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Sinais O especialista lembra que o nosso cérebro é extremamente vulnerável

às avaliações sociais. Então, sempre que sabemos que alguém está


nos avaliando, isso cria em nós um estado de vulnerabilidade

psicológica. Desta maneira, quando começamos a usar as redes


1. Checar as redes sociais é a primeira coisa
sociais para compartilhar diariamente ou até várias vezes o nosso dia a
que você faz ao acordar e a última que faz, dia, como o prato de pizza, a ida na academia, o encontro com o
antes de dormir; namorado ou o apartamento novo, postando quase impulsivamente,
2. Checar as redes repetidas vezes durante o começamos a enfrentar o perigo de entrar num espiral de ansiedade e
dia; depressão.
3. Sintomas de F.O.M.O.: medo de ficar por
fora ao perder atualizações nas redes; - Irritabilidade, ansiedade e pensamento acelerado são sinônimos
4.Sensação de precisamos de interações, como comuns de excessos. Sendo assim, fazer pausas nas redes sociais é
curtidas e comentários, para nos sentirmos sinônimo de saúde mental. Nesse momento pós-pandemia, onde
todos de alguma forma fizeram hard usos de tecnologias, quem
felizes;
conseguir se manter afastado delas estará alimentando o cérebro com
5.Depender da validação de conhecidos e
outros ganhos mais saudáveis e diversificados – ressalta a psicóloga
estranhos na internet; Andrea Jotta, pesquisadora em Educação e professora convidada do
6.Trocar programas com os amigos por ficar curso de Psicologia Intermediada por Tecnologias da Pontifícia
em casa na internet ou jogando videogame; Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
7.Preferir experiências virtuais a presenciais;
8.Ficar mexendo no celular durante conversas Como funciona o espiral das redes sociais
e jantares com amigos e parentes;
9.Ter sinais de ansiedade em relação à espera
de interações na internet; De acordo com os especialistas entrevistados, esse processo
10.Começar a ter sintomas de depressão funciona da seguinte maneira:
Como perceber que o tempo em que passamos nas
relacionados ao excesso ou à falta de
redes sociais está afetando a nossa saúde mental?
interações nas redes; Quanto mais as pessoas dão um retorno positivo ou negativo às
Como não deixar o smartphone se tornar uma nossas postagens, vai sendo criado um “norte magnético invisível”
11.Falta de concentração em tarefas não
extensão do nosso corpo? E como reduzir esse de como nos comportar, inconscientemente.
virtuais;
impacto e evitar que a internet se transforme em um Seguir por essa linha é perigoso, pois é a linha da hipervalorização.
12.Necessidade de postar todos os
risco para desenvolvimento de transtornos como E essa hiper, megavalorização vai aumentando de importância
acontecimentos do seu dia.
ansiedade e depressão? Para o ator britânico Tom dentro das nossas vidas.
Holland, o Homem-Aranha dos atuais filmes da Marvel, - Quando, por exemplo, um adolescente começa a preferir as
a sensação foi de sufocamento, como mostra o vídeo experiências virtuais, como ficar em casa jogando videogame ao
abaixo, publicado recentemente no seu Instagram invés de sair com os colegas, isso começa a fazer com que ele
oficial, em que o astro foi bem direto na legenda: "Olá deixe de praticar certas habilidades que serão importantes na vida
e adeus... Estou dando uma pausa nas redes sociais adulta, fazendo, por exemplo, que esse jovem não consiga mais
pela minha saúde mental": falar sobre os seus sentimentos, da própria percepção de si
mesmo, de sentir empatia, de fazer associações entre emoções e
As redes sociais são parte da vida da maioria das lembranças, da capacidade de criar atratividade para o outro, de
pessoas hoje em dia, inclusive profissionalmente. criar uma riqueza de narrativa, da facilidade de fazer reflexões ou
O problema é quando ela se torna um vício e ainda de puxar a sua memória de longo prazo e compartilhá-la
uma fonte de estresse. Já existe até um com outra pessoa. Na medida em que um jovem fica o tempo todo
conectado, o seu discurso fica mais estreito, mais raso, fazendo
transtorno específico ligado a isso, chamado de
com que a sua própria capacidade de troca e, obviamente, de ser
F.O.M.O., do inglês Fear of Missing Out, ou medo
percebido como alguém interessante, despenque – exemplifica o
de ficar por fora dos acontecimentos, de não
psicólogo Cristiano Nabuco.
conseguir acompanhar as atualizações, o que faz
a pessoa se sentir obrigada a manter-se presa,
Tempo gasto nas redes sociais
conectada às redes sociais o dia todo. Mas
quando saber que é hora de dar um tempo,

