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UNIVERSIDADE LUEJI A`NKONDE

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊

INSTITUTO POLITÉCNICO DA LUNDA - SUL

Departamento de Ensino e Investigação de Engenharias

Repartição de Ciências da Terra e Ambiente

Monografia Apresentada Para Obtenção de Título Engenheiro em Minas

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Determinação da racionalidade do esquema escavação-carga-transporte durante


a exploração da pedreira Muandondji

Elaborado por: Margarida Júlia Víctor;

Paulina Tchivela Kapoco Nanpingala.

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Saurimo, junho de 2022


UNIVERSIDADE LUEJI A`NKONDE

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊

INSTITUTO POLITÉCNICO DA LUNDA - SUL

Departamento de Ensino e Investigação de Engenharias

Repartição de Ciências da Terra e Ambiente

Tese Apresentada Para Obtenção de Título Engenheiro em Minas

==============================================================
Determinação da racionalidade do esquema escavação-carga-transporte durante
a exploração da pedreira Muandondji

Autores: Margarida Júlia Víctor;


Paulina Tchivela Kapoco Nanpingala.
Orientador: Professor Titular eng.º Ramón Gilberto Polanco Almanza, Dr. C.

Monografia N.º-----------------
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PENSAMIENTO:

O que conhecemos é uma gota de água, o que não conhecemos é um oceano.

Isaac Newton (1642-1727)


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, queremos agradecer a Deus pelo fôlego de vida, que nos tem
proporcionado; um agradecimento especial ao nosso querido professor Polanco,
pelo auxílio na realização desse trabalho; aos nossos familiares, pelo apoio
financeiro; e para aqueles que directa ou indirectamente estiveram connosco na
realização do mesmo.
DEDICATÓRIA

Dedicamos esse magnifico trabalho a todos os colegas que fizeram parte da


nossa formação.
RESUMO

O trabalho analisa os principais aspectos relacionados à exploração das pedreiras


em geral, e, em particular, os parâmetros da exploração da pedreira Muandonji,
no município de Saurimo, capital da província da Lunda Sul da República de
Angola.

Foi efectuada uma breve caracterização da exploração da pedreira e analisada


em detalhe a execução dos processos tecnológicos de escavação-carregamento
e transporte, durante a exploração de depósitos de materiais de construção e
determinados os parâmetros que influenciam directamente o custo de exploração.

Foram efectuados os cálculos de aproveitamento dos referidos processos e


determinado o custo de extração de 1 m 3 de mineral útil, que serviu de base para
estabelecer as conclusões técnicas dos trabalhos.

Palavras-chave: Mineração a céu aberto. Pedreira. Equipamento de mineração.


SUMMARY
The work analyzes the main aspects related to the exploitation of quarries in
general and in particular the exploitation parameters of the Muandonji quarry in the
municipality of Saurimo, capital of the province of Lunda Sul of the Republic of
Angola.

A brief characterization of the exploitation of the quarry was carried out and the
execution of the technological processes of excavation-loading and transportation
during the exploitation of deposits of construction materials was analyzed in detail
and the parameters that directly influence the cost of construction were
determined. The exploitation calculations of the mentioned processes were made
and the cost of extraction of 1 m3 of useful mineral was determined, which served
as the basis for establishing the technical conclusions of the work.

Palavras-chave: Open pit mining. Quarrying. mining equipment.


ÍNDICE

PENSAMIENTO:--------------------------------------------------------------------------------------I
AGRADECIMENTOS-------------------------------------------------------------------------------II
DEDICATÓRIA---------------------------------------------------------------------------------------III
RESUMO----------------------------------------------------------------------------------------------IV
SUMMARY--------------------------------------------------------------------------------------------V
Introdução---------------------------------------------------------------------------------------1
Problema científico---------------------------------------------------------------------------2
Objecto de estudo----------------------------------------------------------------------------2
Objectivo geral---------------------------------------------------------------------------------2
Campo de Acção------------------------------------------------------------------------------2
Hipótese------------------------------------------------------------------------------------------2
Objectivos específicos----------------------------------------------------------------------2
Principais métodos de investigação científica:-------------------------------------3
Apresentação da memoria escrita------------------------------------------------------3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO------------------5
1.1 Introdução------------------------------------------------------------------------------5
1.2 Antecedentes e situação actual do assunto--------------------------------8
1.3 Caracterização da exploração do transporte automotivo durante a
extração de materiais de construção na Lunda Sul-------------------------------9
1.4 Operações unitárias de lavra-----------------------------------------------------9
1.4.1 Decapeamento---------------------------------------------------------------------10

1.4.2 Perfuração---------------------------------------------------------------------------10

1.4.3 Desmonte----------------------------------------------------------------------------10

1.4.4 Carregamento----------------------------------------------------------------------11

1.4.5 Transporte---------------------------------------------------------------------------12

1.5 Operação de carregamento na lavra a céu aberto-----------------------14


1.5.1 Equipamentos de Escavação---------------------------------------------------15

1.5.2 Produtividade dos equipamentos de carregamento----------------------19

1.5.3 Parâmetros fundamentais para estimativa de produtividade dos


equipamentos de carregamento----------------------------------------------------------20
1.6 Transporte por camiões em mineração a céu aberto-------------------25
1.6.1 Vantagens e desvantagens da mineração com transporte por
camiões-----------------------------------------------------------------------------------------26

1.6.2 Produtividade do transporte automotor--------------------------------------29

1.7 Seleção dos equipamentos de carregamento e transporte----------32


1.7.1 Dimensionamento e compatibilização do porte dos equipamentos- -36

1.7.2 Dimensionamento de equipamentos por indicadores de produção- -37

1.8 Conclusões parciais---------------------------------------------------------------38


CAPÍTULO II: DETERMINAÇÃO DAS PARÂMETROS OPERACIONAIS DE
ESCAVAÇÃO-CARGA-TRANSPORTE DURANTE A EXPLORAÇÃO DA
PEDREIRA MUANDONDJI----------------------------------------------------------------------39
2.1 Introdução-----------------------------------------------------------------------------39
2.2 Breve caracterização da área de estudo------------------------------------40
2.2.1 Características climáticas-------------------------------------------------------40

2.2.2 Flora e Fauna-----------------------------------------------------------------------41

2.2.3 Caracterização geológica da Pedreira------------------------------------42

2.3 Determinação de parâmetros operacionais dos camiões que


influenciam o custo do transporte----------------------------------------------------43
2.3.1 Considerações de selecção--------------------------------------------------45

2.4 Determinação de quantidade de equipamentos para processos


tecnológicos de escavação-carregamento e transporte-----------------------46
2.4.1 Determinação do equipamento de escavação-carregamento----47

2.4.2 Determinação do equipamento do transporte-------------------------49

2.5 Determinação do custo de produção das operações de escavação


e transporte durante a exploração da pedreira Muandonji--------------------51
2.5.1 Despesas directas decorrentes das operações de escavação e
transporte Despesas salariais---------------------------------------------------------53

2.5.2 Despesas com depreciação de equipamentos (Gd)------------------54

2.5.3 Despesas salariais (Gs)--------------------------------------------------------54

2.5.4 Despesas com combustível (Gc)-------------------------------------------54


Tabela 2.3 Gastos com combustível Gc.------------------------------------------------54

2.5.5 Despesas para o conceito de manutenção (Gm)----------------------55

2.5.6 Despesas directas---------------------------------------------------------------55

2.5.7 Despesa total----------------------------------------------------------------------55

2.5.8 Custo geral de extração-------------------------------------------------------55

CONCLUSÕES GERAIS-------------------------------------------------------------------------57
RECOMENDAÇÕES------------------------------------------------------------------------------58
BIBLIOGRAFIA-------------------------------------------------------------------------------------59
ANEXOS----------------------------------------------------------------------------------------------62
Anexo 1. Pá carregadeira de pedreira Muandonji. LiuGong ZL 50 C.
Fonte: Autoria própria (2023).-----------------------------------------------------------62
Anexo 2. Escavadeira da pedreira Muandonji Doosan modelo LCV 300.
Fonte: Autoria própria (2023).-----------------------------------------------------------63
Anexo 3. BELAZ 75710, camião com capacidade de 450 toneladas.
Fonte: (Heleno Silva, 2021)---------------------------------------------------------------64
Anexo 4. Camião da pedreira Muandonji. Fonte: Autoria própria (2023). 65
Anexo 5. Camião da pedreira Muandonji. Fonte: Autoria própria (2023). 66
Introdução

A mineração consiste na acção de extrair minérios a partir de depósitos ou


massas minerais naturais, com o objectivo de disponibilizar recursos minerais
(matéria-prima) para as mais diversas cadeias produtivas da sociedade. Ela é
uma das actividades mais importantes e antigas exercidas pelo homem,
ocorrendo desde os tempos da pré-história, em que era utilizada para a
fabricação de utensílios e armas de pedra.

A operação de lavra, um dos assuntos desse trabalho, baseia-se em um conjunto


de actividades de desmonte, carregamento e transporte. Essas tarefas compõem
o que é conhecido por operações unitárias de lavra, constituindo-se a base do
ciclo produtivo em uma mineração convencional.

Dentre as operações unitárias de lavra citadas, o carregamento e transporte de


material em uma mina, foco principal desse trabalho, é, de modo geral, a
actividade que concentra o maior custo operacional. De acordo com (Lashgari,
Yazdani, & Sayadi, 2010), o custo desses dois processos em uma mina a céu
aberto pode chegar a representar até 65% do custo operacional total de lavra.

A fim de tornar as operações mais eficientes e atender um mercado cada vez


mais dinâmico, a indústria de mineração evoluiu muito ao longo dos anos. Nas
últimas décadas, grandes transformações ocorreram no intuito de tornar as
operações mais produtivas e com um custo mais baixo. Dentre todas elas, uma
das mais notáveis foi o aumento substancial no tamanho e na capacidade dos
equipamentos de carregamento e transporte. Acreditando no conceito de
economia de escala, “quanto maior, melhor”, as minerações vincularam redução
dos custos ao aumento da capacidade dos equipamentos, o que possibilitou o
surgimento de empreendimentos em todo o mundo, antes considerados inviáveis.
Dessa forma, juntamente com a evolução das técnicas de processamento
mineral, a evolução dos veículos de carregamento e transporte na mineração
permitiu a extração de minérios com um teor de corte mais baixo e com uma
produtividade e eficiência maior, na maioria dos casos (Ribeiro Lages, 2018).

A importância actual da mineração para o desenvolvimento humano é


inquestionável, porém, por ser uma actividade que afecta negativamente o meio
ambiente em todas as suas dimensões, seus críticos a consideram uma das
actividades humanas mais destrutivas, tanto por seus impactos no meio ambiente
físico, quanto as consequências sociais de sua realização, incluindo as diferentes
fases do uso das tecnologias.
Para que o processo de exploração dos recursos minerais seja efectivo, ele deve
ser precedido por uma escolha tecnológica adequada que responda às
características de cada país (Sonhi Manassa, 2020).
O transporte automotivo é o mais difundido na exploração de minas a céu aberto,
incluindo esquemas cíclicos e contínuos cíclicos.
Por esta razão, a determinação do modelo de camião mais racional para as
condições de exploração determinadas adquire importância vital durante a
exploração mineira.

Problema científico
A necessidade de determinar a racionalidade do esquema de operações de
mineração escavação-carga-transporte durante a exploração da pedreira
Muandondji no município de Saurimo.

Objecto de estudo
Processos de escavação-transportação nas pedreiras a céu aberto.

Objectivo geral
Determinar a racionalidade do esquema de operações de mineração escavação-
carga-transporte durante a exploração da pedreira Muandondji.

Campo de Acção
Parâmetros operacionais dos processos tecnológicos de escavação-
carregamento-transporte em pedreiras.
Hipótese
Se forem estabelecidos os parâmetros de exploração dos processos tecnológicos
de escavação-carregamento-transporte e o seu custo durante a exploração da
pedreira Muandondji, pode-se determinar a racionalidade do esquema.
Objetivos específicos

 Caracterizar as condições gerais das pedreiras;


 Caracterizar o transporte automotivo;

 Determinar os factores que influenciam o custo do processo tecnológico de


escavação-carregamento-transporte;

 Determinar os parâmetros operacionais dos processos tecnológicos de


escavação-carregamento-transporte;

 Realizar a avaliação técnica e económica dos processos tecnológicos de


escavação-carregamento-transporte.

