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WBA0000_v1.

Atividades e intervenção em
psicopedagogia clínica
TDAH
Encaminhamentos psicopedagógicos para
criança com suspeita de TDAH.

Case 1
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação
Este é um caso verídico, nomes fictícios
• Vítor
• Idade: 07 ANOS
• Escolaridade: Cursando 2º. Ano do Ensino Fundamental
• Diagnóstico TDAH
• a criança não consegue manter a atenção por muito
tempo, pouca evolução na aprendizagem, movimentos
constantes, insistentes sonorizações vocais e estalos com a
língua, enfretamentos, irritação e possível associação com
Transtorno Opositor Desafiante (TOD).
• Escola com perfil tradicionalista, segue apostila e segue
avaliações formais.
Vítor

Não identifica cores, não está alfabetizado;

Sempre sorridente, motivado, feliz;

Combinados iniciais precisavam ser lembrados; Fonte: esquema elaborado pela autora.

Muita resistência inicial, mais tranquilo no final;

Gosta de jogos, principalmente os de controle motor (sapinhos e


pescaria);

Usa tesoura com dificuldade;

Briga com colegas, impulsivo, demonstra agressividade.


Vítor
Disper-sa a atenção quando algo é novidade ou mais
desafiante.
Fica muito irritado quando perde nos jogos.
O material escolar de Vitor está bem cuidado e organizado. As
tarefas têm algumas rasuras, há tarefas incompletas e em
grande parte, a escrita é realizada apenas por cópia.
Apresentou praxia fina adequada à idade cronológica.
Não lê, está nas garatujas, mas gosta de palavras conhecidas
que representam caráter afetivo (mãe, Marina, Capitão
América, Hulk…) – predominância do TDAH sobre dislexia
Transição entre o período pré-operatório e operatório-
concreto.
Quais orientações para a escola, família e Vitor?
Como conduzir o processo de intervenção?

Vítor?

Família?

Escola?

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Norte para a resolução...

Prestar atenção e refazer o que for preciso;


Controlar-se;
Respirar fundo;
Pedir ajuda;
Evitar brigas;
Elogiar os colegas;
Fazer toda a lição direitinho.
Não informar sobre passeios, festas ou possibilidades que
causem excitação antes do evento: Vítor não lida bem com
ansiedade.
Não mudar muito a rotina nos finais de semana, reservar
algumas horas para estudar o que foi ensinado na escola,
repassar o conteúdo;
Vítor estuda o dia inteiro: em casa, pode-se colocar atividades
de lazer relacionadas a leitura e jogos pedagógicos, bem como
atividades de organização (mochila e lanche para o dia
seguinte, roupas, sapatos, objetos pessoais);
Supervisão constante das tarefas e contato estreito com a
escola;
Não bater, dar surras ou qualquer tipo de repreensão física ou
psicológica.
Evitar situações que estressem Vítor, como troca de
lugares e chamar para a lousa ou pedir que responda
uma questão em voz alta (chamada oral).
Estimular a aprendizagem.
Retomar o processo de alfabetização.

(Ideal apontado à família: trocar de escola, buscar uma


metodologia que se adapte melhor às necessidade de
Vítor, que evite situações de ansiedade e respeite o ritmo
de aprendizagem de Vítor).
Recuperar as aprendizagens que não foram consolidadas;

Desenvolver atenção sustentada;

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Reintroduzir o processo de alfabetização;

Supervisionar o desenvolvimento lógico-matemático;

Trabalhar a conduta pessoal e o relacionamento interpessoal;

Desenvolver o controle das emoções e das explosões emocionais;

Reforçar a confiança, a persistência e o autocontrole.


Dislexia
Quando a descoberta tardia impacta muito
negativamente o processo de aprendizagem.