Uma segunda pesquisa, também realizada no Reino Unido antes da


como Tom? Ou ao menos de reduzir o tempo pandemia de Covid-19, revelou um dado alarmante: meninas
gasto on-line? adolescentes que gastavam mais de três horas em redes sociais por
dia apresentavam um aumento de 75% no risco de desenvolver
- Sempre que as nossas experiências virtuais comportamentos autolesivos, como automutilação e tentativas de
começarem a se sobrepor às experiências na suicídio.
- Isso acontece exatamente pelo fato delas entrarem nesse looping de
vida real, é um indicativo de que precisamos ficar
redes sociais, hipervalorizando essas relações sociais e sentindo-se
atentos. Quando precisamos desesperadamente diminuídas em algum momento nessas relações. Esse aumento da
de mais conexão para nos sentirmos bem e ansiedade de forma significativa, a necessidade de ficar on-line e
conseguirmos o mesmo nível de satisfação que “checando” as redes sociais o tempo todo, a preocupação quando o
tínhamos anteriormente, assim como acontece sinal de internet está baixo ou ruim ou ainda quando a bateria do
com os usuários de álcool, cigarro e outras celular vai acabar. Essa hipervalorização torna a existência virtual é
drogas – responde o psicólogo Cristiano Nabuco, muito maior do que de fato é e merece atenção dos pais e familiares –
esclarece Cristiano Nabuco.
que é coordenador do grupo de Dependências
Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do O especialista ainda alerta para alguns sinais que não devem
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina ser ignorados, como quando a pessoa não larga mais o
da Universidade de São Paulo (FMUSP). celular ou computador em momento algum, se recusa a sair
até para passear ou a fazer algo de que gostava antes para
Estou dando um tempo nas redes sociais pela minha saúde ficar on-line. Ele compara esse comportamento ao indivíduo
dependente de drogas. O caso é ainda mais grave com
mental. Porque acho o Instagram e o Twitter estressantes e
crianças e adolescentes. No momento em que esse jovem
sufocantes. Me sinto preso e surto quando leio certas coisas tem a restrição ao acesso, torna-se agressivo e expõe uma
inabilidade emocional.
sobre mim on-line e, em última análise, isso estava fazendo
muito mal para o meu estado de saúde mental, então decidi - Crianças e adolescentes não precisam usar tecnologia 24
dar um passo para trás e deletar os aplicativos - disse Tom horas por dia. Ao contrário, precisam ser apresentados a
comportamentos diversos para aprender que existe um
no vídeo, que seguiu explicando como funciona uma mundo e um mundo legal de experiências face a face –
iniciativa beneficente patrocinada por um fundo mantido por destaca a psicóloga Andréa Jotta.

ele e seus irmãos a favor da saúde mental de jovens e


Fontes:
completou: - Eu sei que existe um estigma péssimo acerca Andréa Jotta (@andreajotta) é psicóloga, pesquisadora e
de saúde mental. Sei que procurar e pedir ajuda não é algo professora convidada dos cursos de Psicologia
Intermediada por Tecnologias da Pontifícia Universidade
do qual deveríamos nos envergonhar, mas é muito mais fácil Católica de São Paulo (PUC-SP). Cristiano Nabuco
falar do que fazer. (...) Obrigado por ouvir. Eu vou sumir do (@cristianonabuco) é psicólogo e coordenador do grupo de
@dependenciastecnologicas.ipq do Instituto de Psiquiatria
Instagram novamente. Obrigado pelo seu amor e apoio, falo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
com vocês de novo em breve. Universidade de São Paulo (FMUSP).

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