Principais métodos de investigação científica:

Dos métodos teóricos, foram usados:

 Histórico-lógico: Permitiu analisar e avaliar a situação do processo


tecnológico de transporte mineral, durante a exploração das pedreiras que
caracterizou a actividade antes e durante o curso da investigação e
estabelecer de forma lógica e coerente os fundamentos teóricos do
processo em estudo;

 Análise-síntese: Identificar os parâmetros de trabalho do transporte


automotivo que determinam seus índices de exploração;

 Indução-dedução: Foi utilizada para interpretar os resultados obtidos na


avaliação dos parâmetros de exploração do transporte automotivo.

Dentro dos métodos empíricos, foram usados:

 Observação: Perceber visualmente de forma consciente e planeada a


execução do processo de transporte de minério durante a exploração de
uma pedreira;
 Pesquisas: Há especialistas e operadores para determinar os parâmetros
mais importantes durante a exploração do transporte automotivo nas
pedreiras.

Apresentação da memória escrita


A tese tem a introdução geral que descreve o cenário científico onde o trabalho é
feito e estabelece seu desenho metodológico, dois capítulos, mais as
considerações gerais e sugestões.
É realizada uma análise dos aspetos económicos e técnicos que influenciam a
determinação do custo dos processos produtivos de escavação, carregamento e
transporte durante a exploração a céu aberto de pedreiras.
No capítulo II é feita uma breve descrição da exploração da pedreira Muandonji,
são descritos os principais aspectos técnicos dos processos produtivos e dos
equipamentos mineiros utilizados e, finalmente, o custo de exploração é
determinado a partir dos gastos directos dos processos tecnológicos e escavação,
carregamento e transporte do mineral útil e do material estéril.
É necessário referir que para a execução do presente trabalho, sérias dificuldades
tiveram de ser superadas para que obtéssemos as informações relativas à
exploração da pedreira de Muandonji
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO
1.1 Introdução

Desde primórdios do seu aparecimento sobre a terra, o homem teve de se


aproveitar dos minerais, quer como arma de defesa, quer para os diversos fins. E
a sua importância é tal, que dela resultou a divisão da história da humanidade nas
conhecidas idades: da Pedra (lascada e polida), do Cobre, do Bronze, do Ferro e
do Aço, como constituindo períodos ou etapas de civilizações.

Inicialmente, ele teria de encontrar estes materiais à superfície. Mas não tardou
que não tivesse de procurá-los à custa de escavações mais ou menos profundas,
como atestam os vestígios das grandes explorações de Sílex de Grim´s Graves,
em Norfolk, constituídas por cerca de 80 pequenos poços ligados entre si, por
galerias, que são considerados como sendo as primeiras explorações
subterrâneas, que se conhecem (8 000 A.C.).

Isto significa que, desde muito cedo, o homem teve de optar por procedimentos
diversos-explorações a céu aberto ou subterrâneas - para extrair os minerais de
que carecia.

Está-se, hoje, bem longe desses tempos, podendo na actualidade afirmar-se que
o sucesso de uma exploração mineira depende, em muito boa parte, duma
correcta selecção dos processos utilizados e das soluções adoptadas para a
extracção do minério, ou seja, da correcta selecção do "método de exploração".

É usual agrupar os diversificados métodos de exploração mineira, nos grandes


grupos seguintes:

 Exploração a céu aberto;


 exploração subterránea; e
 explorações subterrâneas conduzidas a partir da superfície.

Em engenharia, talvez, em tudo o que é material na vida humana, o critério


selectivo é o da economia, isto é, o de obter o máximo de utilidade com o mínimo
de esforço ou de despêndio económico.

Esta ideia geradora do progresso material humano – princípio do menor esforço –


subsiste, obviamente, na exploração mineira, e dela nos apercebemos tão
facilmente que não necessitará de mais referências.
Assim, e referindo-nos tão-somente agora aos três princípios que dominam a
tecnologia mineira, vemos que os dois que seguem indicados – segurança e
aproveitamento do jazigo – têm aquele subjacente ou a ele se subordinam (Torres
Da Silva Couto, 1990).

A utilização de metais pelo homem é datada de 18 000 A. C.; para ouro e o cobre,
de 3 700 A. C; para o bronze (cobre e estanho), é de 3 000 A.C.; para o aço e
ferro fundido.

Assim a preferencialidade que hoje parece verificar-se pelas explorações a céu


aberto, embora outros factores intervenham e elevados progressos tecnológicos
se tenham verificado, não é mais que o seu retomar a partir dos mais antigos
tempos.

É também de notar que, o número de minerais explorados aumentou


consideravelmente, pois se, nos primeiros tempos pré-históricos, as explorações
se confinavam apenas aos “flints” e argilas, nos tempos actuais a indústria Mineira
explora a maior parte dos elementos que ocorrem na Natureza e, actualmente os
mais sofisticados (germânio, telúrico, etc). É também de referir que poucos ou
nenhum dos minerais caíram em desuso (mesmo os “flints” ainda hoje são
utilizados, embora com fins diferentes dos demais), já que as necessidades da
Humanidade cresceram e se diversificaram. A procura de minérios aumentou
exponencialmente (em relação com o progresso civilizacional e com o
crescimento demográfico e trocas comerciais mundiais tatais) e, em
consequência, o número de minas e, principalmente a sua produção individual,
sofreu aumento considerável.

Tem-se assistido também a uma contínua implementação de métodos cada vez


mais sofisticados, que permitem a prospeção, o reconhecimento, a exploração e o
tratamento de minérios capazes de proporcionarem o equilíbrio oferta-procura.

Também será de interesse notar que o trabalho físico humano foi sendo aligeirado
e, em grande parte, substituído pelos explosivos e equipamentos mecânicos
vários.

Naturalmente, como já referido, que as primeiras explorações mineiras foram


realizadas a céu aberto e sempre devem ter sido as preferidas relativamente às
subterrâneas, desde que aquele modo de proceder o justificasse ou se tornasse
possível.

Como já se disse, embora as explorações a céu aberto tivessem sido as primeiras


a que o homem recorreu, o certo é que elas apenas conheceram um
desenvolvimento realmente espectacular na segunda metade deste século.

Se, por volta de 1960, o "Bureau of Mines Mineral Yearbook", citado pelo autor
(Torres Da Silva Couto, 1990), indicava que cerca de 20% da produção mundial
de minério era obtido com explorações a céu aberto, já em 1970, a mesma fonte
informativa indicava valores quatro vezes superiores, ou seja, cerca de 80%.

Assim, e reportando-nos aos E.U.A. e durante essa década, 90% da produção de


minérios de ferro e 80%dos de cobre, eram provenientes de explorações a céu
aberto. Entrando em linha de conta com o total da produção provenientes das
minas metálicas, das não metálicas e de materiais de construção, essa
percentagem era da ordem dos 86%.

Actualmente, as mesmas fontes estatísticas indicam que na presente década,


estas percentagens referentes à proveniência das principais produções mundiais
de minérios são ligeiramente inferiores e citam-se valores da ordem dos 75%
(Torres Da Silva Couto, 1990).

O sector mineral é bastante diversificado, tanto na forma com que os recursos se


apresentam na natureza, quanto pelos volumes e características dos mesmos, de
forma que, a descrição do processo de extracção deve ser específica para cada
substância. Segundo Abrão e Oliveira (1998), citado pelo autor (Assis Ferreira,
2013), a mineração é entendida como uma actividade de lavra e de concentração
de minérios, podendo ser classificada em três grupos principais: as minerações
ditas empresariais ou industriais, de grande porte; as minerações ditas de uso
social, de menor porte, como pedreiras, os portos de areia e as lavras de argila e,
por fim, os garimpos, actividades extractivas, informais, manuais ou mecanizadas
e, frequentemente, clandestinas.

Angola possui um grande potencial em recursos minerais, estima-se que no seu


subsolo se encontrem 35 dos 45 minerais mais importantes do mercado mundial,
destacando-se o petróleo, gás natural, diamantes, fosfatos, ferro, magnésio, ouro,
rochas ornamentais, etc.
O potencial dos recursos minerais de Angola é praticamente desconhecido,
porque apenas uma ínfima parte está completamente avaliada. As actividades
angolanas de mineração, desde que o país se tornou independente, em 1975,
resumem-se na extracção de diamantes, no nordeste do país, nas províncias
Lunda Norte e Lunda Sul, e na extracção de mármore e granito na região
sudoeste, mas em escalas mais reduzidas, (Monteiro Dos santos, 2010).

1.2 Antecedentes e situação actual do assunto

O problema da selecção de equipamentos, de acordo com Başçetin et al. (2006),


citado pelo autor (Campos Borges, 2013), tem interface com as fases de projecto
das instalações da mina e com a fase de produção, influenciando nos parâmetros
económicos operacionais e de longo prazo. Assim, a selecção de equipamentos,
baseada somente na experiência do tomador de decisões incorre em altos riscos
económicos, motivando o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área.

Segundo Amaral (2008), citado pelo autor (Campos Borges, 2013), a selecção de
equipamentos para aplicações de mineração não é um processo bem definido.
Uma das razões para isso é que não há duas minas com características idênticas,
que proporcionem as mesmas condições para selecção dos equipamentos mais
adequados. As características do minério, condições climáticas e a disposição
dos depósitos são algumas das variáveis que podem diferir entre minas, mesmo
essas contendo o mesmo tipo de minério. Uma pesquisa feita por Srajer et al.
(1989), citado pelo mesmo autor, revelou que na maioria dos casos é dada mais
atenção à selecção de equipamentos de transporte do que à de equipamentos de
carregamento.

Equipamentos de carregamento são tipicamente seleccionados para corresponder


às condições de minas em termos de capacidade necessária, às condições
climáticas, exigências de mobilidade e número de frentes de lavra, ao mesmo
tempo. Concluíram que, apesar das considerações acima, o conhecimento
pessoal e experiência do engenheiro de minas, ou do gerente com o equipamento
de carga, é a principal influência sobre a escolha dos equipamentos.

Para a selecção de equipamentos de transporte, como camiões, por exemplo,


algumas empresas contam com o auxílio do fabricante para apresentá-los numa
proposta de aplicação, baseada em requisitos de produção determinados. Em
seguida, as empresas seleccionam o tipo e a capacidade do camião a partir das
diferentes propostas com base em alguns dos seguintes critérios:

 Compatibilidade com equipamento de carga existente;


 Capacidade de atender às projecções de produção;
 Experiência anterior com o equipamento;
 Requisitos de serviço e manutenção;
 Custo de aquisição e custo operacional;
 Utilização e disponibilidade estimadas.

As principais considerações na selecção primária dos equipamentos são:


 Geologia do depósito;
 Metas de produção;
 Vida útil do projecto;
 Disponibilidade de capital;
 Custo de operação;
 Parâmetros geotécnicos;
 Retorno de investimentos;
 Interferências com o meio ambiente.

Porém, para uma escolha acertada na selecção de equipamentos de


carregamento e transporte, esses devem ser seleccionados de forma integrada, a
fim de aumentar a compatibilidade entre estes, optimizando a produtividade e
principalmente minimizando os custos de produção (Campos Borges, 2013).

1.3 Operações unitárias de lavra

As operações unitárias de lavra compreendem todos os processos realizados


para extrair o material de interesse, do local de seu jazimento e levá-lo à planta de
beneficiamento, bem como para a remoção da rocha encaixante ou do solo e o
transporte, destes, para os depósitos de estéril.

Os autores (Hartman & Mutmansky, 2002) consideram que as actividades de


mineração são realizadas de maneira cíclica, usando uma série de etapas
fundamentais para transportar o material que está sendo extraído até o destino.
Essas etapas são chamadas de operações unitárias de mineração. Estratificando
ainda mais as actividades mineiras, as divide em decapeamento, perfuração de
rocha, carregamento de explosivo, detonação, carregamento e transporte.

1.3.1 Decapeamento

O decapeamento é a actividade de remoção das camadas superficiais


(capeamento) sem valor económico que recobre o minério, executada durante o
desenvolvimento da cava. O capeamento é composto por latossolos e/ou rochas,
que devem ser armazenados a fim de serem utilizados para a recuperação da
área degradada, durante o fechamento de mina, conforme o Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas de cada empreendimento.

Segundo (Borges dos Santos Bravo, 2017) as camadas superficiais do solo, em


geral, apresentam teores mais elevados de matéria orgânica, actividade
microbiana, nutrientes e banco de sementes que podem ser utilizados com
grande vantagem na revegetação. A estocagem e reutilização dessas camadas
superficiais do solo facilitam o processo de recuperação da área degradada.

