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Cidades Sustentáveis e Neutralidade Climática:

O Lugar da Inovação e da Ciência

O Minho no Plano Ferroviário


Nacional

Baptista da Costa
Universidade do Minho
29 de junho de 2023
Índice

1 - Introdução ............................................................................................................................ 2
2 – Ferrovia e economia ......................................................................................................... 3
3 – A rede ferroviária no Minho ............................................................................................ 3
4 – A localização da Estação da AVF em Braga............................................................... 4
5 - A Linha Guimarães – Braga até Esposende................................................................ 5
6 - A Linha Guimarães – Vila Verde e sua ligação a norte ............................................ 5
7 – O Alto Minho ....................................................................................................................... 6
8 - Conclusão............................................................................................................................. 7

1 - Introdução

Não é admissível modernizar isoladamente eixos ou serviços de transportes


públicos ignorando a oferta global de transporte que deve ser garantida às
mercadorias e aos cidadãos.

Há que tratar os modos marítimos, ferroviário, rodoviário e aéreo (de passageiros


e mercadorias) como um sistema.

O Plano Ferroviário Nacional, que esteve em consulta pública até ao passado


mês de fevereiro, será submetido à Assembleia da República que produzirá uma
Lei.

Os contributos que demos para a ferrovia no Minho, durante a consulta pública,


integram uma visão global e integrada com outros modos, considerando os
investimentos em infraestruturas já realizados.

Tal como a Lei do Plano Nacional Rodoviário permitiu adaptar os PDM’s – Planos
Diretores Municipais - e fazer as reservas de espaço que o viabilizaram ao longo
de décadas, também esta Lei do Plano Ferroviário Nacional terá fortes impactos
sociais e económicos ao longo das próximas décadas.
2 – Ferrovia e economia

Há mais de 25 anos que se discute a necessidade de um Plano Nacional


Ferroviário que dê resposta às reais necessidades da sociedade. A rede de Alta
Velocidade Ferroviária e a modernização dos sistemas portuário e aeroportuário
não podem deixar de ser estudados em conjunto.

A rede ferroviária não se resume às linhas da AVF – Alta Velocidade Ferroviária,


e deve considerar a migração para a bitola europeia, com sistemas de
alimentação elétrica, de sinalização e de telecomunicações que permitam a sua
exploração por qualquer operador possibilitando o transporte de mercadorias e
passageiros no sistema ferroviário europeu.

Os sistemas de transportes são determinantes para o desenvolvimento


económico e social.

A nível nacional é a Região Norte quem mais exporta, sendo o Minho


responsável por 39% das exportações, onde reside 10% da população de
Portugal e 30% da população da Região Norte.

A ferrovia é o modo adequado para ligar cidades. A obsoleta linha ferroviária com
26 quilómetros que liga cascais a Lisboa a cada 20 minutos. Outras cidades de
menor dimensão no centro da europa têm maior frequência mesmo entre cidades
de menor dimensão.

No Minho, como em qualquer parte do mundo, não há procura quando não há


oferta de serviço de transportes.

3 – A rede ferroviária no Minho

O milhão e cem mil habitantes do Minho são servidos por uma linha ferroviária
que desde Campanhã passa por Famalicão, Barcelos, Viana do Castelo e
Valença com dois ramais que a ligam a Guimarães e Braga.

Não há ligação ferroviária a Esposende, Vila Verde, Amares, Póvoa de Lanhoso,


Fafe, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura,
Monção ou Melgaço.
A Linha de Alta Velocidade Ferroviária ligará o Aeroporto Francisco Sá Carneiro
a Valença com uma estação em Braga.

No Minho há muito ensino superior sem acesso ferroviário. Braga e Guimarães


têm a UM. Esposende, Barcelos e Braga têm o IPCA. Em Amares há o ISAVE.
Em Fafe o IESF. Viana o IPVC que é constituído por seis Escolas, distribuídas
pelos concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Valença e Melgaço.

4 – A localização da Estação da AVF em Braga

A linha de AVF passa em Braga junto à atual estação de Ferreiros em túnel e a


estação está prevista na direção de Tibães, não servindo Braga nem a região.

Esta localização deve ser alterada para junto à estação de Ferreiros para
assegurar a ligação à linha ferroviária convencional que liga Braga ao Porto, mas
também por ser o ponto de acesso às autoestradas A11 e A3 que asseguram a
ligação à região.

Guimarães, Barcelos, Famalicão e Vila Verde ficam a cerca de 16 quilómetros


deste ponto.

Para além de ser o local onde a ferrovia convencional já passa e onde se poderá
efetuar a intermodalidade com a Alta Velocidade sem transbordos
desnecessários, inconvenientes e que afastam as pessoas da utilização do
transporte público. Neste ponto também o BRT em Braga permitirá à população
da cidade chegar rapidamente à Estação de Alta Velocidade de Ferreiros, onde
está previsto no PDM um interface multimodal que seja o início e fim de duas
das linhas de BRT.

Nada disto é possível noutra localização. Só assim se garante a ligação


ferroviária da alta velocidade de Braga a outras cidades da região.

