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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/03/2023

Número: 5004194-72.2023.8.13.0079
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Comarca de Contagem
Última distribuição : 31/01/2023
Valor da causa: R$ 120.558,00
Assuntos: Acidente de Trânsito, Seguro, Irregularidade no atendimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
DEISSON CARVALHO (AUTOR)
JOAO PEDRO CORDEIRO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
ASSOCIACAO DE AJUDA MUTUA E GUARDA DE
ASSOCIADOS - AGUARDA (REQUERIDO(A))
SYLVIA HELENA G DE MENEZES (REQUERIDO(A))
MICHAEL LUCIO SANTANA (REQUERIDO(A))

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9712364309 31/01/2023 18:46 Petição Inicial Petição Inicial
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
VARA CÍVEL DE CONTAGEM (MG)

DEISSON CARVALHO, brasileiro, autônomo, RG MG 10229456,


CPF 035.696.466-37, residente e domiciliado à Alameda dos Flamingos, nº 132,
bloco 3, apto 701, bairro Cabral, Contagem (MG), CEP: 32146-036, vem, mui
respeitosamente à presença de Vossa Exa., por meio de seu advogado ao final
assinado, ajuizar a presente:

AÇÃO REPARATÓRIA DE DANOS MATERIAIS, MORAIS E LUCROS


CESSANTES CC PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER DE
EVIDÊNCIA

Em face de MICHAEL LUCIO SANTANA, brasileiro, casado, filho de


Marizelia Santana, CPF 055.136.976-02, RG 8.301.381, e-mail
lasirroque@gmail.com, (31) 9.7161-0228, com domicílio profissional situado à Av.
Imbiruçu, nº 787, bairro Vila Cristina, Betim (MG), CEP: 32675-275; SYLVIA
HELENA G. DE MENEZES, residente e domiciliada à rua Andre Cavalcante, nº
297, bairro Gutierrez, Belo Horizonte (MG), CEP: 30441014; e ASSOCIACAO DE
AJUDA MUTUA E GUARDA DE ASSOCIADOS – AGUARDA, pessoa
jurídica de direito privado, inscita no CNPJ sob o nº 08.329.867/0001-05, com sede
à Av Ivai, 1219, bairro Dom Bosco, Belo Horizonte (MG), CEP: 30.850-000; pelos
fatos e fundamentos a seguir apresentados.

PREFACIALMENTE C

Requer, desde já, que todas as publicações/ intimações referentes ao


presente processo sejam realizadas, exclusivamente, em nome dos advogados
daPromovida, Dr. JOÃO PEDRO CORDEIRO DE OLIVEIRA, inscrito na

Número do documento: 23013118453034200009708457528


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OAB/MG sob o nº 188.531, com endereço profissional na Rua Tamarindos,
nº 324, bairro Eldorado, no município de Contagem/MG, CEP 32310-550, com
endereço eletrônico em advjpedro@gmail.com, com fulcro no art. 272, §2º, do
Código de Processo Civil – CPC, sob pena de nulidade.

01.
DOS FATOS S

No dia 01/07/2022, em razão de ação negligente do primeiro


requerido, Sr. Michael Lucio Santana, o qual guiava o veículo FIAT/UNO WAY
1.0, PLACA OQM-9H47, COR BRANCA, e não obedeceu a sinalização de
PARADA OBRIGATÓRIA localizada no cruzamento entre as ruas “Luis Carlos”
e “Bom Jesus”, o veículo do autor fora atingido frontalmente, gerando danos de
elevada magnitude, conforme boletim de ocorrência anexo.

O autor e o primeiro requerido, à época dos fatos, se deslocaram até


um posto da Polícia Militar, narrando e registrando o acidente de trânsito pelos
seguintes dizeres:

Compareceram a esta base para registro os condutores e o senhor


michael, condutor do fiat uno, alegou que estava trafegando pela rua
luis carlos e no cruzamento com a rua bom jesus, ultrapassou a parada
obrigatória que está no poste localizada há dois metros de altura, de
forma irregular.
Com esse avanço o senhor michael, com o fiat uno acabou por acertar
o veículo fiat fiorino que estava no cruzamento, conduzido pelo
senhor deisson.
O senhor michael assume a responsabilidade pelos danos dos
veículos e acionará seu seguro.
O senhor deisson aparentemente teve arranhões no antebraço
esquerdo, contudo negou atendimento médico e concorda com a
versão apresentada pelo senhor michael.
Os danos dos veículos narrados em campo próprio e as fotos foram
fornecidas pelos condutores pois não foi possível o contato da equipe
policial com os veículos pois eles já haviam sido removidos por falta
de condição de trafegar.

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A colisão foi do tipo frontal/lateral de altíssima magnitude de
danos ao veículo do autor, conforme revelam as fotografias sacadas no dia dos
fatos, vejamos:

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Em razão do acidente, o veículo do autor, um FIAT/FIORINO HD WK
E, CHASSI 9BD2651JHH9078341, PLACA PZM-1I96, CHASSI
9BD2651JHH9078341, teve danos de toda espécie, tais como, mecânicos, elétricos
e estéticos, gerando, visivelmente, sua perda irreparável, conforme acima se
denota.