1.3.2 Perfuração

Para Silva (2009), citado pelo autor (Heleno Silva, 2021), a perfuração de rocha,
dentro do contexto da mineração, é a primeira operação que se realiza e tem
como finalidade abrir furos com uma distribuição e geometria adequada dentro
dos maciços, para alojar as cargas de explosivos e acessórios iniciadores. A
perfuração de rocha na mineração exige a manipulação tanto de equipamentos
mecanizados modernos com grandes capacidades produtivas, usados nos furos
de produção, como também de pequeno porte, que proporcionam viabilidade
económica na perfuração de áreas menores de desenvolvimento, repés e
matacos.

A correcta execução da perfuração, assegurando que os furos sejam,


efectivamente, executados segundo o plano de fogo, mantendo a malha
estabelecida, a correcta inclinação e retilinidade são condições essenciais para
garantir que os objectivos do desmonte sejam alcançados.

1.3.3 Desmonte

O desmonte por explosivos, consiste em uma reação exotérmica extremamente


rápida, onde os materiais explosivos são capazes de se transformar em fracções
de microssegundos, em uma massa de gases. Essa massa de gases em rápida
expansão, confinadas nos furos, provoca a ruptura do maciço rochoso.

A fase de desmonte compreende as etapas de carregamento de explosivos,


amarração dos furos e detonação do maciço, com objectivo de desagregar e
fragmentar a rocha, possibilitando o carregamento posterior (Heleno Silva, 2021).

1.3.4 Carregamento

Segundo Quiquia (2015) apud (Heleno Silva, 2021), o carregamento é uma


operação unitária de um empreendimento mineiro, realizada em circuito fechado
com a operação de transporte (Figura 1.1), composta pelas seguintes etapas:

 Enchimento da concha da unidade de carregamento;


 Giro cheio até o local de descarregamento;
 Descarregamento do material sobre a unidade transportadora;
 Giro vazio até o local de carregamento.

Figura 1.1: Fluxograma do circuito fechado entre as actividades de transporte


(azul) e carregamento (vermelho). Fonte: (Heleno Silva, 2021).

Esta operação caracteriza-se pela remoção do material desmontado da frente de


trabalho, com destino a enviá-lo à planta de beneficiamento, à pilha pulmão ou ao
depósito de estéril, de acordo com o valor económico ou estratégico de cada
material. Esta actividade envolve diversos conceitos fundamentais necessários
para estimativa de produção, descritos por Silva (2011) apud (Heleno Silva,
2021), como a seguir.

Volume da caçamba (Vc) deve representar a capacidade operacional, rasa ou


coroada conforme o caso, dos equipamentos de carregamento e transporte.

O autor (Campos Borges, 2013) categoriza pás carregadeiras, escavadeiras,


dragas e motoscrapers, como os equipamentos de carregamento mais comuns na
mineração em todo o mundo.

Com intuito de focar apenas nos equipamentos de carregamento presentes na


mina objecto de estudo, apenas as carregadeiras e escavadeiras serão descritas.

1.4.4.1 Pá carregadeira

As pás carregadeiras são os equipamentos de carregamento mais ágeis na


mineração. Construídas normalmente sobre rodas e equipadas com uma
caçamba frontal accionada por comandos hidráulicos, estes equipamentos são
adequados para situações que exijam constantes mudanças de frente de lavra,
pois estas não necessitam do apoio do semi-reboque (carreta prancha) para
deslocar entre pontos de carregamento, podendo deslocar a grandes distâncias
pelas suas próprias forças, eliminando o custo elevado e as dificuldades inerentes
ao transporte por carretas. Veja o anexo 1.

1.4.4.2 Escavadeira

As escavadeiras são equipamentos de carga mais robustos e de maiores


dimensões, comummente montados sobre esteira, mais adequados para
operação em taludes de maiores dimensões. O accionamento dos elementos
móveis das escavadeiras pode ser feito por cabrestantes e cabos de aço, cilindros
hidráulicos (Anexo 2), motores eléctricos e a combustão; essa grande
variabilidade de modelos cria um leque de opções para o dimensionamento de
frota.

1.3.5 Transporte

Dentre os diversos métodos de transporte de material, vagões, correias


transportadoras, camiões etc., o transporte realizado por camiões é o mais
comum na maioria das minas de céu aberto, sendo também dentre os diversos
métodos o mais versátil. Segundo Coutinho (2017), citado pelo autor (Heleno
Silva, 2021), o processo de transporte por camiões tem por objectivo deslocar o
material desde sua origem na frente de lavra até o seu destino da mina: o minério
deve ser transportado para planta de beneficiamento e o estéril para as
pilhas/depósitos de estéril.

Com intuito de focar apenas nos equipamentos de transporte presentes na mina


objecto de estudo, apenas o transporte por camiões e o transporte por correias
transportadoras serão descritos neste capítulo.

O sistema de transporte por camiões é tradicionalmente o preferido pelos


engenheiros de minas, devido à grande flexibilidade e mobilidade dos
equipamentos.

Para (Heleno Silva, 2021), algumas vantagens e desvantagens do transporte


realizado por camiões são descritas como sendo:

1.4.5.1 Vantagens

 Alta flexibilidade operacional;


 Lavras simultâneas em várias frentes, facilitando a blendagem;
 Realocação dos veículos para produção de estéril;
 Facilidade de contratação de mão-de-obra;
 Independência entre os equipamentos de transporte;

1.4.5.2 Desvantagens

 Baixa eficiência energética;


 Elevado tempo de deslocamento vazio;
 Limitada pela inclinação das vias (até 10% de inclinação);
 Custo elevado para abertura e conservação das vias;
 Afectado por intempéries;
 Número de equipamentos necessários sensível à distância média de
transporte.

A manutenção das estradas da mina é crucial para o sucesso de uma mineradora,


pois reflecte na actividade de maior custo operacional dentro da mineração, o
transporte por camiões. Boas condições das vias geram impactos na
produtividade dos equipamentos de transporte e nos custos relacionados à
manutenção de veículos, implicando menores tempos de ciclo, segurança
operacional e menor número de falhas mecânicas relacionadas ao sistema
rodante ou suspensão. As pistas de rolagem devem possuir piso firme, nivelado e
livre de rochas, garantindo condições seguras de acesso ao ponto de
carregamento e um transporte com maior eficiência.

As montadoras de camiões oferecem equipamentos com capacidades que variam


de 10 a 450 toneladas, aproximadamente. Actualmente, o modelo Belaz 75710
detém o recorde de maior capacidade de carga do mundo, 450 t. Veja o anexo 3.
Na pedreira Muandonji, o camião utilizado é um Sinotruck chinés, de 12 m3 de
volume y 9,5 t., mostrado em anexos: 4 e 5.

1.4 Operação de carregamento na lavra a céu aberto


Segundo Quevedo (2009) apud (Momade Racia, 2016), as operações de
carregamento e de transporte consistem em retirar o material extraído da frente
de lavra até diferentes pontos de descarga. Em minas a céu aberto, as
actividades iniciam-se com a preparação da área a ser lavrada para que ela
possa ser perfurada e detonada, quando necessário. Então, a escavação e o
carregamento são feitos por equipamentos pás carregadeiras ou escavadeiras,
que estão estrategicamente distribuídos nas frentes de lavra, para atender à
demanda de produção. Estes retiram o material e o carregam nos equipamentos
de transporte, (camiões, correias transportadoras, vagões, entre outros). O
equipamento de transporte transporta o material até um determinado ponto de
descarga, esses pontos de descargas podem ser britadores, pilha estéril ou pilha
pulmão, e o ciclo da operação recomeça, sendo realizada de forma contínua.
Couto (1990), citado pelo mesmo autor, diz que “as operações fundamentais na
lavra a céu aberto são praticamente as mesmas da lavra subterrânea, embora
algumas delas sejam mais simples e até em certos casos de diminuta
importância, sendo de destacar a inexistência de sustentação do teto e de um
menor ou nulo emprego de explosivos”. É evidente que as operações de carga e
de transporte ocorrem tanto em um como no outro tipo de lavra, mas elas
permitem o emprego de equipamentos mais avantajados em métodos de lavra a
céu aberto.
A sequência ou ciclo normal das operações da lavra fundamental a céu aberto
pode ser sintetizada segundo o diagrama apresentado na figura 1.2. Essas
operações podem ser executadas no estéril sobrejacente e ou no minério,
simultaneamente ou desfasadamente, desde que se tenha liberado
superficialmente o minério de interesse.

Figura 1.2: Ciclo normal de operações mineiras. Fonte: (Torres Da Silva Couto,
1990).
1.4.1 Equipamentos de Escavação

De acordo com Jaworski (1997), citado pelo autor (Momade Racia, 2016), os
equipamentos de escavação podem ser subdivididos em cinco grupos, em função
do tipo de serviço de escavação a que se destinam:

 Equipamento escavador deslocador: São equipamentos que executam


inúmeros serviços em obras de escavação, constituindo-se na base
fundamental da mecanização na terraplenagem. As máquinas (tratores) se
completam como equipamentos de escavação e transporte, pela colocação
do implemento denominado de lâmina (Figura 1.3);
Figura 1.3: Tractor de esteira. Fonte: Foto tirada pelo orientador em Mina a céu
aberto, Somiluana.

 Equipamento escavador transportador (“scraper”): são equipamentos


capazes de executar a escavação do material, recolhê-lo em uma
caçamba, efectuar o transporte desse material ao local conveniente e
promoverem a sua descarga. (Figura 1.4);

Figura 1.4: Scraper. Fonte: (Caterpillar, 2009)

 Equipamento nivelador: São máquinas equipadas com lâmina doptada de


uma variada movimentação, pois podem ser levantadas ou abaixadas, girar
em torno de um eixo e ter o movimento de translação provocado pelo
deslocamento do seu conjunto. São equipamentos adequados para nivelar
terrenos, manutenção de estradas, conformar superfícies e taludes, abrir
valetas de pouca profundidade e espalhar materiais sobre superfícies.
(Figura 1.5);

Figura 1.5: Motoniveladora: Fonte: (Momade Racia, 2016).

 Equipamento escavador elevador: São equipamentos que possuem a


característica de executar a escavação com a máquina estacionada, isto é,
sem se deslocarem na fase do carregamento de sua concha ou caçamba.
Escavam em terrenos brandos e em alguns casos duros, descarregam ao
lado o material e pode proceder a descarga em unidades de transporte.
(Figura 1.6).
Figura 1.6: Escavadeiras com as duas formas de configuração da concha
(retro e frontal, respectivamente). Fonte: (Momade Racia, 2016).

 Equipamento escavador carregador: São equipamentos constituídos pelos


tractores de rodas ou esteiras equipadas com caçamba frontal a qual é
accionada através de um sistema de braços articulados. A caçamba
permite a elevação do material nela depositada para um posterior despejo
em unidades de transporte. (Figura 1.7).

Figura 1.7: Carregadeira frontal sobre pneus. Fonte: Autoras em Pedreira,


Muandonji.

Estes equipamentos, para efectuarem cada uma das operações de lavra


(escavação, carga e transporte), devem adaptar-se ao tipo de terrenos em que
se operam. Assim, escavar e remover terrenos duros e compactos é muito
diferente do que realizar estas operações em terrenos inconsolidados ou
brandos, sendo, necessariamente, diferentes os procedimentos. Ao pretender
seleccionar os equipamentos para realizar essas operações de arranque,
carga e transporte, torna-se necessário conhecer os terrenos a trabalhar.

