdade e


outros grupos de estudantes universitários que ouviram que estávamos
assumindo o controle e apenas queriam fazer parte de algo.

BY CARRIE AARONS
Sento no meio de tudo, com Demi debaixo do braço, liderando os
meus companheiros de equipe. — Seu pedaço de merda, você não me
vencerá.

Envio um sorriso arrogante pelo estande pegajoso em que estávamos


todos juntos e alguns caras levantam uma cerveja para mim.

— Seu time não é uma merda, Shaw, — ele resmunga, virando uma
dose.

Olhando para o placar no alto, caímos apenas dez pontos no último


quadro. E Demi estava de pé.

— Vá pegá-los, querida. — Beijo sua bochecha, e ela levanta, com


alguns outros pares de olhos admirando sua bunda.

Porra, ela é gostosa. Estávamos saindo há muito tempo, mas


ultimamente, estivemos mais do que em qualquer outro momento. Então,
de fato, eu a trouxe aqui esta noite e passarei a maior parte da noite
tentando enfiar as minhas mãos na cintura de seu jeans.

Ela parece um pouco chocada, e talvez desconfortável por todas as


demonstrações públicas de afeto. Mas, o que eu poderia dizer?
Temporada de futebol acabou, vencemos um campeonato e bebi cerca de
cinco cervejas. Fiquei feliz, com tesão e ela era uma boa companhia. E
não era ruim para conversar, como as mulheres.

Demi pega a bola que estava usando, a aparência de concentração


em seu rosto é meio fofa. Ela não era tão ruim no boliche, e fiquei feliz

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por escolher trazê-la esta noite em vez de outra garota. Quando ela me
deu um ultimato há alguns meses, para estar com ela exclusivamente ou
nunca falar com ela novamente, eu cedi. Ainda não tínhamos tentado e,
desde que não estava procurando uma namorada, estaria dentro da
monogamia sem um título por um tempo. Ou, pelo menos, eu poderia
tentar.

Tinha suas vantagens, principalmente o sexo consistente e


alucinante, mas tinha uma vida inteira pela frente para me acalmar. E
para um cara como eu, que poderia escolher garotas como quem escolhe
vários sabores disponíveis em uma sorveteria. Era como ter infinitas
possibilidades.

— Cara, sua namorada é bem do tipo que se quisesse a Torre Eiffel,


eu a daria. Na hora. — Nosso grande receptor, Nathan, senta-se ao meu
lado.

— Um, ela não é minha namorada. — Bebo o resto da minha


cerveja. — Dois, eu não vou compartilhá-la. Se você quer ver o pau de
outro cara no quarto, peça a Jamison.

Jamison ri. — Cara, você está perdendo. Trocar de posições é


divertido pra caralho.

Demi se vira, acenando um pouco antes de se alinhar para a pista.


Ela não tem ideia do que estamos falando, suas bochechas provavelmente
ficariam vermelho brilhante se soubesse. Essa é outra coisa que gostei
nela, aquela doce inocência, isso ainda era tão proeminente, mesmo
depois de como a manchei.

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— Se ela não é sua namorada, você não se importa se dermos uma
volta. — Nathan estava me provocando, assim como o resto dos caras do
time.

Era uma regra tácita que Demi era minha, mas não uma
reivindicação explicitamente pública. Não queria namorá-la, mas
certamente queria transar com ela. E o que queria, conseguia sem
perguntas. Mantenha seu craque feliz. Mas desde que ficamos exclusivos,
pelo menos quando me ocorreu não enfiar o meu pau em outras garotas,
os caras fizeram uma aposta sobre quando eu realmente a apresentaria
como minha namorada. Eu estava na aposta, cem dólares investidos no
resultado de que nunca colocaria um título de namorada nela.

— Não fique convencido, Nathan. Além disso, uma garota como


Demi nunca iria atrás de você, nem um milhão de anos. — Sorri para ele.

— Sim, não quando ela chupa o pau do nosso amigo aqui sempre que
ele estala os dedos. — Jamison dá uma risadinha.

Uma pontada de dor rasteja por mim, porque estou sendo um idiota
falando assim sobre a garota que realmente gosta de mim, quando ela
está apenas alguns metros longe, mas preciso manter as aparências. Sou
O Grande Paxton Shaw.

Demi joga, a bola se curvando um pouco, mas se endireitando no


meio do caminho. Ela rola e rola, finalmente batendo nos pinos e
derrubando todos.

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Ela gira com um grito agudo, jogando as mãos para cima e o topo da
sua blusa sobe ainda mais. Saltando para mim, eu a pego.

— Nós ganhamos! — grita ela ao pular em mim e eu a pego em um


braço forte.

— Você ganhou, essa é minha garota, — sussurro, um rosnado


vibrando em seu ouvido.

Ela estremece, e sei que a tenho. Sei que posso pedir para ela fazer
qualquer coisa neste momento e ela não fará perguntas.

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CAPÍTULO DEZOITO

Demi

— Quero ver os novos arquivos de casos.

Meus saltos se chocam ao longo dos pisos de ladrilhos do nosso


escritório, minha equipe em várias etapas de trabalho. Justin está ao
telefone, organizando voos para uma de nossas famílias. Gina
organizando material de marketing e coordenando algumas impressões
para eventos que estaríamos participando.

E eu tentava satisfazer os desejos de todas as crianças que se


inscreveram em nossa organização sem fins lucrativos. Volto para minha
mesa após um dos meus funcionários entregar quatro arquivos e os
colocar na minha frente. Um era uma garotinha com Lupus que queria
viajar para a American Girl Store, em Nova York. Outro garoto, um
adolescente com leucemia no estágio três, queria ir aos bastidores de um
show do Walk the Moon. E assim por diante. Os desejos nunca paravam,
nem essas doenças terríveis que eu desejava poder parar.

Gostaria que houvesse mais tempo para eles. Mas se não pudesse
ter, criaria mais tempo para mim. Conceder cada sonho, dar algum tipo
de aparência de normalidade.

BY CARRIE AARONS
Quando olho para cima, era uma hora e meia depois. E hora do
almoço, que eu frequentemente pulava. Como se lesse minha mente,
Farrah entra com sacolas para viagem.

— Sabe, se você não comer, será inútil no seu trabalho.

Passo uma mão na minha testa, meu estômago resmungando. —


Isso não é verdade. Um dia, bebi cerca de três jarras de café e organizei
sete desejos.

— Acho que isso se chama ser viciada. Por favor, descanse alguns
minutos e coma. — Ela não me dá uma escolha, apenas começa a colocar
recipientes de sushi. Fecho os arquivos na minha mesa.

— Então, você não tem ido ao bar ultimamente, hein? — Pela sua
voz ela já sabe algo e sinto que estou entrando em uma armadilha.

Faz duas semanas desde o encontro enganoso de Paxton no parque


e, desde então, não estive em um happy hour com Farrah. Em vez disso,
o homem que nunca me ligou na faculdade estava ligando e me
mandando mensagens quase a cada segundo do dia. Era como se ele
estivesse super compensando todas as vezes que me machucou, e não
podia dizer que não gostei.

— Não senti vontade de sair recentemente, — minto entre os dentes.

Ninguém sabe sobre Paxton ainda, não que estivéssemos juntos na


faculdade e não que estejamos... namorando, acho, agora. Tecnicamente,
foram apenas dois encontros. Um no parque e outro jantar na semana

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passada. Ele me acompanhou até o meu carro, eu insisti em dirigir
separadamente e ele não me beijou. Era ao mesmo tempo enlouquecedor
e fofo que ele quisesse que eu aprovasse.

— Tente novamente. — Ela enfia um pedaço de rolinho de atum


picante na boca.

— Desculpe-me? — Começo a suar.

Farrah me dá um olhar, como se eu tivesse sido pega em flagrante.


— Você está corando mais. Olha para o telefone a cada dez segundos
durante o dia. E não ouço nenhum dos seus discursos, Estou melhor
sozinha, há algum tempo. Você está namorando alguém, apenas sei.

Mas ela sabia quem? Aparentemente não, então pensei em como


responder. Eu meio que queria conversar com alguém sobre isso e, como
não podia ligar para Chels porque ela me mataria, Farrah era minha
próxima escolha.

— Você me pegou. — Seguro meus pauzinhos.

Ela ri e aponta o dedo para mim. — Eu sabia! Você está transando!

Olho para baixo, balançando a cabeça. — Na verdade, não estou.

Farrah me dá um olhar afiado, com os olhos inclinados. — Por favor,


explique.

Suspirando, eu digo sem dizer a ela que é Paxton. — Estou vendo


esse cara com quem tenho um passado. É super complicado, com letra

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maiúscula. É como quando você coloca seu colar favorito que está
emaranhado em mil nós e sabe que deseja usá-lo, mas parece que não
consegue descobrir como.

Farrah assente. — Odeio quando isso acontece.

— Sim, bem, é isso que está acontecendo. Eu gosto dele... realmente


gosto dele, mas sinto que é bom demais para ser verdade.

Seu rosto se ilumina e sua boca forma um O. — Desde que te


conheço, desde que trabalho aqui, desde o dia em que você me contratou
há cinco anos, você só teve história com um cara. Você está namorando
Zachary?

Dou risada, porque se ela soubesse o quanto eu desejava poder ficar


completamente feliz namorando meu ex-noivo. — Não, não é ele.

Seu rosto fica solene. — Então este é ele, então?

O pânico me agarra, porque talvez ela saiba que estou vendo Pax. —
Quem?

— O cara que te fodeu tanto que você não é mais uma pessoa inteira.

Foi direto, tão forte que foi como um tiro no meu coração. Eu estava
tão quebrada, tão profundamente quebrada, que mostrava nas minhas
interações diárias?

— Como...? — Fico tão chocada por ela dizer isso que quase não
consigo formar palavras.

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Ela suspira, largando o pedaço de sushi que estava prestes a comer.
Era Farrah, porém, francamente honesta, então, na verdade, às vezes era
fria.

— Demi, além de Zachary, que pude ver que estava condenado desde
o início, você nunca namorou um cara nos cinco anos em que te conheço.
Nunca disse nada, porque não gostaria que me incomodassem com o meu
passado ou vida amorosa e, portanto, não faço isso com os outros, mas
você estava danificada. Você não podia falar com um cara sem uma
carranca no rosto, e seus problemas de confiança também se estendem às
amizades. Você sabia que demorou quase dois anos para realmente
aceitar um convite para beber comigo?

Eu não sabia, e isso era triste. — Preciso fazer isso.

Voltando a comer, ela enfia um rolinho na boca. — Eu sei que


precisa. Se permita o fechamento, sou a favor. Se você se apaixonar, se
este é realmente o seu cara, então você merece. Como disse, nunca senti
sua aura tão feliz.

Engasgo com um pedaço de salmão por ela usar um tipo de


diagnóstico homeopático. — Não sabia que você podia ler auras.

Ela assente vigorosamente. — Ah, sim, e a sua está laranja escuro


agora. Isso se relaciona com os órgãos reprodutivos e emoções... significa
que está tendo energia e criatividade vigorosas agora com uma pitada de
aventura e coragem.

Olho pasma para ela. — Nem vou perguntar onde aprendeu isso.

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— Boa ideia. Agora, você pode parar de se gabar de sua vida
amorosa e me deixar voltar ao trabalho. — Farrah revira os olhos como
se não tivesse apenas me emboscado em meu escritório e me forçado a me
abrir.

Eu rio, jogando um arquivo na minha mesa. — Vamos tentar fazer


esse desejo acontecer.

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CAPÍTULO DEZENOVE

Paxton

Uma das coisas mais importantes que aprendi com meu tempo na
liga e apenas jogando futebol em geral, foi perseguir tudo o que você quer
com um vigor que não aceitaria não como resposta.

Em todas as negociações de contrato, entrei com a cabeça clara e


meus termos, exatamente como eu os queria. Nunca me recusei ou recebi
menos do que pedi.

Durante todas as jogadas, segui minhas rotas mais difíceis e


inteligentes, escolhendo meus lugares e conseguindo trazer a vitória para
minha equipe.

E com Demi, não estava disposto a recuar só porque construíra


alguns obstáculos difíceis para superar.

Dessa vez, ela realmente concordou em sair comigo. Em vez de eu


ter que forçá-la usando uma criança e sua doença. Claro, poderia dizer
que ela ainda estava cética, mas eu a estava amaciando e essa era uma
tática que sabia usar bem. Enfrentei enormes homens da linha defensiva

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por anos e, poderia dizer, Demi Rosen provavelmente era mais difícil do
que todos juntos.

Não, provavelmente não. Definitivamente.

Colocando a corda, com nós que acabei de prender, coloco a mão


sobre os olhos para observar o cais. Disse a ela para me encontrar aqui,
sabendo que ela iria querer dirigir sozinha para ter uma fuga caso
quisesse.

No entanto, venci Demi nessa. Colocando-a em um barco, onde não


teria escapatória, eu a forçaria a se abrir um pouco mais para mim. A
menos que realmente quisesse escapar, nesse caso ela poderia pular do
barco e nadar até o cais, em Tailrace Marina. Não ficaria surpreso se ela
realmente fizesse isso.

Desde que voltei para Charlotte, um dos meus barcos foi


transportado para a marina nos arredores da cidade. Eu sei, parece
desagradável dizer apenas um dos meus barcos, mas fui um garoto que
cresceu neles. Meu salário me dava o luxo de manter o hobby e era um
dos meus únicos vícios hoje em dia.

Foi surpreendente para muitos que a morte dos meus pais não
atrapalhou meu amor pela água. Mas, se posso dizer alguma coisa, me
sentia mais conectado a eles quando estava lá, livre da terra e
atravessando as profundezas dos oceanos ou lagos. Lá, em águas abertas,
você não respondia a ninguém. Poderia apenas... ser você. E estava livre
para sentir o que quisesse sobre meus pais. Feliz, pelo amor à água e pela
maneira como nos ensinaram a amá-la. Triste, que os levou muito cedo.

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Assustado, que nunca encontraria o tipo de amor que não percebi que
eles me deram até que fosse tarde demais.

— Você é atlético, caridoso, uma celebridade e sabe velejar em


barcos... Sério, há algo em que você não é bom? — Demi está no começo
da passarela que leva até o meu barco, com as mãos nos quadris.

Ela parece uma foto de uma revista de veleiros, uma daquelas


modelos esbeltas e elegantes posando em Monte Carlo ou algo assim. Sua
roupa é anos-luz mais sofisticada do que meus shorts e camiseta. Ela
provavelmente saiu e comprou o traje de vela perfeito, apenas para esta
ocasião. Era fofo e sabia que ela se importava com isso.

— Química, fodidamente terrível nisso. Por isso, persigo uma bola


em torno de um campo em vez de misturar coisas nos tubos de ensaio, —
brinco, limpando as mãos e indo ajudá-la a subir.

Pego a mão dela, levando-a para o convés e a bolsa enorme que ela
jogou por cima do ombro. Quando a seguro, quase largo, sem esperar que
seja tão pesada.

— Puta merda, o que diabos está aqui?

— Uma mulher nunca revela seus segredos. — Ela pisca para mim.

— Sim, porque ela carrega todos eles em sua bolsa gigantesca. Por
que as mulheres fazem isso? Por que precisam de uma bolsa do tamanho
do Texas? Você não pode precisar de metade das coisas aqui. — Andamos
até os bancos almofadados, e ela se senta, removendo as sandálias.

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— Preciso de tudo. Se eu tiver uma bolha no calcanhar? Tenho
Band-Aids e Neosporin. Se ficar com fome? Tenho lanches. Preciso
acompanhar e-mails? Meu tablet está carregado e pronto. Você nunca se
perguntou como as mulheres podem ser multitarefa quando os homens
nunca poderiam? É parcialmente a bolsa.

Dou risada, porque Demi é muito sexy me explicando as coisas


enquanto praticamente se despe. Ela tira as sandálias e o suéter leve que
usava, deixando-a em um maiô, que deixa minha boca salivando, e calças
de linho branco. O sol bate em seus cabelos, os fios castanho claros
brilhando. Quero beijá-la, capturar sua boca e fazê-la sucumbir a mim,
mas me recupero. Minhas unhas cavam nas palmas das mãos enquanto
forço meu pau a se acalmar.

— O que você disser. Agora, por que não senta ali enquanto arrumo
as coisas por aqui? — Aponto para as almofadas na parte de trás do
barco, aquelas que oferecem a melhor vista do porto.

Ela sorri, uma expressão crua e feliz, e rapidamente salta para elas.

Quero dar-lhe algum tempo, afinal, acho que esse é provavelmente


um momento raro para ela. Pelo que acompanhei da equipe e de Demi
nos dois encontros em que estivemos juntos, ela é uma viciada em
trabalho. Hoje é a primeira vez que ela concordou em fazer uma pausa
para ficar comigo, e quero que se sinta confortável e relaxada antes que
eu realmente ligue o charme. Estou determinado a abri-la, e talvez
receber o beijo que esperava.

BY CARRIE AARONS
Passamos a primeira meia hora do encontro separados, eu
trabalhando duro para ajustar, dirigir e nos colocar na água sem
problemas. É um trabalho árduo, que deixa meus músculos queimando e
os olhos afiados para detalhes.

Demi deita-se no deck, vendo as grandes velas subirem e deixando o


sol beijar o seu rosto. Quando finalmente abaixo a âncora, assegurando
nossa posição em mar aberto, eu caminho até ela com as cervejas na mão.

— Sabe, normalmente não bebo cerveja. — Ela examina antes de


pegar a garrafa e tomar um gole.

— Você ficou sofisticada demais desde seus dias bebendo Keystone


de barris? — Me aninho mais perto dela.

Nossos joelhos estão se tocando enquanto nos aproximamos um do


outro, estar tão perto dela sem tocar no rosto ou puxar sua cintura na
minha está me matando.

Ela bate levemente no meu ombro em um golpe divertido. — A


faculdade não conta. Você bebe qualquer coisa barata e/ou gratuita.

— Verdade. — Deixo o silêncio se acalmar sobre nós, a água batendo


no barco.

— Você ama aqui, não é? — Seus olhos castanhos me examinam.

— Amo, — aceno, não precisando explicar mais.

BY CARRIE AARONS
— Isso o lembra deles. — Não é uma pergunta, apenas uma
declaração.

Esqueço que ela me conhece. E ela também conhece pessoas que


lidam com morte e luto. E é seu trabalho saber como melhorar. De certa
forma, mesmo após todos esses anos desde que perdi meus pais, isso é um
conforto.

Terminamos nossas cervejas, não precisando encher o ar com


conversas. Talvez seja assim que é encontrar a pessoa que mais se
encaixa em você. O tipo de relacionamento que não precisa de palavras
ou brincadeiras, embora sejam legais. A capacidade de sentar em um
silêncio confortável e agradável... talvez seja assim que você sabe que a
encontrou.

Após mais um intervalo de tempo, me aproximo mais, enfiando os


dedos nos de Demi. Nossos olhos se encontram, e toda emoção dentro
dela é comunicada a mim. Ela me deixa ver seu medo, sua luxúria, sua
vontade, sua esperança.

— Você pode me beijar agora. — As palavras são calmas, mas não há


vacilação no seu tom.

Acaricio sua bochecha, parando apenas centímetros dos lábios para


olhar mais profundamente nos olhos. E então nós dois nos encontramos.

O beijo é suave, procurando por algo. Uma volta para casa depois de
anos separados. O gosto dela, a exploração de nossos lábios e línguas
juntos, me deixa tonto.

BY CARRIE AARONS
Aumenta o fogo dentro de mim, enviando luxúria e a sensação de se
apaixonar em espiral pela minha espinha.

Não paro. Continuo beijando-a repetidamente agora que tenho


permissão.

As horas passam, o sol começa a se pôr e, ainda assim, não consigo


arrancar minha boca da dela.

Este dia deveria ser interminável. Deveria durar e durar até que
nada mais me preencha além de Demi.

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CAPÍTULO VINTE

Demi

As mães são conhecidas por trazer todo tipo de culpa, pelo menos é o
que dizem.

Culpa por não ligar para elas o suficiente, não ir almoçar, não fazer
o que elas pensavam que seria a melhor coisa a fazer, em qualquer
situação.

Mas se você não tem uma mãe judia, não sabe absolutamente nada
sobre culpa.

— Querida, parece que você decidiu pegar o challah11 daquela nova


padaria. — Minha mãe, Sarah, está na minha cozinha, examinando cada
coisa que fiz para o jantar de Shabbat12 na sexta à noite.

O que ela não diz é que teria comprado o challah que usara durante
toda a minha vida, da padaria que frequentava perto de sua casa, mas
que não consegui encontrar no supermercado. Este seria um ponto de

11 Challah é um pão trançado especial que é consumido no Shabbat e nas festas judaicas.
12 Shabbat é o dia de descanso do judaísmo no sétimo dia da semana, ou seja, sábado.

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discórdia há anos, ela mencionava toda vez que tínhamos challah. A vez
que comprei o tipo errado. Felizmente, consegui o gefilte fish13 certo.

— É challah, mãe. Está do lado e mergulhamos na sopa ou


espalhamos manteiga ou gefilte fish. Tudo tem o mesmo gosto. — Reviro
os olhos, mas sorrio porque amo ter meus pais por perto.

Judeus do Queens, eles tinham essa atitude da Costa Leste por


completo. Eles eram ricos, mas as duas famílias os fizeram trabalhar a
partir dos quinze anos. Eles fizeram algo de si mesmos, professora de
literatura e contador, respectivamente. Mamãe abasteceu minha
biblioteca com os clássicos enquanto papai sempre me ensinou a
importância das finanças e dos números. Mesmo agora, meu pai conferia
meus livros comigo a cada trimestre para garantir que os negócios, os
impostos e relatórios fossem arquivados adequadamente.

Quando me mudei para Charlotte, meus pais se despediram do


tempo frio e me seguiram. Agora meu pai era freelancer e minha mãe
aposentada, mas passava seu tempo como voluntária na biblioteca local,
e jantávamos quase toda sexta-feira à noite.

— É um peito bonito, bubbala14. — Meu pai, Aaron, corta a carne e a


coloca no prato branco que coloquei especificamente para ele.

13Gelfilte fish é um bolinho feito de carne de carpa moída com tempero e cozido no caldo de peixe,
consumido no Sábado e outras festas.

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Era minha semana de recebê-los e, embora cansada, a conversa e o
tempo com meus pais nunca poderiam ser superados.

— Obrigada, pai. A sopa está quase pronta e temos que esperar por
mais uma pessoa, então estaremos prontos.

Fui ao armário para pegar o Manischewitz15 e evitei o olhar fixo de


minha mãe.

— Mais um? — Seu tom muito animado.

Se minha mãe pudesse ter me vendido para qualquer um e tido dez


netos quando eu tinha vinte e dois anos, ela teria feito isso.

— Sim, mais um. — Entro na minha sala de jantar, me afastando de


suas perguntas curiosas e olhares orgulhosos.

Ainda não estava certa se queria apresentar Paxton aos meus pais,
mas quando mencionei o jantar do Shabbat, seus ouvidos se animaram.
Ele era louco o suficiente para querer um convite, e me cansou até que
relutantemente disse que ele poderia se juntar a nós.

Ainda bem que, para minha diversão, ele não tinha absolutamente
nenhuma ideia do que estava fazendo.

14Bubbala é um termo tradicionalmente usado pelas avós em referência às crianças. O uso moderno
poder ser usado como “querida”, “mel”, “baby”

15 É uma marca de vinho

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— Quem é esse jovem? — Mamãe praticamente pula em mim
enquanto arrumo a mesa.

Parte de mim quer se gabar, mas a criança em mim quer reter fatos
da minha mãe simplesmente porque é divertido vê-la se contorcer.

— Você o encontrará em cerca de vinte minutos, não pode esperar?

Ela para, segurando o colar de estrela judaica de ouro que sempre


usa. — Demi Rachel Rosen. Esperei trinta anos por este momento. Você
não vai me manter em suspense mais um minuto.

Como eu disse, baldes de culpa.

Dou a eles a única informação que sei que vão interrogar Paxton. —
Vou apenas dizer... ele não é judeu.

Minha mãe diz, “Oy vey”16 Ao mesmo tempo em que meu pai
levanta a cabeça e exige, — O quê?

— Ele não é judeu. E não fiquem tão enfurecidos, vocês preferem


que eu seja feliz a solteira. — Eu sabia que isso era verdade.

Meus pais olham para mim, seus olhares desaprovadores, mas


também sei que estão vendo meu raciocínio.

16 Oy Vey é uma exclamação exasperada judaica, A expressão pode ser traduzida como "oh não!”

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— Desde que seja um mensch17 eu darei uma chance. — Minha mãe
inclina a cabeça e meu pai não diz uma palavra.

Ele aprendeu há muito tempo a não discordar de minha mãe. Mesmo


se ela estivesse errada, explicar por que ela estava exigia mais esforço do
que apenas ficar em silêncio.

Vinte minutos depois, exatamente na hora, Paxton aparece com


flores em uma mão e uma caixa de padaria na outra. Ele se apresenta
para minha mãe, que o envolve em um grande abraço e sei,
instantaneamente, que ele a conquistou.

— Oh, olhe, bubbala, ele trouxe rugelach!18 — Ela já está tão louca
por ele, posso dizer.

Quando ela vira as costas, Paxton murmura o apelido para mim e


levanta uma sobrancelha. Por que sei que ele vai me provocar depois?

Mamãe se junta a papai na sala de jantar e Pax usa o momento para


roubar um beijo. Agora que dei permissão, ele não para de me beijar. E
não estou reclamando, o homem poderia ganhar um troféu Lombardi19
por saber beijar.

17 Mensch, conotação judaica para cavalheiro

18 O Rugelach, é um doce clássico da cozinha judaica. O formato lembra a de um croissant, mas a sua
massa é muito mais leve.
19 O Troféu Vince Lombardi é o troféu concedido à equipe vencedora do jogo do Super Bowl.

