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Técnicas de Redação – Aula 02


Eduardo Sabbag

TÉCNICAS DE REDAÇÃO – TEXTOS


DISSERTATIVOS O texto em um texto de 30 linhas...
CURSO CARREIRAS FISCAIS
AULA 2 PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO
PROF. EDUARDO SABBAG ↓
PARÁGRAFO 2: DESENVOLVIMENTO
RECAPITULANDO... ↓
QUALIDADES DA BOA LINGUAGEM: PARÁGRAFO 3: DESENVOLVIMENTO
O texto nota 10 deverá conter atributos ↓
indispensáveis. São eles:
PARÁGRAFO 4: CONCLUSÃO
1. CORREÇÃO GRAMATICAL O texto coeso é aquele que apresenta
2. CONCISÃO uma orientação argumentativa, ou seja, a
3. COESÃO chamada coesão sequencial. Em outras
4. COERÊNCIA palavras, mostra-se com ideias que são
5. NATURALIDADE encadeadas em uma progressão de
6. ORIGINALIDADE raciocínio (começo, meio e fim). Seguem
algumas estratégias para se alcançar a
TEXTO DISSERTATIVO: é aquele em que coesão no texto:
o escritor exterioriza criticamente os
argumentos acerca de determinado ponto 1. responda às perguntas: “vou falar
de investigação. É da essência da sobre o quê?”; “pretendo demonstrar o
dissertação o caráter opinativo, quê?”; “vou provar o quê?”; “vou
argumentativo. Nesse passo, disserta-se concluir o quê?”; (Ora, o macete
com o objetivo de convencer alguém reproduz o próprio percurso
sobre um certo ponto de vista. argumentativo baseado no silogismo:
começo-meio-fim)
TÉCNICA: “COMEÇO – MEIO – FIM”
COMEÇO:...............................PREMISSA 2. utilize, como macete, a metáfora do
MAIOR “diálogo do guichê da rodoviária”:
↓ “quero ir a Sorocaba, pela rodovia tal...,
MEIO: ................................PREMISSA chegando àquele destino em tanto
MENOR tempo...”.
↓ Posto isso, a coesão é a necessária
FIM: direcionalidade que todo texto adequado
...............................CONCLUSÃO deve possuir. A propósito, a “costura” de
Trata-se do conhecido RACIOCÍNIO ideias na superfície textual dependerá de
SILOGÍSTICO (SILOGISMO) alguns elementos:
A ESTÉTICA DO TEXTO a) é fundamental que o texto seja
PREMISSA MAIOR construído com parágrafos curtos e
↓ frases curtas;
PREMISSA MENOR b) é vital que se faça o bom uso das
↓ palavras sinônimas. Exemplos:
CONCLUSÃO > confirmar = ratificar = corroborar = ir
ao encontro de;
OU, EM OUTROS TERMOS: > claudicante = capenga;
INTRODUÇÃO > idiossincrasia = particularidades,
↓ maneira de ser e agir;
DESENVOLVIMENTO c) é necessário que não se confundam as
↓ palavras parônimas (ex.: ratificar x
CONCLUSÃO retificar; elidir x ilidir; eminente x
A TRANSPOSIÇÃO DOS TÓPICOS PARA iminente);
A ESTRUTURA DA PARAGRAFAÇÃO

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d) é preciso o domínio do bom uso dos A) Quando se deseja reiterar o argumento


pronomes relativos, os quais serão apresentado anteriormente (raciocínio
capazes de fazer com que um elemento dotado de circularidade):
frasal esteja solidário com outro;
e) por fim, o texto coeso dependerá das Exemplos:
chamadas partículas sequenciadoras, as A corroborar o exposto acima, (...)
quais unirão o parágrafo anterior ao Na linha do que acima se expôs,
seguinte, mantendo o fio lógico de (,,,)
raciocínio, à luz da estrutura silogística Nesse passo, (...)
adequada (premissa maior / premissa Nesse rumo, (...)
menor / conclusão; ou tese / Nesse sentido, (...)
desenvolvimento / conclusão). Nessa toada, (...)
Exemplos de partículas sequenciadoras: Nesse diapasão, (...)
MACETES QUE SERVEM PARA Nessa senda, (...)
“DESTRAVAR” O ESCRITOR NO INÍCIO No mesmo tom, (...)
DOS PARÁGRAFOS (ESTRATÉGIA
"ANTITRAVA"): Visualizando a situação: (...)
(...) ARGUMENTO A