Pela necessidade e natureza da grande maioria das operações de lavra a céu


aberto, para o processo de escavação, neste trabalho irá dar-se mais ênfase
ao quarto grupo de equipamentos, os equipamentos escavadores elevadores.
Considerando que, seja em operações onde o desmonte seja mecânico, ou
com uso de explosivos, essa classe de equipamentos é, sem dúvida, a mais
utilizada em operações de lavra a céu aberto.
1.4.2 Produtividade dos equipamentos de carregamento

Segundo Silva (2009), citado pelo autor (Momade Racia, 2016), a produtividade
dos equipamentos de carregamento na mineração a céu aberto, depende com
que o projecto da mina e o planeamento de lavra sejam adequados à jazida e que
os equipamentos seleccionados estejam ajustados às demais operações unitárias
de lavra e beneficiamento. Assim sendo, o tipo, o número de equipamentos a
serem utilizados e a produtividade dependem dos seguintes factores:

 Porte dos empreendimentos: vida da mina, taxa de produção, método de


lavra;
 Projecto de cava: altura das bancadas, largura das frentes de trabalho,
diferença de nível entre as frentes de lavra e o destino dos camiões;
 Tipos de rocha: características do minério e do estéril, como massa
específica “in-situ”, empolamento, humidade, resistência à escavação, grau
de fragmentação;
 Projecto de deposição do estéril: local da deposição, forma de disposição
do estéril;
 Projectos das estradas: largura das estradas (recomenda-se uma largura
mínima de pista igual a 3,5 vezes a largura do camião, o que deixa uma
faixa igual a meio camião de largura entre os veículos que se cruzam e nas
laterais. Caso a faixa seja estreita, o motorista sentir-se-á inseguro e
reduzirá a velocidade ao se aproximar um veículo em sentido contrário),
inclinação longitudinal das rampas de acesso, raio de curvatura em trechos
curvos, acabamento da superfície de rolamento;
 Planeamento de lavra: número de frentes simultâneas, relação
estéril/minério, frequência de deslocamento entre as frentes de lavra;
 Destino do minério: distância, tipo, dimensões e taxa de produção do
equipamento que receberá o minério do camião, tais como britadores,
silos, pilha para lixiviação, entre outros.
 Infra-estrutura de apoio: recursos de manutenção, recursos para
abastecimento, comunicações, etc.;
1.4.3 Parâmetros fundamentais para estimativa de produtividade dos
equipamentos de carregamento

Como forma de auxílio à tomada de decisão ao planeamento dos equipamentos


de carregamento e dimensionamento dos mesmos, os cálculos de estimativa de
produtividade são indispensáveis no processo de selecção de equipamentos.

Segundo Silva (2009), citado pelo autor (Momade Racia, 2016), para os cálculos
de estimativa de produção é necessário considerar alguns parâmetros
fundamentais tais como:

1. Volume da caçamba ou concha (Vc)

O volume da caçamba ou concha representa a capacidade operacional, rasa ou


coroada. (Figura 1.8).

Figura 1.8: Volume de caçamba ou concha de um equipamento. Fonte: (Komatsu,


2009).

Conforme o caso dos equipamentos de carregamento, essa capacidade pode ser


calculada pela equação 1.1.
C max
V c= (1.1)
Pd

Onde:

Vc - é o volume da caçamba ou concha do equipamento;

Cmax é a carga máxima admissível na caçamba ou concha;

Pd é a densidade do material solto.

2. Forças de Arranque e Ataque

Segundo (Caterpillar, 2012), a penetração da caçamba no material é alcançada


pela força de arranque da caçamba (FB) e pela força de ataque do braço (FS). As
forças de escavação nominais são as forças de escavação que podem ser
exercidas no ponto mais extremo de corte.

3. Factor de Enchimento da Caçamba (Fenc)

É um factor aplicável sobre a capacidade operacional da caçamba e que,


basicamente, será função das características do material, e ou das condições dos
desmontes, da altura da bancada e da forma de penetração do equipamento. Veja
figura 1.9.

Figura 1.9. Enchimento da caçamba de escavadeira. (Caterpillar, 2016)

A capacidade da concha e do tipo de material é descrita pela Equação 1.2:

V rc =V c . F enc; m3 (1.2)

Onde:
Fenc é o factor de enchimento da caçamba. Este depende do material escavado e
corresponde à razão entre o volume real contido na caçamba e volume da
concha.

Tabela 1.1: Factor de enchimento. Fonte:(Caterpillar, 2016).


Faixa de factor de enchimento.
Material Percentagem da capacidade
da caçamba empilhada
Marga úmida ou argila arenosa. A- 100-110 %
Areia e cascalho. B- 95-110 %
Argila dura e resistente. C- 80-90 %
Rocha – Bem detonado. 60-75 %
Rocha – Mal detonado. 40-50 %
4. Empolamento (Kemp)

Ao escavar o material na bancada, ele é retirado, o que provoca um aumento no


volume. Este facto deve ser levado em consideração para calcular a produção da
escavação e dimensionar adequadamente os meios de transporte necessários.

A todo o momento deve-se saber se os volumes de material movimentado


correspondem ao material no banco (Banco, B) ou ao material já escavado
(Loose, solto, S).

O factor de dilatação é a razão de volumes antes e depois da escavação.

V B dS
F enc = = (1.3)
V S dB

 VB: Volume ocupado pelo material no banco;


 VS: volume ocupado pelo material solto;
 dB: densidade de bancada;
 dS: densidade do material solto.

O factor de expansão é menor que 1. No entanto, se outra tabela aparecer em


outro texto com factores maiores que 1, significa que eles estão tomando o
inverso, ou seja, F´=VS/VB e se forem utilizadas as fórmulas aqui expostas, elas
devem ser invertidas.

Outra relação interessante é aquela conhecida como percentagem de superação,


o factor de empolamento. (Cherné Tarilonte & González Aguilar, 2016). Este é o
nome dado ao aumento de volume experimentado pelo material em relação ao
que tinha no banco, ou seja: A % de empolamento K emp será:

V S−V B
K emp = .100 (1.4)
VB

5. Carga de Tombamento

É a carga que faz com que uma escavadeira hidráulica equipada para
determinada finalidade e, considerando a posição em que a sustentação é mais
desfavorável, perca o equilíbrio e tombe.

6. Factor de Disponibilidade do Equipamento

Segundo (Gregory, 2010) a palavra de disponibilidade é extremamente flexível e a


sua correcta determinação é primordial para os cálculos de rendimento em longo
prazo. Os factores, tais como má organização da mina, condições de trabalhos
adversas, operações em vários turnos e manutenção preventiva e correctivas
inadequadas poderão reduzir a disponibilidade do equipamento. A disponibilidade
do equipamento divide-se em dois:

 Disponibilidade Mecânica calculada pela equação 1.5.

HT −( MP+ MC +TP )
DM = . 100 ; %
HT

(1.5)

 Disponibilidade Física que corresponde à parcela das horas programadas,


em que o equipamento está apto para operar, isto é, não está em
manutenção, segundo a equação 6.

HP−HM
DF = .100 % (1.6)
HP

Onde:

 HT é total de horas teóricas possíveis no período, exemplo, por ano;


 MP é manutenção preventiva, compreendendo todo o serviço programado,
conservação e inspecção dos equipamentos, executados com a finalidade
de manter o equipamento em condições satisfatórias de operação;
 MC é manutenção correctiva. Significa o serviço executado no
equipamento com a finalidade de corrigir deficiências que possam acarretar
a sua paralisação;
 TP é o tempo perdido correspondente à locomoção da máquina por
motivos de desmonte de rocha ou outros intervalos de operação (almoço,
café, troca de turno, entre outros);
 DF é a disponibilidade física que representa a percentagem do tempo que
o equipamento fica à disposição do órgão operacional para a produção;
 HP corresponde às horas calculadas por ano, na base dos turnos
previstos, já levando em conta a disponibilidade mecânica e/ou eléctrica;
 HM corresponde às horas de reparos na Oficina ou no Campo, incluindo a
falta de peças no estoque ou falta de equipamentos auxiliares.
7. Factor de Utilização do Equipamento

É o factor aplicável sobre as horas disponíveis do equipamento. Corresponde à


parcela em que o equipamento está efectivamente em operação. Os factores, tais
como número de unidades ou porte compatível, maior ou menor que o requerido;
paralisação de outros equipamentos; falta de operador; deficiência do operador;
condições climáticas que impeçam a operação dos equipamentos; tipo de
desmonte de rocha na mina e preparação das frentes de lavra influencia na
utilização de um equipamento. O factor de utilização é calculado pela equação
1.7.
HT
K u= .100; %
HP−HM

(1.7)

8. Rendimento ou Eficiência Operacional

Segundo (Torres Da Silva Couto, 1990), é de máxima importância que a produção


seja mantida em ritmo estável. É esta eficiência de trabalho que resulta em maior
lucratividade. Factores devido às paradas, atrasos ou deficiências em relação ao
máximo desempenho do equipamento devem-se, entre outros, aos motivos, tais
como: características do material, supervisão no trabalho, esperas no britador,
falta de camião, maior ou menor habilidade do operador, interrupções para a
limpeza da frente de lavra, desmontes de rochas, capacidade da caçamba e
pequenas interrupções devido aos defeitos mecânicos, não computados na
manutenção. A eficiência de operação ou rendimento é a relação entre as horas
efectivamente trabalhadas e as horas programadas, ou seja, é o produto da
disponibilidade física pela utilização. (Equação 1.8).

R=HF . K u (1.8)

9. Tempo de ciclo da escavadeira

É o tempo gasto pelo equipamento para executar um conjunto de determinadas


operações, como, por exemplo: manobra, carga, descarga, basculamento,
deslocamento, etc. O tempo de ciclo total de uma operação é o somatório de
tempo de todas as actividades que compõem essa operação.

Para uma escavadeira, o tempo de ciclo de trabalho, normalmente, consiste em


tempo de carregamento (TC), tempo de rotação com caçamba carregada (T RC),
tempo de descarga ou basculamento (T D) e tempo de rotação com caçamba
descarregada (TRD). O ciclo só estará concluído quando a máquina estiver
posicionada de forma a iniciar um novo ciclo, ou seja, pronta para iniciar o
carregamento. A duração do tempo de ciclo de uma escavadeira é igual à soma
dos quatro tempos como mostra a equação 1.9.

T ciclo =T C + T RC +T D +T RD ; S . (1.9)

O tempo total do ciclo da escavadeira depende do tamanho da máquina


(máquinas pequenas podem completar o ciclo mais depressa que máquinas
grandes) e das condições operacionais. Em condições operacionais muito boas, a
escavadeira pode completar o ciclo com rapidez. À medida que as condições de
trabalho tornam-se mais severas (escavação mais dura, profundidade de
escavação, mais obstáculos etc.), a escavadeira diminui a velocidade. O tempo
para o enchimento da caçamba aumenta à medida que a escavação torna-se
difícil em função da consistência do solo (Momade Racia, 2016).

O desempenho das pás e retro escavadeiras é determinado considerando todos


os factores mencionados pela seguinte equação: (Chiriboga Fernández, 2000)
3600 .V c . f h . K enc . 3
Re = , m /h . (1.10)
Tciclo . K emp

1.5 Transporte por camiões em mineração a céu aberto


Na mineração existem vários métodos e sistemas de transporte de material,
entretanto os mais comuns são o transporte por camiões e por correias.
Segundo (Darling, 2011), o transporte de material na mineração por camiões é o
mais utilizado em todo o mundo. Com o surgimento da mecanização alavancou-
se ainda mais a capacidade de mineração. Os equipamentos estão sendo
modernizados e os conceitos de carregamento e de transporte se consolidaram.
Com o avanço da tecnologia surgiram variações, tais como: as escavadeiras
eléctricas a cabo, diesel-eléctricas e hidráulicas.
Para (Lopes, 2010), os camiões acompanharam o porte das escavadeiras, mas
por falta de tecnologia, foram barrados pelo tamanho dos pneus, caso que
ocorreu no mesmo período com as carregadeiras. Nas últimas décadas, a
tecnologia de fabricação de pneus avançou e o tamanho dos camiões e
carregadeiras foi ampliado atingindo as capacidades actuais de produção, o que
provocou a possibilidade de ajuste de tamanho das escavadeiras para as novas
dimensões dos equipamentos de transporte.
Actualmente, o mercado oferece camiões com capacidades que variam de 10
toneladas a mais de 400 toneladas, e escavadeiras compatíveis para o
carregamento eficiente dos mesmos. A aplicação e o porte do conjunto de carga e
transporte estão directamente ligados à escala de produção, geometrias da cava
e geologia da jazida.