Neste contexto, o autor inclusive recebeu em sua residência uma carta


de notificação do DETRAN ESTADUAL (MG), declarando que o veículo do
requerente estava totalmente inapto para circulação, pela condição de GRANTE
MONTA (PERDA TOTAL) vejamos:

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Acontece que o primeiro requerido acionou sua proteção veicular,
conhecida popularmente como SEGURO PIRATA, porquanto seus atos
constitutivos são criados para que seja estruturada como sem fins lucrativos,
objetivando o rateio dos danos materiais dos veículos que protegem e de
terceiros, porém, na prática, acumulam lucro indiscriminado e não declarado,
deixando de amparar seus filiados e agindo com má-fé na recuperação dos
sinistrados.

O caso em apreço revela exatamente isso. Em decorrência do acidente,


tendo sido acionado os reparos junto à requerida, esta deveria ter indenizado o
veículo autoral por perda total, haja vista os termos da contratação estabelecida
entre os requeridos 1 e 3, tendo como parâmetro o laudo do Detran, bem como a
avaliação de sinistro do veículo.

Entretanto, a requerida agiu de forma totalmente antagônica,


passando a tentar reparar um veículo que não comportava reparos, inclusive
contratando profissional engenheiro mecânico para emitir laudo pericial em
relação ao veículo, sem sequer submetê-lo a testes e perícias.

Acontece que, embora tenha logrado êxito os requeridos na manobra


documental arquitetada pelos demandados, o máximo que se conseguiu alterar

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no documento foi o escalonamento de grande monta para média monta, não
tendo sido realizados os reparos devidos para que o bem retornasse ao seu estado
anterior de qualidade e funcionalidade.

Neste diapasão, a depreciação do veículo do autor, nunca antes


sinistrado, bem como os danos que este passou a suportar após os SUPOSTOS
REPAROS, são incomensuráveis.

Exa., conforme até mesmo a própria terceira requerida tem


conhecimento por seu estatuto e regulamento (documentos anexos) todo veículo
sinistrado e que possua a inclusão de MÉDIA MONTA OU GRANDE MONTA
sofre perda de valor, naquele primeiro caso, em no mínimo 25% de sua TABELA
FIPE em caso de revenda futura.

Não obstante, tamanha a magnitude do dano, o autor passou a ter que


realizar constantes reparos em peças e mão de obra em seu veículo para que
pudesse utilizá-lo no dia a dia, especialmente porque o bem se trata de uma
ferramenta de trabalho do autor, seu “ganha pão”, sendo tal fato fomentador de
indescritível dano psicológico para si e sua família.

Exa., tamanhos são os danos que permanecem no veículo que certa


feita o autor estava guiando seu veículo em viagem e o motor simplesmente
desligou, apagou, quase gerando um acidente fatal e que poderia ter ceifado
sua vida e de sua esposa.

Desde que o veículo foi reparado pelo terceiro requerido as idas à


oficina mecânica são mais constantes do que aos postos de combustíveis, sendo
que a própria terceira requerida reconheceu por certo tempo tal fato que
inclusive reembolsou o autor em razão da reposição por este de peças e
manutenção que o requerente teve que desprender logo após o fajuto reparo
feito pela terceira ré.

Destarte, não havendo outra solução ao requerente em relação à


perda material (lucros cessantes e danos emergentes) e moral suportada, haja

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vista que foram inúmeras conversas entre demandante, primeiro e terceiro
demandandos, porém, sem apresentação de solução por parte destes, não resta
ao autor outra alternativa senão o ingresso com a presente demanda.

02.
DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO SEGUNDO REQUERIDOU

No caso em tela o segundo réu é/era o proprietário do veículo


causador do acidente, o que lhe imputa a responsabilidade civil pelos danos
causados a outrem pelo seu bem.

A responsabilidade civil pelo fato da coisa funda-se no dever de


guarda da proprietária, representando uma evolução acerca da subjetividade da
responsabilidade civil, uma vez que se tem objetivamente atribuída a
responsabilidade da titular do domínio pelos danos causados pela coisa que
possui.

Assim, a responsabilidade por fato da coisa ocorre quando essa dá


causa ao evento danoso, não sendo relevante a interferência direta da
proprietária no evento.

Sobre esse tema, preconiza Arnaldo Rizzardo:

“A responsabilidade pelo fato da coisa é objetiva (...). Ou chama-se o


proprietário a responder pelo fato único de exercer a guarda ou o
domínio, não se indagando se houve ou não culpa.” (Nossos grifos).

Assim, observa-se que nos casos de responsabilidade da proprietária


do veículo causador do acidente predomina o critério objetivo, uma vez que os
mesmos princípios fundamentais reguladores da responsabilidade por fato de
outrem são aplicados aos casos desta natureza, com fundamento no risco.