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Todos nos sentamos para jantar e papai começa imediatamente. —
Espere um minuto, você é aquele jogador de futebol…

Pax ri, olhando para mim. — Agora vejo onde você tira seu amor
pelo esporte.

É verdade que minha família nunca se importou com eventos


esportivos organizados.

Não sei o porquê, mas meus pais nunca deram a mínima para a
obsessão deste país por homens adultos perseguindo e jogando bolas.

— Você joga futebol? Que bom! — Minha mãe pisca para ele, todas
as críticas a ele por não ser judeu estão seriamente do lado de fora com
Elijah.

— Ou isso ou corro por um campo tentando pegar uma bola como


uma criança de cinco anos. Minha profissão é basicamente para meninos
crescidos que nunca cresceram.

— Você tem chutzpah20, garoto. Preciso reconhecer. — Papai está


com sua taça de vinho, estende a mão para pegar mais e dá um tapa nas
costas de Paxton, sorrindo.

Balanço a cabeça e a cubro com minhas mãos. Somente meu pai


diria ao líder da NFL que ele tinha chutzpah.

20 Chutzpah é uma palavra que expressa "insolência", "atrevimento" ou "audácia", no inglês significa
coragem.

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A verdade era que meu pai não se importava com o que a pessoa que
eu namorava fazia ou quanto dinheiro ganhava. Contanto que me
tratassem com respeito, ele estava bem com isso. Ele sempre deixou isso
claro, não que eu tivesse permitido muitos meninos ao redor de meus
pais.

O resto do jantar transcorreu muito bem, com meus pais se


apegando a cada palavra que Pax dizia e minha mãe chateando todos.

— Coma mais. Coma!

— Demi, gostaria que você usasse mais o cabelo para trás, eu amo
assim.

— Aaron, não coma muita carne vermelha, você sabe o que isso faz
com o seu estômago.

O único que ela não repreendeu foi o homem que parecia ter roubado
todos os nossos corações. Quando é hora de partir, minha mãe me envolve
num grande abraço.

— Estou apenas transbordando de emoção, tão feliz. Mazel tov21,


querida, — sussurra mamãe no meu ouvido quando me dá um beijo de
despedida.

O problema é que eu também estou emocionada. Faz muito tempo


desde que um homem me deixou tão nervosa e excitada por ele.

21 Boa sorte.

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Venho pensando nisso, Paxton foi o único cara que me fez sentir isso.

— Gosto de você, mesmo que você seja um shegetz22. — Papai aperta


a mão de Pax antes de ir embora.

— Vou conseguir ingressos para o jogo da próxima semana, para que


você possa ver como é o futebol. — Pax sorri bem-humorado.

Eles finalmente vão embora, e está tristemente quieto sem o


pigarrear e as hesitações.

— Eles são incríveis. — Ele me pega em seus braços, pressionando


seus lábios contra minha testa. — Obrigado por me deixar fazer parte de
uma família novamente.

Apenas me acomodo nele, amando a sensação de seu calor e força.


Não falo, mas eu não estava o deixando fazer parte da minha família. Ele
estava se tornando parte dela, muito rápido para o meu coração
processar.

O medo me domina e, no entanto, não quero soltá-lo. Não quero que


ele vá para casa, quero que fique aqui. A incerteza me cerca, junto com as
paredes que cuidadosamente ergui para proteger meu coração, já que não
sabia se deveria fortalecê-las ou deixá-las caírem.

22 Palavra que se referir a um menino ou rapaz não judeu.

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CAPÍTULO VINTE E UM

Demi

Eu me inclino para calçar minha sandália dourada e quando me


levanto dou um último olhar no espelho de corpo inteiro no meu quarto.
Aproveito para verificar meu estômago e ver se consigo ver as borboletas
flutuando por lá.

Meu vestido de baile de veludo verde sem alças está praticamente


colado no meu corpo, todas as partes aconchegadas em seu lugar dentro
do material. Escolhi a cor da sorte porque era a que eu sempre parecia
melhor, meu cabelo castanho sempre se mesclando bem com a sombra.
Meus brincos eram simples, pequenos diamantes que comprei como
presente de aniversário no ano passado.

Estava pronta. Wish Upon a Star fazia uma festa de gala todos os
anos. E como todo ano, eu fazia um discurso. E como todo ano, estava
com medo.

Sabia que como CEO da minha própria empresa falar em público era
uma obrigação. Mas realmente odiava fazer isso. Eu era articulada, claro,
mas normalmente deixava meu trabalho falar por si. Infelizmente
precisávamos de financiamento de alguns dos maiores jogadores de

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Charlotte, e assim mantínhamos as luzes acesas e conseguíamos realizar
tantos sonhos. Então, por isso, engoliria a bílis nervosa que ameaçava
sair da minha garganta e seguiria em frente.

Havia também uma segunda razão pela qual eu estava tão nervosa
esta noite. Concordei em deixar Paxton me acompanhar como meu
acompanhante.

Ele ficou sabendo do baile de gala através de alguns caras da equipe


e da organização Cheetahs que compareciam todos os anos. E,
naturalmente, me incomodou até eu dizer que ele poderia ir como meu
acompanhante.

Minha campainha tocou, e Maya, a cachorrinha de guarda fofinha,


latiu. Rapidamente desci as escadas, agarrando minha clutch da cama.

— Maya, cale-se. É a sua pessoa favorita.

Isso era verdade. Pax tinha ido à minha casa, mas nunca durante a
noite, algumas vezes agora, e Maya quase fez xixi nele e o fez seu. As
coisas conosco iam bem, por isso o deixei ir comigo à festa. Meus pais
perguntavam sobre ele toda semana que falava com eles ou ia visitá-los, e
ele continuava enviando flores ou pequenas guloseimas para meu
escritório ou casa.

Em suma, estava me acostumando com a ideia de que poderia estar


com ele novamente. E meu corpo também.

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Nossos beijos evoluíram de longas e suaves explorações para
brincadeiras acaloradas no sofá ou no carro, a mãos vagando e puxando o
tecido das roupas. Toda vez que ele me tocava, eu tremia. Mas, por
alguma razão, pouco antes de cruzarmos a linha para o território do sul,
parei com as coisas. Eu não conseguia passar para a próxima... base,
para colocar uma metáfora esportiva nas coisas.

— Oi, linda! — Pax se inclina quando abro a porta, seu rosto coberto
por beijos da Maya enquanto tira um osso de brinquedo do bolso para ela
agarrar e devorar.

— Você a estraga. — Balanço minha cabeça, rindo.

Ele fica de pé, deixando-me dar uma boa olhada no deus lindo de
smoking diante de mim. — E olá, lindo.

Pax estende uma única rosa vermelha e eu coro. O gesto é muito


romântico, e deixo meu coração ser arrebatado no momento. Seus olhos
esmeralda passam por mim, brasas queimando neles quando seu olhar
cai sobre meu decote e clavícula. Entrando na casa, ele não faz uma
pausa antes de passar as mãos grandes e calejadas pelos meus braços
nus e pressionar os lábios na clavícula.

— Você tem um sabor delicioso. Vamos ficar aqui.

Uma gargalhada escapa dos meus lábios. — Sou a anfitriã do


evento.

— Farrah pode lidar com isso. — Ele se move para o meu ombro.

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— Uh-uh, não. Calma garoto. — Eu o empurro.

— Não sou o cachorro aqui.

— Ah, mas é sim. — Levanto uma sobrancelha para ele. — Você está
muito bonito.

— Somos um casal poderoso. Agora vamos lá, você vai nos atrasar.
— Ele me repreende sarcasticamente e reviro os olhos.

Quarenta minutos depois, estamos no degrau da entrada posando


para fotos. A imprensa presente espera sua vez de me entrevistar,
minhas respostas graciosas e minuciosas. Amo meu trabalho, então eu
torço para manter meu negócio funcionando. É um mal necessário.

Movendo-me pelo grande salão de baile de The Chauncy, um belo


espaço para eventos no centro de Charlotte, impressiono-me com o
trabalho de Gina. Além do marketing, ela sempre teve o melhor olho no
design. Mas esta noite, ela se superou.

Os lustres brilham acima da pista de dança, ouro e cristal brilhando


em todos os cantos da sala. Enormes arranjos de flores brancas marcam o
meio de cada mesa, tornando-se um tema de conversa e peça central.

Os pratos são revestidos com um ouro fino, detalhes ornamentados,


enquanto os cálices e taças de vinho combinam. Todo o baile tem uma
sensação sofisticada e etérea, sendo fácil se deixar levar pelo romance.

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— Gostaria de dançar? — A mão de Paxton encontra as minhas
costas e quero derreter nele.

Tentando manter a cabeça fria, não seria profissional se todo mundo


visse você beijando seu par no meio da festa, eu aceno. — Não sabia que
você sabia dançar.

— Querida, ser leve nos pés faz parte da descrição do meu trabalho.
— Ele me move para o meio da pista de dança, seus braços abraçando
meu corpo.

A banda de doze membros está tocando uma música instrumental de


Sinatra, e olho nos olhos de Pax conforme balançamos no ritmo. E então
ele incrementa, fazendo algum trabalho de pés e me varrendo pelo piso.
Preciso rir, porque ele está sendo tão encantador, e meu coração não para
de bater contra minhas costelas.

— Você é bom demais nisso, — murmuro.

— No que? — Seus lábios encontram meu ouvido.

— Fazendo-me apaixonar por você. — É honesto e tenho medo de


dizer isso, mas já disse.

Ele afasta a cabeça para olhar nos meus olhos, a expressão em seu
rosto é muito séria. Sua boca se abre e ele está prestes a responder
quando somos interrompidos.

— Demi Rosen! Tenho te procurado em todos os lugares.

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Viro, vendo Chuck Gaskill parado ao nosso lado. Chegamos à beira
da pista de dança e a música termina, então saio do abraço de Paxton e
vou cumprimentar Chuck.

Oferecendo minha bochecha, eu os apresento enquanto damos um


beijo no ar. — Este é Chuck Gaskill, proprietário da maior franquia de
restaurantes de Charlotte. Ele doou toda a comida esta noite e é sempre
um grande parceiro quando precisamos de um desejo realizado.

— O que ela quer dizer é que lhe dou muito dinheiro. Mas estou feliz
em fazê-lo.

O homem jovial e gordinho ri, todo o seu corpo ganhando vida com o
som.

Pax estende a mão, colocando aquele sorriso típico de estrela. —


Paxton Shaw, prazer em conhecê-lo. Sou o namorado dela.

A palavra namorado me deixa perplexa, e juro que tive que verificar


se meu queixo estava no chão. Não discutimos um título, nem o que
éramos um para o outro. Tanto para não empurrar as coisas em mim ou
se mover muito rápido.

Paxton Shaw era como um adorável trator. Ele corria para conseguir
o que queria, mas parecia muito fofo fazendo isso.

— Paxton Shaw, o grande receptor? Bem, Demi, eu não sabia que


você estava namorando uma estrela. — Chuck pisca para mim.

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— Nem eu, — murmuro baixinho.

— O que, querida? — Pax me dá um sorriso cheio de dentes e sei que


ele está sendo presunçoso.

— Nada. Chuck, você está se divertindo? — Entrelaço minha mão na


de Pax, o movimento parece tão natural. Aperto, tentando mostrar que
realmente não quero mais falar com as pessoas. Estamos aqui há horas,
pelo que parece, e só quero fazer meu discurso e ir para casa. Nunca fui
excessivamente social, estou muito mais feliz ficando em casa em frente à
lareira com uma taça de vinho e um bom livro.

— Há bebida, comida e mulheres bonitas. O que há para não gostar?


Então, há quanto tempo vocês estão juntos?

Chuck nunca foi sutil e não se importava em ofender as pessoas.

— Bem, se você quer saber, Chuck... eu não beijo e conto. Nunca.


Então, vou levar Demi ao palco, onde ela tem um discurso para fazer. —
Paxton me resgata.

— Obrigada, — murmuro enquanto caminhamos para o palco. —


Não me importo com ele normalmente, mas ele pode ser muito.

— Eu não estava prestes a dizer a ele que gostaria de poder foder


você agora. — Seus olhos são puro fogo carnal.

Preciso respirar fundo, porque seria inapropriado subir ao palco


enquanto pensava em deixá-lo nu.

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— Prometa que podemos sair daqui imediatamente depois que eu
fizer o discurso?

— Absolutamente.

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CAPÍTULO VINTE E DOIS

Paxton

Mantenho minha promessa, tirando-a da festa assim que os


aplausos cessam com seu discurso espetacular.

— Você realmente fez um bom discurso. — Aceno com a cabeça,


olhando para ela na luz fraca do carro. — Sei que você sempre é incrível,
mas deve estar orgulhosa. Você é uma super mulher. Estou admirado.

A forma como aquelas pessoas se agarraram a cada palavra, as


histórias que ela contou sobre os desejos que ela e sua equipe concederam
este ano... Demi foi incrível. Claro e simples.

— Obrigada. — Ela cora, com a mão apoiada na minha perna


enquanto dirijo em direção ao seu apartamento.

Vi seus olhos quando me chamei de namorado. Eu me lembrei de


uma época em que fiz uma aposta... e tanta dor percorreu meu sistema
que foi uma maravilha eu não ter caído morto no local por ser um idiota
com ela todos aqueles anos atrás. Era um milagre ela ainda estar
sentada aqui comigo, permitindo que eu a acompanhasse para sua
própria festa de gala e não me dando um tapa na cara quando eu a

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reclamei como uma espécie de homem das cavernas na frente de um
doador.

— Sinto muito pela coisa toda do namorado lá atrás. Sei que não
discutimos isso, e foi idiota da minha parte dizer aquilo pela primeira vez
sem te consultar.

Demi me estuda, sua linda cabeça inclinada para o lado. — Sabe,


houve um tempo em que teria dado qualquer coisa para ouvir você
colocar um título no nosso relacionamento. E agora aqui está você,
pedindo desculpas por ser apressado e checando para ter certeza de que
está tudo bem comigo. É assim que sei que você mudou, Pax. O cara que
você era na faculdade nunca teria feito isso. Nunca admitiria que errou.

Dou um pequeno sorriso. — Todos nós temos espaço para ser uma
boa pessoa quando alguém nos permite.

Parando em sua rua, a realidade de que terei que dizer boa noite em
apenas alguns segundos se instala. Não quero voltar para meu
apartamento solitário e vazio. Não quero rolar na minha cama grande,
desejando que ela estivesse enrolada ao meu lado. Desde que começamos
a nos ver, eu me peguei fazendo isso noite após noite, me perguntando se
ela sentia o mesmo.

Paramos em sua garagem, a luz ornamentada da varanda sobre a


porta da frente iluminando a passarela. Sem palavras, eu a ajudo a sair
do carro e pego sua mão, depois seu cotovelo, levando-a até a porta.

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— Eu me diverti muito esta noite — digo a ela, inclinando-me para
beijá-la.

Ela me para, uma mão pequena e suave no meu smoking. — Eu... eu


estava pensando que talvez você pudesse entrar. Se quiser.

Sei como isso é um grande passo para ela e por isso não respondo
com sarcasmo ou brincadeiras como normalmente faria. — Sim. Sim, eu
gostaria muito.

Demi sorri, brincando com as chaves enquanto tenta destrancar a


porta.

Os nervos são frescos e pungentes no ar, tanto dela quanto meus.


Com essa pergunta, veio tanto peso. Eu estava entrando, mas era muito
mais do que isso. Cumplicidade. Ela estava dizendo que tudo ficaria bem
se formos mais longe.

Ela estava se entregando a mim, e eu estava preparado para tratá-la


com o maior respeito e cuidado.

— Quer uma... bebida? Um lanche, talvez? — brinca Demi com as


chaves, ela ainda não as soltou.

O pequeno xale que usava sobre o vestido, que me fez tentar


esconder minha ereção à noite toda, ainda estava pendurado sobre os
ombros. Lentamente, caminho até ela, desabotoando meu terno de
smoking e levantando minhas mãos. Pouco antes de tocá-la, eu falo. —
Posso tocar em você?

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— Sim, — suspira, os seus olhos nunca deixando os meus.

Coloco minhas mãos nos seus ombros, afastando o tecido para sentir
a pele nua. Arrepios percorrem a sua carne enquanto meus dedos
acariciam levemente sua clavícula, seu pescoço, sua bochecha.

— Posso te beijar? — Engulo em seco, porque a contenção é tão


difícil neste momento, mas sei que devo me segurar.

— Sim. — A resposta é um gemido.

O hall de entrada está escuro, nada além da luz que ela deixou na
sala nos mostrando o caminho pelas escadas. Inclino minha cabeça,
levando seus lábios lenta e metodicamente. Quero estampar minha
marca nela, tão gentilmente e calculista que daqui a alguns anos ela
tocará seus lábios em uma reunião no trabalho e pensará neste exato
momento.

Depois do que parece uma eternidade explorando sua boca, recuo,


minha visão nebulosa e meu pau tão duro quanto um cano de aço.

— Posso levá-la para a cama? — Queria fazer amor com ela entre os
lençóis, corretamente.

— Sim. — Parece ser o único pensamento lógico que Demi pode ter
agora.

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Entrelaço meus dedos em sua mão, subindo as escadas lentamente,
sem saber para onde estou indo, mas conduzindo de qualquer maneira.
Ela está confiando em mim para fazer isso direito, e eu o farei.

Antes de entrarmos no seu quarto, um paraíso creme e branco que


grita ser dela e cheira a amêndoa e baunilha, envolvo-a em um abraço.
Meus olhos olham para ela, tentando olhar para sua alma.

— Vou perguntar antes de fazer qualquer movimento. Quero sua


permissão, quero que esteja aqui comigo, sabendo muito bem o que quer e
o que quer me dar.

Ela assente, e posso ver suas pupilas dilatadas e nubladas. A


luxúria já a tomou como o nevoeiro faz na floresta em uma manhã
escura.

Voltando ao quarto de Demi, sento na cama de frente para ela. Tiro


meus sapatos, desabotoo minha camisa, desafivelo meu cinto, tudo isso
enquanto ela assiste. Ela fica ali, naquele vestido verde que parece o céu
e o inferno, seus seios subindo e descendo com cada respiração
superficial. Quando estou só de boxer, me inclino sobre ela novamente, as
coisas ficando um pouco mais rápidas.

Belisco seu pescoço, encontrando o zíper do vestido e puxando-o até o


começo de sua bunda empinada. Tiro, deixando cair e se juntar em torno
de seus pés.

Fico sem ar ao tropeçar para trás, observando a visão diante de


mim. Renda preta sobre pele cremosa, implorando para ser tocada.

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Conduzo Demi pela mão, caindo na cama. — Me monte.

Ela faz como eu digo, seu corpo quente e perfeito esfregando contra o
meu. E então tudo acontece muito rapidamente.

Minhas mãos estão no seu cabelo, sua boca reivindicando a minha.


Ela está moendo em mim como uma coisa carente e excitada e não
consigo atrito suficiente para satisfazer meu pau dolorido.

A língua dela corre sobre o pequeno brinco de diamante na minha


orelha, enviando um choque para minhas bolas que me faz jogá-la de
costas na cama.

Corro minhas mãos pelas suas curvas, e ela arqueia as costas. Sinto
o cheiro do sexo nela e preciso provar. Movendo-me para baixo da cama
enquanto ela se contorce sob minhas mãos que se moldam a ela, encontro
sua boceta e tiro sua calcinha, lançando-a pelo quarto.

— Posso prová-la? — É um gemido.

— Paxton… — É o máximo que ela pode dar e aceito como um sim.

Banquete. Devorar. Reivindicar. É tudo o que penso conforme a


provo, lembranças me assaltando. Esqueci o quão doce ela era. É. Esqueci
todas as suas peculiaridades, as coisas que costumavam me deixar louco
e voltar para mais.

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— Preciso estar dentro de você. Diga que posso estar dentro de você.
— É uma pergunta, mas minha voz está tão dolorida com a necessidade
que quase soa como um comando.

— Sim. Sim.

Não pego camisinha, algo que normalmente faria. Passamos por


aqueles tempos na faculdade e, caramba, queria estar dentro dela sem
barreiras. Foi um movimento porco, mas ela deveria tomar pílula.

E se não tomasse... quem se importava. O pensamento foi registrado


antes que meu cérebro tivesse tempo de alcançá-lo... mas era o
pensamento certo. Eu falava sério sobre Demi, tão sério que nada era
uma consequência. Tudo era apenas um passo nos eventuais passos que
daríamos juntos.

Pressionando a sua entrada, nós sugamos um monte de ar, todas as


sinapses registrando prazer.

— Oh meu Deus… — geme Demi baixinho enquanto eu tentava


controlar o revirar dos meus olhos.

Tão bom. Tão bom. É a única coisa que consigo pensar quando olho
para ela, meu corpo adorando o dela e vice-versa.

Cada gemido. Cada respiração. Isso me leva de volta a uma época há


tanto tempo, quando mal sabia o que fazia. Memórias me inundam, a
sensação de familiaridade segurando minhas bolas com força.

BY CARRIE AARONS
Mas há também uma novidade lá, excitação formigando em cada
osso, músculo e tendão.

Demi goza apenas alguns segundos antes de mim, agarrando e


lambendo o meu pescoço, quase tentando abrir caminho através do
orgasmo.

Lembro-me disso, sua necessidade de se aproximar o máximo


possível de mim quando gozava.

E então vejo estrelas dançando brilhantemente diante dos meus


olhos, envolvendo Demi em um mar de fogos de artifício enquanto meu
corpo esvazia no dela.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Demi

Oito anos atrás

A temporada de futebol acabou.

Sabia por que ouvi as pessoas gritando pelo campus, estudantes


bêbados torcendo para ganhar o campeonato e se curvando para os
jogadores como se fossem deuses.

E Pax sempre querendo mais, me mandando mensagens quase todas


as noites terminando na minha cama com mais frequência do que o
habitual.

— Vou para Nova York em duas semanas. — Seus dedos dançam


através dos meus cabelos, o peito suado enquanto eu estava
perfeitamente encaixada no seu corpo.

A combinar. Ele falou sobre isso várias vezes, não realmente comigo
numa conversa, mas mais se gabando de si mesmo.

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Normalmente era assim que ele falava comigo... como se eu nem
fosse realmente necessária na conversa. Estava ficando cansada, depois
de dois anos de idas e vindas, eu estava apenas cansada. Eu me sentia
bem além dos meus míseros vinte e poucos anos. Eu me sentia usada. Eu
me sentia exausta.

Assenti, odiando-me por estar aqui com ele novamente.

— Eles acham que sou o mais rápido em correr quarenta jardas no


último quinze anos. — Pax se gaba, inchando o peito.

— Uh-huh. — Tudo o que eu pensava era no que aconteceria se ele


fosse embora da nossa faculdade.

E eu.

— Você acha que manteremos contato? — Ouso fazer a pergunta,


por que neste momento realmente não tinha nada a perder.

Ele não era meu, então, em essência, não poderia perdê-lo. Ele
nunca foi meu… estava percebendo isso agora.

— Claro, querida. — Seus olhos me encaram profundamente.

Não poderia dizer se Pax estava mentindo ou se ele realmente


acreditava na sua mentira.

BY CARRIE AARONS
Um Mês E Meio Depois

Assisto a minha televisão. A ESPN tem o rosto dele estampado em


todas as chamadas... as âncoras no intervalo do programa estão
discutindo por qual time ele será escolhido e jorrando elogios sobre seu
desempenho estelar.

Não vi Paxton antes de ir embora, a sua viagem para Nova York


chegou rapidamente. A única coisa que ele fez foi foder comigo quatro
dias antes e não ouvi um pio dele desde então.

Pax não voltou ao campus e as duas mensagens de texto que enviei


desejando sorte e depois ver como ele estava se saindo não tiveram
nenhuma resposta.

Assisto enquanto o time em Boston o escolhe primeiro, na primeira


rodada. A multidão ruge e eles mostram Pax, seus pais e seu irmão, todos
se abraçando na câmera. Sua mãe pequena e de aparência doce está
pulando e chorando de alegria.

E estou tão feliz por ele, apesar do meu bom senso de não estar. Eu
choro, porque sei que este é o sonho dele.

Mas também quero soluçar, porque não estou lá para compartilhar


com ele. Ao longo de dois anos vivi em razão de Paxton Shaw. Aprendi
tudo sobre ele, adorei o seu corpo, tentei explorar todo o seu lado

BY CARRIE AARONS
emocional, abri o meu coração para ele. E ele mal conseguia se lembrar
do meu sobrenome.

Eu quebrei, lágrimas angustiadas vazando em minhas bochechas


por todo o tempo que perdi. Por tudo que nunca seríamos.

Nunca sentaria na frente daquelas câmeras de TV com ele, pulando


de alegria com sua família em suas realizações. Nunca mastigaria
minhas unhas na seção de esposas e namoradas em seu primeiro jogo
profissional. Nunca seguraria a mão dele depois de uma perda. Nunca
usaria seu anel, vestiria nossos filhos com o número da camisa dele.

Essas coisas eram um exagero... mas eu havia investido.


Apaixonado. Foi algo que não pude evitar, uma vez que você conheceu
Paxton Shaw e foi íntimo com ele, era inevitável. Ele tinha esse tipo de
personalidade... aquela em que a lua e as estrelas se apaixonariam por
ele mesmo que só pudessem vê-lo na escuridão da noite.

Ele foi embora e não voltaria.

E assim, naquele momento, jurei nunca mais falar o nome dele.

Jurei esquecê-lo e endureci meu coração para que isso nunca mais
acontecesse.

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CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Demi

O sol se pôs no meu quintal, a taça de vinho que enchi acumulando


condensação na abafada e estranhamente úmida noite de outono. Eu o
tracei com meu dedo, ruminando em meus pensamentos enquanto o
pegava e bebia.

Maya se mexeu ao som de um pássaro errante no céu, mas


imediatamente se deitou, com preguiça e cansaço para investigar mais o
assunto.