Case 2
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação
Este é um caso verídico, nomes fictícios
• Alexandre
• Idade: 10 ANOS
• Escolaridade: Cursando 4º. Ano do Ensino Fundamental I
• Material escolar em ordem, porém não completo
• Alegre, inteligente, disposto, ativo, participativo, praxia
global e fina muito bem desenvolvida, gosta de esportes,
de correr e lutas. Se autointitula: Ninja
• Falas indicam pensamento estruturado, mas grande
dificuldade em escrever.
• Predominância da dislexia sobre o TDAH.
Alexandre
Notas insuficientes e por necessidade de recuperação constante;

Dificuldade de aprendizagem em todas as disciplinas curriculares regulares;

Hiperatividade e desatenção, descontrole em brincadeiras com excesso de força física; Fonte: esquema elaborado pela autora.

A avaliação neurológica (aguardando os resultados finais) sugere Transtorno do


Processamento Auditivo Central;

Sessões em cabine já tiveram começo;

Alexandre não compreende por que seus estudos não estão apresentando os resultados
esperados;

Alexandre estuda todo o conteúdo e faz as lições, sendo sempre supervisionado pela
mãe, porém sente-se cansado e, por este motivo, fica entediado.
Alexandre
Linguagem oral: pronuncia as palavras com clareza, com excelente dicção e
em volume audível, utiliza tempos verbais e concordância nominal
corretos; responde perguntas diretas e simples de forma rápida e precisa,
em perguntas mais complexas exibe opinião associada à imaginação.
Linguagem escrita: titubeante, há erros ortográficos e dificuldade na
escolha de algumas letras que tenham sons semelhantes (ch-x, u-l),
também não há elementos de enriquecimento, tais como adjetivos e
advérbios, a escrita é direta.
Leitura muito lenta em relação ao esperado para a idade, porém há pouco
prejuízo na interpretação de textos.
Queixou-se de as letras se apresentarem embaçadas após um tempo de
leitura.
A avalição em raciocínio lógico e matemática apresentou resultados
compatíveis com a idade, porém a interpretação de problemas apresentou
prejuízo, como o restante das atividades que exigem interpretação de
texto.
Quais orientações para a escola, família e Alexandre?
Como conduzir o processo de intervenção?

Alexandre?

Família?

Escola?

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Norte para a resolução...

Durante a aula: realizar anotações das palavras mais


importantes, fazer perguntas, pedir material complementar,
pedir para repetir (a repetição faz com que o cérebro aprenda
cada vez mais), pedir para colegas explicarem e ensinarem.
Estudando em casa: ler pequenos textos (2 linhas) e ir
ampliando com o tempo, reescrever partes do texto (cópia),
ler com ajuda do dedo e posteriormente com a régua, fazer
muito caça-palavra (iniciar com letras bem grandes e poucas
palavras e imagem-palavra), refazer os exercícios.
Norte para a resolução...

Consulta com pediatra: já é realizada regularmente.


Verificar se há possiblidade de atendimento homeopático e
acupuntura (verificar se ambos atendem a necessidade de Arthur)
via convênio.
Acompanhamento com neurologista: já é realizado.
Sessões fonoaudiológicas: já é realizado.
Manter o esporte que faz na escola, se possível introduzir natação.
Arthur: participar de todas as oportunidades de reforço na escola,
MESMO QUE NÃO TENHA DÚVIDAS = pedir revisão. Pedir para fazer
lição junto com colegas, para que os colegas expliquem.
Norte para a resolução...

Fazer anotações em sala de aula – ANOTAR AS PALAVRAS MAIS IMPORTANTES,


USAR MARCA TEXTO E POST IT.
Testar se gravar a aula é uma boa opção para ouvir novamente e estudar.
Pedir aos colegas que ajudem.
Aproveitar todas as oportunidades de revisão na escola, mesmo que não tenha
dúvidas.
Fazer caça-palavras, associação figuras e palavras.
Estudo deve ser uma rotina: 2 a 3 horas por dia, com intervalos de 10 minutos a
cada 50 minutos – ambiente tranquilo, sem música, sem internet.
Uma atividade de lazer por dia: desenho, por exemplo.
Descansar aos finais de semana.
Norte para a resolução...

