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Avaliação da agressividade na infância

> Agressividade vista enquanto ato que visa, intencionalmente, causar dano a alguém ou
alguma coisa
> Quando intensa e persistente, é considerada um fator de risco
> Crianças agressivas costumam apresentar um repertório de coping empobrecido
> Direta, indireta e/ou relacional
> Gênero - expectativas sociais que lhe são atribuídas
> Varia ao longo do desenvolvimento
> Associada a regulação emocional
> Diferentes variáveis associadas ao surgimento e manutenção

Instrumentos

> Av.: Caráter de prevenção: identificar e compreender precocemente a agressividade em


crianças - otimiza encaminhamentos para intervenções
> Pirâmides Coloridas de Pfister: teste expressivo que tem como objetivo investigar
informações sobre a dinâmica emocional, bem como sobre o desenvolvimento cognitivo
de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos
> Construção de três pirâmides coloridas, realizadas de forma sequencial; avaliar modo de
colocação, processo de execução e aspecto formal das pirâmides, bem como cores
utilizadas
> Presença do vermelho aumentado pode estar associada a impulsividade, voracidade e
agressividade

O desenho
> Comunicação
> Técnica quebra gelo; familiar e pouco ansiogênico
> DFH
> Olhos estrábicos, presença de dentes e genitais, braços longos e mãos grandes foram
alguns dos indicadores e agressividade propostos (Koppitz, 1966)
> Desenhos exageradamente grandes e descentralizados da página poderiam ser
considerados indicadores de agressividade (Hammer, 1991)
> Status de técnica

Entrevista de anamnese e entrevista lúdica


> Compreensão da queixa e da historia da criança
> Dados advindos de diversas fontes; indentificar o que há de comum nos diferentes
contextos
> Compreender, junto a família, o que desencadeia e mantém esse comportamento
> Lopes e Scivoletto (2014) falam que a avaliação do tipo de agressividade, frequência dos
episódios e os fatores desencadeantes são fundamentais para o diagnóstico diferencial
> Importante saber se há histórico de transtorno na família, relacionamento da criança com
os pares, se briga com frequência, como são essas brigas…
> Entender dinâmica familiar, regras existentes, clareza quanto a elas..
> Superproteção ou autoritarismo relacionados a impulsividade
> Questões socioeconômicas e culturais
Caso clínico

Para ilustrar um pouco melhor como se dá o processo de avaliação psicológica em crianças


com queixas de agressividade, vamos apresentar um caso clínico fictício, discutindo alguns
procedimentos e técnicas;

> Rafael, seis anos, filho caçula de pais separados


> Foi encaminhado para Avaliação psicológica por indicação da escola, com a queixa de
agressividade
> No primeiro contato da psicóloga com a família, a mãe contou que a criança batia, mordia
e xingava os colegas e professores (Agressividade física e direta)

> Anamnese: procura-se entender início e desenvolvimento da queixa


> Filho sempre foi agressivo, especialmente com pares; aos dois anos, mordia colegas da
creche que se aproximavam dele
> Aos quatros anos, já na escola, persistia com problemas de socialização, mordendo,
colegas
> Aos cinco anos, batia e evitava colegas de classe; um outro ponto importante é que a
professora dizia que ele “queria saber mais do que ela”, corrigindo-a na frente dos pares;

> Aos seis anos, Rafael já havia sido expulso de duas escolas
> A mãe tinha sido chamada diversas vezes na terceira escola
> Escola relatava que a criança não prestava atenção na aula, nem fazia as tarefas.
Levantava o tempo, e conversava muito com outras crianças.

> Mãe também descreve o filho como uma criança criativa, que gostava de fazer desenhos e
tinha habilidades motoras bem desenvolvidas
> Se referiu também a comportamento de risco apresentado em outros contextos, como
subir em armários, e passar na frente dos carros (o que denota, denuncia uma certa
impulsividade)
> Complementa que filho não gosta de seguir regras, e que muitas vezes ela acabava
cedendo aos desejos dele, por cansaço;

> Pais separados a seis meses; decisão consensual; discutiam até na frente do filho
> Pai foi presente por um tempo, mas deixou de ser quando arrumou uma namorada, a qual
implicava com a presença de Rafael e de sua irmã
> Rafael questionava muito a ausência do pai
> Relação fraterna era conturbada: crianças brigavam muito, e a mãe atribuía os conflitos à
diferença de idade entre eles