O proprietário do veículo é solidariamente responsável pelos atos


culposos do terceiro que conduz o seu veículo, conforme estabelecido pela mais

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apurada doutrina e atual jurisprudência pátria. Trata-se da responsabilidade civil
pelo fato da coisa.

Nas palavras de Rui Stoco:

“A responsabilidade pela reparação dos danos é, assim, em regra, do


proprietário do veículo, pouco importando que o motorista não seja
seu empregado, uma vez que sendo o automóvel um veículo
perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados
a terceiros, nos termos do art. 186 do Código Civil [de 2002],
independentemente de qualquer outro dispositivo legal. A
responsabilidade do proprietário do veículo não resulta de culpa alguma,
direta ou indireta. Não se exigea culpa in vigilando ou in eligendo, nem
qualquer relação de subordinação, mesmo porque o causador do
acidente pode não ser subordinado ao proprietário do veículo, como,
por exemplo, o cônjuge,o filho maior, o amigo, o depositário etc. Provada
a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica
necessária e solidariamente responsável pela reparação do dano,
como criador do risco para os seus semelhantes. (...). Como se vê, a
responsabilidade do proprietário do veículo, que é presumida, não exclui
a do causador mediato do acidente (terceiro que o dirigia). Ambos
respondem solidariamente pelo evento, podendo a vítima acionar ambos
ou qualquer deles, segundo sua escolha” (Nossos grifos).

Desta feita, tem-se que no presente caso o segundo réu é objetivamente


responsável pelo acidente em referência, haja vista ser a titular do domínio do
veículo gerador do acidente, devendo arcar, mesmo na ausência do elemento
subjetivo de sua conduta, com os prejuízos suportados pelo autor.
Sobre o tema, são precisas as palavras do ilustre jurista Aguiar Dias:

“É iniludível a responsabilidade do dono do veículo que, por seu


descuido, permitiu que o carro fosse utilizado por terceiro. Ainda, porém
que o uso se faça à sua revelia, desde que se trata de pessoa a quem
ele permitiu acesso ao carro ou a local em que o guarda, deve o
proprietário responder pelos danos resultantes.”

Portanto, não obstante o primeiro réu ter agido com gegligência no


acidente em comento - totalmente irrelevante o elemento subjetivo do
proprietário para caracterização de seu dever de indenizar, haja vista que o
ordenamento jurídico lhe atribui a responsabilidade objetiva pelos danos

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causados pelo seu bem.

Neste sentido, são precisas as palavras do Jurista Arnaldo


Rizzardo:

“É presumida a responsabilidade do dono ou do guardião da coisa pelos


danos que venha a mesma causar a terceiros. (...) No sistema do
Código vigente, basta que se prove o dano, e que foi causado pela
coisa ou pelo bem de que está na guarda ou na propriedade de
determinada pessoa.” (Nossos grifos).

Assim, o segundo réu é objetivamente responsável pelos danos


causados ao veículo assegurado pela autora. O que ora se afirma está
perfeitamente afinado com o entendimento da Jurisprudência Pátria, vejamos:

“INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL –


RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA – Obrigação de
indenizar do proprietário do veículo e de seu condutor, diversa da
circunscrita ao acidente do trabalho – Imprudência do motorista ao
conduzir o caminhão com a carroceria baú aberta, estando em seu
interior duas pessoas, uma delas a vítima – Evento previsível –
Inviabilidade do argumento de que o condutor desconhecia a
circunstância perigosa – Proprietário do caminhão, igualmente
responsável, ante entrega do veículo.” (Nossos grifos).

“ACIDENTE DE VEICULOS. REPARAÇÃO DE DANO.


AÇÃO AJUIZADA CONTRA QUEM FIGURA NA
REPARTIÇÃO DE TRÂNSITO COMO PROPRIETARIO
DO VEÍCULO. PRESUNÇÃO DE SUA
RESPONSABILIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
CONHECIDO EPROVIDO.”

Dessa forma, temos por incontroversa a responsabilidade da parte -


segundo réu para responder pelo evento danoso provocado por seuveículo, à
luz do instituto da responsabilidade civil objetiva pelo fato da coisa.

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2.1.
DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO TERCEIRO REQUERIDO O

Exa., a terceira requerida é a ASSOCIAÇÃO (PROTEÇÃO VEICULAR)


adquirida pelo primeiro requerido e quem intermediou o conserto do veículo
autora junto a suas oficinas parceiras, tendo inclusive contratado profissional
para que este criasse um laudo de aprovação do veículo.

Na prática, o autor se tornou consumidor de um serviço prestado pela


requerida, tendo em vista que esta se dispôs, ainda que de modo forçado, face a
impossibilidade de realização de conserto no veículo, regredi-lo do estado de
GRANDE MONTA para MÉDIA MONTA.

Exa., a lei 8.078 de 90 é clara ao dizer que consumidor é toda e


qualquer pessoa física ou jurídica que utilize um bem como seu destinatário
final (art. 2 do CDC) bem como determina o legislador que consumidores serão
aqueles que tiverem sido afetados diretamente pelo dano, conforme art. 17 do
CDC.