Seguir protocolo para dislexia:


✓ Fracionar textos
✓ Realizar perguntas sobre cada fração de texto
✓ Tempo maior para a realização das atividades
✓ Fazer resumos, fazer uso de marcador de texto
✓ Considerar respostas orais e fazer avaliações orais
✓ Contar com apoio de leitor e escriba
✓ Proporcionar ambiente tranquilo
Decodificação e codificação de palavras e textos;

Exercitar leitura e técnicas de identificação dos aspectos mais importantes do texto;

Desenvolver interpretação de texto e elaboração de respostas condizentes; Fonte: esquema elaborado pela autora.

Desenvolver as noções iniciais de matemática: quantidade e quantificação, unidades-dezenas-


centenas e transformações, operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão).

Desenvolver técnicas de estudo para as provas;

Supervisionar a evolução acadêmica;

Reforçar autoestima, autoconfiança e determinação.


Aprendente mirim
A importância da intervenção
psicopedagógica precoce.

Case 3
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação
Caso de supervisão, real, nomes fictícios
• Pedro
• Idade: 4 anos
• Escolaridade: Pré Escolar II
• Mãe: o aprendente apresenta distração ao realizar as atividades
escolares em casa, persistindo nos erros. Também relatou que
Pedro não sustenta o olhar nas conversas entre eles.
• Escola: apresenta gradativo avanço no seu desenvolvimento
cognitivo, possui inteligência normal e tem boa assiduidade.
Parece compreender as atividades e tem bom conhecimento
dos números. Não consegue ler e tem dificuldades com escrita
(não são objetivo da série, já que o aprendente ainda não está
em alfabetização). É esforçado, aparenta grande interesse em
aprender e tem mais interesse em atividades lúdicas.
Pedro
Reconhece algumas palavras, não lê fluentemente – esperado para a idade;

Confunde letras e números, não faz operações matemáticas – esperado para


a idade;

apresenta ansiedade, alegria, dependência e insegurança; Fonte: esquema elaborado pela autora.

Prefere ser liderado e chora quando não compreende a tarefa proposta;

Se concentra, mas se distrai com facilidade; mexe muito com os pés e


mãos e é inquieto enquanto espera sua vez;

Apresenta descuido nas atividades pedagógicas porque prefere brincar;

Há conflito entre orientações da avó e da mãe.


Quais orientações para a família e Pedro?
Como conduzir o processo de intervenção?

Pedro?

Família?

Intervenção
?

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Norte para a resolução...

• Incentivar a autonomia de Pedro.


• Deixá-lo realizar as atividades escolares sozinho, sem
interferir.
• Só participar se realmente houver necessidade.
• Estimular e elogiar suas conquistas.
• Consistência no estabelecimento de limites.
• Fazer uma reunião familiar para a discussão e
estabelecimento das regras a serem compreendidas,
aceitas e seguidas por todos os membros, incluindo a avó
e Pedro.
Exames pediátricos regulares;

Dosagem hormonal e de nutrientes para averiguar a


desatenção;
Fonte: esquema elaborado pela autora.

Não há déficit cognitivo ou dificuldade de


aprendizagem, apenas motivação;

Acompanhamento psicoterápico para ansiedade e


dinâmica familiar;

Retorno mensal para acompanhamento da evolução de


Pedro.
Complexidade emocional e
familiar
Dificuldade de aprendizagem na
adolescência – constituição da
personalidade e percepções de mundo.