Observação do comportamento:
> Já na sala de espera, psicóloga pode perceber que Rafael brincava sozinho; além disso,
se dirigia a mãe de forma agressiva, sobretudo quando essa pedia para que o menino
fizesse algo que ele não queria
> Mãe se mostrava passiva, deixando a criança executar a ação

> Psicóloga convida o pai, que comparece apenas na penúltima sessão;


> Postura da criança é bem diferente com ele; Rafael estava sorridente e calmo
> Além disso, foi possível se observar também a postura dele para entrar na sala de
atendimento
> Em algun deles, Rafael se mostrava agressivo por não querer interromper a brincadeira na
sala de espera
> Psicóloga precisava ser firme ao chamá-lo

> Quando se encontrava em situações de desvantagem em jogos, tentava criar novas


regras
> Quando não conseguia burlar as regras, interrompia bruscamente a brincadeira,
tornava-se agressivo, tentava jogar objetos na psicóloga
> Quando era solicitado a realizar alguma atividade diferente, ou falar sobre tópicos
específicos, como a escola,gritava com a terapeuta, saia da sala…

> Escolhia sempre as peças de lego, dizendo que poderia construir objetos diferentes
> Em uma das ocasiões, construiu uma moto, a qual atropelava bonecos e animais
selvagens; quando a psicóloga lhe perguntava o porquê de tal ação, Rafael dizia que todos
deveriam morrer
> Nesse contexto, psicóloga retira o lego da sala para observar qual seria a brincadeira
escolhida por Rafael; menino usa outros carros, animais e bonecos, mantendo dinâmica
agressiva
> Seu brincar era caracterizado pela criatividade

> Psicóloga faz uma visita escolar, como parte da avaliação


> Professora relata que Rafael a desafiava e desobedecia com frequência, brigava com
colegas, e por vezes batia neles
> Apesar disso, aprendia muito rápido, fazia as tarefas de casa e era muito criativo, fazendo
muitas colagens e pinturas, especialmente com dinossauros

> Alguns testes foram aplicados durante a avaliação;


> ETPC, na qual se avaliou características de personalidade, especialmente indicadores de
agressividade
> Rafael obteve índices baixos nos fatores extroversão, neuroticismo e sociabilidade -
criança introspectiva e reservada, com poucos amigos, que reflete antes de agir, controla
seus sentimentos e é um pouco pessimista
> No fator psicoticismo, alcançou uma pontuação alta, enquadrando-se no quartil 75 -
tendência à frieza e solidão, comportamento anti social, caracterizado por crueldade,
hostilidade e frieza

> Já no teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, também aplicado para avaliação de
aspectos da personalidade, Ele realizou duas formações em camada multicromáticas, e uma
formação alternada - funcionamento cognitivo e emocional de nível médio
> Execução ordenada,indicando constãncia e flexibilidade
> Grande uso de cores quentes, o que indica certa impulsividade e agressividade, bem
como a presença de energia e disposição

Conclusão
> Crise iniciada aos 24 meses, que evoluíram em termos de frequência e intensidade
> Literatura aponta que a agressividade tende a diminuir entre os 36 e 54 meses, já que a
criança constrói um repertório linguístico e de regulação emocional vasto que lhe permite
resolver conflitos de forma mais adequada.
> Tais repertórios não parecem bem desenvolvidos por Rafael; ele, portanto, se comporta de
forma agressiva física e verbalmente por não saber se comunicar de forma adequada
> Ex: Quando era solicitado a falar sobre temas mais difíceis, como a escola, se sentia
acuado e inseguro, reagindo de forma desproporcional

> A psicóloga conclui então que Rafael apresenta um comportamento desafiador,


desobediente e hostil, apresentando dificuldade para lidar com regras, autoridades e normas
sociais
> Tem dificuldade para negociar, isto é, ajustar os seus desejos aos dos outros
> Possui baixa tolerância a frustração, e não demonstra arrependimento
> Identificou-se também uma dificuldade para estabelcimento do vínculo terapêutico, e
comportamento pouco colaborativo
> Testes apontam para uma boa capacidade cognitiva, agressividade e pouca habilidade
para interagir com os pares
> Dessa forma, Rafael foi encaminhado para psicoterapia, sob suspeita de Transtorno de
Oposição Desafiante (TOD)

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