1.5.1 Vantagens e desvantagens da mineração com transporte por camiões

Segundo o autor (Lopes, 2010), as vantagens da mineração com transporte por


camiões são:
 Alta flexibilidade operacional, especialmente, quando a mineração selectiva
é exigida. O equipamento pode ser transferido para outras frentes de
operação, conforme necessidade dos planos de mineração;
 A mineração pode ocorrer, simultaneamente, em vários níveis, facilitando a
blindagem do material, garantindo a qualidade;
 Os camiões podem ser deslocados para a operação no estéril, quando a
estação de tratamento que recebe o minério dos camiões estiver parada;
 Menor variação nos teores médios do depósito devido à possibilidade de
verticalização da mina;
 Facilidade de contratação de mão-de-obra no mercado de trabalho devido
à predominância do método por camiões nas minerações a céu aberto;
 Tempo de posto-em-marcha reduzido. Os camiões são pré-montados na
fábrica por partes e transportados, bastando montar o conjunto total no
local da obra;
 O desenvolvimento de estradas e praças para que os camiões comecem
as operações são reduzidos, pois assim que são montados e iniciam as
operações a continuidade dos mesmos pode ser feita pela própria frota;
 As operações não são interrompidas quando uma unidade de transporte é
paralisada por problemas de manutenção, é possível continuar a actividade
até um limite mínimo económico de camiões operando simultaneamente;
 Pode-se manter a frota em operação, mesmo quando o silo de descarga
estiver paralisado, construindo pilhas reservas estratégicas próximas às
estações de descarga, para retomada posterior, quando a frota não puder
operar normalmente;
 A relação das operações conjugadas com escavadeiras (shovel ou
backhoe), e carregadeiras (esteiras ou pneumáticos), pode ser alterada,
caso as dimensões sejam compatíveis, aumentando as opções de
carregamento;
 Agilidade na evacuação dos equipamentos das áreas de risco iminente.
O mesmo autor (Lopes, 2010) aponta que as desvantagens da mineração com
transporte por camiões são:
 Possui eficiência energética relativamente baixa, dividida em 50% para o
próprio deslocamento do seu peso e 50% para o deslocamento das cargas;
 Elevado tempo de deslocamento vazio, em média 50% do tempo de ciclo
de transporte é gasto na actividade de retorno da descarga para frente de
lavra em operação;
 As estradas são relativamente longas devido à limitação de inclinação das
rampas, aumentando a distância de transporte gradativamente à medida
que novos níveis de operação são abertos na mina. Recomenda-se o
máximo de 10% de inclinação das rampas;
 Custos elevados para a abertura e conservação das vias de acesso dos
camiões; Redução e às vezes paralisação das operações devido a chuvas
e neblinas que causam instabilidade de tracção e baixa visibilidade;
 Necessidade de equipamento de apoio para umectação de vias de acesso
com o objectivo de reduzir a poeira (sólidos em suspensão no ar),
garantindo a boa visibilidade para o operador e a redução do impacto
ambiental da actividade;
 o aumento da distância de transporte implica em incremento no número de
camiões da frota necessário para garantir a produção desejada ou
ampliação do porte unitário com aquisição de camiões de maior
capacidade de transporte de carga.
Segundo autor (Gregory, 2010), a capacidade dos camiões pode ser expressa por
três formas, tais como: capacidade mássica, capacidade volumétrica nominal que
é a capacidade média considerando o limite das bordas da caçamba do camião e
capacidade volumétrica coroada que é baseado em um empilhamento de
inclinação 2:1 acima da borda da caçamba, onde esta depende do tipo de
material e seu respectivo ângulo de repouso. (Figura 1.10).

Figura 1.10: Capacidade dos camiões. Nominal (esquerda); Coroada (direita).


Fonte: (Gregory, 2010).
A capacidade produtiva vai depender da capacidade de carga e do número de
ciclos que o camião vai executar dentro de um período de tempo (normalmente
expresso por horas).
A produtividade, nos equipamentos de carregamento e transporte, representa a
taxa de movimentação de material em determinado período. Esta taxa, calculada
através do produto da produtividade horária pelas horas programadas do
equipamento, representa a produção teórica de massa ou volume de uma
máquina por unidade de tempo, geralmente em toneladas por A produtividade,
nos equipamentos de carregamento e transporte, representa a taxa de
movimentação de material em determinado período. Esta taxa, calculada através
do produto da produtividade horária pelas horas programadas do equipamento,
representa a produção teórica de massa ou volume de uma máquina por unidade
de tempo, geralmente em toneladas por hora.

1.5.2 Produtividade do transporte automotor

A movimentação de minério de ferro, através das minas, para que seja


beneficiado na movimentação de estéril é uma operação fundamental que está
presente nas mais diversas minas a céu aberto do mundo. Segundo (Campos
Borges, 2013), na mineração, a actividade de transporte de carga é onde as
empresas têm os maiores gastos e tem grande influência no desempenho
económico de uma mina.

O transporte de material realizado pelos camiões fora de estrada não agrega valor
nenhum ao produto, por isso, a forma que se utiliza os camiões deve ser o mais
eficiente possível.

Conforme o autor (Trigueiro de Sousa Júnior, 2012), o ciclo básico de operação,


normalmente utilizado pelas empresas nas minas de minério de ferro é dividido
em quatro operações: primeiro, a operação de carregamento do camião; depois,
transporte do material até o britador, descarga do material no britador e retorno do
camião até o equipamento de carga, fechando um ciclo e dando início a outro
ciclo.

Na Figura 1.11, é possível visualizar o ciclo de operações.


Figura 1.11. Adaptado de (Pereira Knupel, 2019).

Para gerenciar toda a operação de transporte de carga dentro de uma mina, a


consulta aos indicadores de desempenho voltados para a operação dos camiões
se torna fundamental para ter um processo mais eficiente. A performance dos
camiões deve ser acompanhada de perto, tanto no ponto de vista do desempenho
dos equipamentos quanto na aplicação dos recursos humanos e materiais.

Segundo (Felsch Junior, 2014), além do planeamento operacional, a execução


operacional deve ser feita de forma bem controlada, uma vez que os
equipamentos de transporte são considerados produtivos quando estão
carregados, e os equipamentos de carga quando estão em processo de
carregamento. Os períodos de filas, ociosidades e paradas não planeadas dos
equipamentos são os principais factores para a perda de produtividade.

Um dos factores que influenciam na produtividade dos camiões são os tempos no


ciclo de transporte do material, sendo definido como a somatória do tempo gasto
pelo equipamento para executar um conjunto de determinadas operações. Outro
factor é o modo que o operador conduz o equipamento, é necessário submeter o
operador a um período de treinamento, a fim de que ele possa operar o
equipamento nos níveis de produção previstos pelo fabricante, sem que haja, um
desgaste excessivo dos componentes, diminuição das velocidades e um aumento
nos tempos do ciclo (Pereira Knupel, 2019).
1.6.2.1 Tempo de ciclo dos camiões

Segundo a (Caterpillar, 2012), o estudo dos tempos e movimentos característicos


dos camiões, é dividido em fixos e variáveis, sendo o primeiro composto por:
tempo de carga, tempo de descarga e tempo de manobras. (soma de manobras
para carregamento e manobras para descarga). Já os tempos de transporte,
carregado e vazio, somados formam o tempo de ciclo variável.
Os manuais de produção dos fabricantes dos equipamentos de construção civil e
mineração como o caso da Caterpillar, Volvo e Komatsu, fornecem uma
estimativa de tempos de ciclo (t ciclo) para os equipamentos que são apresentados
na forma de tabela. Nas tabelas são esboçados, para cada equipamento,
dependendo da categoria de peso operacional, os limites dos tempos de ciclo
frequentemente observados.
No caso do manual da (Komatsu, 2006) são apresentados dois métodos distintos
para a estimativa do tempo de ciclo (tciclo). O manual faz distinção, entre trabalhos
de construção e de mineração, levando em conta, as condições operacionais de
cada tipo de trabalho e o peso operacional dos camiões, acima das 300 toneladas
para trabalhos de mineração.
O tempo de ciclo de trabalho normalmente consiste em tempo de manobra e
posicionamento (TMP) que depende da configuração de operação e do espaço
operacional; tempo de carregamento (T C); tempo de transporte carregado (T TC);
tempo de manobra e basculamento (T MB); e tempo de transporte vazio (T TV). A
duração do tempo de ciclo de camião é igual à soma dos cinco tempos, segundo
a equação 1.9.

T ciclo =T MP +T C +T TC +T MB +T TV . (1.11)

Por sua vez, o tempo de carga, número de passes e tempo de transporte


carregado e vazio podem ser calculados pelas equações 1.12; 1.13; 1.14 e 1.15
respectivamente: (Shpansky & Polanco Almanza, 1986).

T C =T C . Esc . N B (1.12)

V Camião
NB= (1.13)
VC
60 . d
T TC= (1.14)
V TC

60 . d
T TV = (1.15)
V TV

Onde:

TC. Esc. – Tempo de ciclo de escvaçao da escavadeira; S;

NB – número de baldes caregados;

Vc - é o volume da caçamba ou concha da escavadeira;

VCamião - é o volume da caçamba do camião;

d - é à distância de transporte; km.

VTC - é a velocidade do camião caregado. km/h.

VTV - é a velocidade do camião vazio. km/h.

Quase todos os fabricantes dos equipmentos fornecem nos seus manuais os


tempos de transporte carregado e de transporte vazio dos camiões que podem
ser lidos em curvas de desempenho de acordo com as velocidades típicas dos
equipamentos em diferentes condições de declividade de rampa e/ou resistência
ao rolamento (Momade Racia, 2016).
Na maioria das mineradoras, o valor das velocidades de deslocamento dos
camiões nos sentidos carregado e vazio é assumido com base na experiência
prática da própria mineradora ou de empresas com condições operacionais
similares e são parâmetros regulados pela regulamentação da mineração.
A produção anual, em t o m 3 tanto de um equipamento de carga quanto de
transporte, é dada pela equação 1.16: (Grossi, 2022).

PA=N . C . FE . HP . DF . U . E ; (1.16)

Onde:
N = número de ciclos por hora;
C = capacidade da caçamba (t ou m³);
FE = factor de enchimento da caçamba (%);
HP = horas programas por ano;
DF = disponibilidade física do equipamento (%);
U = factor de utilização do equipamento (%);
E = factor de eficiência (%).
1.6 Selecção dos equipamentos de carregamento e transporte

A selecção de equipamentos influencia em pontos chaves da mineração, como no


planeamento de lavra e na avaliação económica. Por exemplo, um dos princípios
para analisar a viabilidade do projecto é a avaliação económica, parâmetro
influenciado pelos tipos de equipamentos que serão comprados. Além disso, o
limite ideal de uma cava é obtido com base em critérios económicos como o
retorno do investimento (payback). A selecção ideal de equipamentos reduz
custos e pode alterar o limite da cava, uma vez que, reduzidos os custos
operacionais, é possível lavrar o minério localizado a maiores distâncias. Nessa
selecção, o tipo, tamanho e número de unidades são considerações importantes e
interdependentes (Bozorgebrahimi, Hall, & Blackwell, 2003).

Segundo citado pelo autor (Christina N. Burt & Caccetta, 2018) a selecção dos
equipamentos impacta em parâmetros económicos operacionais e de longo
prazo, uma vez que tem ligação com as fases de projecto das instalações da mina
e com a fase de produção. Dessa forma, considera-se arriscado no âmbito
económico que a selecção seja fundamentada somente na experiência dos
responsáveis pela operação. Por isso, o desenvolvimento de pesquisas nessa
área tem sido crescente.

O processo de selecção de equipamentos empregados na mineração não é claro.


Dentre as razões para isso, tem-se a dificuldade de comparação das minas com
características análogas, que apresentam condições idênticas para a selecção
dos equipamentos mais adequados, pois tal informação é inacessível para o
pesquisador ou sigilosa por parte da empresa. Entre minas que contém o mesmo
tipo de minério, algumas das variáveis, que podem implicar na selecção de
equipamentos diferentes, são as características do minério, as condições
climáticas e a disposição dos depósitos minerais.

Para o autor (Campos Borges, 2013), equipamentos de carregamento são


seleccionados para corresponder às exigências das minas com relação à
capacidade necessária, às condições climáticas, exigências de mobilidade, à
altura de bancada e ao número de frentes de lavra, concomitantemente.
Para a selecção de modais de carregamento e transporte, algumas empresas
contam com um estudo de aplicação dos equipamentos, fundamentados em
requisitos de produção pré-existentes, apresentados pelo fabricante. Para que
essa escolha seja a mais assertiva possível, a selecção deve ser feita de maneira
integrada, considerando-se máquinas de carregamento e transporte. Dessa
forma, é possível obter a compatibilidade almejada e, por consequência, optimizar
a produtividade e minimizar custos de produção.

O mesmo autor (Campos Borges, 2013) aponta que, caso a selecção seja
somente para equipamentos de transporte, os quais irão operar juntamente com
equipamentos de carregamento já existentes, a escolha é feita com base nos
seguintes critérios:

 Compatibilidade com os equipamentos de carregamento já existentes;


 Capacidade de atender às metas de produção;
 Experiências prévias com o equipamento;
 Requisitos de serviço e manutenção;
 Custos operacionais e de aquisição;
 Taxa de utilização e disponibilidade física estimada.