Portanto, suplica a admissão da associação, terceira requerida, como


parte legítima para figurar no pólo passivo da presente demanda.

2.2.
DA INCIDÊNCIA DO CDC C

Como elemento fundamental para a caracterização da relação de


consumo (e determinando o agente como consumidor), tem-se a destinação final
do produto ou serviço pelo adquirente. Isto porque o art. 2º do CDC enuncia
expressamente:

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Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo.

Com o objetivo de revisar brevemente o conceito de fornecedor,


produto e serviço, temos o art. 3º do CDC que diz:

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produto ou prestação
de serviços.
§1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
imaterial.
§2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Uma vez definido quem é o consumidor e o fornecedor, e a ação que


os conecta, que é a relação de consumo, é preciso dizer o que é reconhecido pela
nossa doutrina e jurispridência quanto a vulnerabilidade presumida de todo
consumidor, independentemente da sua condição econômica ou financeira, face
ao prestador de serviço ou comerciante de produtos.

Por isso, a responsabilidade civil adotada pelo Código de Defesa do


Consumidor é a objetiva, ou seja, não depende de culpa ou dolo por parte dos
fornecedores de produtos ou serviços.

Nos seus artigos 12, 13, 14, 18, 19 e 20, o CDC expõe essa
responsabilidade objetiva, inclusive solidária, entre os fornecedores de produto
e os prestadores de serviço.

Neste diapasão, tendo sido amplamente argumentado quanto ao

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prejuízo suportado pelo Requerente, importantíssimo também trazer à baila a
diferenciação entre vício do produto e Fato do produto, sendo que àquele é, por
exemplo,quando compramos um carro e ele vem com o motor fundido.

Já o fato do produto é quando o problema transpõe os limites do


produto ou serviço, ou seja, ocasionando prejuízos colaterais, como danos
materiais, morais ou estéticos.

Como exemplo temos o televisor, que ao ser ligado na tomada pega


fogo, causando um incêndio na residência do consumidor, e queimaduras na sua
pele (danos materiais, morais e estéticos). Ou, a aquisição (compra) indesejada e
que acarreta desconto em folha de pagamento, gerando perda material e moral
incomensuráveis.

In casu, o autor é autônomo, dependente de seu veículo para o


trabalho, fez a compra do mesmo em caráter de alienação, entregando o próprio
bem como garantia da dívida com a instiruição financeira, e, por ser o veículo seu
único ganha pão, aceitou a tentativa de reparo pela terceira requerida, a fim de
ter seu bem recuperado, tendo de volta sua renda.

Nesta senda, nitidamente o autor se tornou um consumidor da


requerida por equiparação, tendo esta prestado-lhe um péssimo e indevido
serviço, visando tão somente seu lucro.

2.3.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A

De acordo com o Art. 373, § 1º do CPC de 2015, incumbe a quem tem


melhores condições de produzi-la, diante das circunstâncias fáticas presentes no
caso concreto.

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O Art. 373, § 1º determina que o ônus da prova incumbe:

Art. 373 (...)


§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir
o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
lhe foi atribuído.

O Código de Defesa do Consumidor prevê, no seu artigo 6º, inciso


VIII, que diante da hipossuficiência do consumidor frente ao fornecedor, a sua
defesa deve ser facilitada com a inversão do ônus da prova. É o que se postula na
presente demanda.

Neste mesmo sentido, NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE


ANDRADE NERY lecionam:

O processo civil tradicional permite a convenção sobre o ônus da


prova, de sorte que as partes podem estipular a inversão em relação
ao critério da lei (CPC 333 par. ún. A contrário sensu). O CDC permite
a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que for
ou hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação
do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como
parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de
consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de
que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da relação de
consumo O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio
da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais,
desigualdade essa reconhecida pela própria lei.” (Código civil
anotado e legislação extravagante. 2 ed., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003, p. 914).

Considerando, sobretudo, a hipossuficiência técnica e econômica do


Suplicante as quais são comprovadas documentalmente, encontram-se
caracterizados os requisitos do art. 6º, VIII, do CDC para se impor a inversão do

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ônus probatório e, por conseguinte, deve haver a inversão do ônus probante em
relação a qualquer prova ou documento que seja requerido por este Juízo, a fim
de provar o alegado, devendo toda essa obrigação recair sobre os demandados.

03.
DO MÉRITO DA PRESENTE DEMANDA A

Após as delimitações anteriores, seguimos a análise do mérito da


causa, que demanda esclarecimentos, demonstrando o autor em todos os pontos
da presente peça vestibular, que de fato sofreu múltiplos danos em razão das
ações dos requeridos.

Assim sendo, o promovente pleiteia a condenação dos réus por


comprovados danos materiais referente aos valores gastos com manutenções e
substituição de peças de seu veículo, suplicando além do que efetivamente
perdeu, o que deixou de ganhar pela interrupção de sua atividade lucrativa, bem
como os danos morais que suportará por prazo indeterminado em razão de todo
o evento.