Case 4
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação
Caso real, nomes fictícios
• Isabelle
• Idade: 16 ANOS
• Escolaridade: Cursando 1º. Ano do Ensino Médio
• Tem material escolar, suporte familiar e atendimentos
diversos.
• Aprendente é repetente e não apresenta consolidação da
aprendizagem
• Afirma que tem problemas de memória, não condizente
com testes
• Diversas transferências escolares, sofreu bullying
• Mãe pediu divórcio, casal tenta se recompor novamente
Isabelle

Preocupada com imagem, maquiagem;

Família questiona seu peso, ansiedade e o fato de ficar muito tempo no


quarto;
Fonte: esquema elaborado pela autora.

Isabelle questiona a atenção à irmã, queixa-se que não é ouvida em


casa e muito criticada, insistentemente e por qualquer coisa;

Não se dedica aos estudos, gosta de pintar, mas não desenhos prontos,
decora o caderno com canetinhas coloridas, mas não as utiliza para
estudar;

Tem muitas atividades à tarde, escolares e limpeza, o que, para ela, a impede
de ir bem na escola.
Isabelle

Acha que está estudando, mas não está ou está se


distraindo;
Não está conseguindo prestar atenção em sala de aula
para criar os esquemas iniciais e consolidar a
aprendizagem posteriormente;
O que estuda não é o que cai na prova;
Relata episódios de insonia e grande ansiedade;
Perdeu o vínculo com a aprendizagem escolar;
Não possui distúrbio ou transtorno de aprendizagem;
Dificuldades relacionadas a aspectos emocionais.
Quais orientações para a escola, família e Isabelle?
Como conduzir o processo de intervenção?

Isabelle?

Família?

Escola?

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Norte para a resolução...

• Durante a aula: realizar anotações, não ficar ouvindo


passivamente, concentrar-se sempre e, caso perca a
concentração, esforçar-se para se concentrar novamente
(quanto mais fizer isso, mais o cérebro se habituará e
ficará mais concentrado por mais tempo), perguntar e
pedir para repetir (a repetição faz com que o cérebro
aprenda cada vez mais);
• Estudando em casa: ler e reescrever, fazer esquemas e
refazer os exercícios; fazer exercícios diferentes do mesmo
tema e corrigir.
Norte para a resolução...

• Reestabelecer rotina de estudo, evitar


• Estudo deve ser uma rotina: 2 a 3 horas por dia, com
intervalos de 10 minutos a cada 50 minutos – ambiente
tranquilo, sem estímulos, sem música, sem internet
(exceto nas videoaulas), sem barulho externo. Inclusive
aos finais de semana.
• Pai ou mãe averiguar se o estudo está sendo realizado
(Isabelle tem facilidade em se distrair).
Norte para a resolução...

• Consulta com otorrinolaringologista (sono)


• Consulta com endocrinologista (sobrepeso)
• Terapia familiar com um bom terapeuta
• Psicoterapia para enfrentamento da ansiedade
• Homeopatia ou Terapia com Florais são indicados
• Isabelle: participar de todas as oportunidades de reforço
na escola, MESMO QUE NÃO TENHA DÚVIDAS = pedir
revisão. Júlia afirma que já está fazendo.
• Cogitar troca de escola no meio do semestre, caso não
apresente evolução.
Utilizar os canais de aprendizagem Visual – Auditivo – Cinestésico (VAC).

Ler livros, biografias, assistir filmes relacionadas aos temas das aulas (toda
a família pode acompanhar).

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Desenvolver persistência, atenção sustentada, agilidade mental, leitura
crítica e matemática.

Montar cronograma de estudos mensais.

Supervisionar a evolução acadêmica.

Reforçar autoestima, autoconfiança e determinação.


Fracasso escolar
Quando se trata de um problema da escola
e não do aprendente.