O autor (Costa e Silva, 2011) ressalta que as considerações essenciais para a


selecção primária dos equipamentos de carga e transporte são:

 Geologia do depósito;
 Metas de produção;
 Vida útil do projecto;
 Disponibilidade de capital;
 Custos de operação;
 Parâmetros geotécnicos;
 Retorno de investimentos;
 Interferências com o meio ambiente.

O objectivo do problema geral de selecção de equipamentos (PSE) é escolher


uma colecção de itens de equipamentos compatíveis, mas não necessariamente
homogéneos, para executar uma tarefa especificada. Em muitas aplicações, a
tarefa é mover um volume de material de um conjunto de locais para um conjunto
de destinos. No entanto, diferentes tipos de equipamentos possuem atributos que
podem interagir de forma complexa no que diz respeito à produtividade. Em
aplicações de mineração de superfície, o PSE aborda a selecção de
equipamentos para extrair e transportar material extraído, incluindo estéril e
minério, ao longo da vida útil do poço de mineração. Neste artigo, focamos
especificamente no problema de selecção de camiões e carregadeiras para minas
de superfície.

O tipo de carregador seleccionado para uso em uma mina de superfície, depende


do tipo de mineral a ser extraído e das especificações do ambiente, como a altura
da bancada. Também devemos considerar outros factores no processo de
selecção de equipamentos, principalmente, a compatibilidade das carregadeiras
com as frotas de camiões seleccionadas. Por exemplo, alguns carregadores não
conseguem alcançar o topo da bandeja nos camiões maiores. Por outro lado,
algumas capacidades da carregadeira excedem a capacidade do camião. Se
estivermos determinados a encontrar o melhor conjunto de camião e
carregadeira, devemos modelar o problema de forma que seleccionemos
simultaneamente os tipos de camião e carregadeira.

Problema de Selecção de Equipamentos (Mineração): considere o conjunto de


todas as políticas de compra de camiões e carregadeiras viáveis com relação à
demanda do período, requisitos de balanceamento de produtividade entre
camiões e carregadeiras e restrições de compatibilidade (com o ambiente e entre
tipos de equipamentos). Então, o PSE deve seleccionar a política de custo
mínimo desse conjunto viável.

Esse problema pode ser resolvido durante o planeamento estratégico, caso em


que a entrada é um plano de mina de longo prazo, ou, posteriormente, durante as
operações de mineração, quando novos equipamentos são necessários. No
último caso, cronogramas de produção de médio prazo podem ser usados como
entrada em vez do plano de longo prazo de resolução maior. Em ambos os casos,
o custo de operação do equipamento depende das tarefas que o equipamento
deve realizar. Uma dificuldade de dimensionalidade reside em vincular as
decisões estratégicas, tácticas de tipos, números de equipamentos e tempo de
compra às decisões de agendamento operacional em um cronograma de
mineração de longo prazo. Essa disparidade na escala de tempo entre decisões
estratégicas, tácticas e operacionais tem um efeito enorme na eficácia de uma
abordagem de modelagem e solução escolhida.

A literatura discute duas abordagens para resolver este problema: (1) particionar o
problema e resolver cada partição sequencialmente; e (2) desenvolver modelos
computacionais holísticos. A abordagem mais comum na literatura de selecção de
equipamentos de mineração tem sido uma abordagem sequencial (por exemplo,
primeiro seleccione o tipo de carregadeira, depois seleccione o tipo de camião e,
finalmente, determine o tamanho da frota). No entanto, observando avanços
recentes em pesquisas relacionadas à programação matemática, especialmente,
em aplicativos com uma estrutura de problema semelhante, a indústria de
mineração pode ser capaz de resolver instanciações mais difíceis e de maior
escala do problema. Em particular, esses avanços podem afastar o planeamento
da mina da tomada de decisão sequencial para problemas que são
essencialmente interdependentes e, portanto, devem ser resolvidos de forma
holística (Christina N. Burt & Caccetta, 2014).

1.6.1 Dimensionamento e compatibilização do porte dos equipamentos

Segundo (Costa e Silva, 2011), após seleccionar quais equipamentos atenderão


às condições específicas da operação, é necessário seleccionar também o porte
desses equipamentos. Esses irão operar conjugadamente, com foco em uma
maior eficiência global. Inicialmente, a compatibilização deve ser fundamentada
em restrições físicas, descritas nos três tópicos a seguir.

 Altura da bancada: influencia na escolha do tipo de equipamento de carga;


o Pá carregadeira: H = 5 a 15 m;
o Escavadeira hidráulica: H = 4 + 0,45.cc (m);
o Escavadeira a cabo: H = 10 + 0,57 (cc – 6) (m);
Sendo cc - capacidade da concha em m3;

 Alcance da descarga: o equipamento de carregamento deve ser adequado


ao porte do equipamento de transporte, o que reflecte a compatibilidade
física dos modais. Essa também é uma questão de segurança operacional
para as minas, pois máquinas grandes interagindo com máquinas
pequenas geram condições propícias para acidentes graves;
 Número de passes: necessários para que a escavadeira/carregadeira
preencha a unidade de transporte. É ideal que esse número varie entre três
e cinco.

De acordo com o mesmo autor, observadas estas restrições, a compatibilização


dos equipamentos em operação conjugada deve, então, atender a outros factores
que irão afectar directamente a eficiência da operação, tais como:

 O número de passes do equipamento de carregamento para encher o


equipamento de transporte. Considera-se que o número de 3 a 5 passes
representa um bom equilíbrio. Um número menor seria preferível, quando:
 O tamanho da caçamba da unidade de transporte não seja muito pequeno
em comparação com o tamanho da caçamba da unidade de carregamento,
resultando em impactos sobre a suspensão e a estrutura do veículo e
derramamento excessivo da carga;
 O tempo de carregamento não seja tão curto que ocasione a demora da
chegada da unidade de transporte seguinte, ocasionando um tempo
excessivo de espera por parte da unidade de carregamento;
 O número de unidades de transporte para cada unidade de carregamento
seja equilibrado. Se este número for muito pequeno poderá ocorrer
ociosidade da unidade de carregamento; e se o contrário é provável que
ocorram filas dos equipamentos de transporte;
 O número excessivo de unidades da frota não ocasione dificuldades de
tráfego e manutenção (Momade Racia, 2016);
 Considera-se inadequado que o número de passes ultrapasse cinco, pois
isso resultará em um tempo de ciclo elevado e, portanto, em uma
produtividade reduzida. Um número reduzido de passes para carregar um
camião também é prejudicial, pois, desta forma, há impactos sobre a
suspensão e estrutura da unidade de transporte devido à grande
quantidade de carga que é depositada rapidamente. Adicionalmente, o
tempo de carregamento não deve ser pequeno de forma que a unidade de
transporte seja tardia, uma vez que o equipamento de carregamento ficaria
ocioso durante a espera (Uzan, 2020).
1.6.2 Dimensionamento de equipamentos por indicadores de produção

Segundo Clarke et al. (1990), citado pelo autor (Momade Racia, 2016), usando os
indicadores de produção é possível estimar a produção de quaisquer
equipamentos, dada sua taxa de utilização, disponibilidade, produtividade,
eficiência de operação, número de equipamentos e horas totais programadas,
onde o produto destes é igual à produção da frota em um determinado período de
tempo, conforme a equação 1.17.

P=DF . UT . PR . HTP . N equip. (1.17)

Onde,

 P - Produção da frota;
 DF - disponibilidade física dos equipamentos;
 UT - factor de utilização dos equipamentos;
 PR - produtividade efectiva dos equipamentos;
 HTP - horas totais programadas;
 Nequip - número de equipamentos na frota.

Nesse caso, para estimar o número de equipamentos, deve ser feita a operação
inversa, onde se tem a produção anual e os indicadores mencionados, pelos
quais é obtido o número exacto de equipamentos necessários para produção
planeada, através da equação 1.18.

N equip = ( HTP ). P1
a
(1.18)

Onde:
 Pa - Produção anual.

Em que,

HT =DF . UT . HTP (1.19)

O dimensionamento de equipamentos por indicadores de produção gera


resultados fidedignos à realidade da operação. Quanto maior a adesão dos
indicadores de produção estimados aos indicadores praticados, maior será a
adesão da estimativa de produção realizada. As estimativas dos indicadores de
produção devem sempre ser fundamentadas em estudos de campos, manuais de
fabricantes e principalmente estar aderentes às médias históricas praticadas em
cada operação a fim de se evitar que estes sejam subestimados ou
superestimados, causando divergências na capacidade produtiva dimensionada
com a realizada (Momade Racia, 2016).

1.7 Conclusões parciais

 Durante a mineração de lavra a Céu Aberto, os equipamentos mais


utilizados na operação de escavação-carregamento são as escavadoras
elevadores, seja em operações onde o desmonte seja mecânico ou com
uso de explosivos.
 Durante a mineração de lavra a Céu Aberto o transporte de material por
camiões é o mais utilizado em todo o mundo.
 O desempenho dos equipamentos dos processos tecnológicos de
escavação-carregamento e transporte tem alta correlação inversa com a
duração do ciclo de trabalho.
 A correcta selecção dos equipamentos de escavação-carregamento e
transporte determina a racionalidade da exploração de uma jazida mineral
a céu aberto.
CAPÍTULO II: DETERMINAÇÃO DAS PARÂMETROS OPERACIONAIS DE
ESCAVAÇÃO-CARGA-TRANSPORTE DURANTE A EXPLORAÇÃO DA
PEDREIRA MUANDONDJI
2.1 Introdução

Dentre os processos produtivos de maior custo está o carregamento e transporte


de material, por ser o processo com maior quantidade de equipamentos
envolvidos, alto grau de mecanização, menor rendimento produtivo por
equipamento e constituir um processo de operação, praticamente, contínua e
lenta, o carregamento e transporte tem por finalidade retirar o material jateado das
diversas frentes de trabalho e transportá-lo, adequadamente, até o seu destino,
que pode ser resumido na seguinte sequência:

 Preparação da área de trabalho;


 Posicionamento da equipe;
 Retirar o material voado da frente de trabalho (carregamento);
 Transferência do material para o equipamento de transporte organizado
para a transferência;
 Transporte do material até seu destino (fábrica, armazenamento, lixeiras,
etc.);
 Baixar materiais. Retorno do equipamento de transporte ao ponto de
carregamento (caso seja necessária a sua devolução).

A sequência é seguida até que o material necessário seja removido da face. Este
processo produtivo é o que mais influencia nos custos operacionais (45% a 65%
do custo da mina), por isso é de grande importância garantir um ambiente
operacional adequado para obter o melhor desempenho dos equipamentos
envolvidos, tanto no aspecto físico (material, equipamentos, manutenção,
disponibilidade e insumos, etc.), bem como na parte humana (operadores,
mantenedores e chefes de turno, etc.).

O carregamento e o transporte implicam algumas relações específicas com outros


processos tecnológicos da mineração a céu aberto. Em uma entidade de
mineração existe um problema, que os camiões destinados ao transporte do
mineral, muitas vezes, ficam em fila na área de operações do equipamento de
carregamento, em outras ocasiões, sofrem atrasos no transporte do mineral,
ambas as situações são consideradas más práticas que influenciem
negativamente o cumprimento dos objectivos produtivos da entidade mineira; Por
isso, a determinação do modelo de camião mais racional para a exploração de
uma jazida a céu aberto adquire uma importância vital para o desempenho
eficiente da mineradora.

Carregamento e transporte constituem as acções que definem a operação


principal em uma operação de mineração. Estes são responsáveis pela
movimentação do minério ou estéril que foi fragmentado em um processo de
detonação.

Nas operações de mineração, um projecto eficiente é crucial onde a operação de


carregamento funciona de forma integrada com os camiões, que na maioria das
aplicações constituem um elemento de alto custo no sistema de carregamento e
transporte como um todo.

Durante a exploração de pedreiras de materiais de construção no campo


universal, os equipamentos de escavação de carregamento na grande maioria
dos casos são representados por unidades de carregamento discretas, com
predominância de pás (eléctricas ou hidráulicas), carregadeiras frontais e retro
escavadeiras.

2.2 Breve Caracterização da área de estudo

Geograficamente, as pedreiras do bairro Muandodji estão localizadas na parte


noroeste da cidade de Saurimo, situadas com muita incidência na margem do rio
Chicapa, junto à barragem com o mesmo nome, assim como os rios: Pelengue e
Luenda, isto é, aproximadamente, a 7 km de Catoca e a 23, 0 km da cidade de
Saurimo, Província da Lunda-Sul, República de Angola.