1. PARA A INTRODUÇÃO: ARGUMENTO B
Se o tema requer, por exemplo, a citação
de um dispositivo legal fundamental para Explicando: se o argumento “b” vem
o desfecho do caso, é simples imaginar reforçar o argumento “a”, adotam-se as
que tal comando normativo será a partículas sequenciadoras, acima
PREMISSA MAIOR. Desse modo, a apresentadas, para corroborar a ideia
introdução deve conter a sua menção, a anunciada.
par de seu detalhamento. B) QUANDO SE DESEJA CONTRAPOR O
Exemplos: (...) FATO À NORMA, OU VICE-VERSA
Segundo o art. ___, (...) (PREMISSA MENOR x PREMISSA
Em consonância com o art. ___, (...) MAIOR):
Conforme o disposto no art. ___, (...)
À luz do disposto no art. ___, (...) Exemplos:
Com fulcro /Com supedâneo no art. ___, No caso em tela, (...)
(...) No caso em exame, (...)
Consoante a dicção do art. ___ (...), No caso em comento, (...)
OU, AINDA, COM MAIS SIMPLICIDADE: No vertente caso, (...)

O art. ___ dispõe / reza / preconiza / C) QUANDO SE APRESENTA A


preceitua / determina / expressa / ARGUMENTAÇÃO NO PLANO DIALÉTICO
estabelece / exprime / exterioriza / (PRÓPRIA DO TEXTO DISSERTATIVO):
evidencia / expõe / assevera (...) Exemplos:
Por outro lado, (...)
OBSERVAÇÃO: as vírgulas nos Em outra perspectiva, (...)
dispositivos legais seguem um Sob outro modo de ver, (...)
regramento particular. Note: (...)
(...) art. 5°, XXXVI, “a”, da CF (...)
(...) art. 5° da CF (...) Embora/Conquanto a situação se revele
Ou na ordem invertida... indispensável, vê-se, de modo oposto,
(...) conforme se estabelece na alínea “a” que (...)
do inciso XXXVI do art. 5° da CF (...).
Não obstante a (expressão cristalizada,
2. PARA O DESENVOLVIMENTO fossilizada) argumentação apresentada,

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vê-se que os fatos vão de encontro à - meio de comunicação; (...)


norma (...)
- a tevê informa; a tevê não informa,
Observação: INOBSTANTE deve ser manipula;
evitado, porque não possui registro
lexicográfico (não está no VOLP), embora - a televisão é um poderoso veículo de
seja de formação regular. divulgação, em tempo real, dos mais
diferentes episódios que ocorrem no
3. PARA A CONCLUSÃO mundo;
Para a conclusão, existem partículas
sequenciadoras estereotipadas. São elas: - a tevê demonstra uma aptidão para
distanciar aqueles que assistem a ela;
Assim, (...) - a tevê (critica à manipulação): a
Do exposto, (...) televisão tende à futilidade quando
Diante do exposto, (...) prioriza o entretenimento em prejuízo da
Destarte, (...) / Dessarte, (...) informação;
Posto isso, (...)
Ante o exposto, (...) (CUIDADO: - a tevê se adapta ao gosto (duvidoso) do
EVITE “ANTE AO EXPOSTO”: duas telespectador, que se satisfaz com
preposições?) “baixarias” e programas apelativos. Se
Em face do exposto / Em face ao falta cultura ao povo, como imaginar que
exposto, (...) (CUIDADO: EVITE “FACE AO ele buscará na tevê o que não conhece?
EXPOSTO”: estrangeirismo, francesismo - a tevê, por meio de seus programas
ou galicismo. A locução prepositiva no (algumas telenovelas, por exemplo),
português é em face de/a) impõe modos de pensar e agir,
padronizando as referências sociais e
O TEXTO NA PRÁTICA comportamentos. Isso abre caminho à
indústria cultural.
PASSOS A SEREM SEGUIDOS:
1° PASSO: reflita sobre o tema - Gramática em dia: (...)
(chamamos o processo de análise 1. Verbo “assistir” (verbo transitivo
silenciosa) indireto – preposição “a”) (presenciar):
2° PASSO: faça o rascunho (as ideias Eu assisto à tevê; Assiste-se à tevê;
inicialmente pensadas devem ser Estes são os programas de televisão a
“jogadas” no papel, ainda que de modo que / aos quais assisto; Esta é a televisão
desorganizado); a que/ à qual assisto.
3° PASSO: arrumação das ideias,
tentando-se identificar um percurso 2. Espectador: o que assiste à tevê
argumentativo (respondendo às (Expectador: o que tem expectativa)
perguntas do macete), com a eliminação PARA REFLETIR...
dos excessos (chamamos de análise “... No século 19, acreditavam os
dialógica); pensadores deterministas ser o homem
um produto do meio. Neste novo século,
4° PASSO: a partir do passo anterior, podemos dizer que os meios (de
elaborar, finalmente, o texto final comunicação) são um produto (ou
reflexo) do homem.” (CAMARGO, Thaís
1. PRÁTICA DA REDAÇÃO – TEMAS Nicoleti de. Redação – Linha a linha. São
SIMPLES Paulo: Publifolha, 2004, p. 40).
REDAÇÃO REALIZADA PELO PROF.
TEMA SIMPLES (NÃO JURÍDICO): A SABBAG:
TELEVISÃO.
Aquecimento (Rascunho): Título: Televisão: informa ou desinforma?