Poderia estar relaxando, um romance de mistério de capa dura e


grossa descansando na mesa do pátio à minha frente, mas minha cabeça
e coração estavam longe. Li a mesma linha repetidamente, quase quinze
vezes, antes de colocá-la na mesinha.

As coisas estavam ficando sérias com Paxton, e eu estava com muito


medo.

A maneira como ele se apresentou como meu namorado. Conheceu


meus pais.

BY CARRIE AARONS
Passou a noite comigo. Trabalhou seu caminho dentro de mim, tanto
mental quanto fisicamente.

Era tudo demais.

Eu estava em espiral, não sabia para onde ir ou o que pensar. Então,


recorri à autopreservação, evitando suas ligações e vê-lo por uma
semana.

Paxton estava chegando muito perto, e podia sentir meus pelos


arrepiados. Podia sentir todos os instintos dentro de mim entrando em
ação, montando um exército de ansiedade e autodestruição contra nosso
relacionamento. Não conseguia explicar para ele, não queria agitar as
coisas ou parar o que estava acontecendo. Da última vez, ele me deixou
sem um até logo e fiquei arrasada por mais tempo do que gostaria de
admitir.

E assim, eu era o mesmo caso que foi mantido ao redor por dois anos
durante a faculdade. Eu o queria, mas não o queria. Estava apaixonada
por ele, louca e cegamente, mas também sabia exatamente como
irrevogavelmente poderia me machucar se admitisse isso a ele. Queria
que estivéssemos juntos, mas anos de rejeição sistemática me
machucaram tão profundamente que eu ainda não tinha me tirado do
buraco.

Pax me machucou todos aqueles anos atrás e eu ainda não tinha


certeza se ele viu isso. E até que eu abordasse isso, eu não sabia se
poderia superar isso com ele.

BY CARRIE AARONS
Mas, por enquanto, em vez de agir como uma garota grande e
enfrentá-lo, eu me escondia no meu quintal ou no meu escritório. Usava
desculpas para evitar encontros, dores de cabeça falsas e noites no
trabalho para evitar vê-lo. Meu corpo o ansiava, mas meu cérebro gritava
alarmes e bandeiras vermelhas. Então fiquei longe.

Bebendo meu Riesling23, pego meu telefone e ligo para a única


pessoa que sabia que me daria uma resposta direta.

— Ei, bochechas fofas. — Chels atende na segunda chamada.

— O que você está fazendo? — Coloco meus pés na cadeira vazia ao


meu lado.

— Observando Dexter correr no meu apartamento com um pacote de


Oreos. — Ela não era nada senão brutalmente transparente o tempo
todo. Sorri, desejando morar mais perto da minha amiga. — O que há
com você? — Ouço-a mastigar um Oreo.

Suspirando, quero que ela adivinhe. Para tirar isso de mim. Então
dou a famosa resposta de uma palavra que toda garota diz para que
alguém saiba que algo está errado.

— Nada.

23 É uma casta de uva branca, usada na produção de vinhos rosé.

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Imediatamente, sinto Chels ficar mais ereta do outro lado. — Demi,
o que há de errado?

Suspiro novamente, sentindo-me melhor por ela ter trazido à tona.


— Tenho que te dizer uma coisa.

— Você está namorando Paxton Shaw. — Seu tom não é irritado,


mas não é feliz.

Enquanto isso, eu estou prestes a sofrer uma parada cardíaca devido


ao choque de sua fala. — O quê... como você sabia?

— Há uma foto circulando em alguns sites de fofocas on-line de


vocês dois na sua festa anual. Ela o rotula como seu namorado e você
como namorada dele.

Praticamente engasgo. Não conseguia lidar comigo mesma sabendo


que estava namorando e dormindo com Paxton Shaw. Precisava de um
tempo de assimilação e agora o mundo inteiro sabia? Meu nível de
ansiedade voou pelo telhado.

— Por que você não disse nada no minuto em que encontrou a foto?
— Não quero que ela fique chateada comigo.

— Porque você é uma mulher crescida e imaginei que confessaria


mais cedo ou mais tarde. Não direi que estou feliz, Dem, mas sei que você
precisa fazer suas próprias escolhas.

BY CARRIE AARONS
Sabia que ela era a pessoa certa para ligar, por esse motivo
específico.

Chelsea seria honesta, não falaria aquilo que eu queria ouvir. Não
aquela besteira de mentira branca que esse tipo de amiga diz, mas o tipo
de avaliação profunda e brutal que te deixava com a única resposta ou
solução que fazia sentido.

— É... diferente desta vez, Chels. Ele está me perseguindo. Fazendo


promessas. Enviando flores e chocolates toda semana. Cortejando-me.
Ele conheceu meus pais.

— Paxton Shaw conhecendo os pais, isso é algo que nunca pensei


que veria. E o que eles acharam?

— Bem, você sabe que nunca contei a eles sobre ele, Chels. Isso foi
quando eu não era uma megera velha e seca e eles teriam me batido com
a Torá24 por sair com um gentile25. — E minha mãe teria me matado por
ser tão fraca.

Eu a ouço gargalhar. — Você não é uma megera velha e seca. Mas


aprecio a teatralidade.

24Torá compõe os cinco primeiros livros do livro sagrado da religião judaica, é considerada um guia
para os judeus.

25 Não judeu

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Sorrio. — Obrigada. Mas, é claro que eles o amaram. Todo mundo o
ama. Ele é o Sr. Perfeito, homem da cidade, o charmoso cavalheiro. Até
meu pai brincava com ele quando o Shabbat acabou.

Praticamente podia ouvir os olhos de Chelsea revirarem pelo


telefone. — Claro. Você sabe que eu ainda poderia esfolar esse cara vivo
pelo que ele fez com você naquela época?

— Eu também poderia. — Suspiro. — Mas... não sei. Ele está tão


diferente desde que passou por aquele inferno, não sei como sobreviveu
ao que passou.

— Os pais dele, certo?

Mais uma vez, chocada. — Como você soube disso?

— Demi, todos nos Estados Unidos sabem disso. É sua culpa que
você não seja como o resto de nós, americanos desordeiros, e fique colada
à sua TV todos os domingos, de setembro a fevereiro.

— Bem. Mas sim, os pais dele. E não sou a mesma. — Pelo menos
não achei que fosse.

— Você dormiu com ele?

A pergunta que estava esperando. — Sim... mas não ligo para ele há
uma semana desde então. — Mordo meu lábio, nervosa para ouvir o que
ela dirá.

BY CARRIE AARONS
Por alguns momentos, ela fica em silêncio. E então ela fala: — Acho
que isso mostra o quanto você amadureceu. Você sabe se preservar, se
cansar dele e de tudo o que ele fez. Mas... também acho que ele mudou.
Pelo menos vou confiar em você como uma mulher adulta para saber
quando uma pessoa realmente mudou de ideia. E você obviamente
perseguiu isso, precisa ver aonde leva. Vamos ser sinceras, você não é
feliz há anos. Possivelmente desde a última vez que o viu. Todo cara que
você namora, compara com ele, estou certa? Não digo que gosto, mas acho
que você sabe que esse era o grande problema. E se der certo, estarei
torcendo por vocês. Mas... se ele foder novamente, vou cortar o pau dele.

Não posso deixar de rir, o som é libertador. E com isso, vão todos os
nervos que estavam roncando no meu estômago.

— De acordo. Mas se as coisas derem certo, você pode simplesmente


deixar a genitália dele onde está? Eu meio que gosto dela.

Chels faz um barulho de vômito. — Nojento.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Paxton

Sei que Demi está me evitando.

Desde o momento em que estive dentro dela novamente, ela se


afastou. Acordamos na manhã seguinte, com ela envolvida pelos meus
braços e pernas, nossos membros se moldaram e pude sentir a distância
que ela construía entre nós.

Durante toda a semana, minhas ligações ficaram sem resposta.


Minhas flores não encontraram sequer uma mensagem de
agradecimento. Demi estava recuando, e eu teria que recuperá-la, pegá-
la pelas mãos e conduzi-la através de seu medo.

Foi um milagre que ela tenha concordado em passar na minha casa


esta noite. Mantive isso casual, dizendo que estava tomando uma cerveja
e assistindo ao jogo, se ela gostaria de passar por aqui. Era algo que teria
dito todos aqueles anos atrás na faculdade, para fazê-la vir e passar a
noite comigo. Foi por isso que ela veio? Eu me odiava por colocar as coisas
tão despreocupadamente, porque esse não era absolutamente o caso de
como eu me sentia sobre Demi.

BY CARRIE AARONS
Fico na minha cobertura, deixando o céu noturno acalmar meus
nervos. Podia sentir uma tempestade se formando entre nós. O velho
Paxton a teria deixado em paz, optando por ignorá-la e evitá-la. Mas
hoje, sabia que precisava encará-la.

— Ei, estranha. — Atravesso o pátio da cobertura quando ouço a


porta se abrir.

Enviei instruções para Demi sobre como chegar aqui, porque queria
mostrar isso a ela. Talvez a relaxasse, talvez pudesse ter uma coisa em
meu proveito.

— Oi. É lindo aqui em cima. — Ela me deixa beijar sua bochecha,


mas seus olhos permanecem focados no céu.

— Eu sei, é metade da razão pela qual aluguei este lugar. Olha, você
pode ver o pequeno satélite ali. — Enrolo um braço em volta do ombro
dela, cutucando suavemente o queixo para olhar para a área certa do céu.

— Oh, que legal. — Ela enrijece nos meus braços.

— Demi… — Tento não dizer com severidade, mas não posso evitar.
Estava irritado por ela me excluir. Ela sai do meu abraço e bufo, irritado.
— Sei que você está me evitando. Vamos conversar sobre isso ou você
agirá como uma criança? — Meu temperamento tira o melhor de mim.

— Ha! Eu? Agindo como uma criança? Isso é patético, Paxton. — Ela
ri.

BY CARRIE AARONS
— Sim, você está jogando meu passado na minha cara. Novamente.
Podemos falar sobre isso como adultos? Ou você evitará minhas ligações?
— Deveria esquecer o assunto, mas não posso.

— Então vamos falar sobre isso. — Ela bate o pé, e tenho que
segurar um sorriso.

Mesmo em um estado irritado e exasperado, ela é linda demais.

— Você ainda não está aberta para mim. Não importa o quanto eu
tente, vejo isso. Todas as suas paredes ainda estão levantadas, você não
me dá uma chance real. — Aponto para ela, acusando-a.

Demi faz um barulho angustiado e levanta as mãos. — E por que


você acha que faço isso, Paxton? Vamos lá, isso não é ciência espacial! O
que você fez comigo foi uma guerra psicológica. Você distorceu minha
mente, torturou meu coração. Por dois anos você me amarrou, como um
rato perseguindo um pedaço de queijo que nunca teria. Você também
sabia, me chamando noite após noite. Sabia que nunca se comprometeria,
e ainda assim eu corria quando você estalava o dedo. Isso é um castigo
cruel e incomum. Então, desculpe-me se não superei, se não sou capaz de
esquecer tudo. Uma pessoa simplesmente não esquece o quebrar do seu
coração, ventrículo por ventrículo.

Sinto dor, porque não há nada que eu possa fazer para voltar e
desfazer toda a dor que causei a ela. Mas, aparentemente, nada do que
fiz nos últimos meses ajudou. Quero ir até ela, tocá-la, mas me seguro.

BY CARRIE AARONS
— Admiti que fui uma pessoa horrível para você naquela época. Eu
era um idiota arrogante, egoísta e abusivo que conhecia o poder que tinha
sobre você e optou por usá-lo de qualquer maneira. Mas Demi, você sabe
o que passei. O quanto perder meus pais me mudou. Como me fez ver que
a vida não é apenas divertimentos, que para ter significado é preciso se
cercar de pessoas importantes.

Ela atravessa a cobertura, incapaz de olhar para mim. Seu cabelo


castanho brilha ao sol poente, e seus ombros finos tremem no frio que o
crepúsculo traz.

— Entendo, Paxton. Mas você também precisa entender que uma


pessoa não esquece facilmente. Só porque você teve um evento que
mudou sua vida e mudou quem você é como pessoa, não significa que
experimentei isso com você. Eu ainda estava aqui, sentada com minha
dor, cuidando dela como se fosse uma ferida. Você tem que me permitir
ter isso, curar no meu próprio tempo. E estou tentando, mas você precisa
ter paciência comigo se eu não puder automaticamente e abertamente
dar tudo de mim a você.

Demi se vira, com os olhos cautelosos. — Você sabia que eu estava


noiva? Cerca de quatro anos atrás, meu namorado me pediu em
casamento e eu disse sim. Só que não conseguia sequer reservar um local.
Tive um anel no dedo por menos de um mês antes de tirá-lo. Eu sabia
que não era ele, mas tentava forçar a felicidade porque pensei que se me
envolvesse nisso, isso se tornaria real.

Raiva ricocheteia em meus ossos. O ciúme por ela usar o anel de


outro homem é como uma flecha no meu coração. — Porque no fundo,

BY CARRIE AARONS
você sabe que ainda tem sentimentos por mim. E pode ser chato que você
tenha, mas é verdade. E estou ficando louco tentando provar que sou
digno de você agora. Posso não ter dito naquela época, mas sou louco por
você, Demi. Eu era um idiota, um atleta universitário sem noção, com um
ego do tamanho do Texas. Levei muito tempo para definir minhas
prioridades. E elas estão diretamente em você. Não percebi que você
quem escapou até que fosse tarde demais.

Um soluço sai de seus lábios, mas ela levanta a mão quando tento
confortá-la. Aqui estamos nós, duas pessoas quebradas sob o mais belo
dos céus noturnos. Quão desapontados estão meus pais comigo se
estiverem ouvindo lá de cima?

— Acho que devo ir para casa. — Demi se move em direção à


entrada da escada.

Ando até ela, segurando-a pelo cotovelo. — Acho que deveria ficar.
Mesmo se não quiser conversar, está tarde. Fique. Vou dormir no sofá, no
quarto de hóspedes... onde você quiser. Apenas fique.

Estamos num impasse, quando tudo que quero fazer é beijá-la. — Eu


juro, Demi, não tentarei nada. Eu só... quero estar no mesmo lugar que
você.

— Vou me arrepender disso, não vou? Droga, tudo bem... mas vou
trancar a porta. — Ela caminha para as escadas que levam de volta ao
meu apartamento.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Demi

O cheiro de café fresco permeia o ar quando saio do quarto de


hóspedes de Paxton.

Minha boca enche d’água e percebo que sou como um daqueles cães
pavlovianos. Se Paxton é minha fraqueza, então o café é minha droga.
Sou uma daquelas pessoas que poderiam beber uma garrafa inteira e
ainda dormir. Minha tolerância se tornou tão alta que agora bebo puro,
os grãos amargos alimentando minhas veias quando chego ao fundo da
xícara.

Nos dois meses desde que começamos a nos ver... novamente, eu me


recusei a vir aqui. Chame isso de transtorno de estresse pós-traumático
de todas as ligações noturnas na faculdade, nas quais eu caminhava
sozinha pelo campus escuro até sua casa suja e cheia de groupies. Eu não
queria parecer a pessoa que precisava dele desta vez, então sempre o
fazia me buscar na minha casa ou que nos encontrássemos em terreno
neutro.

A noite da festa foi a primeira e única vez que permiti que ele
ficasse. E agora estava aqui, em um lugar que eu temia estar. Embora a

BY CARRIE AARONS
casa de Paxton fosse agora um lindo apartamento de três quartos,
industrial, mas aconchegante, com vista para o centro de Charlotte.

Ele está parado no fogão, de calça de moletom cinza que mostra os


sulcos de sua bunda musculosa por baixo e uma camiseta azul marinho
lisa. Seu cabelo loiro está despenteado pelo sono, os fios mais longos
enfiados atrás das orelhas. O pequeno brinco na orelha esquerda é uma
pedra negra hoje, e me lembra de quando chupei o lóbulo há apenas uma
semana e meia.

Internamente, calo as partes da minha mente que estavam muito


conscientes ontem à noite de que esse pedaço sexy de homem estava
dormindo a poucos metros do corredor. Precisei me aconchegar no quarto
de hóspedes, enquanto Pax fechava a porta do quarto com um suspiro
decepcionado. Deixei a porta destrancada, esperando que ele entrasse no
meio da noite, mas também esperando que não entrasse.

Acontece que meus dois desejos foram atendidos. Não pretendia


dormir, não tinha nada além dos jeans e blusas casuais que usei aqui na
noite anterior. Quando acordei, de calcinha, havia uma camiseta e um
short na cadeira no canto do quarto de hóspedes. O que significava que
Pax havia entrado, mas ele honrou sua promessa de não me tocar.

As roupas estavam soltas em mim, mas era mais confortável do que


tomar café da manhã em jeans, e adorava o cheiro dele.

— Bom dia, — disse timidamente, sentindo-me deslocada na cozinha


dele.

BY CARRIE AARONS
Pax se vira e um sorriso brilhante pinta seu rosto. — Bom dia. Gosto
de você nas minhas roupas. — Seus olhos vagam pelo meu corpo e sinto
que ele me acendeu como um fósforo.

Arrasto meus pés. — Obrigada... o que você está fazendo?

Pax se move para a cafeteira, servindo-me uma caneca e a leva até


mim. — Sente-se, eu a servirei esta manhã. Ovos e bacon... não sou um
cozinheiro chique, mas acho que são muito bons.

— Cheira muito bem. — Não funciono realmente até engolir minha


primeira xícara, então começo a tomar café.

— Como você dormiu? — Ele olha por cima do ombro para mim,
mexendo nos ovos.

— Bem… obrigada por me convencer a ficar aqui. É bom acordar e


ver você. — Preciso fazer um esforço para me abrir para ele.

Nossa briga na cobertura tocou repetidamente na minha cabeça


enquanto observava o teto no escuro ontem à noite.

Pax caminha em uma missão, e se inclina para me beijar. Nós dois


ansiamos por isso, posso sentir na urgência do beijo. Ele segura meu
rosto e puxo os fios do seu cabelo. Precisava disso, uma afirmação de que
tudo ficaria bem entre nós. Ele estava certo, eu precisava deixar isso
passar. Necessitava nos dar um novo começo... e até Chelsea concordou
que se eu quisesse tentar, como ela queria dar uma facada em Paxton, eu
deveria dar o salto.

BY CARRIE AARONS
Eu me afasto, levando um minuto para sorrir para Pax.

— Você queria que eu tentasse ser mais aberta com você, e... vou
tentar. Começando agora. — Tomo um gole de café antes de começar. —
Acredito que cães vão para o céu. Acredito que o chocolate é tão bom
quanto qualquer droga. Acredito que os domingos devem ser passados na
cama, e que o lugar mais calmo do mundo é sentado em uma cadeira de
balanço, ouvindo o oceano depois do anoitecer. Acredito que o livro é
sempre melhor que o filme, que você deve abrir apenas um presente em
cada noite de Hanukkah, nada dessa bonança enorme de presentes de
uma noite. E acredito que todos têm direito a um grande erro em suas
vidas. E você... você já usou o seu. Então, por favor, não me machuque
novamente.

Ele assente. — Eu não vou. Prometo. Agora, quero ouvir mais, mas
acho que estou queimando nossos ovos, então farei uma pausa por apenas
um minuto.

Correndo para o fogão, ele termina de cozinhar nosso café da manhã


antes de trazer mais dois pratos.

— Isso é comida suficiente para alimentar cerca de seis pessoas… —


Olho para o meu prato.

— Estamos aprendendo um com o outro, então aprenda sobre mim.


Eu como cerca de quatro mil calorias por dia e sou um homem que adora
comida no café da manhã. Portanto, sempre lhe darei muito mais do que
você pode comer e provavelmente acabarei comendo do seu prato.

BY CARRIE AARONS
Rindo, eu como, porque aparentemente brigar e depois fazer as
pazes me deixa com um enorme apetite. Nós brincamos na mesa do café
da manhã, e não posso deixar de sentir que estou em um lugar bom em
que não estive em muitos anos. Estou feliz, mas mais do que isso... estou
contente. Totalmente confortável e satisfeita apenas sentada aqui, com
as roupas de Paxton, com ele, conversando e comendo bacon.

Quando terminamos e estou bebendo minha quarta xícara de café,


trago o assunto sobre o qual nunca falei com ninguém, além de meus
pais.

— Sei que mencionei que amo meu trabalho e amo ajudar famílias e
crianças carentes. Mas... acho que nunca mencionei o porquê comecei a
Wish Upon a Star — recomponho-me, respirando fundo.

Como se ele soubesse que isso é sério, Paxton não diz nada. Apenas
segura minhas mãos e se concentra em mim, permitindo que eu fale.

— Eu tinha um irmãozinho, Ezra. Ele era quatro anos mais novo


que eu, com o cabelo mais encaracolado e escuro que você já viu. Ele
adorava caminhões de brinquedo e era obcecado por trens...
costumávamos brincar que ele seria o maestro ou engenheiro mais jovem
do mundo. Quando tinha sete anos, ele faleceu, o mesmo tipo de câncer
que Ryan. Levou seu sorriso, sua energia, seu amor por todas as coisas
que eu costumava fazer com ele. Eu tinha apenas onze anos e não fazia
ideia de como lidar com esse tipo de perda. Durante muito tempo, não
conseguia ver outras crianças sem me emocionar... nós fizemos terapia
familiar até eu estar no ensino médio.

BY CARRIE AARONS
Pax move a cadeira para mais perto de mim, segurando minhas
mãos agora. — Demi, eu sinto muito. Não fazia ideia...

Sorrio, com lágrimas nos meus olhos. — Está tudo bem, e obrigada.
Ainda dói, até hoje. Mas tento... tento me lembrar dos bons tempos.
Mantenho a foto dele na minha mesa de cabeceira e seu rosto na minha
memória. E foi por isso que comecei minha empresa, para dar bons
momentos a famílias como a minha. Famílias que sofrem, que não
conseguem se lembrar da diversão que costumavam ter. Crianças que
sofrem, que podem não ter o tempo ou a energia que temos. Quero ajudá-
los e honrar Ezra. Essa é uma grande parte de mim, e quero que saiba
disso. Então... aí está.

Nunca falei sobre Ezra, exceto com minha mãe. E conversando com
alguém que viveu sua morte... era diferente. Mais emocional. Muitas
vezes, eu era uma muleta para ela, segurando-a enquanto ela desabafava
suas emoções e angústia. Falar sobre os bons tempos de sua vida, sobre
seus momentos felizes... parecia catártico. O sorriso que esticou minha
boca era genuíno e vertiginoso. Sentia muita falta dele, mas também era
muito agradecida por tê-lo como irmão.

— Obrigado. Obrigado por me dizer, por me informar assim. Acho


você tão corajosa e incrível para devolver a essas famílias um pouco de
esperança. O fato de poder assistir essas crianças passarem pelo que seu
irmão passou... não sei se poderia ser tão forte.

Pax me puxa para seu colo e me enrolo nele, aproveitando o calor do


abraço. Ele descansa o queixo em cima da minha cabeça e ouvimos os
sons da cidade do lado de fora da janela.

BY CARRIE AARONS
Acho que nunca estive num momento mais perfeito.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E SETE

Demi

— Então eu disse para a garota fazendo minha manicure, eu gosto


delas arredondadas, não quadradas! — Um monte de garotas ri ao redor
da mulher contando sua história, como se fosse a coisa mais absurda que
já ouviram.

Reviro os olhos, percebendo que talvez essa seção não seja tudo o que
dizem.

Pela primeira vez na minha vida, desde que conheci Paxton Shaw,
estou oficialmente sentada na seção de esposas e namoradas. Um clube
exclusivo, as mulheres bem cuidadas, bonitas e tingidas que atraíram e
viciaram atletas profissionais, os seus diamantes e óculos de sol de grife
são uma prova disso.

Não sabia que não era legal usar o número do seu jogador, ou
qualquer tipo de equipamento para assistir ao jogo, e aqui estou. Em uma
camiseta e jeans dos Cheetahs, com meus tênis de lona brancos favoritos.
A maioria dessas mulheres está de calça de couro, salto ou algum tipo de
blusa decotada. Sinto-me uma estranha, mas estou tão feliz por ter Pax
me pedir para sentar aqui para ele hoje que estou sorrindo e aguentando.

BY CARRIE AARONS
— Não ouça essas bruxas. Nós as chamamos de WAGS.26 — Uma
ruiva bonita senta ao meu lado, seu traje mais casual do que o grupo à
minha frente.

— Oh, você não é a esposa de um jogador? — Pensei que esta seção


fosse apenas para família.

— Sou sim. Número oitenta e sete, Charles West, esse é o meu


homem! — Ela balança os braços e assobia entre os dedos. Algumas das
outras garotas se viram para olhar para ela com desdém nos olhos. —
Mas eu sou uma esposa. Dedicada à carreira do meu marido, ajudando-o
a crescer, além de criar nossa família e ser uma mulher independente.
Essas... essas são WAGS. Garotas que só querem o título e o dinheiro de
namorar um atleta profissional.

— Ah, entendi. — Dou um suspiro de alívio que talvez houvesse


algumas mulheres normais sentadas comigo aqui. — Sou Demi... estou
aqui para, ou acho que com, não sei. Mas hum... Paxton Shaw. Ele é
quem eu vim assistir.

Ela estende a mão para eu apertar. — Hillary, prazer em conhecê-la.


Posso dizer que você definitivamente não é uma WAG. Fique conosco,
você ficará bem.

Hillary aponta para duas garotas sentadas ao lado dela e elas se


apresentam como Willow e Nicole. Aceno, sentindo-me um pouco mais
confortável do que antes.

26 WAGs é um acrónimo usado para referir a esposas e namoradas de esportistas em geral.

BY CARRIE AARONS
— Então, vocês são casadas com jogadores? — Pergunto, tentando
descobrir um pouco mais sobre as mulheres com quem provavelmente
passarei algum tempo no próximo ano.