No entanto, embora suplique o demandante o reparo material


suportado, o objeto principal da presente demanda é a decretação da perda total
do bem, condenando os réus, solidariamente, ao pagamento correspondente à
FIPE do veículo do autor à época do sinistro, ou, alternativamente, caso seja
constatada a possibilidade de uso do bem sem riscos de danos à vida e ao
trabalho do autor, que haja indenização substitutiva pela depreciação do bem em
razão de sua perda de valor de mercado, em valor não inferior à 25% do valor de
FIPE do veículo à época, no importe de R$ 66.408,00 (sessenta e seis mil
quatrocentos e oito reais), vejamos:

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3.1.
DA DECRETAÇÃO DE PERDA TOTAL OU INDENIZAÇÃO
COMPENSATÓRIA

A culpa do primeiro requerido está devidamente comprovada, sendo


que o CTB ainda traz o seguinte dever que não fora obervado pelo demandado
ao negligenciar a parada obrigatória:

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu


veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à
segurança do trânsito.

Capítulo XV - DAS INFRAÇÕES

Art. 208 Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada


obrigatória, exceto onde houver sinalização que permita a livre
conversão à direita prevista no art. 44-A deste Código: (Redação do
caput dada pela Lei n. 14.071/20, em vigor a partir de 12ABR21)
Infração – gravíssima.
Penalidade – multa.

Assim sendo, por toda documentação acostada aos autos (b.o e fotos
do acidente) não restam dúvidas que o seu causador foi de fatob o primeiro réu.

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Está assegurado na Constituição Federal de 1988 o direito relativo à
reparação de danos materiais, sendo estabelecido no art. 5º, V e X da CF/88 que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem; (grifo nosso)
(...) X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano
material ou moral decorrente de sua violação. (grifo nosso)

Assim sendo, o nosso Código Civil, assim traz à baila:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Neste contexto, o autor, imediatamente após o dano causado pela


colisão do veículo guiado pelo primeiro requerido, teve que suportar danos
materiais que foram se estendendo ao longo do tempo.

Tal fato se deu porque, muito embora o veículo do requerente tenha


sido levado à reparo pela terceira ré, a péssima e indevida reparação do veículo
gerou a necessidade de compra de peças e manutenções quase que diárias pelo
autor.

Não obstante, conforme preteritamente narrado, em razão de um


APAGÃO DO MOTOR do veículo, o autor teve que solicitar um reboque para o
automóvel, sendo que, conforme todos documentos juntados em anexo, o
requerente já suportou um gasto de R$ 766,09 (Setecentos e sessenta e seis Reais
e nove Centavos) – valor este inclusive reposto pela terceira ré, a qual reconheceu
que seus reparos no veículo do autor foram de fato insatisfatórios. (documento

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de reembolso anexo)

No mesmo diapasão, o “laudo” criado pela terceira requerida, a fim


de reclassificar a MONTA do veículo, de nada adiantou, posto que o veículo
ostenta em seu documento a condição de veículo sinistrado por MÉDIA MONTA
(doc. anexo)

Neste mesmo contexto, o engenheiro mecânico, Sr. Arthur Ramos


Porto descreve ter realizado somente avaliação visual no veículo e não
propriamente prátrica, deixando, ao que indica o laudo, de submeter o
automóvel a testes de qualidade e segurança do bem.

Vejamos um trecho do laudo anexo:

Na referida data 26/07/2022, às 16:10 h em Belo Horizonte, o foi


realizada nova avaliação técnica visual do veículo FIORINO HD WK
E, Marca FIAT, Placa PZM1I96, COR BRANCA, conforme art. 9º
inciso II da resolução 810/20, tendo como objetivo avaliar quais foram
os componentes estruturais e de segurança que foram danificados.
Conforme parágrafos 3.2, 3.3 e 3.4 do ANEXO I da Resolução 810 de
dezembro de 2020, solicitamos o reenquadramento deste veículo na
categoria “média monta”. Visto que o mesmo sofreu danos em 2
(dois) elementos estruturais e de segurança (longarina dianteira
esquerda, air bags frontais). Tais constatações são demonstradas pelo
Formulário de Classificação de Danos, e pelos registros fotográficos
apresentados a seguir. Foi feita a recontagem dos itens permitindo
que este veículo se enquadre na categoria MÉDIA MONTA.

O texto acima (laudo anexo) demonstra que, não bastasse apenas


ter sido realizada uma “perícia visual” no veículo, tão somente em razão da
substituição de itens (recontagem) foi pedida a liberação do veículo pelo
engenheiro, o qual cristalinamente não observou nenhum item de segurança do
bem que não fora devidamente recuperado.

Neste mesmo contexto, observamos no texto acima que o


profissonal contratado pela terceira ré para avaliar o veículo diz que “solicitamos

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o reenquadramento deste veículo na categoria “média monta”. Visto que o mesmo sofreu
danos em 2 (dois) elementos estruturais e de segurança (longarina dianteira esquerda, air bags
frontais).”

Ora, como bem destacado acima, o veículo teve danos nas


LONGARINAS esquerdas e direita, sendo que tais itens apenas foram
supostamente reparados.

