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Clostridioides difficile - infecção, diagnóstico e tratamento

Felipe Nelson Mendonça


Junho 2022

Cepas:
Existem cepas produtoras de toxina e cepas não produtores
São bactérias com potencial de disseminação aumentado, sabendo que a cepa NAP-027 é
reconhecida como a pior e mais virulenta de todas

Critérios:
Diarréia mais de 3 vezes ao dia por mais de 48 horas
Fatores de risco: idosos (>65 anos), comorbidades, uso recente de antibiótico (no último mês),
contato recente com serviço de saúde (hemodiálise, internação, ambulatórios, etc)

Diagnóstico:
O dado mais importante é rastrear em pacientes de risco e com diarréia - não realizar em
pacientes assintomáticos
Os testes de escolha de rastreamento é de alta sensibilidade, pois, se negativos, excluem a
doença

Os testes mais sensíveis são:


GDH - glutamato desidrogenase - proteína da membrana da parede celular
NAAT - amplificação de DNA da bactéria (PCR)

● Se positivos, podemos estar diante de uma ICD ou de uma colonização por CD mas
com diarréia de outra causa

● Em seguida, realiza-se uma segunda etapa, que é a dosagem da toxina, que é mais
específica
Problemas: Sensibilidade baixa, limitações pré-analíticas (termolábil - falsos negativos se
demorar a analisar)

● Em um resultado positivo, temos que o paciente tem infecção para o CD confirmada.

● Em um resultado negativo temos duas possibilidades:


1- o resultado é um falso negativo pela técnica de coleta não ter sido adequada
2- é uma colonização com uma cepa não produtora de toxina

● Nesse caso, abrimos mão do PCR caso o exame inicial tenha sido o GDH.

Sistematizando
1- Pede-se o GDH
2- Se positivo, pede o NAAT
3- Se positivo confirma a infecção, se negativo, possivelmente é uma colonização sem toxina
1- Pede-se o NAAT
2- Se positivo, pede a toxina A e B
3- Se positivo, confirma ICD, se negativo, possivelmente é uma colonização sem toxina
Lembrar que a toxina A e B é que causa a diarréia do paciente.

Tratamento

Doença grave : leucocitose > 15.000 ou creatinina > 1.5


Doença fulminante: íleo, ou megacólon, ou instabilidade hemodinâmica

Doença leve a moderada: vancomicina ampola via oral 125mg 6/6 horas por 10 dias;
metronidazol via oral 500mg 8/8 horas por 10 dias (baixo risco, jovens, poucas comorbidades,
primeiro episódio agudo leve)

Doença grave: vancomicina ampola via oral 125 mg 6/6 horas por 10 dias ou fidaxomicina
200mg 12/12 horas por 10 dias

Doença fulminante: vancomicina oral 500mg 6/6 horas por 3 dias + metronidazol 500mg 8/8
horas endovenoso (excreção biliar tem ação no intestino) por 3 dias
- Descalonar se melhora para vanco 500mg 6/6 horas por mais 10 dias
- Transplante de microbiota fecal nos casos refratários e não candidatos a cirurgia

Doença recorrente: lembrar que ocorre em 20% dos casos


Vancomicina 125 mg 6/6 horas por 14 dias na primeira recorrência
Vancomicina em dose escalonada na segunda recorrência

Recorrência é devido à disbiose, devido à mudança da microbiota do intestino - não é devido à


resistência microbiana, e sim, devido à barreira bacteriana ruim no intestino.

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