— Sim. Willow se casou com Bradley, ele está na linha defensiva, há


um ano. E Nicole está com Jacob, o quarterback reserva, há cerca de sete
anos. E eu... Charles e eu somos namorados desde o ensino médio. Quase
treze anos juntos, mas apenas nos casamos há oito anos.

— Uau. — Não conseguia imaginar estar com alguém por tanto


tempo, mas parecia bom.

— E você? Pax acabou de assinar aqui; você se mudou com ele?

Não há julgamento nos amáveis olhos castanhos de Hillary, apenas


curiosidade. Coço minha cabeça.

— Hum, não... nós meio que nos conhecíamos na faculdade, estive


em Charlotte desde então. Quando ele voltou, começamos a nos ver
novamente. Estamos namorando há cerca de dois meses.

Willow se inclina. — Espere um minuto, você é Demi Rosen... você


organizou aquele dia de desejo para o menino com câncer há alguns
meses. Eu te conheço! Você é a CEO da Wish Upon a Star! — Sua voz
aumenta de tom e o bando de WAGS olha para trás, estudando-me pela
primeira vez.

Eu coro porque realmente não gosto de ser o centro das atenções. —


Hum, sim...

BY CARRIE AARONS
— Oh, garota, você faz a obra de Deus. Sério, eu me curvo para você.
O que você faz por essas famílias é tão incrível. — Hillary toca meu braço
e não consigo parar de corar.

Não faço o que faço pelo reconhecimento, é estranho para mim


quando sou elogiada por isso. — Bem, nós apenas fazemos isso pelas
crianças, só isso.

Nicole e Willow sorriem para mim, e Hillary continua tagarelando,


passando para o próximo assunto.

O jogo é intenso, especialmente a partir dos grandes assentos que


são designados como a seção da família. Pax marca dois touchdowns,
apontando para mim nas duas vezes em que chega à end zone. Não posso
deixar de corar quando Hillary me cutuca com o cotovelo. No final, eles
vencem, elevando seu recorde para nove e um.

Após o jogo, as meninas me levam para esperar com elas em uma


sala com grande variedade de comida, um bar totalmente abastecido e
dezenas de pessoas esperando os jogadores saírem do vestiário. As
crianças correm, brincando enquanto suas mães bebem vinho ou
conversam com funcionários do estádio ou da recepção.

E, finalmente, grandes homens corpulentos em trajes impecáveis


começam a surgir. Um após o outro, recebido por crianças gritando ou
esposas felizes, beijando e abraçando.

Paxton caminha em direção ao meio da multidão, com o cabelo ainda


úmido e enrolando no pescoço. O restolho loiro escuro no queixo tem

BY CARRIE AARONS
algumas gotículas de água errantes e seu terno cinza realça seus olhos
verdes. Quero babar ou pular sobre ele, mas evito os dois. Em vez disso,
dou-lhe um aceno tímido e espero que ele venha até mim.

Mas ele não vem, ele corre. Direto para mim, até estar na minha
frente, me pegando na cintura e segurando a parte de trás do meu
pescoço para que eu seja forçada a beijá-lo. A união de nossas bocas envia
ondas de choque diretamente para o meu âmago e, se não estivéssemos
numa sala cheia de pessoas e crianças, começaria a despi-lo aqui.

Dois uivos de lobo me tiram da minha neblina de luxúria de Paxton,


e bato no ombro dele, sinalizando para ele me soltar.

As pessoas ainda estão batendo palmas e olhando, e enterro minha


cabeça no peito dele. — Você é demais.

— Desculpe, nunca tive uma mulher esperando na sala da família


por mim. Parece muito bom... especialmente porque é você quem está me
esperando.

— Então, você pode finalmente me chamar de sua namorada, hein?

Penso na hora em uma aposta, que me machucou tanto quando


descobri. Ele não diria isso naquela época, mas estava dizendo agora. Eu
precisava me concentrar nisso.

— Você é, querida. E eu sou seu namorado. Ei, gosto de como isso


soa. — Pax me beija novamente. — Você se divertiu?

BY CARRIE AARONS
Aceno enquanto Paxton enfia os dedos entre os da minha mão
esquerda e me puxa para a fila de comida. Se o café da manhã da semana
passada era alguma indicação, ele deveria estar absolutamente faminto
após gastar tanta energia durante o jogo.

— Eu me diverti. Conheci algumas esposas muito legais. Hillary


West. Ela é muito pé no chão; gentil. — Olho pela sala, vendo Hillary
enquanto ela dá um beijo no homem que deve ser Charles.

— Foi o que ouvi... bom, estou feliz que você conheceu alguém com
quem pode conversar, já que quero você em todos os jogos a partir de
agora. Você é meu amuleto da sorte. — Pax empilha frango, purê de
batatas, salada e muito mais em um prato.

— Paxton, você joga na liga há oito anos, eu não sei muito, mas sei
que você tem um anel, ou talvez mais. Não sou seu amuleto da sorte. —
Coloco minhas mãos nos quadris.

Ele nos leva a uma mesa, largando o prato e me beijando no nariz.


— Sim você é. Sem discussão. Estou com tanta fome que poderia
desmaiar.

— Você é louco... isso é comida suficiente para alimentar toda a


equipe. — Reviro os olhos, tirando uma batata frita do prato e colocando
na boca.

Pax sorri. — É por isso que há outra sala de jantar. Você não achou
que essa era a única comida, certo? Morreríamos todos!

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E OITO

Paxton

Durante a infância, sempre comemorei o Natal. Meus pais nunca


foram devotamente religiosos, inferno, nunca fomos realmente à igreja.
Mas todo dia vinte e cinco de dezembro nós tínhamos uma árvore em
nossa sala de estar e deixávamos biscoitos para o Papai Noel.

Nunca fiz parte de uma família que acreditasse em algo sagrado,


apenas a tradicional família Toys “R” Us27, que viu a jogada de
marketing do feriado e não o significado real. Não estou dizendo que
nossas tradições eram ruins ou que me faltava alguma coisa, mas estar
perto da família de Demi durante o Hanukkah foi uma experiência
totalmente diferente.

Aaron usava o seu yarmulke28 e abria seu livro de orações. Sarah


colocava muita comida nos pratos, mesmo sendo apenas nós quatro. Sopa
de bola de Matzo29, brisket30, gefilte fish, kugel31, latkes32, e muito mais

27 A Toys "R" Us é uma empresa norte-americana de tinha várias lojas de brinquedos.

28 Yarmulke ou Kipá, gorro sem abas usado pelos homens judeus.

29 Brisket, Bolinhas feita de farinha de Matzá, servidas em canja de galinha.

BY CARRIE AARONS
comidas tradicionais. Demi coloca os cálices especiais de Hanukkah em
cima da mesa para bebermos, velas acesas por toda parte com a bela
menorah33 de ouro no meio da mesa.

— Esta noite, nos reunimos para esse banquete para comemorar a


primeira noite de Hanukkah. Para celebrar a situação de nosso povo e
lembrar tudo o que é ser da fé judaica, — começa Aaron, passando pelas
orações de memória enquanto sorri ao redor da mesa.

Posso sentir a energia da crença deles na sala e estou honrado por


eles me deixarem participar. Na verdade, há uma diferença real em ter
um feriado que é mais sobre o lado espiritual das coisas e não apenas um
enorme desembrulhar de presentes.

As orações que recitavam, de mãos dadas e cantando, eram


complexas e me deixaram um pouco hipnotizado. Não conseguia entender
nada, mas com o ambiente e a recitação eu podia sentir o amor e a fé
circulando pela sala.

Quando terminaram e Aaron abençoou a refeição para comer e


cortar o pão de challah, Demi se virou para mim.

30 Brisket, pedaço de peito bovino, cebola, batata, cenoura e líquido de cozimento.

31 Kugel, pudim assado ou caçarola, feito de macarrão de ovo.

32 Latkes, panqueca de batata ralada.

33 Menorh, candelabro de sete braços, símbolo do Judaísmo.

BY CARRIE AARONS
— Então, o que você achou da sua primeira noite de Hanukkah?—
Ela estava linda, com o cabelo afastado do rosto, os olhos grandes
brilhando intensamente.

— Achei incrível. — Aperto a mão dela debaixo da mesa.

— Você não precisa mentir para impressionar minha filha, Paxton.


— Aaron fala de onde estava sentado à minha frente.

Agora eu entendia o porquê todos aqueles adolescentes ficavam com


medo de que os pais de suas namoradas atirassem neles com uma
espingarda na varanda da frente. Porque eu tinha a sensação de que se
Demi virasse as costas, Aaron faria o mesmo comigo. Olhei para baixo
para ver se talvez ele estivesse escondendo a espingarda debaixo da
mesa.

— Não, senhor, e falo sério. Sarah, este Brisket é delicioso. — Talvez


se eu enchesse minha boca de comida durante toda a refeição, ele não
cortaria meus dedos por tocar sua filha.

— Oh, obrigada, querido. Coma, coma, pessoal — incentiva, e isso


me lembra de minha mãe.

É bom passar férias com a família pela primeira vez em muito


tempo.

Normalmente meu irmão, Dylan, e eu celebramos o natal três dias


atrasados por causa da minha agenda de futebol. Comemos comida
congelada e bebemos garrafas de cerveja, dando um ao outro um único

BY CARRIE AARONS
presente. Era bastante deprimente, nós dois sentindo tanta falta dos
nossos pais que ofuscava o dia.

— Obrigado por me deixar estar aqui. É bom passar o feriado em


família. — Aperto a mão de Demi novamente.

Todos olham para mim e os olhos de Sarah ficam enevoados. — Bem,


obrigada por estar aqui. Faz muito tempo desde que somos uma unidade
familiar completa e estou feliz que você faça Demi feliz.

Aaron não tinha um comentário sarcástico sobre isso e contei como


um ponto para mim.

— Oh, mãe, comecei a ler o novo livro de Nora Roberts, é tão bom! —
Demi bebe um pouco de seu vinho e olha para Sarah.

— Tenho que comprá-lo no meu Kindle, mas estava lendo alguns


comentários na Amazon e eles são maravilhosos. Que Nora apenas sabe
escrevê-los. — A mãe dela corta um pouco de aspargos.

— Pessoalmente, não vejo como vocês duas leem essa porcaria brega.
Dan Brown é o melhor escritor desta geração. — Aaron balança a cabeça.

Interrompo, sem pensar antes de abrir minha boca. — Isso é


discutível. Ele é bom, mas prefiro Douglas E. Richards.

Estou muito ocupado cortando minha comida para perceber o


silêncio, mas quando levanto meus olhos, todos estão olhando para mim.

— Você lê ficção científica? — Aaron olha boquiaberto para mim.

BY CARRIE AARONS
— Não sabia que você... gostava de livros. — Demi praticamente
brinca.

Sorrio, provocando-os. — Oh, e daí? O atleta não pode gostar de ler?


Esse é um estereótipo ruim, pessoal.

Sarah gargalha. — Oh, querido, você é uma coisa de outro mundo.


Uma agradável surpresa em cada esquina! Bom, isso é ótimo. Podemos
começar um clube do livro então.

Aaron entra na conversa. — Eu amo Richards... ele é um dos meus


autores favoritos. Qual é o seu livro favorito?

Mentalmente agradeço por ser um nerd de ficção científica, porque


está me ajudando a marcar pontos com meu futuro sogro. E sim, futuro
sogro. Eu era arrogante o suficiente para acreditar que isso se tornaria
realidade.

— Guerra da mente. Mas todos são bons.

Aaron inicia uma conversa comigo sobre seus romances e Sarah e


Demi começam a falar sobre um programa na Netflix baseado na
monarquia britânica.

Era uma noite de família, com um pouco de vinho demais e de nos


conhecermos em um nível mais profundo. Sarah trouxe a sobremesa e
colocou moedas de chocolate douradas chamadas gelt no meu prato e no
de Demi. Aparentemente, era uma tradição dar isso às crianças para lhes
trazer sorte e boa fortuna.

BY CARRIE AARONS
Quando Demi e eu dissemos boa noite, senti como se estivesse
realmente sendo aceito. E enquanto ela segurava minha mão no carro,
senti o peso daquela moeda de chocolate no bolso.

Eu já tinha toda a sorte e boa fortuna que precisava.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Demi

Estamos deitados no sofá, o sol se pondo do lado de fora, com Maya


enrolada sob nossos pés.

— Por que você assiste a esse programa estúpido novamente? — Pax


está aconchegado em mim, meu corpo acolhendo-o.

— Porque eu amo o amor. E é um drama irracional e às vezes uma


garota só precisa de seu prazer culpado. Agora se cale ou você não pode
ficar aqui e assistir. — Volto minha atenção para a TV, vendo vinte e
cinco mulheres disputando a atenção de um homem.

— Pelo menos seus seios são travesseiros gostosos. — O grande


homem que ocupa meu sofá se aconchega ainda mais, fazendo-me rir.

Se alguém estivesse observando agora, riria de como esse jogador de


futebol enorme é realmente manhoso.

Assim passamos o último mês. Paxton quase foi morar comigo,


levando Maya para uma corrida matinal logo depois que saio da
garagem, eles tentando correr comigo até o final da rua antes que meu

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carro vire à esquerda em direção à cidade. Cozinho o jantar e sento com
as esposas nos jogos de domingo. Ele arruma o lado certo da cama, por
insistência minha, e aprendi a não deixar a pasta de dente no balcão
porque isso o deixa maluco.

Não sei quando caímos nessa rotina, neste conto de fadas


suburbano... mas estou no céu. Loucamente apaixonada. Não disse isso a
ele; estou com tanto medo de dizer as três palavras que praticamente
pulo da minha pele toda vez que penso nisso.

No mês passado, misturamos nossas vidas... e de alguma forma, as


tornamos ainda melhores. Nos demos a chance de ser um casal, uma
chance real de um relacionamento.

O cara na TV pergunta a uma das garotas sobre relacionamentos


passados e acende uma lâmpada no meu cérebro. Eles estão falando de
ex, e você pode dizer que o cara não faz nada além de checar os seios dela
enquanto ela fala sobre um relacionamento de cinco anos que acabou de
sair antes de aparecer no programa.

Alerta vermelho, amigo.

Viro para Pax, às vezes odiando o drama brega deste programa. —


Então, você sabe da minha história enquanto estávamos separados.
Noivado arruinado e tudo isso. E quanto a você? Você não pode me dizer
que não havia mulheres em sua vida.

Quando estávamos... o que quer que fôssemos na faculdade, eu


costumava me torturar. Perseguir sua página no Facebook para ver com

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quem ele estava saindo e se alguma garota o marcou em uma foto. Não
posso deixar de fazer isso agora, imaginando se ele tinha algum
relacionamento sério na época em que eu não o conhecia.

Pax bagunça meu cabelo, aconchegando-se mais perto. — Oh não,


não vamos lá.

— O que? — Eu rio. — Não vou te julgar. Eu não ligo. Não me


importo com isso.

— Ah, sim, você se importa. E isso não importa, tudo está no


passado. Apenas para frente, lembra?

Esfrego-me contra ele de uma maneira felina, tentando tirar


informações sexuais dele. — Oh, eu sei. Mas sério, não havia ninguém
especial?

Pax suspira, deslizando os dedos até as pontas do meu cabelo. É


uma distração e é bom, e ele sabe o que está fazendo.

— Não importa se houve cem mulheres no meu passado. Eu só


estive apaixonado por uma. Você. Eu te amo, Demi. Estou apaixonado
por você. — Pax diz isso com naturalidade, como se ainda estivéssemos
conversando de brincadeira, brincando um com o outro.

Estou atordoada, meus dedos parando na metade do movimento


para alcançar o braço dele. — Esperei muito tempo para ouvir você dizer
isso.

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Ele olha para cima, seus olhos azuis claro aumentando minha
paralisia. — Me desculpe por demorar tanto. Acho que você estava anos-
luz à minha frente em maturidade. Sei que você também me ama.

Afasto meus braços dele, reajustando para que possamos olhar-nos,


cara a cara. — Sim, eu amo. É por isso que admito estar apaixonada por
você há dez anos. Mesmo quando você não me amava, mesmo quando nos
afastamos. Posso admitir isso sem vergonha, porque eles eram e são
meus verdadeiros sentimentos. Demorou muito para chegar a este lugar,
mas... estou apaixonada por você, Pax. E não tenho mais medo disso.

Ele segura meu rosto. — Você não precisa ter medo. Não vou a lugar
nenhum. Eu te amo, Demi.

Uma das mulheres do programa nos interrompe, confessando


dramaticamente quão loucamente apaixonada está por esse cara depois
de apenas uma semana de conhecê-lo.

— Veja, precisamos aprender com eles. Pare de perder tanto tempo,


apenas admita que ama depois de uma semana de namoro e então se
case após oito semanas. — Pax mostra a língua para mim, apagando a
tensão do momento.

Tudo foi dito agora, nós dois admitimos e é como se um peso fosse
tirado. Sei que ele corresponde os sentimentos que tenho há tanto tempo.

Meu coração dispara, no entanto, quando ele diz a palavra casar.


Não falamos muito sobre o futuro, apenas focamos no presente.

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Dizer essas três grandes palavras é o máximo que nos
comprometemos com um futuro de longo prazo, mas não posso mentir e
dizer que não fantasiei em caminhar até o altar para Pax.

Não posso mentir e dizer que não sonho com o dia do meu casamento
desde pequena. Como será o vestido, qual música nós vamos dançar. E
por dez anos sonhei que seria Paxton Shaw quem diria Aceito para mim.

— Bem, estamos muito atrasados, é melhor você começar, — brinco,


aconchegando-me nele antes que ele possa se enroscar em mim
novamente.

— Ah, eu pretendo. — Pax beija o topo da minha cabeça.

E meu coração vibra.

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CAPÍTULO TRINTA

Paxton

Pode ser um clichê, mas realmente não há lugar como o lar.

Depois que meus pais morreram, eu já ganhava muito dinheiro, um


salário profissional de futebol com 22 anos de idade, e não possuía
restrições nem responsabilidades. Eu tinha consciência o suficiente
naquela época, graças a Deus, para saber que meus pais gostariam que
meu irmão e eu passássemos as férias na casa em que crescemos. Então
continuei pagando a hipoteca até que ela estivesse quitada e pudéssemos
voltar para visitá-la sempre que possível.

Dylan, meu irmão, morava em nossa casa de infância nos subúrbios


de Rhode Island nos verões, seu trabalho de engenharia técnica permitia
que trabalhasse em quase qualquer lugar que quisesse.

E como era uma semana livre, eu decidi trazer Demi para cá,
mostrar a ela como era o tempo frio.

— Neve! — Disse ela com uma admiração infantil, como se nunca a


tivesse visto.

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— Sim, esse material branco e úmido está dificultando a condução.
Vem do céu, — brinco enquanto tento dirigir minha caminhonete pela
estrada molhada, meus pneus derrapando com cada puxão da roda.

Demi zomba. — Não nasci ontem, Pax. Nunca neva em Charlotte,


faz anos desde que tive que usar um casaco.

Claro, ela me arrastou para o shopping no minuto em que a convidei


para vir aqui no meu fim de semana livre. Uma coisa que aprendi sobre
Demi era que amava um conjunto, e não posso dizer que não foi divertido
vê-la escolher um. Discutimos se ela precisaria ou não de uma parka
grande e máscara de esqui; eu disse que íamos para o Nordeste, não para
o Polo Norte. Ela ficou encantada em escolher um novo par de botas Ugg,
uma jaqueta North Face e luvas que lhe permitiam ainda usar seu
smartphone. Ela estava conectada a toda a equipe e percebi que, para
ela, o trabalho nunca realmente parava.

Meu presente, um dos muitos que planejei surpreendê-la neste fim


de semana, foi uma boina de inverno de cor creme com um pompom no
topo. Demi gritou quando a abriu, batendo palmas com fofura.

— Conte-me sobre a boina novamente? — pergunta ela agora,


tocando a bola no topo.

Olho para ela, admirando seu perfil deslumbrante e depois voltando


meus olhos para a estrada. — É de uma marca chamada Love Your
Melon, cinquenta por cento de seus chapéus e roupas vendidos vão para o
combate ao câncer pediátrico.

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Demi suspira. — Amei isso, obrigada por comprar para mim. Você
sabe quão especial essa luta é para mim.

Aceno, apertando seu joelho. — Eu sei. Agora, novamente, por que


decidimos viajar mesmo?

— Porque viagens são divertidas, planejei atividades e agora


estamos quase lá. Não me diga que você não se divertiu no aquário de
Baltimore ou que os sanduíches no Harold's Deli não eram de morrer.

Ok, ela estava certa... aqueles sanduíches estavam deliciosos. Ela


me convenceu, quando discutimos pela primeira vez em fazer a viagem a
Rhode Island, de que deveríamos dirigir em vez de voar. Aparentemente,
minha linda CEO não era fã de aviões, e eu era grande o bastante para
ceder aos desejos dela. Além disso, ela fez parecer divertido. E foi, mas
era muito tempo dirigindo e minhas costas estavam começando a doer e
minha bunda adormeceu sessenta e cinco quilômetros atrás.

— Mas essa última parte é muito longa, preciso de algo para me


ocupar. E se você tocar mais uma música de Dave Matthews eu vou
gritar.

Seu amor pelo roqueiro sombrio era um pouco irritante.

— Tudo bem, o que você gostaria de ouvir? — ela bufa e eu sorrio


porque parecemos um velho casal. Que é o que pretendo que sejamos.

— Leia algo para mim. Curiosidades esportivas, sim, isso me


manterá acordado e alerta.

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Demi ri. — Você só quer me impressionar com seu vasto
conhecimento de homens que jogam bolas.

— Vou te mostrar como brincar com bolas. — Pisco e levanto minhas


sobrancelhas para ela.

Durante a próxima hora e meia, Demi lê trivialidades esportivas


para mim, as quais acerto todas as perguntas. Mas eu estava certo, isso
me mantém alerta, e eu saio da estrada, entrando nas ruas de Wickford
com um suspiro contente.

Percorremos a cidade, e aponto alguns dos meus marcos favoritos


para Demi. O campo do ensino médio onde me apaixonei pelo futebol. A
biblioteca em que minha mãe costumava ser voluntária. O Applebee’s
que meus amigos e eu costumávamos passear toda sexta-feira à noite,
tentando parecer legais e comer aperitivos pela metade do preço.

E então finalmente entramos na entrada da minha casa de infância.

— Lar doce lar. — Tiro o cinto de segurança, inclinando-me para


provar os lábios de Demi.

— Eu estava esperando para fazer isso durante todo esse passeio de


carro.

Ela sorri, e começamos a tirar as malas, esvaziando o carro da


bagagem. Destrancando a porta da frente, respiro o cheiro dos meus pais.

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Mesmo cinco anos depois, ainda permanece em todas as fibras da
casa.

Paro no tapete da frente, deixando a sensação de casa afundar nos


meus ossos. É agridoce estar aqui sem eles, mas também lembrar todas
as boas lembranças que tínhamos aqui.

Demi entra e fica ao meu lado, percebendo o presente colocado na


nossa frente.

— O que é isso? — aponta Demi para a foto na moldura, um arco no


canto.

Abaixo nossas malas e envio um agradecimento silencioso a Dylan


por colocar isso aqui para que ela pudesse ver quando entrássemos.

— Dê uma olhada. — Começo a abrir minha jaqueta e a tiro,


movendo-me para o armário do corredor. Minha mãe teria gritado se eu
não guardasse meu casaco imediatamente.

Demi caminha para o banco no corredor, o mesmo que existe desde


que eu era menino. Ela se abaixa, lendo as palavras da obra de arte. É
um fundo azul da meia-noite em uma moldura caiada de branco, com um
grande círculo no meio composto de uma formação de estrelas.

— Oh meu Deus... Pax… — sua mão se move para a boca quando


percebe o que é.

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— É a formação exata de estrelas no céu noturno no dia em que
entrei no seu escritório há alguns meses. Encontrei-o através de uma
empresa que os faz para qualquer data que você tenha em mente. Eu
queria comemorar a primeira vez que te vi novamente e soube pelo que
estive lutando durante todos esses anos. E você me disse naquela
primeira semana que todas as crianças com quem trabalhou lembram
estrelas que poderiam perder o brilho aqui na terra, mas elas nos
observavam de cima. Gosto de pensar que todas aquelas estrelas no céu
naquele dia me levaram direto para você.

Ela se vira para mim, lágrimas caindo por suas bochechas. — Essa é
a coisa mais incrível que alguém já me deu, Pax...

Demi se move rapidamente em minha direção, e eu a pego,


moldando nossos corpos juntos. — Eu te amo.

— Eu também te amo, — murmura ela no meu suéter. Recuando,


ela ri. — Você fez de mim uma bagunça. Estou toda emotiva agora.

— Você acreditaria que esperava que pudesse fazer você chorar?


Mas apenas boas lágrimas? — Beijo suas bochechas molhadas.

— Sim, eu acreditaria nisso. Seu charme se supera novamente. —


Ela revira os olhos.

— Vamos, vamos tirar você desse casaco. E talvez essas roupas.

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Meu sangue esquenta, porque estive preso em um carro há muito
tempo e preciso esticar minhas pernas. Ou meu corpo. De preferência no
dela.

— Seu irmão não estará aqui em breve? — Ela olha ansiosamente


em volta.

— Provavelmente, mas quem se importa? Ele sabe que não deve me


atrapalhar.

E com isso, eu a pego e a coloco por cima do ombro, indo para as


escadas e até o meu quarto de infância.

— Paxton! — Ela dá um tapa na minha bunda, mas a ouço rir.

Sim, ela definitivamente não se importará se meu irmão nos


encontrar no meio da hula horizontal.

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CAPÍTULO TRINTA E UM

Demi

Estar hospedada na casa de infância de Paxton é como ser convidada


para uma parte da vida dele que tenho vontade de conhecer há muito,
muito tempo.