No entanto, semanas depois da liberação do veículo ao autor pela


terceira ré, os mesmos itens que alegou o engenheiro terem sido substituídos
apresentaram problemas gravíssimos, quase gerando danos à vida do autor.

Assim, a terceira requerida determinou o “retorno” do veículo para


a garantia de serviço, para agora sim tentar reparar o veículo do autor em relação
à longarina, vejamos:

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No entanto, o Sr. Cristiano, gerente da oficina que supostamente
cobriria a suposta garantia dos danos ao veículo do autor disse a este que o seu
veículo jamais sequer fora apresentado na oficina para reparos iniciais,
demonstrando assim que o automóvel era uma grande bomba relógio, sem
condições mínimas de

Destarte, necessária se faz a condenação dos requeridos a terem que


indenizar o autor pelo valor da FIPE da época do evento, em quantia não inferior
à R$ 66.408,00 (sessenta e seis mil quatrocentos e oito reais).

3.2.
DANOS MATERIAIS – LUCROS CESSANTES

Como é sabido, “as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além


do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.

Neste sentido, leciona Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 75), acerca do


lucro cessante, que: “Perda do ganho esperável, na frustração da expectativa de
lucro, na diminuição potencial do patrimônio da vítima. Pode decorrer não só
da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima, como, por
exemplo, a cessação dos rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua
profissão, como, também, da frustração daquilo que era razoavelmente
esperado”. (Destaque nosso)

O veículo do autor trata-se de uma fiunrino, veículo utilizado para


o trabalho, conforme comprovantes anexos de contrato e pagamento, sendo certo
que o autor deixou de trabalhar nos meses em que o veículo permanceu
sinistrado ou parado em oficina para reparos.

Neste esteio, o valor de lucro diário do autor sempre foi de, no


mínimo, R$ 230,00 (duzentos e trinta reais) o que multiplicado pelos dias
trabalhados no mês, sempre no total de 26, geram ao autor um lucro de
R$ 5.980,00 (cinco mil novecentos e oitenta reais); conforme inclusive o contrato

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de prestação de serviços anexado.
Assim sendo, considerando o valor dos ganhos mensais do autor
antes do sinistro, multiplicado pelos meses em que o veículo permaneceu parado,
sendo este de 3 (três) meses da data de ocorrência do sinistro até sua liberação,
mais 15 (quinze) dias para o reparo da longarina, faz jus o autor a um valor total
de R$ 24.150,00 (vinte e quatro mil cento e cinquenta reais).

3.3.
DO DANO EXTRAPATRIMONIAL L

O caso em apreço evidencia a ocorrência de nítida violação a moral


do Autor, que erigido à categoria de direito individual, com o advento da
Constituição da República de 1988, encontra respaldo no art. 5º, em seus incisos
V e X:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;

O Código Civil, através do art. 186 estabelece:

Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência violar direito e causar dano outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo

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Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do
indivíduo, a sua honra, a sua integridade psíquica, o seu bem-estar, as suas
virtudes, causando-lhe, assim, mal-estar ou uma indisposição de natureza
espiritual.

No presente caso, é fácil reconhecer que o fato envolve danos morais


puros e, portanto, danos que se esgotam na própria lesão à personalidade, na
medida em que são intrínsecos a ela.

Por isso, a prova destes danos se restringem à existência do ato


ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de apresentar provas de danos
incorpóreos.

Nossos doutrinadores comungam desse mesmo entendimento.


Sobre a matéria, trazemos os ensinamentos de Carlos Alberto Bittar:

“...na concepção moderna da teoria da reparação de danos morais


prevalece, de início, a orientação de que a responsabilização do
agente se opera por força do simples fato da violação. Com isso,
verificando o evento danoso, surge, ipso facto, a necessidade de
reparação, uma vez presente os pressupostos de direito. Dessa
ponderação, emergem duas consequências práticas de extraordinária
repercussão em favor do lesado; uma é a dispensa da análise da
subjetividade do agente; outra, a desnecessidade de prova de
prejuízo em concreto” (in Reparação Civil por danos Morais. RT,
1993, n.32, p.202). “... na reparação por danos morais, realiza-se a
proteção da personalidade. A ordem jurídica reconhece às pessoas
direitos de personalidade, destaca, os quais incidem sobre elementos
materiais e imateriais, a fim de possibilitar-lhes a individualização e
a identificação no meio social, permitindo-lhes o consequente
alcance das metas visadas.

Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da


extensão dos danos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato. Nesse
sentido, destaca-se a lição de Sérgio Cavalieri Filho, Desembargador do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro:

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“Entendemos, todavia, que por se tratar de algo imaterial ou ideal a
prova do dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios
utilizados para a comprovação do dano material. Seria uma demasia,
algo até impossível, exigir que a vítima comprove a dor, a tristeza ou
a humilhação através de depoimentos, documentos ou perícia; não
teria ela como demonstrar o descrédito, o repúdio ou o desprestígio
através dos meios probatórios tradicionais, o que acabaria por ensejar
o retorno à fase da irreparabilidade do dano moral em razão de
fatores instrumentais. Neste ponto, a razão se coloca ao lado daqueles
que entendem que o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre
da gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão,
por si só justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária
ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada
a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma
presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das
regras de experiência comum.“ (Programa de Responsabilidade Civil,
5ª ed., Malheiros, 2004, p. 100/101).