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Parágrafo introdutório: TEMA SIMPLES (NÃO JURÍDICO): A


(...) VIOLÊNCIA URBANA
A tevê é um meio de comunicação que
promove a difusão de informação a todos Aquecimento (Rascunho):
aqueles que assistem a ela. Ao mesmo Perguntas: A violência deve ser
tempo, a televisão pode se mostrar como considerada “causa” ou
um poderoso veículo de manipulação “consequência”? As medidas sugeridas
ideológica, afetando o discernimento dos pela mídia, ainda que implicitamente
telespectadores. Nessa medida, há que (pena de morte, por exemplo), são meios
se definir: a tevê informa, manipula ou, eficazes de contenção da violência?
curiosamente, possui as duas faces? Frases para reflexão: “a impunidade gera
Segundo parágrafo: violência”; “a violência pode ser uma
É evidente que a televisão se mostra tentativa de igualização do poder
como um poderoso veículo de econômico numa sociedade desigual”; “a
conhecimento, e isso por mais de uma violência convive com a deficiência das
razão. Ao mesmo tempo que diminui a forças policiais (baixos salários e
distância, não discrimina os destinatários sofríveis condições de trabalho)”.
da mensagem. Daí o seu “democrático”
caráter informativo. Além disso, a tevê MODELO DE REDAÇÃO FEITA EM SALA
permite “que o mundo se conheça”, PELO PROFESSOR (...)
quando todos têm acesso em tempo real
aos mais diferentes episódios do planeta. A violência: causa ou consequência no
sistema em que se insere?
Terceiro parágrafo:
Por outro lado, a televisão, atendendo a Autoria: Prof. Eduardo Sabbag
interesses daqueles que detêm a
propriedade dos meios de comunicação, A violência no contexto social sugere
revela-se como um potente recurso de uma análise desafiadora, uma vez que a
manipulação ideológica. De fato, a sua ocorrência se liga a contextos
mensagem ali difundida, ainda que irreal variados: desigualdade social,
ou inverídica, dota-se de legitimidade, malignidade humana, ausência de
tornando-se indubitável. Essa faceta cultura, entre outros. Diante de tais
“manipuladora” transforma a tevê em evidências, é possível indagar: a
instrumento de satisfação de interesses violência é causa ou consequência do
dominantes em detrimento da vontade e sistema no qual ela se insere?
da real percepção do telespectador, É bastante comum a associação da
quanto ao mundo exterior. conduta violenta do criminoso a
Quarto parágrafo: messiânicas tentativas de repressão, que
Nesse rumo, a televisão, em boa parte de se apresentam como infalíveis soluções.
sua programação, procura divulgar A pena de morte e a prisão perpétua
alienantes programas de entretenimento aparecem como as melhores
– muitos deles, focados na futilidade –, possibilidades para se pôr fim à
sem a ideal preocupação de exteriorizar o violência. É fato que essa visão decorre
conhecimento adequado sobre o mundo da ligação da violência à condição de
exterior. Ela entretém, mas aliena. “causa dos problemas”, o que parece
Conclusão: ensejar dúvidas.
Assim, entende-se que assistir à tevê é Por outro lado, a sociedade na qual o
se aproximar da informação com a criminoso se insere tende a estimular a
velocidade que o dinâmico mundo atual associação da felicidade ao sucesso
exige. Isso, todavia, não significa patrimonial. Isso leva alguns, menos
conhecer, engajadamente, o “mundo” por preparados para o convívio social, ao
ela revelado. A tevê possui mais de uma cometimento de ilícitos em que a força
face. será a decorrência natural de um não