Essa casa colonial branca com grandes carvalhos ladeando a frente e


um balanço de corda amarrado a um dos galhos grossos era algo saído de
um filme.

Era pitoresca, aninhada em uma rua na pequena cidade em que Pax


e seu irmão cresceram.

Fotos da família penduradas em todas as paredes, com velhos sofás


adoráveis posicionados em frente a uma lareira aconchegante na sala de
estar. Durante anos, quando estávamos saindo, eu queria saber o
máximo possível sobre a família Shaw. Queria ser apresentada, ouvir as
histórias de sua mãe sobre quando Pax era menino, dirigir até aqui nas
férias e fazer parte delas.

Estar nessa casa era como ganhar um tesouro de perguntas não


respondidas que sempre me fiz. Mas também era agridoce, porque eu

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estava aqui depois que seus pais partiram. Parte de mim ficou um pouco
azeda por ele demorar tanto tempo para perceber que poderíamos estar
juntos, porque ele perdeu tempo e, ao fazê-lo, nunca me aproximei dos
seus pais.

Ao mesmo tempo, sabia que ele tinha alguns desses mesmos


pensamentos, e não queria sobrecarregá-lo com minha pequena
quantidade de raiva.

Nos últimos dois dias, eu conheci e passei um tempo com Dylan,


irmão de Pax. Ele era mais quieto que o irmão, mas, assim como Pax,
também tinha uma personalidade encantadora. Era como se quanto mais
silencioso ele fosse, mais você queria tentar fazê-lo sorrir. E onde Pax era
loiro, Dylan tinha cabelos quase pretos e olhos escuros e tempestuosos.

Hoje, nós três passamos o dia no lago meio congelado perto da casa e
eles tentaram me ensinar a pescar. Após tentar por meia hora, sem
mordidas e sem realmente entender o objetivo da coisa toda, peguei meu
livro e li. Foi divertido e, embora não tenhamos falado muito, era o
companheirismo que igualava a união.

E agora estávamos lá dentro, o fogo rugindo na sala, enquanto Pax e


eu limpávamos a louça do jantar.

— Dylan realmente não precisava ficar em um hotel.

Senti-me mal por ele ter saído, dando a Pax e eu algum tempo a sós.
Embora fosse meio legal imaginar como seria se morássemos nessa casa
grande, a enchêssemos de crianças, envelhecêssemos juntos…

BY CARRIE AARONS
A voz de Pax me tira do meu sonho. — Ele está feliz em fazer isso,
querida... honestamente, acho que ele está saindo com alguma das nossas
velhas amigas do ensino médio que ainda mora aqui e queria um lugar
privado para ir.

— Ele namora muito? — Perguntava-me se Dylan tinha a mesma


história com as mulheres que seu irmão.

Pax encolhe os ombros. — Honestamente, nunca conversamos muito


sobre garotas, não sei o motivo. Embora ele tenha me dito anteriormente
que realmente gosta de você. E que se eu estragar tudo, ele cortará
minhas bolas. Então, obrigado, acho que meu irmão gosta mais de você
do que de mim.

— Como deveria. — Pisco, secando uma tigela.

Pax limpa as mãos, a espuma escorrendo para a pia enquanto me


entrega a última peça de prata para secar. Insisti em limpar na maneira
antiquada, algo sobre isso parecia certo neste ambiente caseiro e coberto
de neve.

— Acho que chega com a limpeza de pratos. — Ele me abraça por


trás, as mãos serpenteando na minha cintura e os dedos puxando a
cintura da minha legging.

— Você é incorrigível. — Eu rio, porque tudo o que fizemos nos


últimos dois dias, quando não estávamos com Dylan, foi fazer amor. Não
que esteja reclamando, ser íntima de Pax novamente é como morder uma
casquinha de sorvete de chocolate depois de oito anos sem sorvete.

BY CARRIE AARONS
— E? Qual é o seu ponto? Tome isso como um elogio, de que não me
canso de você. Você me deixa louco, Demi. — Ele rosna no meu pescoço,
seus dentes afundando na pele macia.

Não posso evitar o gemido que escapa dos meus lábios e guardo o
último item da cozinha antes de quebrar alguma coisa.

— Como você me quer? — Quero ouvi-lo detalhar todas as coisas


sujas que fará. Pax sempre foi particularmente habilidoso quando se
trata de conversa suja.

E esta noite eu não quero devagar e sensual.

— Como você me quer? — Ele inverte os papéis.

Paro, imaginando se posso revelar o que sonhei por tanto tempo.


Nunca tive coragem de tentar com mais ninguém... não sei porquê. Não
sei por que tenho tanta vergonha de sexo, exceto com Pax. Talvez ele
apenas traga à tona o lado de mim que se sente confortável em expressar
o que me excita.

— Bem, existe essa fantasia, ou na verdade já fizemos, na qual


pensei muitas vezes ao longo dos anos. — Suspiro quando seus lábios
atingem meu pescoço e envolvo minhas pernas mais firmemente em
torno de sua cintura.

A borda fria do balcão penetra nas minhas pernas e é um contraste


cintilante com a maneira como meu núcleo está absolutamente
queimando.

BY CARRIE AARONS
— E como ela é?

Coro, mesmo que ele não consiga ver, porque pensar em nossos anos
de juventude me deixa louca de luxúria. Éramos animais, sempre
atraídos um pelo outro.

— Lembra da noite da festa de Halloween na casa de lacrosse fora


do campus? Eles fizeram aquelas doses de gelatina com Everclear e todos
continuaram tentando pular do telhado para a piscina?

Foi uma noite selvagem e nebulosa em minha memória. Mas,


senhor, eu me lembro de voltar para o quarto de Pax.

— Oh merda, sim... meu amigo Bobby quase quebrou o pescoço


fazendo isso. — Ele levanta a cabeça e ri, e posso ver que ele foi
transportado para aquela noite.

— Você se lembra do que fizemos naquela noite, no seu quarto? —


Meu sorriso é diabólico, os meus mamilos formigando com a memória.

Posso ver as engrenagens trabalhando no cérebro de Pax, então vejo


o instante em que todas clicam. — Porra... aquilo foi incrível. Porra, eu
esqueci isso.

Aceno, sabendo que ele está pensando no que estou pensando. — O


que você diz de tentarmos, pelos velhos tempos?

BY CARRIE AARONS
Pax desliza as mãos dentro da minha camiseta de manga comprida,
me fazendo tremer de necessidade. — Não sou o garoto que costumava
ser, querida. Sou um homem velho agora, e se eu quebrar um quadril?

Rio dele. — Acho que testamos os limites desses quadris


recentemente e acho que você ficará bem.

Suas mãos viajam para cima, encontrando o caminho para os meus


seios nus, e ele rola cada mamilo entre os dedos. — Você é gostosa para
caralho.

Os lábios vêm para mim com força total e acho que o convenci,
porque atacamos um ao outro no balcão da cozinha antes que eu perceba.

O calor percorre minha coluna, atravessa a carne das minhas coxas,


queimando minhas bochechas. De repente, minhas roupas parecem
muito restritivas, estão me escaldando e preciso me livrar delas.

Não sei quem começa a se despir, mas em tempo recorde, tiramos


todas as roupas e acho que Pax rasga minha calcinha no processo. Quem
se importa. Minha cabeça está girando, tudo em que posso focar é a bola
de necessidade se acumulando no meu núcleo. Ele está em todo lugar,
mordendo meu pescoço, chupando meus mamilos formigando, inclinando
no balcão, os joelhos batendo no chão de madeira enquanto ele abre
minhas coxas ao redor da cabeça.

— Oh merda! — Bato no balcão, nem mesmo envergonhada pela


maldição que acabou de deixar meus lábios.

BY CARRIE AARONS
Ele está me comendo viva, seus dentes raspando contra o meu
clitóris inchado e quase me enviando ao limite. Vejo sua mão direita
desaparecer e seus músculos começam a trabalhar. Sei que ele está se
masturbando enquanto se deleita com meu corpo, e é tão sexy que meu
orgasmo me invade antes que eu possa respirar fundo.

Eu me contorço, segurando a borda do balcão para ficar erguida e


não cair e me machucar. Meu clímax é total, deixando minha visão
embaçada enquanto todos os membros cantam com êxtase.

Mal estou consciente quando Pax se levanta, me agarra e se move


para a parede. Instintivamente, minhas pernas envolvem sua cintura e
pressiono meus lábios em seu pescoço, aguardando a invasão.

Ele vem com uma queimadura e dois gemidos de prazer, ecoando


pela casa escura e silenciosa.

Pax não é gentil. Ele me empala contra aquela parede, o mesmo


sentimento que senti todos aqueles anos atrás percorre meu corpo. Ele
sussurra no meu ouvido enquanto me fode, e é isso, porra.

— Sua boceta parece um maldito torno.

Grita para mim, querida.

Quem é o único que sabe te foder?

E enquanto fala sujo comigo, ele agarra meu pescoço, me encarando.

É luxúria, mas também é amor.

BY CARRIE AARONS
E Paxton é o único homem pelo qual sentirei ambos.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Demi

— Querida, por que você não muda a cor da tinta daqui? Um belo
tom de amarelo realmente iluminaria esse lugar. — Minha mãe anda
pelo meu escritório, examinando todos os cantos e recantos.

Defendo a parede que ela quer me obrigar a pintar de amarelo.

— Gosto dos meus brancos e beges, mas obrigada, mãe. —Volto


minha cabeça para o computador, procurando furiosamente qualquer
motivo para me desculpar e voltar ao trabalho.

A cada duas semanas, ela traz meu almoço da minha lanchonete


judaica favorita perto da casa deles, e adoro a comida e a companhia
dela.

Por cerca de uma hora e meia.

Qualquer coisa depois disso e eu estava tentando encontrar motivos


para fazê-la ir embora.

BY CARRIE AARONS
Não me interpretem mal, amo minha mãe, mas sua implicância pode
me cansar.

Minha equipe nem imagina. Sempre que entra, ela dá um abraço e


um bombom para cada um deles. Às vezes, ela traz o almoço para todo o
escritório e os regala com histórias que os fazem rolar no chão de tanto
rir.

— Paxton mandou um oi, a propósito. — Acrescenta ela na conversa,


como se fosse tão casual quanto dizer que está praticando ioga.

Quase cuspi o chá gelado que ela trouxe para mim. — O que?

— Ah, sim, passei no apartamento dele mais cedo para deixar um


pão fresco que fiz ontem.

É oficial, minha mãe está apaixonada pelo meu namorado gentile.

— Mãe, você não pode simplesmente... — Levo as mãos a minha


cabeça.

Eu a amava, faria qualquer coisa por ela. Mas sua intromissão me


dava enxaqueca. Não que algo estivesse errado entre Pax e eu, mas... não
sei. Talvez ainda não tenha vontade de trazer alguém muito perto de nós,
porque estávamos gostando tanto da companhia um do outro. Queria
ficar nessa fase de lua de mel um pouco mais antes de começarmos a
voltar para casa e reclamar sobre trabalho, trânsito ou pratos sujos na
pia.

BY CARRIE AARONS
— O que? Não entendo qual é o problema, Demi! Ele faz parte da
sua vida, então quero que ele faça parte da nossa. E ele não se importa,
nos sentamos e conversamos por quase duas horas. Ele me contou sobre
os pais dele e a aposentadoria... ele é um garoto muito gentil, sabe.

Eu sabia, e tive que sorrir porque minha mãe conseguia fazer


qualquer um falar. Ela provavelmente poderia fazer aqueles guardas
estoicos do lado de fora do Palácio de Buckingham falarem, e não era
parte da descrição do trabalho deles. Mas também não queria que ela
descobrisse sobre nosso passado na faculdade. Talvez um dia eu contasse
a ela, mas não agora.

— O que ele disse? — Estava realmente genuinamente curiosa sobre


o que ele contou para ela.

— Conversamos sobre o acidente, mas principalmente sobre o que os


pais dele o ensinaram quando criança. E oh, ele definitivamente quer ter
filhos depois de pendurar as chuteiras este ano. — Ela pisca para mim
como se eu devesse começar a rastrear meu ciclo de ovulação em
antecipação.

— Mãe, oh meu Deus... — Não podia fazer nada além de rir.

— Acho que vocês deveriam ter três, como seria maravilhoso ter
todos esses pequenas bubbalas correndo por aí?! — Ela bate palmas como
se pudesse imaginar agora.

Tenho que admitir, também posso ver. Um futuro, uma família, com
Pax. Garotinhos de cabelos loiros correndo pelo quintal, aprendendo a

BY CARRIE AARONS
jogar futebol com o pai. Uma garota que se pareça comigo, deitada em
meus braços enquanto eu lia um livro para ela. Era exatamente o que eu
queria da vida.

— Seria maravilhoso, — digo à mamãe, porque é impossível não ser


varrida pelo júbilo.

— É assim que sei que ele é o homem para você. Pax será o homem
com quem você se casará. — Ela se aproxima e beija meu nariz.

— Como?

— Porque mesmo irritada comigo, ainda tem um sorriso no rosto o


tempo todo. Você nunca fez isso com Zachary. É assim que sei.

Meu coração aquece porque ela também podia ver. — Contei a ele
sobre Ezra.

Mamãe fica quieta e depois dá um tapinha no meu ombro. Seus


olhos focando as paredes de vidro do meu escritório, olhando para
Charlotte, mas sabia que ela via o filho que perdera.

— Bom, você deve compartilhar isso com a pessoa que ama. Ele
deveria saber sobre o nosso bebê. — Seus olhos estão enevoados quando
olha para mim. Ela finge não limpar os olhos na manga. — Agora, então,
quando é a próxima vez que verei vocês? Acho que devo reivindicar todas
as noites, colocar nos seus votos de casamento. Você as gastará com seu
pai e eu, porque sou sua mãe e digo isso.

BY CARRIE AARONS
Havia aquela culpa judaica novamente, e mamãe era a especialista
nisso.

Fico de pé e a abraço, porque embora possa ser uma praga, eu a amo


ferozmente. É o tipo de abraço que você dá em seus pais ao perceber o
quanto eles fizeram por você e como a vida seria drasticamente diferente
se não fosse criada por eles.

— O que você disser, mãe. Estaremos lá.

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CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Demi

Assisto Pax jogar futebol do meu sofá, os locutores tecendo elogios


sobre ele na TV me levaram de volta aos meus dias de faculdade.

Só que dessa vez, quando marcou um touchdown, ele fez o engraçado


movimento de dança que me disse que faria neste jogo, especialmente
para mim. Parecia uma imitação ruim de Michael Jackson. Nos três
touchdowns que fez, Pax repetiu o passo, fazendo-me rir.

Eles jogavam fora para o campeonato que garantiria o lugar no


Super Bowl, eu fiquei chateada por não poder ir, mas estávamos
cumprindo um desejo extra especial neste fim de semana que não queria
perder.

Um dos casos em que trabalhamos a um tempo, concedendo o sonho


de uma adolescente com Lúpus, finalmente se concretizou. Ela queria
conhecer uma das jovens atrizes de Hollywood, que foi a estrela daqueles
filmes sobre vampiros que renderam milhões nas bilheterias.

Trabalhei incansavelmente para não apenas fazer o desejo


acontecer, mas para que quando a parte do próximo filme estivesse sendo

BY CARRIE AARONS
filmada em um local remoto nos arredores de Charlotte, ela conseguisse
passar um dia inteiro no set, assistindo e saindo com a garota enquanto
ela filmava.

E sendo sincera, eu também adorava os filmes e queria ficar lá o dia


todo para assistir ao sonho dela e obter um pouco de informação
privilegiada da próxima continuação.

Paxton entendeu, mas estava chateado por seu amuleto da sorte não
estar lá. Então, ele pegou uma calcinha, e borrifou meu perfume para dar
sorte. Tentei tirá-la dele, envergonhada por isso estar na mala dele, mas
ele insistiu.

— Nosso segredinho sujo. — Ele piscou quando disse. Fiquei corada,


mas deixei que ficasse com ela.

Dou um tapinha na cabeça de Maya enquanto ela dorme no meu


colo, com os seus trinta quilos, e tomo um gole de chá de camomila. Por
mais que sentisse falta de Pax, era bom ter uma noite de garota sozinha.
Passava tanto tempo com ele, desde que estávamos praticamente
morando juntos agora, que senti falta do meu tempo sozinha.

A vida estava incomensuravelmente melhor agora que Pax voltou,


mas sentia falta de poder usar minhas calças de moletom mais feias, mas
confortáveis, comer picles embrulhados em peru ou um prato cheio de
pães de canela de Pillsbury sem ninguém olhar. Sentia falta de assistir
compulsivamente maratonas de Downton Abbey, ou ficar acordada até às
quatro da manhã, terminando um bom livro sem alguém rolando e me
dizendo que seria uma boa ideia dormir.

BY CARRIE AARONS
E neste fim de semana consegui fazer todas essas coisas. Isso encheu
meu estranho tanque de comportamento de solteira por um tempo para
que eu pudesse continuar em um relacionamento comprometido sem
sentir vontade de escalar as paredes.

O jogo terminou, o som do apito e um monte de fãs aplaudindo vindo


dos alto-falantes da minha TV. Também aplaudi, tão empolgada que os
Cheetahs venceram e que Pax iria para o Super Bowl. Ele merecia isso,
sair com o maior prestígio possível.

Uma hora e meia depois, meu telefone toca, a foto e o número de Pax
piscando na tela. Descaradamente defini a foto de contato dele como uma
sem camisa de uma revista de esportes de alguns anos atrás.

Claro, poderia ser estranho se alguma vez tocasse em uma reunião


de negócios, mas caramba, isso me fazia babar enquanto estava sozinha.

— Você está animada por irmos ao Bowl? — Pax parecia tão


animado.

— Bem, estou mais empolgada que Demi Lovato fará um show no


intervalo... — provoco-o.

— Oh, pare! Sei que você mal pode esperar para usar minha camisa
e me beijar enquanto levanto o troféu Lombardi. — Podia ouvir o vento
passar pelo alto-falante do telefone enquanto ele saía de algum lugar.

BY CARRIE AARONS
— Você jogou tão bem, querido. Amei especialmente os horríveis
movimentos de dança. — Enrolo meus pés debaixo de mim, ficando mais
confortável para falar com ele por mais tempo.

Sentia falta dele.

— Você gostou, hein? A imprensa certamente também, todos estão


se perguntando de onde veio essa pequena espontaneidade. Sinto sua
falta, linda. — Ele fala meus pensamentos internos.

— Eu amei. Eu te amo. Estou tão animada! Maya também, embora


tenha dormido na segunda metade do jogo. Mas ela envia seu amor.

Olho para a cachorra roncando do outro lado do sofá.

— Beije-a por mim. Voltei para o hotel agora, que tal você
simplesmente voar e estar na cama quando eu abrir a porta? — Ouço o
toque de um elevador ao fundo.

Por mais que eu tenha gostado de ficar sozinha em casa, eu estava


cansada agora. Também queria estar na cama com ele. — Ah, como eu
desejo. Mas podemos ficar no telefone a noite toda. E você estará em casa
pela manhã.

Ouço a fechadura automática da porta de um quarto de hotel e


depois o fechamento de uma. — Mas estou sozinho no meu quarto de
hotel e com tesão.

BY CARRIE AARONS
Minhas coxas de repente necessitavam ser esfregadas, como se
formigas se movessem pelo meu núcleo e eu precisava aliviar. — Oh!
Você está?

— Estou. Tirando a minha roupa, sozinho. No escuro. Sem ninguém


para esfregar meu corpo dolorido. — Ouço Pax soltar o cinto, o barulho
das roupas saindo.

Inclino-me no sofá, meus seios de repente doendo pelo toque dele.

— Então, finja que estou aí. Nua, na cama esperando por você.

Nós dois concordamos silenciosamente em jogar este jogo. Parece um


pouco sujo, um pouco explícito e, oh, tão bom.

— Estou subindo na cama agora, Deus, Demi, estou tão duro por
você.

Estou totalmente reclinada no sofá agora, minha mão descansando


no estômago, tremendo lá. — Você quer que eu me toque por você?

— Foda-se, sim. Ponha essa mão nas calças, querida. Toque e pense
em mim me acariciando aqui ao som de você gozando.

Oh Senhor, esse homem poderia incendiar minha pele. Abro as


minhas calças, deslizando minha mão até sentir meu clitóris.

— Pax — gemo, acariciando minhas dobras do jeito que sei que é


bom. — Fale comigo. O que você quer fazer comigo?

BY CARRIE AARONS
Ouço sua respiração forte. — Quero deitar você na cama,
completamente nua ao luar para que eu possa ver toda sua pele bonita.
Seus mamilos duros e prontos para eu chupar. O cheiro da sua excitação,
Deus, eu colocaria minha língua ali.

Minhas respirações são tão superficiais, minha mão trabalhando


minha protuberância inchada repetidamente em um movimento circular.
— Você está me fazendo sentir tão bem, Pax.

— Quero que goze para mim, querida. — Sua respiração está


irregular no meu ouvido. — Estou tão louco por você que estou perto de
esguichar todo esse esperma para você. Imagine-me enterrado bem no
fundo, fodendo a sua boceta...

O uso dessa palavra suja me leva ao limite, meu clímax estourando


como um feixe de luz não filtrado. Cegante e rápido, rugindo através do
meu sistema. Os sons que faço são desumanos, não de pensamento
consciente.

Quando termino, estou ciente de que Paxton grunhe repetidamente


alto no telefone. Após um minuto ou dois de recuperação do fôlego, ele
fala primeiro.

— Se nosso sexo por telefone pode ser tão quente, mal posso esperar
para chegar em casa amanhã.

Sorrio. — Bem, Maya fará um show incrível, com certeza.

BY CARRIE AARONS
Posso ouvir o sorriso de Pax pelo telefone. — É por isso que sempre a
trancamos do lado de fora do nosso quarto, não podemos tê-la nos
empatando.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Paxton

Atingi o chão com força, a relva fria batendo nas minhas costas
enquanto respiro fundo.

— Você está tentando nos matar, porra? — Connor desmorona ao


meu lado.

— Apenas tentando prepará-los para o Super Bowl. Ou não querem


ganhar um anel? — gargalha Anthony, colocando o caderno no chão, e
espero que signifique que teremos uma pausa.

Os Cheetahs chegaram aos playoffs, e depois o campeonato NFC, e


então vencemos. Não posso dizer que estou surpreso, nossa equipe é
muito boa. Mas... há algo nos meus ossos. Igual às outras três vezes em
que estive nessa posição e, com o pôr do sol na minha carreira, algum
tipo de predestinação está se estabelecendo sobre mim.

Mas ninguém sabe que não voltarei no próximo ano.

Se vencermos ou perdermos, estou pendurando a camisa, já vi


minha última linha de cinquenta jardas.

BY CARRIE AARONS
— Sim, eu quero o anel. Também quero poder entrar em campo em
duas semanas. — Connor faz beicinho, engolindo o conteúdo de sua
garrafa de água. — Ei, cara, parabéns, a propósito. Um garotinho, hein?

Anthony sorri e inclina a cabeça para Connor. — Obrigado, mano,


estamos realmente empolgados.

— O que? — Fiquei tão envolvido em Demi que perdi algumas de


nossas sessões de treinamento, optando por me exercitar para chegar em
casa mais rápido.

— Minha esposa e eu estamos esperando um bebê novamente, um


garotinho que deve vir em junho. — Ele sorri e posso sentir o orgulho
dele.

— Parabéns, cara, isso é incrível. — Dou um tapinha no ombro dele,


e uma pontada de ciúmes ondula no meu estômago.

Não porque quero a vida de Anthony, mas porque quero ter um filho.
Não deveria ter perdido tantos anos, não deveria ter sido tão egoísta.
Agora estou me aposentando e sinto que coloquei minha vida em espera
por esse esporte sem nada para mostrar, a não ser alguns anéis tolos e
coisas para me gabar.

Será que Demi me deixaria engravidá-la esta noite?

— Droga, eu não consigo imaginar como é ter um filho. — Connor


balança a cabeça como se eu precisasse explicar os pássaros e as abelhas
para ele.

BY CARRIE AARONS
— Isso é porque você é uma criança. Também não consigo imaginar
você tendo um —Anthony ri.

— Como você alimenta uma criança? Não é como um cachorro, onde


a comida está claramente rotulada na loja e você a despeja no chão duas
vezes por dia. Inferno, eu não posso sequer fazer isso. É por isso que não
tenho cachorro. — Continua Connor.

Tenho que rir disso, porque ele está tão claramente fora do ponto
dessa conversa. — Nunca pedirei para você tomar conta dos meus.

— Ora, você está pensando em engravidar sua bela mulher? — Ele


pisca para mim.

Na verdade, era o que eu estava pensando. — Talvez... no futuro.

— Droga, você não perde uma, Shaw — assobia Connor.

Anthony me estuda, porque ele deve conhecer o olhar no meu rosto.


— Sim, ele quer engravidá-la. Agora, se eu estiver correto. Reconheceria
esse olhar em qualquer lugar, com certeza. Senti isso quando conheci
minha esposa e, posso dizer com certeza, que você se sente assim sobre
Demi. Basta colocar um anel nela primeiro, sou um tipo de cara
tradicional.

— Oh, eu pretendo. — Aceno e os dois trocam um olhar.

BY CARRIE AARONS
O que eles também não sabem, além da minha bomba de
aposentadoria, é que passei três horas na joalheria mais proeminente de
Charlotte no outro dia.

Apenas para sair de mãos vazias, porque nenhum dos anéis parecia
o certo.

Liguei para Dylan e pedi para ele fosse até o cofre da casa de nossos
pais e pegasse a aliança da mamãe. Ele me ligou no FaceTime para me
mostrar o ornamentado de ouro antigo rosa… uma herança de família
passada de geração em geração. Era o anel de noivado da minha mãe e
nos foi devolvido quando ela faleceu.