Esta nova estação de AVF em Ferreiros poderá ser construída como um by pass
á linha projetada, dando maior flexibilidade ao sistema já que só os comboios
com paragem em Braga a utilizarão, não degradando o serviço de longo curso.
Esta é a opção em muitas cidades, nomeadamente no país pioneiro da alta
velocidade ferroviária, o japão, que tem estações de alta velocidade ferroviária
que distam 40 quilómetros.
Uma nova localização da estação de Braga da AVF já é admitida no PNF que
esteve em discussão pública até fevereiro deste ano e está alinhada com o Plano
Diretor Municipal de Braga.

5 - A Linha Guimarães – Braga até Esposende

Há, por parte de alguns decisores, um sentimento de urgência relativo a uma


qualquer ligação em sítio próprio entre Braga e Guimarães.

O PNF diz que esta ligação será ferroviária, sem prejuízo de uma solução
intermédia.

Está a ser estudada uma ligação em BRT – Bus Rapid Transit, que não dá
resposta às necessidades da economia e das pessoas, nem é a tecnologia
adequada para ligar cidades.

Acresce que a ligação de Guimarães a Braga terá de continuar até ao litoral em


Esposende, passando por Barcelos.

Certo é que a projetada ligação ferroviária de Braga a Barcelos passando por


Nine (Famalicão) é inaceitável porque mais do que aproximar duas cidades que
distam cerca de 16 quilómetros, afastam-nas.

6 - A Linha Guimarães – Vila Verde e sua ligação a norte

O PNF que prevê a ligação da linha de Guimarães a Fafe. Esta deve prolongar-
se em direção a Vila Verde, passando por Póvoa de Lanhoso e Amares.

Esta ligação já está prevista há dezenas de anos e dá resposta a importantes


movimentos pendulares.

Vila Verde ligará a Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez a norte
e ligará a Braga, a sul, contribuindo para desatar o Nó de Infias.

O Nó de Infias em Braga, que recebe todo o trânsito rodoviário vindo de Norte


(Ponte de Lima, Ponte da Barca, Amares, Vila Verde, ...) é um problema que
precisa de uma solução ferroviária.

Só a ligação de Vila Verde a Braga representa 40 mil deslocações diárias.


Os eixos Norte-Sul: Ponte de Lima - Vila Verde - Braga e Ponte da Barca -
Amares - Braga, são responsáveis por movimentos pendulares de mais de 300
mil pessoas residentes.

Em Ponte de Lima há que prever a uma estação da AVF onde alguns comboios
poderão parar, fazendo assim correspondência com a linha convencional de
ligação entre o Minho litoral e o Minho interior, bem como entre o Alto e o Baixo
Minho.

A ligação da Póvoa de Lanhoso a Braga deve ser compatibilizada com as linhas


de BRT que têm um interface em Novainho (Gualtar) e utilizar o canal BRT
urbano para trazer as pessoas até ao interface de Ferreiros, onde também estará
a estação de Alta Velocidade.

7 – O Alto Minho

O eixo Ponte da Barca - Ponte de Lima - Viana do Castelo que é responsável


por movimentos pendulares de cerca de 150 mil pessoas residentes deve-se
ligar ao Porto de Viana do Castelo que está em crescimento e é complementar
ao Porto de Leixões.

É fundamental ligar Paredes de Coura a Valença e ao Parque Logístico de


Valença, quer porque há uma forte procura em Paredes de Coura, quer porque
ligar o Parque Logístico à rede convencional é fundamental para potenciar as
exportações e importações, utilizando a ferrovia enquanto transporte de
mercadorias.

Esta linha ferroviária promove a coesão territorial e será prolongada até Melgaço,
passando por Valença e Monção, ao longo do Rio Minho, até ao extremo
setentrional de Portugal em direção a Ourense onde já circula o AVE – Alta
Velocidade Espanhola, potenciando uma nova ligação transfronteiriça.

Pelo litoral, desde Viana do Castelo, há que garantir o canal para sul que
promova a costa minhota com uma ligação direta entre Viana do Castelo e
Esposende, podendo a mesma expandir para sul em direção ao Porto,
fundamental para ligar todos estes territórios.
8 - Conclusão

Desta forma, várias sedes de concelho do Minho ficarão ligadas, por transporte
público, à Costa Atlântica, à Alta Velocidade em Ferreiros(Braga) e entre si.
Assim permitir-se-á às pessoas terem uma oferta digna de transporte público
para se deslocarem entre cidades.

Cerca de 1 milhão de pessoas passarão a ter um serviço ferroviário e poderão


optar por escolher o transporte público nas suas deslocações.

Em suma, estas são as novas linhas ferroviárias propostas para o Minho:

 Guimarães - Braga (correspondência com AV) – Barcelos - Esposende


 Guimarães - Fafe - Póvoa de Lanhoso – Amares - Vila Verde
 Braga - Vila Verde - Ponte da Barca - Arcos de Valdevez
 Vila Verde – Ponte de Lima
 Ponte da Barca - Ponte de Lima - Viana do Castelo
 Viana do Castelo - Esposende - direção ao Porto.
 Paredes de Coura - Valença - Monção - Melgaço - direção Ourense)

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