Essa situação vexatória e desnecessária, inclusive perante terceiros,


somente ocorreu pela negligência do primeiro réu e ganânica do terceiro
requerido, sendo que aquele primeiro, com sua ação unilateral, deu causa ao
acidente.

Quanto ao terceiro requerido, este comprovadamente deixou de


realizar os reparos devidos no veículo do autor, porém dizendo que o fez, o que
gerou quase a morte do requerente. Absurdo! Criminosa tal ação!

Soma-se a ação do primeiro réu a do segundo requerido por ser o


proprietário do veículo à época do acidente e por isso responsável solidariamente
pelo dano, conforme já anteriormente especidicado alhures, sendo ainda a
terceira ré não menos responsável pelos danos causados ao autor, em razão de
ter manejado o reparo de um bem que sabia não regressaria ao seu status quo ante,
especialmente em relação ao seu desempenho mecânico e elétrico.

Imperioso frisar que, por se tratar de uma relação de consumo, a


reparação se dará independentemente do agente ter agido com culpa, uma vez
que nosso ordenamento jurídico adota a teoria da responsabilidade objetiva (art.
12 do CDC) existe uma pacificação do entendimento jurisprudencial de que a

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reparação dita nos artigos 186, 187 e 927 do CC pelos causadores do dano moral,
podem e devem, em regra, serem feitos em dinheiro, tendo em vista a liquidez e
o caráter pedagógico deste.

Uma vez reconhecido o dano ocasionado, cabe estipular o quantum


indenizatório e, levando em consideração o princípio da proporcionalidade e
razoabilidade, e ainda todo o abalo psicológico do prejudicado, bem como o
tempo em que o autor permaneceu sem o veículo, as inúmeras necessidades de
manutenções sazonais que apresenta o veículo após o acidente, a capacidade
financeira de quem ocasionou o dano, e o caráter pedagógico da condenação, o
autor entende ser justa indenização de, no mínimo, R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

04.
DA JUSTIÇA GRATUITA AO DEMANDANTE E

Requer o demandante à Vossa Excelência os benefícios da gratuidade


de justiça, nos termos da Lei n. 1060/50, do art. 5º, caput e incisos XXXIV,
LXXIV, LXXVI e LXXVII da CF, bem como dos arts. 98 e 99, ambos do NCPC
por não dispor de condições de arcar com as custas processuais, iniciais e
finais, periciais, honorários advocatícios, sem prejudicar o orçamento
familiar, o que se comprova documentalmente.

Ressalte-se que o benefício da gratuidade da justiça é direito


conferido a quem não tem recursos financeiros de obter a prestação
jurisdicional do Estado, sem arcar com os ônus processuais correspondentes.

Trata-se de mais uma manifestação do princípio da isonomia ou


igualdade jurídica (CF, Art. 5º, caput), pelo qual todos devem receber o
mesmo tratamento perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

O autor é profissional autônomo, que utiliza seu veículo como seu


instrumento de trabalho, como seu ganha pão para realizar entregas de
mercadorias para empresas.

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Em razão do acidente, o autor ficou totalmente impossibilitado de
auferiri lucro, vindo literalmente a suportar uma condição falimentar, não
tendo ganho um real sequer durante quase 4 (quatro) meses, sendo que
depois de ter sido o veículo reparado, em razão de seu mau reparo, não pode
utilizá-lo para o fim a que se destina.

Exa., o presente pedido deve ser, data máxima vênia, analisado


pelo prisma da justiça e não somente da legalidade, posto que, embora haja
giro de valores na conta da autora, os mesmos não perfazem sequer um
salário mínimo, o que para qualquer homem médio se imagina como sendo

05.
DA TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER DE URGÊNCIA PARA
AVALIAÇÃO IMEDIATA DO VEÍCULO AUTORAL

Inicialmente, no tocante a este tópico, cumpre-nos o dever de


enfatizar que é perfeitamente cabível e extremamente necessária a
concessão da tutela antecipada em caráter de urgência para imediata
avaliação do veículo por um expert da justiça, de forma cautelar, até que o
objeto da presente ação em relação ao dano moral, lucros cessantes e da
própria decretação de perda total do veículo se resolva.

Isto porquanto o instituto jurídico vislumbrado neste presente


tópico deve ser concedido àquele que o pleiteia sempre que um fato lesivo e
passível de modificação, tanto no mundo fático quanto no jurídico, se
apresente antes do ingresso de uma demanda, podendo trazer à parte que o
pleiteia no processo, irreversível prejuízo se não for apreciada de imediato.