Soube naquele momento que era para eu dar à Demi. Pedi para ele
me enviar com segurança e a caixa chegou apenas três dias atrás.

— Bem, diga-nos qual é o plano! —Connor quase grita, eles devem


estar me encarando a mais tempo do que eu imaginava.

— Sim, dê-nos os detalhes românticos —Anthony entra na conversa.

— É sobre isso que querem conversar em nossas instalações


esportivas masculinas, apenas algumas semanas antes do Super Bowl?
— Evito o assunto, principalmente porque ainda não tinha ideia do que
faria.

Eles se entreolham e exclamam ao mesmo tempo: — Sim!

BY CARRIE AARONS
Inclino-me no chão, colhendo uma folha de grama falsa. — Bem,
verdade seja dita, ainda não sei.

Olhando para cima, os dois tinham expressões decepcionadas no


rosto.

— Ok, bem, o que ela gosta? Minha esposa, por exemplo, adora
sorvete. Então, eu decorei uma caneca com nossas fotos, coloquei no
supermercado e, quando fomos buscá-la uma noite, garanti que ela a
visse. Então me ajoelhei bem no meio da Whole Foods. — sorriu Anthony.

— Cara, isso realmente é meio brilhante. Eles podem fazer isso para
qualquer um, mesmo que não esteja ficando noivo? — Connor parecia ter
algum tipo de ideia, e não tinha nada a ver com casamento.

Nós o ignoramos, continuando nossa conversa. — Bem, Demi, ela é


simples. Ela gosta de se enrolar no sofá, lendo. Acho que gostaria que eu
fizesse algo simples e particular, mas, ao mesmo tempo, gostaria de
anunciar ao mundo. Por... motivos passados.

Ninguém sabia sobre quando saíamos na faculdade. Não que eu me


importasse se soubessem, mas parecia desnecessário deixar as pessoas
saberem sobre algo assim. No entanto, ainda sentia culpa por como a
tratei naquela época. E se pudesse compensar anunciando ao mundo
inteiro que queria que ela fosse minha esposa, então faria isso. Queria
gritar dos telhados que estava apaixonado por Demi Rosen e que queria
passar minha vida inteira com ela.

BY CARRIE AARONS
— Soa fodidamente suspeito, apenas dizendo. Mas, meu cara, o
mundo inteiro estará olhando para você essa semana, você tem o palco
perfeito. Olá, pedido de casamento no Super Bowl? Eu diria que nada
pode dar errado se você tentar colocar o diamante nela depois que
ganharmos um anel para nós.

Connor faz um sinal de positivo depois de falar sua ideia e, preciso


admitir... era uma boa ideia.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Paxton

Era surreal, estar sentado na frente de um monte de repórteres no


que seria uma das minhas últimas vezes fazendo isso.

Nos últimos oito anos, fui vítima desses caras mais vezes do que
pude contar. Tentando não me tornar o próximo furo, tentando distribuir
liberalmente minhas respostas de uma maneira politicamente correta.
Joguei o jogo e joguei bem. Tanto no campo quanto fora dele. E agora era
hora de dizer adeus.

Meu joelho não era o mesmo e, embora tenha jogado uma temporada
incrível, com mais um anel para colocar no cinto antes de partir, sabia
que havia terminado. Conseguia sentir. E embora triste, também estava
ansioso pelo próximo capítulo.

Olho para Demi, que espera do lado de fora da linha de visão das
câmeras apontadas diretamente para mim, minha figura solitária
sentada em uma mesa em frente aos logotipos da NFL e Cheetah em um
fundo azul. Ela acena, dando-me um polegar para cima e um pequeno
sorriso. Minha mulher, a única pessoa com quem discuti isso em
profundidade. Sim, meu irmão sabia, mas não era ele quem ficava comigo

BY CARRIE AARONS
quando eu não conseguia dormir às duas da manhã por estar tão confuso
e ansioso com a aposentadoria.

É inédito, o fato de o Super Bowl ser realizado na mesma cidade em


que um dos times joga nele. É justo que seja meu último jogo, com todas
as estrelas se alinhando.

A gerente de relações públicas da equipe, Angela, se aproxima de


mim e anuncia que darei uma entrevista coletiva. Pergunta se os
repórteres podem esperar para perguntar apenas no final. E então ela se
vira para mim.

— Obrigado a todos por terem vindo hoje. Não é como se vocês


tivessem muito mais o que fazer, pois estão presos na Carolina do Norte
para um jogo de futebol. — Sorrio para o meu sarcasmo e uma leve
gargalhada percorre a sala.

Meu coração bate forte enquanto limpo minha garganta, meus lábios
repentinamente secos. Essa foi a minha vida inteira, a coisa que vivi,
respirei e me matei por um longo tempo.

Dou o salto, piso na borda e começo a falar.

— Como muitos de vocês sabem, machuquei meu joelho no ano


passado e deixei o time no qual joguei toda a minha carreira. Voltei à
cidade em que joguei na faculdade, e foi uma temporada incrível com um
incrível grupo de colegas de equipe e funcionários aqui no Cheetah. Mas,
como qualquer atleta envelhecido sabe, com o passar dos anos, seu corpo
e sua resistência não são o que eram antes. Minha mente está mais

BY CARRIE AARONS
afiada do que nunca, cheia de planos e maneiras de vencer, mas meus
músculos e membros simplesmente não conseguem acompanhar. E meu
coração também não pode, sendo honesto. Por oito anos, coloquei tudo
neste jogo. Não me arrependo. Mas isso me impediu de me estabelecer.
De conhecer alguém especial, de começar uma família e um legado. E isso
é algo pelo qual estou ansioso. Porque depois deste jogo, depois do Super
Bowl, eu vou me aposentar.

Um zumbido atravessa a multidão e posso ouvir as perguntas


borbulhando em suas gargantas. Olho para Demi novamente e ela
assente, e vejo meu futuro ali mesmo, em seus lindos olhos castanho.

Levanto a mão para acalmá-los novamente. — Antes que


perguntem, não tem absolutamente nada a ver com ninguém além de
mim. Minhas equipes, ambas, sempre me trataram com o maior respeito
e profissionalismo. Os homens com quem trabalhei, que colocaram seus
corpos em risco por mim, assim como eu por eles, sempre fomos nada
além de motivados e focados. Considero-me sortudo por ter jogado tantos
anos nesta liga. A única coisa a que vocês podem atribuir essa
aposentadoria é que envelheci.

Outra rodada de risadas suaves.

— Eu queria que esse fosse o meu lago dos cisnes, um grande final
do Super Bowl e uma grande despedida. Ganhando ou perdendo, estou
saindo com a cabeça erguida. Então, por favor, podem fazer suas
perguntas, mas sem negatividade. Isso é agridoce para mim, mas é mais
doce que amargo. Gostaria de pensar que meus pais estão olhando para
mim, orgulhosos do que realizei e ansiosos para ver o que farei a seguir.

BY CARRIE AARONS
Tenho que parar e morder meu punho, porque sei que as palavras
que falei são verdadeiras. Raramente falo sobre meus pais para a
imprensa, mas eles deveriam estar comigo neste momento. Sacrificaram
muito por mim enquanto eu crescia para poder viver esse sonho.

— Gostaria de agradecer a eles, minha mãe e meu pai, por sempre


acreditarem em mim, mesmo quando não acreditei. Por ensinar meu
irmão e eu que poderíamos fazer qualquer coisa que decidíssemos.
Gostaria de agradecer ao meu irmão por comemorar todos os feriados no
dia seguinte nos últimos cinco anos, porque meu trabalho me mantinha
na estrada. Dylan, esse ano podemos comemorar o Natal em 25 de
dezembro, como todo mundo.

Os repórteres riem novamente.

— E, por último, mas certamente não menos importante, eu quero


agradecer à minha namorada, Demi. — Viro para onde ela está e vejo
algumas câmeras focadas nela, — Eu nunca poderia ter passado por esse
tempo de transição sem você. Você é a melhor coisa que já me aconteceu,
e sei que é uma frase muito usada, mas você é. Eu te amo, obrigado por
aguentar meu ego e um cronograma de trabalho insano.

Ela inclina a cabeça para mim, soprando um beijo em uma rara


demonstração de carinho. Eu sabia que, embora fosse uma figura pública
em Charlotte, ela odiava a atenção. Mas precisava reconhecer o grande
papel que ela desempenhou na minha vida.

— Agora, quem tem perguntas?

BY CARRIE AARONS
Eles veem para mim com força total e, pela primeira vez, fico triste
que logo isso não faria parte do meu domingo habitual.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA SEIS

Demi

Esses dias de mídia foram um circo completo.

Pensei ter estado em torno de muita imprensa por alguns dos


passeios ou atividades da Wish, mas isso era loucura. O prédio é do
tamanho de um gigantesco hangar de avião, os cenários de todas as
principais organizações de notícias ou notícias esportivas montados em
fileiras. Milhares de pessoas; fãs, atletas, repórteres, agentes, etc,
cercavam o lugar, tentando fazer parte da ação.

O burburinho que cercava o dia era mágico, cheio de emoção e


nervosismo. Foi esmagador ficar à margem, eu não sabia como Pax lidava
com tudo isso.

Era a primeira vez e, provavelmente a última, devido sua


aposentadoria, que experimentei isso, e percebi o quão importante ele era
nesse jogo.

E, de certa forma, fiquei extremamente triste por ter perdido isso.


Porque eu tinha muito medo, era muito fraca, e ele era imaturo e egoísta.
Seguimos nossos caminhos. Mas pelo menos estávamos juntos agora.

BY CARRIE AARONS
A mão de Pax estava entrelaçada na minha enquanto
caminhávamos de tenda em tenda de diferentes emissoras, ele se
sentando e dando respostas genéricas às mesmas perguntas que todo
repórter fazia.

— Então, me dê informações privilegiadas, Shaw. O que você


realmente acha do outro time? — Cutuco-o, piscando.

É a mesma pergunta que um monte de repórteres já fizeram, e ele


deu a respeitável resposta direta.

Pax se inclina, beijando meu cabelo e sussurrando. — Fora do


registro? Acho que são um bando de idiotas super pagos que eu quero
esmurrar no gramado. Mas não conte a ninguém que eu disse isso.

Dou uma risada sincera. — Meus lábios estão selados. Ei, onde você
quer jantar depois?

Não passamos muito tempo juntos esta semana, com sua agenda de
treinamento lotada e os dias da entrevista. Eu entendia, mas senti falta
dele.

— Eu digo que vamos até o quarto de hotel que a equipe reservou


para mim, pedimos um monte de serviço de quarto e darei a você
aproximadamente três orgasmos antes de chegar lá.

Ainda que ninguém ao nosso redor pudesse ouvir qualquer palavra


da nossa conversa, eu fico ruborizada. — Somente se tivermos palitos de
muçarela.

BY CARRIE AARONS
— Shaw! Cara, eu pensei que o encontraria aqui. Você parece velho,
cara! — Uma voz familiar nos faz virar, e quando vejo a quem ela está
conectada, meu coração pula na minha garganta.

Jamison, o ex-linebacker do nosso time da faculdade, está no meio do


frenesi da mídia, seu corpo grande ocupando muito espaço no corredor
largo.

— Jami, bom te ver! Pelo menos não pareço com você. Como estão
esses joelhos? —Pax estava zombando de seu peso, que eu nunca entendi
muito bem como ele conseguia se mover pelo campo.

Jamison se aproxima e estreita os olhos para mim. — Espere um


minuto… Demi?

Meu estômago revira porque vejo nos olhos dele. A zombaria, o


constrangimento que ele sente por mim porque estou aqui com Paxton. A
humilhação corre quente através de mim, fazendo a náusea subir no
fundo da minha garganta.

— Oi, olá. — Dou um breve aceno, porque não sei o que fazer. — Vou
tomar uma copo de café. Bem ali.

Não quero ficar com eles, não quero falar com eles. Sinto que sou
transportada de volta aos dias em que eu era um ornamento em vez de
uma mulher respeitada.

Jamison ainda está conversando com Pax sobre o jogo enquanto


encho o copo de papel em uma das mídias próximas.

BY CARRIE AARONS
— Cara, ela ainda está perseguindo seu pau, hein?

As palavras dele me tiram da calmaria que eu almejava. O que ele


acabou de dizer? Jamison estava mais perto de Pax e pensou que eu não
podia ouvir. Mas minhas bochechas queimam de vergonha e fico em
silêncio para ver o que aconteceria.

— O que você acabou de dizer? — A mandíbula de Pax aperta e ele


olha para mim de onde estou a alguns metros de distância.

Posso senti-lo tentando conter sua raiva, exercitando a cautela,


apenas no caso de nós dois termos ouvido Jamison errado.

— Demi Rosen, cara. Merda, na faculdade, ela cairia de joelhos com


um estalar de dedos. Acho que algumas coisas nunca mudam.
Desesperada demais, eu estou certo?

Meu interior se fecha e lágrimas me sufocam. Raiva, desespero e


arrependimento me consomem, eu queria afundar na terra e ser engolida
completamente.

Passei muito tempo evitando, ou simplesmente não lembrando, de


pessoas no mundo que testemunharam o que Pax me fez passar naquela
época.

— É melhor você calar a porra da boca agora, — rosna Pax,


avançando contra Jamison como se estivesse prestes a socá-lo.

BY CARRIE AARONS
— Querido… — Volto correndo, pisando entre eles e afastando meu
namorado.

Sequer penso no lixo que Jamison acabou de jogar em todo o meu


nome, a única coisa que me importa é evitar que o homem que eu amo
seja suspenso do último jogo que ele jogará. Mais uma vez, me preocupo
mais com o bem-estar dele do que com o meu.

— Vou quebrar seus dentes e te forçar a engoli-los, filho da puta.


Peça desculpas para ela, agora mesmo. — Pax luta contra as mãos que
tenho no seu peito.

Jamison recua, levantando as mãos. — Não sabia que era… oficial


agora, cara. Peço desculpas. Estou feliz por vocês. Mas se a sua boceta é
tão incrível assim, talvez eu também mereça uma rapidinha. De fato, se
ele ainda estiver te tratando como sempre, talvez você queira sair comigo
essa noite.

Ele ri de mim, basicamente cuspindo na minha cara. — Estou indo.

Começo a me afastar, porque a vergonha que sinto neste momento é


tão horrenda que quase não consigo viver comigo mesma.

— Demi! Demi! — Pax corre atrás de mim, e pelo menos ele me


segue em vez de bater na cara de seu ex-companheiro de equipe!

Pelo menos ele amadureceu o suficiente para se preocupar comigo e


não com seu ego.

BY CARRIE AARONS
Já estou lá fora quando ele consegue me alcançar, tocando meu
cotovelo enquanto ando a frente dele. As pessoas na rua se viram
olhando, porque há uma boa estrela do futebol andando pelas ruas da
cidade que se tornou o ponto central do país nos últimos dois dias.

— Demi, por favor, pare, — pede Pax, com a mão pairando nas
minhas costas enquanto caminhamos.

Tento segurar as lágrimas enquanto caminhamos, o hotel meu


destino final. Tenho que pegar minhas coisas, sair daqui, ir para casa
cuidar de Maya. Um vizinho deveria cuidar dela esta noite, mas dane-se.
Preciso ir para casa, me recompor. Preciso suavizar meus pensamentos
confusos, meu coração retorcido. Eu estava bem, melhor que bem. Estava
feliz, completamente feliz no meu relacionamento. E em dois segundos,
um pedaço de merda que conheci há uma vida entrou e o aniquilou.

Ele fica comigo, sinto sua presença, e preciso focar minha visão à
frente o tempo todo. Quando finalmente chegamos ao hotel, atravesso o
saguão e entro no elevador. Pax entra comigo, e imediatamente me movo
para o outro lado, vulnerável demais para olhar para ele ou deixá-lo me
tocar.

— Demi, me desculpe. Sinto muito. — Sua voz está dolorida.

Eu me abraço, as lágrimas finalmente caindo, meu coração


audivelmente partido. Estou ferida, tão danificada pelo nosso passado. As
cicatrizes que começaram a curar estavam quase inteiras novamente, por
Pax me amar... agora elas estavam em carne viva e sangrando.

BY CARRIE AARONS
O toque do elevador em cada novo andar parecia uma facada no
órgão no meu peito. Não consegui conter os soluços e um escapou da
minha boca, ecoando entre nós.

— Baby… — os braços de Pax vêm ao meu redor.

Eu encosto-me à parede. — Não! — Não queria que ele me tocasse.


Não agora.

Quando o elevador se abre em nosso andar, corro para o quarto, com


a intenção de arrumar minha pequena mala de viagem e dar o fora. Mas
Pax tem outras ideias

— Demi, me desculpe. Por favor, fale comigo, linda. Eu te amo.

O uso dessas três pequenas palavras agora me deixa louca.

— Ele olhou para mim como uma prostituta barata. Porque era isso
que eu era! Eu tenho que ir. — Não poderia estar aqui agora, eu poderia
dizer algo que me arrependeria.

Guardando o que tirei da mala mais cedo, tento ir para a porta.

— Ele é um idiota, e eu gostaria de poder quebrar a cara dele. Mas


acima de tudo, quero te abraçar. Quero apagar qualquer medo que tenha.
Quero dizer que te amo repetidamente, até que afunde em seu cérebro
que eu nunca, nunca a deixarei novamente. Você é minha lua e estrelas
agora, não respiro, não funciono sem você, querida. Meu mundo inteiro é
sem luz se você não estiver nele.

BY CARRIE AARONS
Um soluço explodiu dos meus lábios novamente, porque é tudo o que
sempre quis ouvir dele, mas pelo pior motivo.

— Apenas fique. Não precisamos conversar. Pegarei outro quarto.


Uma porta ao lado deste. Assim como na noite no meu apartamento, não
tentarei nada. Mas não posso suportar você ir embora. Não assim.

Os lábios carnudos de Pax imploram, os seus olhos olhando para


minha alma. Então, pela segunda vez em tantos meses, eu cedo, ficando
no lugar que ele me colocou.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA E SETE

Demi

Amo meu trabalho. Amo o que sou capaz de fazer pelas famílias.
Adoro quando o olhar de pura felicidade ilumina o rosto de uma criança.

Mas também odeio meu trabalho. Odeio que haja uma razão para
que essas crianças precisem de alguma esperança. Odeio quando vejo
seus corpos minúsculos sofrerem no hospital.

E particularmente odeio, detesto, quando recebo a notícia de que um


dos meus filhos especiais faleceu.

Acabei de tomar um banho relaxante na manhã seguinte à nossa


briga, quando Paxton bate na porta. Deixo-o entrar, não querendo uma
discussão, mas sabendo que temos que conversar sobre isso. Ele reservou
o quarto, dormiu ao meu lado, parede a parede, a noite toda. Mal dormi e
acabei me levantando cedo para preparar um banho de espumas e não
saí até ficar enrugada, minha mente limpa e as espumas haviam sumido.

Digo a ele que vou me vestir primeiro e, um minuto depois, meu


celular toca.

BY CARRIE AARONS
Ele atende, porque estou lutando para puxar meu jeans skinny, e
ouço sua empolgação quando ele me diz que Sherrie, a mãe de Ryan, está
ao telefone.

Depois ouço a respiração dele, pois mais tarde descobriria que ela
transmitia os detalhes em seu ouvido.

Uma infecção viral. Tarde demais para combater. Comprometeu seu


sistema imunológico e o deixou sem chance de lutar.

Sentamos na cama por um tempo depois que ele para de falar com
ela, soluços vindos do outro lado enquanto ela nos conta sobre os
preparativos para o funeral.

— Odeio esse mundo às vezes. — Engasgo com as lágrimas na


garganta, algumas delas escapando dos meus dutos lacrimais.

Inclino-me para Pax, todos os pensamentos de nossa briga e


insegurança que senti ontem completamente apagados. Nada importava
quando você falava sobre vida e morte. Ele estava aqui, estávamos
apaixonados um pelo outro, e estávamos juntos nos bons e maus
momentos.

— Eu sei, baby. Eu sei. — Ele me balança como uma criança e choro


em seus braços, meu cabelo emaranhado e úmido cobrindo sua camisa
enquanto meu nariz se tornou uma bagunça enorme.

Sempre era horrível perder uma criança, ver as famílias sofrerem,


mas isto é intenso. Ryan foi... uma luz brilhante neste mundo às vezes

BY CARRIE AARONS
sombrio. Ele foi um feixe de esperança, uma galáxia de personalidade
engraçada, doce e facilmente agradável. E o fato de ter tido o mesmo
câncer que Ezra... foi um duro golpe.

— Ele era tão bom, uma alma tão boa. — Soluço.

— Ele era o melhor de todos. Não é justo, porra. — Pax sufoca as


palavras e, pela primeira vez no meu colapso, olho para ele e o vejo com
dor. Ele também amava Ryan.

— Ele nos reuniu naquele dia no parque. Eu te amo, Pax. — Eu


queria realmente dizer isso. Estava sofrendo ontem, mas nada disso
importa agora.

— Eu te amo muito. — Pax beija meus lábios, uma afirmação de que


estamos bem.

Quando nos provamos o suficiente, sentimos o caminho de volta a


terra firme após os eventos de ontem. Recuo do beijo, dizendo. — Vou
pagar pelo funeral.

Não era uma prática que costumava manter, mas em certos casos eu
fazia isso. Não apenas para ajudar as famílias, cujas despesas médicas
costumavam acumular contas intransponíveis, mas era algo que me fazia
sentir melhor. Eu poderia fazer algo para ser útil, tirar o fardo de suas
costas. Fazia o quanto podia.

— Deixe-me ajudar, deixe-me contribuir. Eu quero ajudar. —


Assente Pax.

BY CARRIE AARONS
Eu não iria discutir, queria que a família de Ryan tivesse o que
precisasse.

****

Dois dias depois, colocamos um doce garotinho descansar.

O funeral estava lotado, pessoas de todas as idades e estilos de vida


que Ryan tocou. Metade da equipe Cheetahs adiou os treinos matinais
antes do Super Bowl para estar lá, muitos deles se lembrando do dia
glorioso em que Ryan correu e jogou bola com eles.

Não havia um olho seco no local quando seu pai foi ao altar, falando
sobre a personalidade radiante ou a capacidade de ver o mundo sob uma
luz positiva, mesmo quando esta lhe deu uma mão ruim. Ele pediu a
todos que aplaudissem Ryan, disse que seu filho adoraria ser a
celebração singular de tantas pessoas. Quando o local explodiu, tive que
me apoiar em Paxton para parar de chorar um pouco.

Quando deixamos o brunch para amigos e familiares duas horas


depois, meus olhos pareciam precisar ficar fechados pelos próximos
quatro dias.

— Não sei como você faz isso repetidamente. — Pax balança a


cabeça, os olhos injetados também.

BY CARRIE AARONS
Respiro fundo. — É por isso que faço. Se eu puder levar algo de bom
à essas famílias pelo curto período de tempo que elas têm, quero fazer
isso. Não importa o quanto doa, repetidamente, sei que preciso fazê-lo.
Cura as rachaduras no meu coração que se formaram quando Ezra
morreu, mesmo que momentaneamente. Eu o vejo em todas as crianças e,
se puder dar a elas um minuto de alívio, ficarei feliz em sofrer as
consequências depois.

Ele assente, The Eagles cantando suavemente no rádio. — Estou tão


orgulhoso de conhecê-la, Demi. Você é o epítome do bem neste mundo.

Estendendo minha mão pelo console, entrelaço nossos dedos. —


Obrigada por vir comigo hoje. Passei por muitos desses sozinha. Ajuda
ter alguém que você ama lá.

— Não sei como você vive depois disso. — Pax balança a cabeça, as
garras do funeral ainda nele.

Sabia como ele se sentia, como ele não podia deixar de lado a ideia
da morte e de uma criancinha inocente passar. Parecia errado, retrógado.
Não havia como entender isso.

O sol quase se pôs, o dia parecendo incrivelmente longo e, no


entanto, eram apenas sete horas. A escuridão envolve o carro e o frio
suave do início de fevereiro em Charlotte penetra nos meus ossos.

— Esses pais... como você continua? — Ele engasga e sei que ele está
desabando.

BY CARRIE AARONS
Suspiro, apertando sua coxa. — Apenas continua. Você não é mais
uma pessoa inteira, você e eu sabemos a sensação de perder alguém. Mas
a cada dia, a cada ano, fica um pouco mais gerenciável. Nunca é fácil, há
momentos em que acaba se sentindo paralisado com a perda, mas
sobrevive. E se lembra dos bons momentos. Agarra-se a eles, e sente
felicidade pura na lembrança do que aconteceu durante esses tempos.

— Quando tivermos filhos, nunca poderei deixá-los fora da minha


vista.

As palavras de Paxton me fazem parar de respirar, porque, é claro,


penso em crianças, mas ele simplesmente disse isso. — Você quer filhos?

— Uma dúzia deles, o suficiente para montar um time de basquete


ou iniciar nosso próprio grupo de cantores, como aquele filme na Áustria.

Sorrio. — The Sound of Music34, certo? Quando vamos começar a


nossa trupe?

A loucura de sua declaração e a vertigem que sinto ao falar


hipoteticamente sobre começar uma família com Pax me ultrapassa.
Diminui a tensão deixada pelo funeral e quero aproveitar esse momento
para tirá-lo de sua dor.

— Eu teria começado ontem se você tivesse deixado. Quem sabe,


talvez meus caras nadem com mais força com algum treinamento.

34 Música da Noviça Rebelde

BY CARRIE AARONS
Bufo e reviro os olhos. — Sim, porque é assim que os bebês são
feitos. Você sabe que estou tomando pílula.

— Então vamos tirar o goleiro do jogo. — Pax olha para mim, sem
sorriso no rosto.

Bato no braço dele. — Não brinca.

— Falo sério. Vamos ter um bebê. É apenas uma questão de tempo


até que desejemos tentar, de qualquer maneira. — Agora seu rosto está
radiante de excitação e sei que ele está passando por emoções por causa
do trauma de hoje.