As pedreiras mencionadas estão instaladas no bairro Muandondji, segundo as


informações dadas pelo chefe de Departamento de Geologia da Direcção
Provincial da Indústria Geologia e Minas, as mesmas são exploradas desde o
tempo colonial.

A rede hidrográfica da área em causa é formada pela bacia do rio Chicapa e o


seu afluente rio Cassai, tendo uma inclinação na mesma direcção, (Manjor, 2017).
2.2.1 Características climáticas

O clima da região é tropical húmido, favorável a actividade de exploração de


rochas ornamentais e industrial. E é caracterizada apenas por duas estações:

 Estação chuvosa - de Setembro a Abril;


 Estação seca - de Maio a Agosto.

A temperatura média é de 34.o C sendo, a mínima de 16.o C e a máxima de 28.o C


com oscilações das temperaturas mensais médias de 20. o C a 30.o C. No período
seco permite que o canal dos rios baixe de nível.

Ao analisar os gráficos de precipitações pluviométricas e a média mensal de


precipitação no período de 1995 a 2006, podemos notar um período chuvoso
(verão) de Novembro a Abril e um período seco (inverno) de Maio a Setembro,
conforme os dados catalogados na Estação Meteorológica da Cidade de Saurimo,
segundo Daniel Neto, 2014, em Metodologia de exploração das pedreiras em
Saurimo, citado pelo autor (Manjor, 2017). Na Figura 2.1, é possível visualizar
gráfico de precipitação média mensal.

Figura 2.1 Precipitação média mensal (mm). Daniel Neto, 2014, mencionado em
(Manjor, 2017).
2.2.2 Flora e Fauna
São densas que acompanham ao redor da pedreira. A que, observa-se savanas
de arbustos. Na localidade do Muandondji tem várias espécies de animais. Neste
local podemos encontrar cobra e diferentes tipos de aves.
As paisagens que se avistam ao longo do vale do rio Luachimo são variadas,
sendo possível avistar.
As características climáticas, morfológicas e, sobretudo, ao controlo litológico são
observados dois tipos fundamentais de solos, na região estudada como a seguir
se descreve.
Os solos da área de estudo e arredores classificam-se em paraferraliticos e
sedimentos não consolidados grosseiros. Estes solos estão relacionados com
depósitos arenosos de cobertura, produto da desagregação das areias do
Kalahari e são de baixa capacidade produtiva. Junto das zonas mais húmidas,
arredores do rio, os solos são mais argilosos, com uma coloração que varia de cor
vermelha, amarela, preto a acinzentada, com maior capacidade produtiva, devido
à quantidade de matéria orgânica.
2.2.3 Caracterização geológica da Pedreira

Do ponto de vista geológico, a pedreira é caracterizada por possuir rocha ígnea


(extremamente dura), na qual o arranque mecânico é quase impossível, pois só é
feito por meio de explosivo de modo a proteger os equipamentos e aumentar a
produtividade. No entanto, viu-se que um dos pormenores e que a pedreira deve
ter uma velocidade de arranque que será igual ao lucro, quanto mais se faz o
arranque maior será produtividade. Averiguou-se que devemos saber com maior
ênfase o coeficiente de dureza e de resistência das rochas ou do material a ser
explorado.

Em caracterização geomecânica de maciço rochoso de kimberlito de Catoca, os


principais tipos de rochas que compõem esta pedreira são: brechas kimberlíticas
micáceas com a textura maciça do cimento (BKMM), as BKM com impurezas do
material arenáceo, arenitos "puros" e com impurezas do material kimberlítico das
rochas vulcanogénico-sedimentares (RVS), bem cormo as brechas kimberlíticas
autolíticas (BKA).

As rochas encaixantes nesta pedreira são gnaisses pré-cambrianos de diferentes


composições e graus de meteorização, e as rochas sobrejacentes de cobertura
são areias de formação paleogéneo-neogénica de Calahári, areias arenitos,
interformacionais paleocénicos com sedimentos aluviais são artificiais industriais
modernos.

Os gnaisses encaixantes da composição feldspato-piroxênica, com intercalações


de quartzitos e xistos quártzico-biotíticos, são caracterizados por diferentes graus
de meteorização e desintegração de saprolitos argiláceos, até as variedades
monolíticas altamente resistentes. As rochas são corrugadas, os ângulos de
mergulho e xistosidade, (Manjor, 2017).

2.3 Determinação de parâmetros operacionais dos camiões que influenciam


o custo do transporte

O transporte de materiais rochosos em operações de mineração a céu aberto,


bem como em obras públicas, é realizado com muita frequência por meio de
camião basculante devido às vantagens que apresentam.

As unidades, actualmente, disponíveis podem ser classificadas, de acordo com


seu projecto e modo de operação, nos seguintes grupos:

 Basculantes;
 Camiões basculantes laterais;
 Camiões basculantes de fundo;
 Unidades especiais.

Os basculantes são divididos por sua vez em:

 Convencional;
 Com reboque tractor;
 Articulado.

Camiões basculantes convencionais são o tipo de camião fora de estrada mais


utilizado em terraplenagem e, principalmente, na mineração a céu aberto.

São constituídos por uma caixa que se apoia sobre o chassi e que é basculhada
para trás de descarga, por meio de cilindros hidráulicos.

Este tipo de unidades não pode ser usado em estradas, pois suas dimensões e
pesos excedem os limites estabelecidos. Normalmente, esses veículos possuem
dois eixos, um para a direcção e outro para a condução com rodas duplas.
As características básicas mais importantes dessas unidades são:

 Relação entre carga útil e peso líquido de cerca de 1,45 t/t;


 A potência média em cavalos por tonelada de capacidade é da ordem de
10,5;
 A altura média de carregamento varia de 3 a 5,5 m;
 Em camiões basculantes de dois eixos, o eixo dianteiro suporta
aproximadamente 47% do peso líquido da unidade e 32 % do peso total
carregado, enquanto o eixo traseiro carrega 53 % e 68 % dos pesos,
respectivamente;
 Os raios mínimos de giro variam entre 1,1 e 1,2 vezes o comprimento total
dos camiões basculantes;
 As capacidades variam de 30 a 320 t.

A selecção dos diferentes tipos de unidades deve ser feita com base nas
características da operação a ser realizada.

Basculante convencional

 O material a ser transportado é espesso e com granulometria variável,


como rocha dinamitada;
 Os impactos ocorrem durante o carregamento;
 É necessário subir encostas íngremes;
 Velocidade de colocação e manobrabilidade em pequenas áreas são
necessárias;
 A selectividade é necessária para transportar diferentes tipos de material.

Prática operacional

As operações básicas que se realizam com os basculantes são:

 Recepção da carga na caixa;


 Transporte até o ponto de despejo;
 Despejo de mataríais;
 Retorne ao ponto de carregamento.

Se as unidades de transporte forem bem dimensionadas, devem ser carregadas


com máquinas cíclicas com número de caçambas entre 3 e 5.
O ciclo de transporte inclui períodos de aceleração e frenagem e deslocamento
com uma velocidade sustentada que é uma função das condições da via, tráfego,
tracção disponível do veículo e comprimento do transporte.

O retorno ao ponto de carga com o camião basculante vazio ocorre em maior


velocidade e inclui a manobra de posicionamento junto à máquina de carga.

As áreas de despejo e carregamento devem ser preparadas de forma que as


manobras a serem realizadas pelos camiões basculantes sejam as mais simples
e curtas possíveis, a fim de se obter bom desempenho e condições seguras de
operação.

No caso do despejo de estéril em rejeitos, este pode ser feito directamente na


borda do talude, exigindo um posicionamento cuidadoso e, geralmente, sob a
supervisão de um operário, ou descarregando o material em pilhas próximas à
borda e posteriormente, um auxiliar de equipe vai empurrar. Este último
procedimento é mais seguro e requer tempos de manobra reduzidos.

2.3.1 Considerações de selecção

O processo de selecção de basculantes pode ser dividido nas seguintes fases:

 Definição das características básicas;


 selecção do modelo.

A primeira etapa consiste em obter o máximo de informações sobre as


características da operação.

A. Dados de produção e mão-de-obra necessários da organização.


 Produção anual, diária e horária para cada tipo de material
transportado;
 Horas totais e efectivas de operação por alívio e atrasos previsíveis
na operação;
 Número de relés por dia, semana e ano;
 Percentagem de absenteísmo ao trabalho, etc.
B. Características do material a ser transportado
 Densidade in situ e solta;
 Coeficiente de inchaço;
 Granulometria, tamanhos máximos e mínimos;
 Dureza, textura e abrasividade;
 Facilidade de carregamento e pegajosidade do material.
C. Condições ambientais.
 Efeito da altitude no desempenho do motor;
 Efeito da temperatura ambiente no resfriamento do motor, na vida
útil dos pneus e nas características dos óleos lubrificantes;
 Efeito da chuva e do gelo nas superfícies das estradas e na
velocidade de transporte.
D. Características das estradas mineiras.
 Comprimentos e inclinação de cada estrada;
 Descrição geral das estradas: largura, raios das curvas, resistência
ao rolamento, qualidade de construção, valas, drenagem,
bombeamento;
 Equipe de manutenção e construção.
E. Carregamento.
 Largura da área de carregamento e condição do solo;
 Equipamento de carregamento: tipo de máquina, tamanho da
caçamba, altura de despejo, alcance e impactos durante o
carregamento;
 Coeficiente de disponibilidade e utilização dos equipamentos;
 Unidades auxiliares atribuídas à equipe de carga.
F. Descarga.
 Local onde é feita a descarga: planta de tratamento, escombreira;
 Amplitude da zona de descarga e estado do solo;
 Eficiência dos equipamentos auxiliares e sua influência na descarga.

A capacidade da caixa basculante (m3) e sua capacidade de carga (t) são função
do tamanho da caçamba (m3) do equipamento de carregamento.

2.4 Determinação de quantidade de equipamentos para processos


tecnológicos de escavação-carregamento e transporte

O planeamento de lavra é o processo no qual, entre outras coisas, são definidos


os volumes de material que serão extraídos em um determinado momento e com
uma determinada destinação.
Extrair rocha da mina não é o mesmo que extrair blocos em um modelo. Aspectos
relacionados aos equipamentos mecânicos que serão utilizados para extrair o
material do morro e os equipamentos para transferi-lo do fundo da mina, até seus
destinos devem ser considerados. A decisão sobre quais equipamentos usar,
quanto comprar e onde devem operar impacta fortemente o valor do negócio de
mineração.

O plano de movimentação de materiais também deve incluir factores que


representem a realidade, considerando as manutenções realizadas nos
equipamentos, juntamente com os factores operacionais relacionados às pessoas
que trabalham com eles.

A optimização do equipamento está fortemente relacionada à optimização da


cava. Melhorar a selecção de equipamentos reduz os custos da mina e aumenta a
produtividade, entre outras coisas, e, portanto, os limites da cava podem mudar
de acordo com (Bozorgebrahimi et al., 2003).

Na selecção do equipamento, o tipo, tamanho e número de unidades são as


principais considerações que estão fortemente relacionadas.

A primeira e mais importante consideração é a produção diária necessária que,


geralmente, é determinada levando em consideração as reservas, o preço do
material de interesse, a estratégia de produção da corporação e o período de
retorno esperado.

O tamanho do equipamento é determinado considerando que a produção diária


depende da eficiência dos operadores, utilização, disponibilidade do equipamento
e layout da mina (González Riquelme, 2017).

2.4.1 Determinação do equipamento de escavação-carregamento

Para a execução dos trabalhos de escavação, a pedreira Muandondji conta com


duas escavadeiras da empresa Doosan modelo LCV 300, com volume de
caçamba de 1,1 m3. Os parâmetros de trabalho são mostrados na tabela 2.1.

Tabela 2.1. Parâmetros de trabalho das escavadeiras da pedreira Muandondji.


(Machinery, 2019).

Escavadeira
Parâmetros
Doosan LCV 300
Volume da caçamba. m3 1,1
Peso operacional. t 29,6
Pressão sobre o solo. kPa. 55,8
Comprimento total. mm 10600
Largura total. mm 3200
Altura máxima de escavação. mm 14 155
Altura máxima de despejo. mm 11 930
Profundidade máxima de escavação. mm 13 875
Alcance máximo de escavação ao nível do
17 405
solo. mm
Considerando o regime de trabalho aplicado na pedreira Muandondji, que prevê
uma única jornada de trabalho de oito horas por dia e seis dias de trabalho por
semana (312 dias/ano), e tempo de ciclo de escavação aproximado de 35
segundos, a produtividade anual da escavadeira Doosan LCV 300 pode ser
calculada a partir da adaptação de equação 1.10.