Case 5
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação
Relato de John (nome
Leia este relato de caso: fictício)
Estudante do sistema
• Não, eu não vou bem na escola. Esse é o meu segundo ano na 7a série e sou muito
maior do que os outros alunos. Entretanto, eles gostam de mim. Não falo muito em escolar norte-americano
aula, mas fora da sala sei ensinar um mundo de coisas. Eles estão sempre me Relato espontâneo,
rodeando e isso compensa tudo o que acontece em sala. Eu não sei por que os colhido em 1944.
professores não gostam de mim. Na verdade, eles nunca acreditam que a gente
sabe alguma coisa, a não ser que se possa dizer o nome do livro onde a gente
aprendeu. Tenho vários livros lá em casa. Mas não costumo sentar e lê-los todos,
como mandam a gente fazer na escola. Uso meus livros quando quero descobrir
alguma coisa. Por exemplo, quando a mãe compra algo de segunda mão e eu
procuro no catálogo da Sears ou da Words para dizer se ela foi tapeada ou não. Sei
usar o índice rapidamente para encontrar tudo o que quero. Mas, na escola, a gente
tem que aprender tudo o que está no livro e eu não consigo guardar. Ano passado,
fiquei na escola depois da aula, todo o dia, durante duas semanas, tentando
aprender os nomes dos presidentes. Claro que conhecia alguns, como Washington,
Jefferson, Lincoln. Mas é preciso saber os 30 todos juntos e em ordem. E isso eu
nunca sei. Também não ligo muito, pois os meninos que aprendem os presidentes
têm que aprender os vices depois. Estou na 7a série pela segunda vez, mas a
professora agora não é muito interessada nos presidentes, ela quer é que a gente
aprenda os nomes de todos os grandes inventores americanos. Acho que nunca
conseguirei decorar nomes em História. Esse ano comecei a aprender um pouco
sobre caminhões, porque meu tio tem três e disse que posso dirigir um quando
tiver 16 anos.
Reflita sobre a seguinte situação
Já sei bastante sobre cavalo a vapor e marchas de 26 marcas diferentes de
caminhão, alguns a diesel. É gozado como os motores a diesel funcionam.
Comecei a falar sobre eles com a professora de Ciências, na 4a feira passada,
quando a bomba que a gente estava usando para obter vácuo esquentou. Mas
a professora disse que não via relação entre um motor a diesel e a nossa
experiência sobre pressão do ar. Fiquei quieto. Mas os colegas pareceram
gostar. Levei quatro deles à garagem do meu tio e vimos o mecânico
desmontar um enorme caminhão a diesel. Rapaz, como ele entende disso! Eu
também não sou forte em Geografia Econômica. Durante toda a semana
estudamos o que o Chile importa e exporta, mas eu não sei bulhufas. Talvez
porque faltei à aula, pois meu tio me levou em uma viagem a mais ou menos
200 milhas de distância. Trouxemos duas toneladas de mercadorias de
Chicago. Mas meu tio tinha me dito para onde estávamos indo e eu tinha de
indicar as entradas e as distâncias em milhas. Ele só dirigia o caminhão e virava
à direita ou à esquerda quando eu mandava. Como foi bom! Paramos sete
vezes e dirigimos mais de 500 milhas, ida e volta. Estou tentando calcular o
óleo e o desgaste do caminhão para ver quanto ganhamos. Eu costumo fazer
as contas e escrever as cartas para todos os fazendeiros sobre os porcos e bois
trazidos. Houve apenas três erros em dezessete cartas e, diz minha tia, só
problema de vírgulas. Se eu pudesse escrever composições bem assim... Mas,
outro dia o assunto da composição na escola era: “O que a rosa leva da
primavera” E não deu...
Reflita sobre a seguinte situação
Também não dou para matemática. Parece que não consigo me concentrar nos
problemas. Um deles era assim: se um poste telefônico, com 57 pés de comprimento,
cai atravessado em uma estrada de modo que 17 pés sobrem de um lado e 14 de outro,
qual a largura da estrada? Nem tentei responder, pois o problema não dizia se o poste
tinha caído reto ou torto. Não sou bom em Artes Plásticas. Todos nós fizemos um
prendedor de vassoura e um segurador de livros. Os meus foram péssimos. Também,
não me interessei. A mamãe nem usa vassoura desde que ganhou o aspirador de pó e
todos os nossos livros estão dentro de uma estante com porta de vidro. Quis fazer uma
fechadura para o trailer do meu tio, mas a professora não deixou, pois eu teria de Rev.
Psicologia v.7/n.1 23 7/20/05, 02:30 PM Roseli Fernandes Lins Caldas 24 Psicologia:
Teoria e Prática – 2005, 7(1): 21-33 trabalhar só com madeira. Assim, fiz essa parte de
madeira na escola e o resto na garagem do tio. Ele disse que economizou mais ou
menos 10 dólares com o meu presente. Moral e Cívica também é fogo! Andei ficando
depois da aula, tentando aprender os artigos da Constituição. A professora disse que só
poderíamos ser bons cidadãos sabendo isso. E eu quero ser bom cidadão. Mas
detestava ficar depois da aula porque um bando de meninos estava limpando o lote da
esquina para fazer um playground para as crianças do Lar Metodista. Eu até fiz um
brinquedo de barra usando canos velhos, para eles. Conseguimos jornais velhos para
vender e com o dinheiro deu para fazer uma cerca de arame em volta do lote. O papai
disse que eu posso sair da escola quando fizer 15 anos. Estou doidinho para isso porque
há um mundo de coisas que eu quero aprender a fazer e já estou ficando velho”
(CALDAS, 2005, p. 21-22).
Reflita sobre a seguinte situação