Apalpando sua bochecha enquanto ele vira para a rua onde fica meu
apartamento, eu sorrio. — Vamos falar sobre isso depois de passarmos
pelo maior jogo da sua carreira. Ah, e aposentadoria. Eu acho que você
tem o suficiente no seu prato agora.

Adiamos a discussão, mas naquela noite, quando me deitei ao lado


dele, tudo em que conseguia pensar era em um bebê gordinho com os
olhos de Pax e meu cabelo.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA E OITO

Paxton

Eu sabia, desde o momento em que recebi o telefonema sobre Ryan,


que precisava pedir Demi em casamento o mais rápido possível.

Era meio mórbido, se pensasse nisso, como a morte nos lembrava


das coisas mais importantes da vida. Aconteceu quando perdi meus pais,
eu parei de brincar, tanto figurativa quanto literalmente, e fiquei
esperto. E agora, com a perda do nosso amiguinho, percebi que não
deveria perder mais tempo no que dizia respeito a fazer da mulher que
eu amava minha esposa.

Então, mandei polir o anel, coloquei numa nova caixa forrada de


veludo e fiz a ligação que sabia que era essencial antes que eu pudesse
me ajoelhar.

Se não houver uma poça de suor embaixo dos meus mocassins, então
meu desodorante está fazendo seu trabalho dez veze mais.

Limpo minhas mãos nas calças novamente, verificando meu relógio


e tomando outro gole de água. O garçom pergunta se quero algo mais

BY CARRIE AARONS
forte, mas preciso da minha cabeça limpa. Aaron Rosen já me assusta,
não preciso dele me pressionando depois de uma bebida.

Ele deveria ter alguma ideia do motivo pelo qual o chamei para
almoçar e, provavelmente por isso, o filho da puta estava atrasado. Essa
era uma tática de intimidação e estava funcionando.

— Paxton. — A voz de Aaron, amigável, mas comandante, soa atrás


de mim.

Levanto-me para cumprimentá-lo, estendendo minha mão. —


Senhor Rosen, prazer em vê-lo. Obrigado por concordar em me encontrar.

Ele assente. — Pode me chamar de Aaron. Tenho a sensação de que


estamos prestes a nos aproximar muito, de qualquer maneira.

O garçom vem quando percebe que sentamos e anota nossos pedidos.


Peço um prato sem graça, rico em proteínas e vegetais, com carboidratos.
Com o Super Bowl há apenas dois dias, preciso manter uma dieta
rigorosa.

Após nos servirmos com bebidas, vou direto ao ponto:

— Acho que você sabe o motivo desse almoço. — Paro, esperando-o


adivinhar.

Mas Aaron apenas permanece sentado, com cara de pedra,


esperando que eu presumivelmente implore pela sua aprovação. Minha
camisa se agarra à minha pele, suor escorrendo pelas minhas costas.

BY CARRIE AARONS
— Desde que voltei para Charlotte e vi sua filha pela primeira vez
depois de anos, percebi que estava fazendo tudo errado. A vida, na
verdade. Porque sem ela, eu estava apenas sobrevivendo. Vivendo sem
ânimo. Demi, sua filha, é o motivo pelo qual voltei, mesmo que não
soubesse. O destino, e pode parecer brega, interveio. Eu gostaria de me
casar com ela, senhor. Estou pedindo sua permissão. E antes que você
questione se sou digno o suficiente... sei que provavelmente não sou.
Ninguém realmente é, não para pessoas como Demi. Mas... prometo me
esforçar ao máximo para me tornar digno. Protegê-la, colocá-la acima de
tudo, amá-la e sustentá-la. Prometo não interferir com seu sucesso, sua
independência. Então, por favor, vim aqui para pedir a mão dela. Você
me permitiria casar com sua filha?

Aaron olha para mim, estudando-me enquanto percebo que ele está
digerindo minhas palavras.

— Você não é judeu. — Sua expressão é de pedra quando ele


finalmente fala.

— Não, senhor, eu não sou. Mas essa é a escolha da sua filha, e a


amo muito. E não quero ousar falar por você, mas vou arriscar e dizer
que você prefere que ela seja infinitamente feliz a se casar com alguém
que ela não tenha certeza absoluta apenas por terem as mesmas crenças
religiosas.

Uma sobrancelha se levanta, e acho que talvez tenha capturado sua


rainha nesta partida de xadrez. — E as crianças? Se permitisse que você
entrasse na minha família, ficaria muito decepcionado se não conseguisse
compartilhar minha fé com meus netos.

BY CARRIE AARONS
Uso minhas mãos para falar. — Entendo, mas, novamente, seria
uma escolha minha e da Demi. Embora não seja contra. Quero fazê-la
feliz, essa é a missão da minha vida. E se ela quiser isso, eu não ficaria
no caminho.

O garçom vem, colocando nossa comida na nossa frente, e Aaron


ainda não me deu uma resposta. Estou ficando ansioso e, pela primeira
vez desde que criei meu plano de propor a Demi, tenho algumas dúvidas
de que isso realmente acontecerá.

O que eu faria se o pai dela dissesse não? Conheço minha garota, ela
gostaria que eu recebesse a permissão dele. Ela é tradicional e
significaria muito para ela ter a bênção de seus pais em nosso futuro
casamento. Não consigo imaginar uma vida sem ela, mas como seria uma
vida sem a aprovação da família dela?

— Está bem, — fala ele, cortando seu bife sem olhar para mim.

— O que? — Quase não o ouvi.

Aaron coloca seus talheres no prato e me encara. — Eu disse, está


bem. Você pode se casar com minha filha. Tem minha permissão. Mas se
alguma vez a machucar, Shaw, eu arrancarei suas bolas com uma faca de
carne cega.

Para expressar sua opinião, ele começa a cortar a carne novamente,


quase a dilacerando. Engulo, sabendo que não está mentindo. Mas, ao
mesmo tempo, estou em êxtase, adrenalina correndo nas minhas veias
com a perspectiva de logo me ajoelhar.

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— Obrigado, Aaron. De verdade, eu quero fazer parte da sua família
e planejo fazer sua filha muito feliz.

Ele acena com a cabeça. — Não se empolgue, filho. Coma sua


comida, você tem que se preparar para um jogo. Falando nisso, ouvi falar
dessa aposentadoria. Não posso dizer que não concordei com seu futuro
compromisso sem isso em mente. Acho que será um casamento mais
estável se não estiver na estrada metade do ano.

Eu aceno. — Também concordo.

Ele aponta a faca na minha direção. — Mas não fique complacente,


um homem precisa trabalhar. O que você planeja fazer depois de
pendurar a camisa?

Engulo minha comida, ainda nervoso em sua presença, mesmo que o


grande pedido tenha passado. — Ainda tenho acordos e contratos de
campanhas a cumprir, eles me manterão ocupado. Mas sei que preciso
encontrar algo para ocupar meu tempo. Vou descobrir algo. Mas, como
sabemos, tenho outros interesses além do futebol.

Aaron sorri, a sua primeira expressão não ameaçadora que ele


trouxe para esta mesa. — Estou feliz que seja você, aquele com quem ela
finalmente está pronta para se estabelecer. Gosto de um homem que não
tem medo de se aproximar de mim. Agora, deixe-me contar sobre minha
última leitura, acho que você também vai gostar.

Quando ele se lançou em sua mais recente obsessão por romance,


nos acomodamos em um almoço amigável e cordial. E no fundo da minha

BY CARRIE AARONS
mente percebo que não estava apenas ganhando uma esposa, estava
ganhando uma família.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO TRINTA NOVE

Paxton

Oito anos atrás

Eu ia bem. Pelo menos, foi o que meu agente me disse.

Mamãe, papai e Dylan sentam-se ao meu lado, nossa mesa na arena


lotada que apresentava outros recrutas de várias faculdades ao redor do
país.

O lugar está vivo com energia e ansiedade, está flutuando no ar e


você pode estender a mão e pegar se realmente quiser tentar.

Não acredito que esse dia finalmente chegou. Apenas há uma


semana eu andava no meu campus da faculdade, balançando meu pau
como se não pudesse ser tocado. Como se eu fosse invencível.

E ainda estou, mas não posso evitar a sensação daquele peixinho


nadando em um grande lago que me dominou desde a seleção. Onde, a
propósito, eu estabeleci recordes.

BY CARRIE AARONS
— Querido, estou tão orgulhosa de você. — Mamãe limpa uma
lágrima do olho e aperta minha mão debaixo da mesa.

— Mãe, por favor, pare de chorar. — Dylan manda uma mensagem


no telefone, revirando os olhos para ela.

— É tudo por você, mãe. — Sorri para ela, meio sério e meio para
fazer meu irmão parece o filho mau.

— Puxa-saco, — murmura Dylan.

— Caramba, aquele é John Elway. — Papai é como um colegial


tonto.

— Fodidamente legal, não é? — Me junto à empolgação dele, porque


é surreal ver tantos de seus ídolos em uma sala.

— Paxton, cuidado com a boca! — Repreende mamãe.

Abaixo minha cabeça em desculpas, e depois puxo a gola da camisa,


a gravata só me fazendo suar mais do que já estava. Alguma marca,
esqueço a nome, me pagou um pouco de dinheiro apenas para vestir o
terno hoje. Quão louco era isso? Eles me pagariam para usar coisas? Era
assim que seria no próximo nível neste esporte? Claro, o futebol
universitário trouxe uma boceta bonita e bebidas gratuitas, alguns
equipamentos agradáveis... mas esse foi um grande momento.

Ser jogador de futebol profissional significava acordos de


propaganda e campanhas, a chance de projetar meu próprio equipamento

BY CARRIE AARONS
ou ter minha própria linha de produtos. Eu não tinha ideia do que seria
isso, mas diabos, os recursos estavam nas pontas dos dedos se eu usasse
bem meu talento no campo.

— Filho, eu só quero que respire fundo. Se você não for escolhido,


nada muda. É uma honra apenas estar aqui. — Papai dá um tapinha no
meu ombro.

Meus pais eram os melhores, sempre apoiando meu irmão e eu,


mostrando-nos o caminho justo e modesto. Senti um pouco de falta disso,
estando longe deles na faculdade. Parte da minha consciência queimava
toda vez que enfiava meu pau no campus ou em um bar numa garota
aleatória, em uma sala aleatória.

Mas agora que eu estava aqui com eles, algo caiu novamente no
lugar. Não tive vontade de responder ao meu pai com um comentário
malicioso, como faria com um dos meus amigos em nossa casa da
fraternidade. Realmente queria ouvi-lo, seguir seu conselho genuíno e
aplicá-lo. Queria deixar minha mãe se gabar sobre mim, me dar uma
estrela dourada. Era como uma maldita formatura no jardim de infância
e, poderia ser um sentimento de marica, mas agora estava apenas
deixando acontecer.

— Entendi, pai. — Aceno para ele, sério.

Fazia muito tempo desde que minha família esteve unida. Teve um
jogo de boliche nas férias de Natal, mas não consegui chegar em casa.
Então mamãe e papai voaram até a faculdade no meu aniversário em
abril e Dylan veio visitar em fevereiro. Sei que ele foi para casa nas

BY CARRIE AARONS
férias, mas não estávamos juntos como uma família desde... o ano
passado?

E de repente percebi quão difícil seria conseguir um tempo para nós


quatro quando estivesse viajando e treinando toda semana. A liga era mil
vezes mais exigente que a faculdade, e uma pontada de tristeza me
atingiu no estômago ao perceber que eu estaria sozinho na maior parte
da minha vida agora.

Começa a apresentação, a música dramática e meio extravagante,


mas exatamente o que esse tipo de momento exigia.

— É a vez de Massachusetts com a primeira escolha, — anuncia o


mestre de cerimônias no microfone no palco.

Torcia pelo meu time favorito, aquele pelo qual torcia para me
escolher. Leva um minuto e seis segundos para solidificarem sua escolha.

E quando a atual estrela da equipe, que eu idolatrei durante seis


temporadas inteiras, chega ao microfone, abaixa-se e diz meu nome, eu
mal posso acreditar.

A sala explode ao meu redor, mamãe pula e abraça meu pescoço


chorando, suas lágrimas molhando a lapela do meu traje. Papai tem o
olhar mais orgulhoso no seu rosto que eu já vi, até Dylan levanta para
bater no meu punho. E então me diz para conseguir ingressos para a
temporada.

BY CARRIE AARONS
Mas quando subo naquele palco, apertando as mãos e segurando
uma camisa com meu nome nas costas, não posso deixar de olhar para a
multidão. Vendo os outros jogadores, apertando as mãos das namoradas.
Alguns tinham esposas, filhos.

Estavam mais focados neles do que em qual time os escolhera ou


para qual cidade arrastariam suas vidas. Eles tinham pessoas com quem
poderiam ir para casa e compartilhar essa jornada.

E pela primeira vez na minha vida, pensei que talvez tivesse


cometido um erro quando se tratava de mulheres. Normalmente eu não
me apegava a ninguém. Elas eram apenas uma distração sexy e
glamorosa.

Exceto agora, que eu queria saber o que Demi Rosen achava de mim
virando o número um. Desejava deitar na cama dela, conversar depois
que nós fodêssemos o cérebro um do outro. Havia também o desejo de
saber se ela estava me assistindo e se estava feliz. Não apenas por mim,
mas na vida. Fui embora sem nem um adeus ou um aceno de cabeça e
agora me senti mal com isso.

Subindo no maior palco da minha vida, eu estava pensando numa


mulher.

E agora provavelmente era tarde demais para fazer algo sobre isso.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO QUARENTA

Demi

— Sei que esse não é o seu pátio perfeito na cobertura, mas foi o
melhor que pude fazer em pouco tempo.

Abro a porta e o ar noturno nos cumprimenta. Pax me segue.

— Como você conseguiu isso? Quero realmente saber? — Pax beija


minha bochecha, olhando para cima.

— Posso ou não ter puxado o mensageiro de lado, dado a ele


cinquenta e o convencido de que era isso que Paxton Shaw precisava para
garantir a esta cidade uma vitória no Super Bowl. — Dou de ombros.

Ele ri. — A imprensa teria um dia infernal se isso vazasse.

— Eh, quem se importa, você já estará aposentado amanhã. — Ando


até ele, inclinando-me e descansando minha cabeça contra ele enquanto
olhava para cima.

— Como você sabia que isso seria exatamente o que eu precisava


esta noite? — Ele me embala no seu calor.

BY CARRIE AARONS
— Porque conheço você, Paxton Shaw. E queria sair com você, no
estilo de sonho adolescente.

— Nossos pais podem descobrir... ou o treinador. Então eu estaria


em apuros. Tecnicamente eu deveria estar dormindo agora.

— Não contarei a ninguém. — Coloco um dedo no lábio e ele morde.


— Tenho outra surpresa.

Revelando minha cesta, puxo um cobertor de piquenique e alguns


lanches. Arrumo tudo enquanto ele assiste com um pequeno sorriso
enfeitando seus lábios o tempo todo.

Puxando uma garrafa de cidra espumante, eu aceno minha mão à la


Vanna White. — Assim como nosso encontro de piquenique no qual você
me enganou.

Pax ri, sentando-se ao meu lado. — Eu precisava fazer alguma coisa,


você evitava todos os meus avanços. Por um bom motivo, devo dizer, mas
ainda assim, um cara precisava de uma pausa.

Coloco um pouco de sidra nas taças de champanhe de plástico que


trouxe e entrego uma a ele. — Para Ryan.

Ele nos uniu, eu devia tanto a aquele garotinho. Nós brindamos com
as taças, uma nota agridoce preenchendo o ar enquanto bebemos.

— Devemos tudo a ele. — Pax fala meus pensamentos pela


milionésima vez desde que voltamos. — Você acha que ele está lá em

BY CARRIE AARONS
cima? — Ele aponta para as estrelas acima de nós, uma tapeçaria de luz
iluminando o pátio.

— Sei que ele está, provavelmente rindo de nós quando nos


beijamos. Mas amanhã, quando comemorarmos a vitória, ele estará
sentado naquela linha de cinquenta jardas, tenho certeza.

— Isso é bom. Ele amava futebol. — Pax come um pouco da pasta


que trouxe para nós, nunca sem fome.

— Você está nervoso para amanhã? — Nunca pergunto a ele sobre


jogos, porque geralmente não sei muito.

Ele balança a cabeça, dizendo: — Na verdade, não. Sempre penso no


Super Bowl como o único jogo em que me divirto.

Eu o estudo, confusa. — Diversão? Não é a maior pressão que já teve


sobre você?

A mão de Pax encontra a minha, quase como se fosse um movimento


inconsciente. — Exatamente o oposto, na verdade. Não há nada em jogo,
não realmente. Claro, a glória de ganhar, de içar o troféu... mas não há
nada depois disso. Esse jogo não é aquele que temos que vencer a todo
custo. Não estamos tentando preservar um recorde ou entrar nas quartas
de finais. Esse é apenas para se gabar, para a vitória. É a única vez que
nós, pelo menos eu penso dessa maneira, podemos jogar pelo garotinho
que se apaixonou pelo jogo.

BY CARRIE AARONS
Era poético, de certa forma, e eu o entendi. — Então, vá lá amanhã e
divirta-se.

Ele sorriu. — Exatamente. Especialmente como meu último jogo, no


qual vou aposentar as chuteiras. Parece surreal. Fiz isso por tanto tempo.
O que farei agora?

Vou até ele, deitando de costas em seu peitoral, inclinados para


olhar as estrelas. — Ser pai em tempo integral, talvez?

Podia sentir todo o corpo de Pax enrijecer. — Existe algo que você
precisa me dizer?

Só para provocá-lo, espero um momento e depois caio na gargalhada.


— Não, não há. Mas talvez um dia em breve possa haver.

Ele relaxa novamente, brincando com meu cabelo em seus dedos. —


Eu gostaria muito disso. Sim, ficar em casa, ser pai. Você saindo para
trabalhar, sendo a única provedora da casa, Sra. CEO.

— E isso não te incomoda? — Eu precisava saber se meu negócio era


algo com o qual ele se sentiria confortável a longo prazo.

Muitos homens diriam que não se importavam, que gostavam de


uma mulher forte.

Mas quando tudo se resumia a isso, ouvia falar e via muitas


situações em que o relacionamento se desfazia porque um homem não
conseguia lidar com o sucesso de uma mulher. Sei que Pax apoiara e

BY CARRIE AARONS
compreendera minha agenda exigente até agora, mas ficando mais sério,
casamento, criar uma família, ter um futuro, isso significaria apenas
mais tempo longe dele.

— Claro que não. Quero dizer, acho que o trabalho que você faz é
muito importante. E você é uma chefe, na gíria e no sentido tradicional.
Você me inspira a trabalhar mais, o que fiz não é nada comparado ao que
você construiu. Estou seguro o suficiente para ficar completamente bem
com o seu sucesso.

Sorrio. — Bom. Agora fique quieto, estou tentando te surpreender.

Pax ri, mas não diz mais nada.

Ficamos na cobertura por mais uma hora, mais do que


provavelmente deveríamos. Mas é uma noite agradável, e a sensação
relaxante de estar juntos, no silêncio, depois de uma semana de caos, é
boa demais para deixar passar. É como se estivéssemos no precipício de
algo enorme. Esse grande jogo, a aposentadoria de Paxton.

Mas outra coisa também.

E não conseguia saber o que era, mas sentia que depois de amanhã o
mundo inteiro mudaria.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO QUARENTA E UM

Paxton

Meus companheiros de equipe me ladeiam, nossas mãos sobre


nossos corações ouvindo cantores country entoarem uma bela versão do
Hino Nacional que não reconheço.

Troco olhares com Connor, que assente, faixas pretas de tinta de


alcatrão pintadas sob seus olhos. Meu olhar vasculha o estádio,
absorvendo os aromas e sons que se tornaram minha música tema,
minha trilha sonora, nos últimos oito anos.

É isso. O último jogo. Eu sabia por um tempo que estava chegando,


mas não estava totalmente preparado para a emoção agarrando meu
coração e trazendo um bolo de lágrimas no fundo da minha garganta.

Encontro-os nas arquibancadas, na seção da família, que ficava logo


acima da linha de cinquenta jardas, no topo da primeira seção de
assentos. Demi estava com a mão sobre o coração, minha camisa embaixo
da grande parka. Ela parece segurar o fôlego, meu amuleto da sorte,
minha segunda chance. Quanta fodida sorte eu tive por ela ter me dado
uma chance? Essa era a maior intervenção divina que já vi. Um presente
das estrelas.

BY CARRIE AARONS
De um lado estava Dylan, seu rosto pintado com meu número
desenhado em tinta branca. Ele parecia um completo fanático, e tive que
rir de seu entusiasmo.

E do outro lado estavam Sarah e Aaron. Eles ficaram tão


empolgados quando enviei os ingressos para eles, disse que não queria
que eles perdessem esse grande momento. Mal sabiam que o momento
que não deveriam perder não era o jogo real, mas o grande gesto no final.

O hino termina, e nossa equipe forma um amontoado, o treinador faz


um dos discursos mais motivadores que já ouvi.

— Homens, trabalhamos duro nesta temporada. Superamos todas as


probabilidades contra nós. Ninguém pensou que estaríamos aqui no final.
Mas aqui estamos nós, porra! Vão lá e joguem a melhor final das suas
vidas. Não deixem nada sem resposta, nada fica de fora nesse campo!
Sessenta minutos de glória é o que quero de vocês. Mãos à obra!

Juntamos, o círculo de força e coragem zumbindo com energia bruta


que poderia provocar uma explosão.

Assim que o primeiro apito soa, a unidade de nossa equipe especial


recebe o pontapé e o receptor passa a bola para as quarenta jardas. Hora
de trabalhar, posso sentir o sangue correndo pelas minhas veias. Posso
praticamente ouvi-lo, fluindo horas extras e me dando essa adrenalina
indescritível.

BY CARRIE AARONS
Alinho-me, o cornerback35 me cobrindo, dizendo besteira que nem
me incomodo em ouvir. Este é o meu jogo, ele não tem nenhum nada a
ver com estar no meu campo. Um pouco da juventude e arrogância me
invadem, e sou transportado de volta para o sabichão que costumava
fazer jogadas arriscadas que às vezes compensavam, às vezes não. Esse
ego combinado com meu conhecimento agora é o que me fará passar por
isso.

Jogadas após jogadas, avançamos, marcando ou conquistando os


primeiros tempos. Parece que o tempo parou, e pela primeira vez em um
ano, não sinto as dores da velhice como atleta atormentando meu corpo.
É como se o universo estivesse me permitindo dar ao jogo de futebol uma
última chance, sem arranhões. Meu joelho está móvel, os tendões
flexionam e os músculos ficam tensos, sem ter que favorecer a outra
perna ou pegar leve.

Coloco cada grama de mim nas últimas descidas, tentando ver o jogo
através dos olhos do garotinho que se apaixonou por ele.

Porque será sua última vez, minha última vez, sob as luzes.

Papel picado está em toda parte.

No meu cabelo, na minha boca, caindo do céu como estrelas que


explodiram nas cores da nossa equipe.

35 Cornerbacks são utilizados nas jogadas defensivas, ficam posicionados na lateral do campo, sua
função principal é impedir a recepção de passes ou avanço de jogadas.

BY CARRIE AARONS
Um mar de pessoas, câmeras, novos jogadores do campeonato estão
se jogando ao meu redor. Meus colegas de equipe estão chorando,
lágrimas felizes, e os repórteres estão empurrando microfones na minha
cara, tentando obter uma declaração do cara que está no topo do mundo
agora.

Era o meu grande momento. O último jogo. Um anel. Saindo como


campeão.

Meu corpo, meu coração, minha mente, todos cantam com triunfo. E
há apenas uma pessoa com quem quero compartilhar tudo agora.

Eu a vejo no meio da multidão, seu cabelo cor de chocolate ao leite


balançando descontroladamente enquanto ela parabeniza pessoa após
pessoa, a cada segundo pulando ao lado de Dylan em descrença.

Tirando as pessoas do caminho, evitando câmeras e apertos de mão,


finalmente chego a ela.

— Baby! — grita ela, abraçando meu pescoço e quase pulando em


meus braços.

Enterro meu nariz no seu cabelo, apertando-a com força,


aproveitando esse momento. Ela é a única que quero ao meu lado a cada
momento da vida. Levei muito tempo para perceber isso.

Colocando-a no chão, abaixo-me em um joelho, puxando a caixa do


anel das minhas calças de futebol. A coisa esteve no meu capacete extra à
margem durante todo o jogo. Estendi o anel apontado para ela.

BY CARRIE AARONS
— Demi Rosen, eu terminei com este capítulo. Agora, quero começar
o meu próximo. Aquele em que vivemos felizes para sempre. Agora, sei
que você lida com desejos, então gostaria que você concedesse o meu.
Case comigo. Faça de mim o homem mais sortudo da face desta terra. O
homem mais sortudo da galáxia.

As pessoas ao nosso redor começam a entender, há alguns gritos e


uivos. Então a multidão começa a torcer, isso deve estar passando no
telão.

Mas só estou focado em Demi, sua expressão inestimável. Ela fica


parada, a boca aberta, as lágrimas brilhando em seus lindos olhos
castanhos. Eu a espero, tentando não perguntar novamente, porque sei
que ela está em choque.

— Responda o garoto, bubbala. — A mãe dela a cutuca, seus pais


olhando com admiração e surpresa!

Olho para ela, realmente olho para ela, avançando o anel em sua
direção.

— Sim, — ela sussurra, os seus olhos focados em mim, lágrimas


escorrendo pelas bochechas.

Não espero mais sob um joelho, o qual está começando a pulsar, mas
pulo para levantá-la em comemoração. Ela grita e enterra a cabeça no
meu ombro.

— Eu te amo muito, — sussurro no cabelo dela.

BY CARRIE AARONS
— Eu te amo. Eu te amo há muito tempo, — ela sussurra de volta.