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engajamento coletivo. O mesmo sistema No âmbito da Carta Magna, preceitua o


social que não incentiva a violência art. 5º, II, da CF que “ninguém é obrigado
permite que esta ocorra, na forma de a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
tentativa desesperada do criminoso de senão em virtude de lei”. A indigitada
igualização de poder numa sociedade norma obsta o poder arbitrário do
desigual. A violência se apresenta, assim, Estado, o qual se manifestaria livremente
como consequência no sistema em que pela força, se não houvesse o primado
se alastra. (ou império) da lei em nosso sistema
É curioso destacar, ainda, que há normativo. Desse modo, o postulado da
muitos fatos policiais, indicadores de legalidade avoca a ideia do
brutal violência, em que a “culpa” não consentimento popular, abonando a
está presa à ideia de injustiça social, mas chamada “segurança jurídica” como o
à gratuita e inexplicável malignidade seu genuíno vetor axiológico.
humana. Esta tem registros De outra banda, como “estrita legalidade”
multisseculares. ou “reserva legal”, o princípio chancela a
Assim, o estudo da violência humana ideia de controle ou regramento
parece ser mais bem orientado a partir de legislativo, regendo a edição de certas
sua associação à consequência de um matérias.
contexto social injusto e complexo, e não No Direito Tributário, o art. 150, I, da CF
à mera causa que avoca soluções evidencia que o tributo deverá ser
simples e precipitadas. instituído ou majorado por meio de lei.
Daí se afirmar que a legalidade tributária,
TEMA SIMPLES (JURÍDICO): O pressupondo o consentimento popular,
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO MUNDO limita a atuação do
DO DIREITO Poder Executivo a certas hipóteses
PROPOSTA: FAÇA UMA DISSERTAÇÃO, constitucionalmente demarcadas: a
COM O ENFOQUE JURÍDICO, SOBRE O adoção de medida provisória para criar e
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. aumentar o imposto (art. 62, §2º, CF) e a
IMPORTANTE: UTILIZE TODOS OS alteração de alíquotas de tributos
RECURSOS (GRAMATICAIS E TEXTUAIS) extrafiscais (II, IE, IPI, IOF, CIDE-
ASSIMILADOS ATÉ AGORA, ... Combustível, ICMS-Combustível).
SOBRETUDO AS REGRAS ATINENTES Por sua vez, a legalidade penal tem os
AO PORTUGUÊS JURÍDICO. seus contornos definidos no inciso
BASE NORMATIVA SUGERIDA: XXXIX do art. 5º da Carta Magna:
Artigo 5º, II, da CF; “Não haverá crime sem lei anterior que o
Artigo 150, I, da CF; defina, nem pena sem prévia cominação
Artigo 5º, XXXIX, da CF; legal ”. Tal balizamento implica que a
Artigo 37, caput, da CF. tipificação da conduta criminosa e a
imposição de sanções dependem
REDAÇÃO GABARITADA PELO PROF. inexoravelmente da lei. Desse modo, a
SABBAG: intervenção estatal tendente à repressão
do ilícito deverá ser regida pela vontade
Princípio da Legalidade do legislador, protegendo-se o cidadão
A legalidade revela-se como um contra a ação do Estado.
importante limite ofertado pelo Direito, A par das legalidades tributária e penal,
tendente a legitimar a atuação do Estado. exsurge a chamada legalidade
Considerada um dos pilares do Estado administrativa, “ex vi” do art. 37, “caput”,
Democrático de Direito, a legalidade da CF: “A Administração Pública Direta e
irradia efeitos nos mais diversos Indireta de qualquer dos poderes da
segmentos da dogmática jurídica: Direito União, dos Estados e Distrito Federal e
Constitucional, Direito Tributário, dos Municípios, obedecerá aos princípios
Administrativo, Direito Penal, entre de legalidade, impessoalidade,
outros.

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moralidade, publicidade e eficiência (...)”.


Entretanto,...
a legalidade administrativa possui uma
uma significação especial e peculiar, a
saber, a Administração Pública somente
deve agir por imposição e permissão
legal. Se, de um lado, inexiste a lei, de
outro, falta a legitimidade à atuação
administrativa.
Desse modo, toda ação do Estado, em
todos os níveis de atuação, deve
necessariamente ser precedida de uma
lei e visar à proteção do administrado em
relação ao abuso de poder.

Uma boa aprendizagem!


Estude mais, estude sempre!
Prof. Sabbag

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