Dificuldade de
Conhecimento Encaminhamentos
aprendizagem?
• O que conhece? • Onde está • John
Como aplica? localizado o • Escola
Estado problema? • Família
emocional?

Fonte: esquema elaborado pela autora.


Norte para a resolução... CONHECIMENTO
O que conhece?
Como aplica?
Estado emocional?

• Conhecimento prático de elementos básicos da linguagem,


raciocínio lógico e matemático.
• Aplica com facilidade no cotidiano, em situações desafiantes
e típicas da rotina de trabalho.
• Está feliz com sua capacidade, pois vê resultados de seu
conhecimento, porém infeliz na escola: conteúdos e formato
não relacionados com a experiência prática do aprendente.
Norte para a resolução... PROBLEMA

Onde está localizado o problema?

• Conflito: escola não aceita a vivência prática e os


conhecimentos adquiridos fora do ambiente escolar X
aprendente critica educação formalizada e tradicionalista.
• Os professores afastam e renegam a possibilidade de
aprendizagem do aprendente
• A escola se recusa a aceitar outras formas de aprendizagem e
a vivência prática.
• O aprendente não se adapta a este modelo de ensino.
Norte para a resolução... ENCAMINHAMENTOS

John – Escola - Família

• John: há interesse, motivação e alegria em permanecer na


mesma escola ou na mesma metodologia de ensino? Sim:
intervenção para resgatar o vínculo com a aprendizagem
escolar na metodologia que se apresenta / Não: sugerir a
transferência escolar.
• Escola: aproveitar o conhecimento prático de John; permitir e
estimular que ele busque relação entre o conhecimento
prático e o teórico.
• Família: garantir que haja tempo e espaço para o estudo de
John, o quanto as viagens atrapalham seu desenvolvimento
escolar? Como a família vê isso? Valoriza a escolarização?
Referências
• CALDAS, R. F. L. Fracasso escolar: reflexões sobre uma história antiga,
mas atual. Psicologia: Teoria e Prática, 2005, 7(1): 21-33. Disponível
em:
https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/47/Editora/Revista_Psicolo
gia/Teoria_e_Pratica_Volume_7-_Numero_1/21a34.pdf. Acesso em:
07 jul. 2021.
• CHAMAT, L. S. J. Técnicas de intervenção psicopedagógica. São Paulo:
Vetor, 2008.
• WEISS, Maria L. L. Intervenção psicopedagógica nas dificuldades de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Editora Wak, 2015.
Bons estudos!

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