Para o seu deferimento, é essencial que seja apresentado por


aquele que a pleiteia o chamado fumus boni iuris e o periculum in mora, sendo
que o primeiro consiste na evidência do direito / verossimilhança das
alegações, a chamada “fumaça do bom direito” e o segundo requisito consiste

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no chamado risco de dano ao resultado útil do processo. Assim sendo, os arts.
294 e art. 300, caput, ambos do CPC, assim preveem:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar
ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental.
Art. 300. A tutela urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.

No caso em tela, é clarividente, Excelência, que a verossimilhança das


alegações está vencida com a juntada dos laudos FAJUTOS da terceira requerida
e que b.

Ainda no que concerne à probabilidade do direito, a doutrina o define


como “interesse amparado pelo direito objetivo, na forma de um direito
subjetivo, do qual o suplicante se considera titular, apresentando os elementos
que 'prima facie' possam formar no juiz uma opinião de credibilidade
mediante um conhecimento sumário e superficial, como ensina Ugo Rocco”
(THEODORO JÚNIOR, Humberto in Curso de Direito Processual Civil,
Volume I, 56ª edição. Forense: Rio de Janeiro, 2015).

Já em relação ao risco de dano ocasionado pela demora, o chamado


periculum in mora, entre outros danos que podem emanar do não deferimento da
tutela antecipatória são, por exemplo, o risco de acidentes fatais nas estradas,
posto ser um veículo de uso ao trabalho pelo autor, o que pode inclusive gerar
danos a terceiras pessoas.

Em relação ao risco de dano ao resultado útil do processo, elucida a


referida doutrina que “refere-se, portanto, ao interesse processual em obter uma
justa composição do litígio, seja em favor de uma ou outra parte, o que não
poderá ser alcançado caso se concretize o dano temido. Ele nasce de dados
concretos, seguros, objeto de prova suficiente para autorizar o juízo de grande
probabilidade em torno do risco de prejuízo grave.”

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Neste diapasão, com a constatação em perícia dos danos e risco de uso
do veículo, este já seria destinado ao detran para sua baixa e não utilização.

Conforme embasamento legal do CPC em seu art. 297, o Juiz poderá


tomar a medida que julgar necessária para assegurar o direito pleiteado,
senão vejamos:

Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que considerar


adequadas para efetivação da tutela provisória do pedido.

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte


contrária (art. 300, § 2º do CPC), independente de caução (art. 300, § 1º do
CPC), tutela antecipatória em caráter de urgência, ou, pela clarificação das
provas apresentadas, que seja até mesmo recebida como em caráter de
evidência.

06.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS S

Diante do exposto, pede e requer a Promovida:

a) Que seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE A PRESENTE


AÇÃO, na totalidade de seus pedidos, suplicando a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, especialmente do instituto da inversão do ônus da
prova, e o vínculo consumerista entre o autor e a terceira requerida, pela
condição daquele como destinatário final de um serviço prestado pela ré.

b) Suplica a condenação das requeridas, de forma solidária, em relação à


perda total do bem, suplicando sua avaliação no valor da FIPE da época do
evento, em valor não inferior à R$ 66.408,00 (sessenta e seis mil quatrocentos
e oito reais), ou, alternativamente, que seja indenizado o autor pela
depreciação do bem em, no mínimo, 25% de sua FIPE.

c) A condenação dos requeridos pelos danos materiais causados ao autor, na


modalidade lucros cessantes, em razão do que deixou de auferir o autor pelos
meses em que seu veículo ficou inutilizável por 105 (cento e cinco) dias, no

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valor mínimo de R$ 24.150,00 (vinte e quatro mil cento e cinquenta reais),
conforme comprovantes e extratos de transferências e contrato de prestação
de serviços anexo, mais eventuais valores que forem apurados em liquidação
de sentença.

d) Suplica a condenação das requeridas em relação ao dano moral causado


ao requerente, no valor mínimo de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) tendo em
vista o poderio econômico dos réus, os danos causados ao autor, o caráter
pedagógico da condenação, bem como a solidariedade do dano causado.

e) A condenação da requerida ao pagamento dos honorários advocatícios em


patamar a ser estipulado por este juízo.

g) Requer ainda a concessão das benesses da gratuidade de justiça ao autor,


tendo em vista que o autor teve interrompida a sua fonte de lucros e possui
inúmeras obrigações a sanar, não podendo arcar com as custas do presente
processo.

h) Requer desde já, em caráter de tutela antecipada de urgência, a


designação de perícia técnica para avaliação do veículo autoral, a fim de
que seja constatado sua perda de qualidade mecânica, elétrica e estética,
em razão dos reparos ineficazes por parte da terceira requerida.

i) Pretende provar o alegado pela produção de todos os meios de prova


admitidos em direito, suplicando desde já pela produção de prova
notadamente documental, testemunhal, e depoimento pessoal dos réus e
seus representantes legais.

06.
DO VALOR DA CAUSA A

Dá-se à causa o valor R$ 120.558,00 (cento e vinte mil quinhentos e


cinquenta e oito reais)

Contagem, 26 de janeiro de 2023.

JOÃO PEDRO CORDEIRO DE OLIVEIRA


OAB/MG 188.531

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