3600 . V c . f h . K enc . N t . Dt . N d 3
Re .m = ; m / ano .
Tc. K emp

Onde:
Vc – Volume do balde da escavadeira. 1,1 m3;
fh – factor do tempo, 0,8;
Kenc. Coeficiente de enchimento do balde da escavadeira; 1,1.
Nt – Número de turnos por dia; 1.
Nd – Duração do turno; 8 horas.
Nd – Número de dias úteis em um ano; 312 dias.
Tc – Tempo do ciclo de escavação; 40 S.
Kemp. - Coeficiente de empolamento do minério; (1,4).

3600 . 1,1. 0,80 . 1,1. 8 . 312 3


Re .m = =155323 m /ano .
40 . 1,40

A produtividade de massa de mineração, mineral útil mais estéril da pedreira


Muandonji, é de aproximadamente 160 000 m 3/ano, ou seja, um pouco mais de
500 m3/dia.

Número de escavadeiras necessárias para a execução do ritmo de produção


anual definido para a mina de Muandonji.

Pm 160 000
N esc . = = =1,03.
R e 115 529
Número de escavadeiras no parque para a escavação do mineral útil,
considerando a disponibilidade mecânica DM=70%.

N esc . 1,03
N esc .mp = = =1,47.
DM 0,7

Analisando esse resultado, pode-se concluir que o volume de produção mineral


da mina pode ser assegurado com duas escavadeiras Doosan LCV 300.

2.4.2 Determinação do equipamento do transporte

Densidade de material solto

ɣ 2,6 3
γs= = =1,86 t /m
K emp 1,4

Onde:

γ – Densidade aparente seca do mineral.


Volume real do balde da escavadeira
Qrb esc=V b . K enc =1,1 .1,1=1,21m 3 .

Onde:

V b - Volume do balde. 1,1 m3.


K enc −¿ 1,1 Coeficiente de enchimento da caçamba de escavadeira.

Capacidade de carga real do balde da escavadeira

Q rc esc =Qrb esc . ɣ s=1,21 .1,86=2,25 t .

Número de baldes por camião (volume)

Vc 12
N bv = = =9,9=10 baldes .
Q rb esc 1,21

Número de baldes por camião (massa)

qcc 9,5
N bm = = =4,2=4 baldes .
Qrc esc 2,25

Utilização da capacidade de carga do camião


N bm . Qrc esc 4 .2,25
K u . c= = =0,94=94 % .
qcc 9,5

Vc = 12,0 m3 capacidade volumétrica do camião.

qcc = 9,5 t de capacidade de carga do camião.

Neste caso, a utilização do volume do camião basculante diminui para


praticamente 50%, aspecto que favorece a exploração, devido ao deficiente
estado técnico dos equipamentos de transporte na pedreira de Muandonji.

Onde:

Opta-se por considerar o número de baldes (Nb) para carregar em cada camião
igual a 4.

Capacidade volumétrica real do camião

Qvr = N b . Q rb esc. =4 .1,21=4,84 m3 .

Capacidade de carga real do camião

Qcr = N b . Qrc esc. =4 . 2,25=9,0 t .

A velocidade de deslocamento dos camiões para a transferência de minério em


estado vazio será de 25 km/h e em estado cheio 20 km/h.

Tempo de carregamento

t c exc . 45
t car =( N cv −1 ) =( 4−1 ) =2,25 min .
60 60

Tempo de viagem carregado

60 . L 60.6
t rc= = =18,0 min
V cc 20

Tempo de viagem vazio

60 . L 60.6
t rv = = =14,4 min
V cv 25

Tempo de descarga

t des= 0,5 min.

Tempo de manobra
t m= 1,0min.

Tempo perdido em outras operações

t per= 4 min.

Tempo de ciclo do camião durante a transferência do minério

t cc=t car +t rc +t des+ t rv +t m +t per

t cc=2,25+18,0+0,5+ 14,4+1,0+ 4,0

t cc=40,15 min = 0,67 horas.

Produtividade por hora

60 . K ut . Q cr 60 . 0,8 . 9,0
Qh= = =10,75 t /h .
t cc 40,15

Produtividade diária

Qd =Qh . N d=10,75 . 8=86,0 t/dia .

Produtividade anual

Qexp . a=Qd . N d =94,4 . 312=26 832 t /ano.

Número de camiões necessários para transportar o minério

V mineral 160 000


N camiões = = =5,9 camiões .
Qetap. exp 26 832

Número total de camiões no parque para a transportação da massa de


mineração considerando a disponibilidade mecânica DM=75%.

N camiões 5,9
N t .c = = =7,86 Camiões.
Dm 0,75

2.5 Determinação do custo de produção das operações de escavação e


transporte durante a exploração da pedreira Muandonji
O parâmetro fundamental que indica a eficácia de qualquer operação de
mineração é o custo de produção de uma tonelada de minério extraído.

Categoria dos Custos


As formaturas ou custos operacionais se definem como aqueles gerados em
forma continuada durante o funcionamento de uma operação, podendo-se
subdividir nas seguintes categorias:

 Custos directos;
 Custos indirectos;
 Gastos gerais;
 Gastos financeiros;
 Outros gastos;
 Custos directos.

Os custos directos ou variáveis podem considerar-se como os custos primários de


uma operação. Estes estão compostos por:

 Mão-de-obra directa, incluindo remuneração, leis sociais, indeminizações,


gratificações, etc., do pessoal de:
o Operação e Supervisão da operação;
o Manutenção e supervisão desta;
o Outras cargas salariais.
 Materiais
o Peças de reposição e materiais de reparo;
o Matérias-primas;
o Combustíveis;
o Lubrificantes;
o Água, electricidade;
o Peças especiais.
 Preparação e desenvolvimento de áreas de produção.

Em algumas situações não resulta prático considerar e dirigir a mão-de-obra


como custo variável, como por exemplo, o operador de uma equipe que não tenha
outra postura, onde é conveniente tratá-lo como um custo fixo.

Em nosso caso, consideramos a mão-de-obra operacional como um custo


variável, porque se supõe que um supervisor deve estar atento a qualquer
contingência e ter as posturas suficientes para recolocar o seu pessoal e, desta
forma, não carregar neste custo à operação original.
Custos Indirectos

Os custos indirectos ou fixos sons gastos que se consideram independentes da


produção. Estes custos podem variar com o nível de produção projectado, mas
não directamente com a produção obtida.

Os componentes principais destes custos são:

 Pessoal.
o Administrativo;
o Segurança;
o Técnico;
o Serviços;
o Armazém e oficinas;
o Outras cargas salariais.
 Seguros. De propriedade e de responsabilidade.
 Depreciação;
 Impostos;
 Restauração de terrenos;
 Desenvolvimento e preparação para a totalidade da mina.

Gastos Gerais

Os gastos gerais contemplam a um nível corporativo do ciclo completo de


produção, mesmo quando alguns correspondem a um determinado processo ou
unidade.

Estes gastos o compõem: os gastos trabalhistas de representação, materiais e


úteis de escritório, comercialização, etc.

No pessoal administrativo constituem:

 Gestão e direcção geral;


 Contabilidade e auditoria;
 Departamento Central de planeamento e geologia;
 Departamento de Investigação e desenvolvimento;
 Departamento jurídico e financeiro;
 Relações públicas, etc.
Gastos Financeiros

Constituem os gastos de interesses pelos empréstimos obtidos.

Outros Gastos

Incluem a estimativa de incobráveis e um castigo por imprevisto, que usualmente


corresponde a uma percentagem sobre o total do custo.

2.5.1 Despesas directas decorrentes das operações de escavação e


transporte Despesas salariais

Para isso, são considerados os gastos directos originados durante as operações,


que são constituídos pela soma dos gastos com salário, com depreciação de
equipamentos de mineração e gastos com consumo de combustível e manutenção.

Nos cálculos económicos não será considerada a exaustão mineral, serão


consideradas apenas despesas directas dos processos tecnológicos de escavação,
carregamento e transporte.

2.5.2 Despesas com depreciação de equipamentos (Gd)

Segundo o Regulamento de Regime Fiscal para a Indústria Mineira de Angola são


deduzidas pelas percentagens de depreciação seguintes: (Diário da república,
1996), citado pelo autor (Monteiro Dos santos, 2010).

 Equipamentos mineiros fixos. 20 %.


 Equipamentos mineiros móveis. 25 %.
 Ferramentas e utensílios de mineração. 33,3 %
 Equipamentos de acampamento e escritório. 20%
 Outros móveis. 20%
 Bens incorpóreos. 25 %

Considerando que a maioria dos equipamentos de mineração em pedreira


Muandonji tem mais de quatro anos de exploração intensiva, os gastos com
depreciação não serão considerados para determinar os gastos directos dos
processos de escavação, carregamento e transporte.

2.5.3 Despesas salariais (Gs)

Tabela 2.2. Despesas salariais Gs.


Salário Tempo de
Número de Salário total
Posto de trabalho mensal trabalho
Operadores ($)
($/mês) (meses)
Motorista de camião 8 160 000 12 15 360 000
Operador Retro 2 200 000 12 4 800 000
Total 10 20 160 000

2.5.4 Despesas com combustível (Gc)

Consumo Preço
Quantidade Horas Custo total
Equipes Por hora do litro
Equipamento Operação (US$)
(l/hora) (US$)
Camiões. 8 12 19 968 135 2 695 680
Retro 2 15 4 992 135 673 920
Total 10 24 960 3 369 600
Tabela 2.3 Gastos com combustível Gc.

2.5.5 Despesas para o conceito de manutenção (Gm)

Tabela 2.4 Despesas para o conceito de manutenção G m

Dada a impossibilidade de obter dados reais sobre os custos de manutenção na


Pedreira Muandonji, foram utilizados os valores médios desta rubrica, aquando da
exploração internacional de materiais de construção, convertidos para a moeda
oficial da República de Angola ao câmbio corrente.

Quantidade Horas Custo por hora Custo total


Equipes
Equipamento Operação (Kz/h) (US$/ano)
Camiões. 8 19 968 7 500 149 760 000
Retro 2 4 992 10 000 49 920 000
Total 10 24 960 199 680 000

2.5.6 Despesas directas

A despesa directa total será igual à soma das despesas com salário, combustível
e manutenção.

Gtd =G S +GC +G M =20 160000+ 3369 600+199 680 000=223 209600 (2.1)

2.5.7 Despesa total


As despesas totais incluem as despesas indirectas, que, geralmente, variam entre
6 e 10 % das despesas totais (Fernandes da Mata, 2009).
Gt =G td + ( Gtd . 0,08 )=223 209 600+17 857 000=241 066 600 Kz

2.5.8 Custo geral de extracção

O custo geral de extracção é determinado pela seguinte equação:

G t 241 066 600 3


C exp= = ≅ 1 507 Kz/ m
VP 160 000
(2.2)
CONCLUSÕES GERAIS

 Esquema de mecanização da escavadeira Doosan LCV 300 e camião


Sinotruck, durante a exploração da pedreira Muandonji no município de
Saurimo, funciona eficazmente porque consegue executar os volumes de
extracção de minério e estéril planeado.
 A eficiência do esquema de mecanização não é eficiente, principalmente,
devido à obsolescência dos equipamentos e ao baixo aproveitamento do
volume dos camiões devido à falta de correspondência entre os
parâmetros de trabalho das escavadeiras e dos camiões.
 O estado técnico dos equipamentos de mineração da Pedreira Muandonji é
deficiente, aspecto que influencia, negativamente, a eficiência das
operações de mineração da Pedreira.
 A obtenção dos dados para a realização do trabalho apresentou inúmeras
dificuldades, em alguns casos foi necessário utilizar dados obtidos a partir
da experiência mundial de exploração de jazidas em condições
semelhantes.
RECOMENDAÇÕES

 Analisar os resultados deste trabalho com a gestão da Pedreira Muandonji.


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Minas Gerais.
ANEXOS

Anexo 1. Pá carregadeira de pedreira Muandonji. LiuGong ZL 50 C. Fonte:


Autoria própria (2023).
Anexo 2. Escavadeira da pedreira Muandonji Doosan modelo LCV 300.
Fonte: Autoria própria (2023).
Anexo 3. BELAZ 75710, camião com capacidade de 450 toneladas. Fonte:
(Heleno Silva, 2021)
Anexo 4. Camião da pedreira Muandonji. Fonte: Autoria própria (2023).
Anexo 5. Camião da pedreira Muandonji. Fonte: Autoria própria (2023).

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