Alguém ao nosso redor grita: — Ela disse sim!

Câmeras vêm de todas as direções e as pessoas se apressam,


afastando Demi de mim. Eu rio, toda a atmosfera é apenas uma enorme
celebração.

Vou até ela novamente.

— Acho que preciso lhe dar algo para selar o pedido. — Pego sua
mão esquerda, colocando o anel no terceiro dedo.

Encarando a mão, Demi coloca a outra na boca. — É tão bonito. Pax,


eu não acredito nisso.

Olho para a aliança na mão dela, sabendo que é exatamente onde


pertence. Esse anel está em casa. — Era da minha mãe.

Um suspiro e depois lágrimas. — Esse é o anel mais especial que


você poderia ter escolhido. Prometo que vou apreciá-lo para sempre.

Segurando seu rosto, beijo-a levemente e depois inclino minha testa


na dela. — Eu sei, porque nunca vou te deixar tirá-lo. Você é minha. Para
sempre.

E então o caos assume novamente. Seus pais a sufocam enquanto


Dylan me sacode pelos ombros e grita sobre ser o padrinho e estar
sentado em um carro alegórico no desfile do Super Bowl. A imprensa nos
rodeia, fazendo perguntas sobre o meu jogo e o noivado.

BY CARRIE AARONS
Apesar de tudo, eu estou olhando para Demi. Minha futura esposa.

BY CARRIE AARONS
CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

Demi

Um mês depois

— Por favor, diga-me novamente por que estamos fazendo isso?

Puxo uma lufada de ar, meus pulmões queimam enquanto ouço o


zíper na parte de trás do vestido fechar.

— Chelsea, se você não quer ser solidária, você não precisa estar
aqui, — meio que brinco.

A costureira dá um tapinha no meu ombro, sinalizando que posso


me virar e sair.

Estou na metade do provador quando minha melhor amiga diz


novamente:

— Não falo sobre o casamento, mas sobre a escolha de vestidos de


noiva. Bem, por que estamos fazendo isso tão cedo? As pessoas não

BY CARRIE AARONS
esperam um pouco antes de começar a planejar um casamento? Muito
menos um daqui a menos de noventa dias.

As delicadas camadas de tule flutuam ao meu redor enquanto olho


para o painel de pessoas diante de mim. — Mãe, você vai chorar em cada
um?

Ela assoa o nariz, chorando novamente. — Você está tão bonita!

Minha mãe é ainda mais bridezilla36 do que qualquer uma das


noivas deste salão de noiva. Ela está sentada ao lado de Farrah, que
parece ser alérgica ao choro da minha mãe. Chelsea senta ao lado da
minha colega de trabalho e, Hillary, de quem eu me aproximei embora
Paxton tenha se aposentado, também observa. Todas se reuniram para
fazer minha festa de casamento e foram uma grande ajuda para que
nosso casamento acontecesse.

Após o choque inicial e a celebração do Super Bowl e nosso noivado,


que levou cerca de uma semana, meu noivo anunciou que gostaria de se
casar o mais rápido possível. Como tipo, amanhã, e não estava brincando.
Adiei um pouco, dizendo que sonhava com esse momento e que, se não
dermos a minha mãe um casamento de conto de fadas, ela nos culparia
até a morte.

Então aqui estava eu, tentando encontrar o vestido de noiva dos


meus sonhos em uma semana, para que pudéssemos nos casar em dois
meses. Já havia contratado o fotógrafo, um amigo de Hillary que faz

36 Uma gíria usada para noivas que são extremamente exigentes.

BY CARRIE AARONS
retratos de família aqui em Charlotte. Reservamos um local, o que foi
surpreendentemente fácil com meus contatos de planejamento de
eventos. Usaria a mesma florista de todas as festas anuais da Wish Upon
a Star, e Paxton estava encarregado das acomodações da banda e do
hotel.

Poderia ser um turbilhão, mas fiquei surpresa com a facilidade com


que tudo se resolvia.

— E sim, Chels, é o normal. Mas perdemos muito tempo, você sabe


disso mais do que ninguém. — Levanto uma sobrancelha para ela. —
Então, me diga se você gosta desse?

O vestido tinha uma saia cheia e fofa com pequenas flores de cristal
por toda parte. As alças eram um tule transparente, largas, com um belo
decote V, mas ainda modesto. Era lindo, e uma pequena vibração passou
pelo meu estômago enquanto esperava que elas respondessem.

— Bem, eu não gosto tanto da porcaria de sereia que você falava


antes, então amei esse! — sorri Farrah.

Ela foi minha pensadora racional durante esse período, mantendo-


me no caminho certo e dentro do orçamento.

— Acho que é esse! — Hillary bate palmas, sempre positiva. Ela e


mamãe estavam na mesma página, minha mãe sorrindo e assentindo
histérica.

BY CARRIE AARONS
— Amei. Você está incrível. Mas, novamente, você fica incrível em
qualquer coisa. Ah, e se Paxton Shaw alguma vez te machucar, eu disse a
ele que cortaria o pau dele e enfiaria na garganta. — Chelsea faz o
movimento de cortar a garganta.

Ok, então ela ainda estava um pouco cética em relação ao meu


futuro marido, mas cedia aos poucos.

Farrah ri histericamente. Aparentemente minha melhor amiga da


faculdade e minha melhor amiga do trabalho eram uma combinação feita
no céu. Elas já organizaram um happy hour para todos nós amanhã à
noite, e diziam ser a despedida de solteira antes da despedida de solteira.
Tenho certeza de que estavam me forçando a ter o sempre popular tempo
de meninas, simplesmente para que pudessem festejar, mas eu estava
feliz em fazer isso por elas.

— Realmente acho que é esse, Demi, — fala Hillary novamente,


assentindo como uma estilista experiente. Ela era minha colega amante
da moda; oramos no altar de sapatos e bolsas. — Podemos escolher o véu?
Nada curto, mas sim o tipo catedral. Toda mulher merece usar um véu de
catedral uma vez na vida. Pretendo usar pelo menos três vezes.

— Isso significa que você terá três maridos? — pergunta Chelsea.

Hillary acena com a mão. — Oh Senhor não, um marido é tudo o que


posso lidar. Não, farei Charles se casar comigo mais duas vezes. Pelo
romance, mas principalmente para que eu possa comprar mais dois
vestidos de noiva que serão completamente diferentes do que usei na
primeira vez.

BY CARRIE AARONS
Minha mãe começa a rir. — Não é a verdade? Um marido é
certamente suficiente. É por isso que eles querem que você acerte na
primeira vez, porque tentar encontrar outro é completamente exaustivo.
Para não mencionar, eu nunca lavarei a roupa íntima de outro homem.
Não, obrigada.

Chels abraça minha mãe enquanto ri. — Amém, mamãe Rosen!

A consultora coloca o véu em mim, arrumando-o no meu cabelo e


trazendo brincos para acompanhá-lo.

— Oh não, ela não usará isso. — Minha mãe a afasta e sorrio para
ela.

Eu sabia por que ela não queria que eu os colocasse. — Você ainda
quer que eu os use?

Mamãe assente, lágrimas molhando seus olhos. — Claro que sim,


sua avó gostaria que você usasse as pérolas dela.

Antes de falecer, minha avó me dizia o tempo todo como mal podia
esperar para me ver usando suas pérolas e diamantes, suas joias mais
valiosas, nos lóbulos de sua única neta no dia do casamento.

E agora eu faria exatamente isso.

Quando tudo estava no lugar, viro-me, olhando nos três espelhos no


final da pequena pista que o salão tinha no meio da loja.

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E minha boca cai. Eu parecia uma noiva. Um completo enfeite de
Natal branco, de conto de fadas, noiva. — Oh meu Deus…

— Essa é a reação que procurávamos. Vendido, nós levamos! —


Chels vira a mão, sinalizando para a consultora de noivas preparar a
venda.

— Agora, vamos tomar uma bebida. Cumpri meus deveres de dama


de honra e preciso de um Martini fortíssimo.

Com lágrimas nos olhos, eu ri. — Tudo bem, vamos pegar azeitonas
recheadas com queijo azul. Mas, eu não acho que vou tirar isso até o dia
do casamento. Então, eu posso usá-lo por mais dois meses, certo?

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CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

Paxton

Quando Chelsea propôs uma despedida de solteiro/solteira, eu fiquei


cético.

Queria que Demi tivesse seu espaço com as amigas. E


egoisticamente queria ter minha última noite de liberdade, fazendo
merda estúpida com meus amigos.

Mas dois meses após o Super Bowl, aqui estávamos nós. Quatro
doses e duas cervejas depois, todo mundo estava bêbado, tonto e pronto
para um fim de semana de festa e diversão.

— Dance comigo! — Demi estava pendurada no meu pescoço, seu


sedoso vestido branco na ponta dos meus dedos.

Ela parecia sexo nas pernas, pernas muito longas com saltos
impossivelmente altos. O vestido era decotado na frente e nas costas,
tanto que eu podia sentir a pele dela toda vez que nos esbarramos na
pista de dança. E o suficiente para me deixar louco de ciúmes sempre que
outro par de olhos caía sobre ela.

BY CARRIE AARONS
— Qualquer coisa para você, minha noiva, — grito, a música
batendo no ar.

Fomos a Ocean City, Maryland, capital mundial dos fins de semana


de despedida de solteiro e solteira. Já passamos um dia na praia, também
fomos a um longo jantar com muitas risadas e bebidas, e agora
estávamos basicamente bebendo e dançando. Novamente. Foi
exatamente como esse fim de semana deveria ser.

— Eca, isso parece mórbido! Não gosto de minha noiva. — Demi


bêbada era borbulhante e falante, um pouco menos reservada do que o
seu eu normal.

Isso me lembrou da faculdade... os bons tempos, pelo menos. A


antecipação sedutora que tínhamos todas as noites, quão atraído eu era
por ela. Agora era mil vezes melhor, porque deixei minha estupidez idiota
para trás e reconheci como era incrível que eu pudesse ir para casa e
ficar com ela todas as noites.

— Ok, como você gosta? — Minha cabeça nadava com bebida, mas
meus membros cantavam com felicidade e tesão.

Ela bebe o cranberry e a vodca, as luzes roxas e azuis do clube


dançando em seu rosto. — Gosto de amor, baby, querida, coelhinha,
linda, sexy e Sra. Shaw.

Meu pau pula quando ela diz seu futuro sobrenome. — Sra. Shaw,
hein? Vou te chamar assim a noite toda, querida.

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— Pare de flertar com seu noivo! Essa deveria ser sua última festa
de liberdade! Solte seus seios! — Chelsea corre, nos separando e
apertando os seios de Demi.

— Você foi quem fez disso uma festa conjunta! — Demi ri.

Anthony aparece, cambaleando, e eu sabia que ele não bebia muito


há anos. — Amo minha esposa, eu amo ser pai. Vocês sabiam que
estamos esperando um menino?

Ele diz a alguém no clube e depois conta novamente. Mas ele estava
animado e fiquei feliz pelo cara.

— Pegue uma água para esse homem! — Connor aparece, um colar


de contas piscando em volta do pescoço.

— Ei, onde você conseguiu isso? — Farrah os agarra.

Connor se afasta, mas posso ver seus olhos permanecendo no decote


dela. — Mostre-me seu sutiã e talvez eu te dê.

Éramos um grupo alegre de idiotas, eu não conseguia pensar em um


grupo melhor para ficar bêbado e desleixado.

— Estamos em Maryland, não em Nova Orleans. Boa tentativa,


amigo. — Farrah sorri loucamente para ele, como se tivesse acabado de
fazer o ponto do século.

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— Oh meu Deus, vamos para Nova Orleans! Eu quero um beignet!37
— Demi grita de repente. — Rápido, você pode pagar um avião particular
ou algo assim, certo baby?

Ela olha para mim como se eu pudesse tirar um do nada. —


Desacelere, Speed Racer. Nós ficaremos aqui. E o que você pensa que sou,
um milionário?

— Não é? — Chelsea aponta para mim, arrastando-se.

— Bom ponto. Você está se casando comigo apenas pelo meu


dinheiro, Demi Rosen?

Isso faz minha mulher rir. — Acho que você está se casando comigo
pelo meu. Seu caça ouro!

Connor corre para o palco, gritando com o DJ. De repente, o famoso


sucesso de Kanye West começa e todas as garotas jogam as mãos no ar,
soltando gritos. Pego os quadris de Demi, esmagando-a em minha frente,
esfregando meu pau crescente nas costas que amo e admiro.

— Você tem um namorado? — provoco-a.

— Na verdade, vou me casar. — Ela balança o dedo anelar. — Mas


estou solteira no fim de semana. Viagem de despedida de solteira.

37 Beignet é famoso por ser um donut sem o buraco,

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Levanto minhas sobrancelhas, moldando-nos juntos enquanto a
batida invade nossas veias.

— Que engraçado! Também estou aqui para minha despedida de


solteiro.

— Hmm, bem, eu invejo a garota que se casará com você. — Ela


sorri.

— Ei, que tal passarmos nossa última viagem de liberdade juntos?


Vi um lugar tranquilo que podemos... conversar. — Estou jogando junto.

Demi exagera uma carranca. — Não vou trair meu noivo.

Eu a estimulo, colocando seu cabelo para o lado e beijando o pescoço.


— O que acontece em Ocean City fica em Ocean City.

Ela se derrete, arrepios cobrindo sua pele exposta enquanto exploro


sua clavícula com meus lábios. Não combinamos, mas no minuto seguinte
eu a puxo, indo para a pequena alcova que vi no caminho. Escondida no
corredor onde ficavam os banheiros, um corredor escuro com paredes de
veludo roxo silenciadas pelos sons do clube, nada além do baque da
batida invadindo aqui.

Demi me segue, sua respiração rápida e animada enquanto nos


levava pelo corredor e entrava no recorte na parede. Quem sabia para
que esse espaço deveria ser usado... possivelmente para telefonemas ou
uma pausa para fumar se estivesse muito frio? Não me importava,
porque agora eu iria foder minha noiva sexy aqui.

BY CARRIE AARONS
— Tire sua calcinha, — rosno, soltando meu cinto.

Meu pau gritava comigo neste momento, tão duro e pulsando com
sangue que eu precisava de liberação.

— Não estou usando uma, — confessa Demi.

Isso me faz agarrá-la. Empurro-a contra a parede, suas mãos ao lado


do corpo e sua bochecha tocando a superfície aveludada.

Subindo o vestido, enfio meus dedos na boceta dela, achando-a


molhada e esperando por mim.

— Porra, querida. — Tenho que me firmar, porque o aroma dela e do


licor no meu sistema me fazem tropeçar.

— Oh, Pax... — ela geme alto e tenho que tapar sua boca com a
minha outra mão.

— Shh, quieta, querida. Ou alguém nos pegará. — Mal consigo


respirar, estou tão excitado.

— Deixe-os, eu não ligo. — Demi se contorce entre a parede e eu.

Porra. Preciso estar nela agora. Ela está prestes a explodir e quero
sentir isso.

Tirando-me grosseiramente das minhas calças, agarro seus quadris


e me alinho com a outra mão. Empurro suas costas e ela se inclina à
minha vontade.

BY CARRIE AARONS
— Espere, querida. — Vejo sua mão tensa na parede e depois entro
nela até minhas bolas baterem contra o seu clitóris.

— Oh meu Deus! — Ela praticamente grita, e se alguém estiver no


banheiro, eles definitivamente podem ouvir.

Inferno, as pessoas no clube provavelmente podem ouvir.

Não me importo neste momento, nada além de meu pau enterrado


dentro de sua umidade. Meus quadris batem contra sua bunda,
repetidamente, enquanto torço os quadris dela contra mim. Ela está com
a mão na boca, mordendo-a, tentando não gritar.

— Eu te amo, Sra. Shaw. Goze para mim, Sra. Shaw, — rosno para
ela.

E como se fizesse isso sob comando, sinto suas paredes apertar ao


meu redor, um grito saindo dos lábios de Demi.

Gozo logo após o orgasmo dela, meu clímax me rasgando enquanto


encho sua boceta com a minha porra. Mal consigo respirar enquanto
inclino-me à parede. Acaricio seu quadril, amando a sensação de seu suor
nos meus dedos.

A névoa da luxúria decola lentamente, mas quando pensamentos


mais claros prevalecem, Demi começa a rir.

BY CARRIE AARONS
Ela vira a cabeça, beijando minha bochecha. — Acho melhor
voltarmos à nossa despedida de solteiros antes que eles percebam que
fomos fazer sexo.

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CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

Paxton

James Taylor toca ao fundo, cantando sobre ir para Carolina, e estou


com ele. Não há lugar que eu prefira estar.

As cortinas da nossa, sim nossa, casa estão fechadas para o mundo


exterior. Deito no sofá, tentando encontrar um filme que gostamos.
Suspense para Demi, filmes esportivos e inspiradores para mim.

Minha noiva cantarola na cozinha, Maya brincando aos pés. Eu a


admiro, vendo-a balançar os quadris naquelas calças de moletom que de
alguma forma fazem sua bunda parecer mais atraente do que quando
está nua. É um mistério como ela faz isso... fazendo-me voltar para mais
quando acho que conheço todas as suas partes intimamente.

Ela traz uma bandeja cheia com Twizzlers38, sorvete de café e uma
cerveja de chocolate39.

38 Doce mais popular dos Estados Unidos.

39Cerveja produzida com uma seleção de maltes caramelos e escuros criando características que
lembram chocolate amargo.

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— Case comigo, minha garota dos sonhos. — sorrio, pegando-a pela
cintura e puxando-a para cima de mim.

Ela ri, uma cortina escura de cabelo envolvem nós dois. — Não
posso. Meu pai te daria a surra que você nunca teve se não obtivesse a
permissão dele.

Demi está brincando, o anel no dedo brilhando na luz da TV. —


Inferno, eu andaria no fogo por você. Mas acho que não cortaria meu pau,
desculpe, querida. É aí que eu traço a linha.

— Acho que teremos que fugir. De novo. — Minha mente volta para
nossas férias incríveis, da qual voltamos há alguns dias, para comemorar
minha aposentadoria.

Não que eu estivesse realmente aposentado. Dois dias depois de


voltar das tão necessárias férias em Aruba que Demi e eu tiramos para
relaxar, Anthony veio até mim e me ofereceu um emprego. Eu
trabalharia meio período em sua instalação de treinamento, ajudando a
fortalecer e reabilitar os mesmos atletas com quem acabei de ganhar um
campeonato.

Obviamente, não precisava do dinheiro, mas adorava o jogo de


futebol e nunca conseguiria me afastar completamente. Também
precisava sair de casa, como Demi disse. Depois que enviei minhas mil
fotos de Maya e eu nos abraçando no sofá, ela me disse que eu precisava
de um hobby. E concordei.

BY CARRIE AARONS
— Mal posso esperar para casar com você. — Eu a seguro em cima
de mim, fazendo uma espécie de malabarismo para conectar nossos
lábios.

Demi relaxa, nossas línguas se enroscando, dançando e alimentando


lentamente as chamas da excitação.

De repente, ela se senta, um olhar que não gosto enfeitando seu


lindo rosto.

— Você acha que Jamison, ou qualquer um de seus amigos da


faculdade, dirá qualquer coisa depois de verem que vamos nos casar?

Linhas de preocupação enrugam seu rosto. Tento limpá-las, usando


as costas da minha mão para acariciar sua pele.

— Eles não ousariam. E se o fizerem, quem se importa? Isso está no


nosso passado. Posso admitir que eu era um idiota presunçoso e
arrogante. Não tenho medo de pedir desculpas e assumir. Não importa,
de qualquer maneira, isso é entre nós.

Demi assente, alimentando Maya com a ponta de seu Twizzler. —


Você está certo. De fato, esta é a última vez que falaremos sobre isso.

— Exceto para eu dizer uma última vez, que eu realmente sinto


muito por tudo. E que se pudesse fazer tudo de novo... bem, acho que não
faria. Eu gostaria de não ter perdido tanto tempo, mas estávamos
destinados a nos unir dessa maneira. O que você sempre diz?

BY CARRIE AARONS
— Se está escrito nas estrelas, está fadado a acontecer. — Ela sorri,
repetindo sua frase.

— E meu casamento com você está destinado a acontecer. Serei o


único na frente, esperando por você sob as estrelas. — Coloco uma mecha
de cabelo atrás da orelha.

Tinha sido minha ideia me casar depois do anoitecer, na cobertura


de um dos hotéis mais famoso de Charlotte. Tinha vista para a cidade e
eu trabalhei incansavelmente no local para transformá-lo em um jardim
mágico.

Demi não sabia a extensão do trabalho que coloquei ali. Mas ei,
quando você era um velho aposentado, e não tinha mais nada para fazer,
havia muito tempo de sobra.

— Amanhã, querido. — Demi sorri, uma expressão radiante que se


estende de orelha a orelha.

— Não dá azar dormir com a noiva na noite anterior ao casamento?

Ela olha para mim. — Você está reclamando de ter sua futura
esposa em cima de você?

— Nem um pouco, Sra. Shaw. — Falo, e isso envia uma onda de


prazer através de mim.

— Nossa, eu amo ouvir isso. — Os olhos de Demi tremem, como se


ela estivesse saboreando o som do nome de casada.

BY CARRIE AARONS
Um sorriso diabólico toma os meus lábios. — E eu te amo. Agora,
vamos consumar nosso casamento.

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EPÍLOGO

Demi

Um ano depois

A luz fluía através das cortinas finas, o som dos grilos de verão
criando um coro noturno enquanto caminho pelo corredor na ponta dos
pés.

Abro a porta com cuidado para passar por cima da forma


adormecida de uma cachorra protetora. Maya nunca deixa seu posto hoje
em dia, optando por deixar nossa cama no meio da noite para dormir
aqui.

Limpando o sono dos meus olhos, sorrio, porque não importa quão
cansado eu esteja, isso sempre valia a pena.

Parecia uma vida atrás quando eu esperaria, antecipando uma


ligação de Pax no meio da noite. Uma chamada à meia-noite, meu
coração como um escravo dele.

BY CARRIE AARONS
E agora, eu era escrava do nosso filho, meu coração completamente e
totalmente dele.

— Você está presa. — Ouço uma voz áspera atrás de mim e sinto os
braços do meu marido segurarem a minha cintura.

Inclinando-me para trás, pressiono um dedo nos lábios dele. — Não


o acorde.

Paxton acaricia meu cabelo, sussurrando, — Não sou eu quem está


aqui no meio da noite. Especialmente quando deveria tentar descansar
um pouco.

Suspiro, abraçando seus braços enrolados em mim. — Eu sei, eu sei.


Simplesmente não consigo parar de olhar para ele. Ele é tão bonito.

— Ryan Ezra Shaw, você roubou o coração da sua mãe de mim. —


Pax ri baixinho.

— Não roubou, expandiu. Nunca pensei que teria espaço suficiente


para amar um homem Shaw, muito menos dois. Mas agora não consigo
imaginar outra coisa.

Ficamos em silêncio, vendo nosso filho de duas semanas dormir. Foi


um turbilhão no ano passado. Primeiro, vencer o Super Bowl, a
aposentadoria de Pax, nosso casamento, e depois descobrirmos que
estaríamos aumentando a nossa família.

BY CARRIE AARONS
Nada como engravidar em sua lua de mel. No primeiro dia, para ser
exata, como foi o nosso caso. Paxton conseguiu seu desejo, ele me
engravidou no primeiro segundo possível que permiti. E agora aqui
estamos nós, de pé sobre o nosso bebê adormecido, completamente e
totalmente apaixonados. Nós o nomeamos em homenagem a dois dos
garotinhos mais importantes de nossas vidas; aquele que nos uniu e
aquele que era parte de mim mesmo depois que ele se foi.

— Como é que ele está aqui há apenas duas semanas e já esqueço


como era a vida antes dele? — Pax fica maravilhado.

— Eu sei. Até Maya não se importa com o choro à noite. — Sorrio,


olhando para a cachorra fofa deitada.

— Vamos lá, devemos voltar para a cama. Deus sabe que ele
acordará em uma hora, querendo provar um pouco desse leite.

As mãos de Pax roçam meus seios e depois se movem para


entrelaçar os dedos com os meus.

Eu rio suavemente quando saímos do berçário. — Quantas vezes eu


te disse, você não vai beber leite materno.

— Vamos, apenas uma gotinha? Acho tão sexy. — Seus olhos


esquentam quando voltamos para o nosso próprio quarto.

— E tire esse olhar com tesão dos seus lindos olhos. O médico disse
seis semanas sem sexo. Ou você quer ter outro? — repreendo-o quando
ele me ajuda a voltar para a cama.

BY CARRIE AARONS
Eu ainda estava muito sensível e um pouco dolorida por causa do
humano que saiu do meu corpo.

— Isso é mesmo uma pergunta? Claro, vamos agora! — Pax desliza


entre os lençóis ao meu lado, apoiando a mão na minha coxa.

Eu tive que rir. — Eu te amo.

Era absolutamente louco como a vida poderia mudar em apenas um


momento. Como uma estrela cadente, algo poderia trazer beleza apenas
com sua presença e iluminar o mundo inteiro, mudando seu destino para
sempre.

Nunca pensei que poderia ser feliz depois que Pax foi embora anos
atrás. Eu tentei, odiei-o, limpei-o da minha mente e tentei seguir em
frente.

Mas então, ele mudou, cresceu, passou por algo tão ruim que mudou
sua vida e o fez questionar todas as decisões.

Então fomos reunidos novamente e meu coração ficou subitamente


inteiro. Apesar de todo o desgosto pelo qual passamos, estávamos
destinados a acabar juntos. Realmente acreditei nisso.

Eu não mais me escondia no escuro para estar com ele. Estávamos


aqui juntos. Com nossa estrelinha iluminando nosso mundo, brilhando
amor nos cantos de nossos corações que nem sabíamos que existiam.

BY CARRIE AARONS

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