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Transtornos do

Neurodesenvolvimento

Psicólogo Ms. André Oliveira


Transtorno do Neurodesenvolvimento

 Surgem geralmente antes da criança ingressar na escola.

 Prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico


ou profissional.

 Frequentemente apresentam origens biológicas.


Categorias

 Deficiências Intelectuais

 Transtornos da Comunicação

 Transtorno do Espectro Autista

 Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade


Categorias

 Transtorno Específico da Aprendizagem

 Transtornos Motores

 Outros Transtornos do Neurodesenvolvimento


Caso Nelson

 Nelson é um menino de 7 anos e frequenta a primeira série. Foi direcionado


para o atendimento psicológico pela professora que refere que o menino
não tem capacidade de acompanhar os/as colegas mesmo com a especial
atenção que lhe é dedicada. No início do ano, a professora já tinha reparado
no seu discurso demasiadamente infantilizado e na incapacidade de
proferir corretamente a maioria das palavras. Aquando da alfabetização,
Nelson não conseguiu aprender nenhuma das letras ou números. Já no final
do ano letivo, a professora tinha de decidir quais os alunos/as transitariam
de ano e confrontou-se com a situação de Nelson, que não era ainda capaz
de ler, escrever, contar ou pronunciar qualquer matéria dada nas aulas. As
suas provas continham apenas rabiscos e quando surgiam letras, as
mesmas eram aleatórias e sem qualquer contexto. Era frequentemente
humilhado pelos/as colegas e chamado de burro, respondendo com
violência física a estas situações. O teste de QI aplicado nas primeiras
sessões de psicologia obteve um valor de 50.
Critérios de Diagnóstico

Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) é um transtorno com


início no período do desenvolvimento que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais
quanto adaptativos, nos domínios conceitual, social e prático. Os três critérios a seguir
devem ser preenchidos:

A. Déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento,


pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência
confirmados tanto pela avaliação clínica quanto por testes de inteligência padronizados e
individualizados.

B. Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de


desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e responsabilidade
social. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou
mais atividades diárias, como comunicação, participação social e vida independente, e em
múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade.

C. Início dos déficits intelectuais e adaptativos durante o período do desenvolvimento.


Deficiência Intelectual (Transtorno
do Desenvolvimento Intelectual)

 Funcionamento intelectual significativamente inferior à média


(compreensão verbal, memória, pensamento abstrato e eficiência
cognitiva).

 1% da população, maior prevalência no sexo masculino.

 Fatores genéticos e fisiológicos (gestação/ desenvolvimento).

 Frequentemente associadas a síndromes com fenótipo específico


(Síndrome de Down).
 O funcionamento intelectual geral é definido pelo
quociente de inteligência (QI ou equivalente) obtido
mediante avaliação com um ou mais testes de
inteligência padronizados de administração individual:
 Escalas Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC)
 Stanford-Binet
 Bateria Kaufman de Avaliação para Crianças

<70
Depende do teste, bagagem socio cultural e prejuízo da vida
quotidiana.
Análise do Déficit no Funcionamento

 Escalas e testes.

 Avaliação do/a professor/a e história médica,


educacional e evolutiva.

 Importante examinar as capacidades de


funcionamento adaptativo (domínio conceitual, social
e prático).
Deficiência Intelectual Leve

 Domínio Conceitual: Dificuldades em aprender


habilidades académicas, pensamento abstrato e função
executiva.

 Domínio Social: Imaturidade e dificuldade em interpretar


pistas sociais. Risco de ser manipulada e usada.

 Domínio Prático: Necessitam de supervisão para algumas


decisões importantes, regra geral desenvolvem boa
autonomia, trabalham e constroem família.
Deficiência Intelectual Moderada

 Domínio Conceitual: Capacidades bastantes atrasadas em


relação a companheiros/as. Linguagem e habilidades
desenvolvem-se lentamente. Como adulto/a necessita de apoio
na aplicabilidade das aprendizagens conceptuais.

 Domínio Social: Linguagem simples dificulta relações. Há


necessidade de apoio social mas podem manter amizades e
relacionamentos românticos na vida adulta.

 Domínio Prático: Capacidade de gerir necessidades pessoais


embora necessite de algo treino e/ou lembretes. Necessitam de
empregos com atividades simples e supervisão no controlo do
dinheiro, transportes e horários.
Deficiência Intelectual Grave

 Domínio Conceitual: Linguagem limitada e pouca


compreensão da escrita, matemática, tempo e dinheiro.

 Domínio Social: Linguagem focada no aqui e agora


(palavras ou expressões. Entendimento de comunicações
simples.

 Domínio Prático: Necessita de apoio para todas as


atividades diárias. Ensino prolongado e contínuo.
Supervisão constante.
Deficiência Intelectual Profunda

 Comum a presença de limitações físicas e sensoriais

 Domínio Conceitual: Atividades envolvendo mais o mundo


físico do que simbólico. Utilização de alguns objetos
direcionados a metas.

 Domínio Social: Comunicação principalmente não verbal,


expressão emocional.

 Domínio Prático: Totalmente dependente, capaz apenas de


realizar tarefas básicas.
 Atraso Global do Desenvolvimento

 Deficiência Intelectual não Especificada


Caso Tiago

Tiago é um menino de 5 anos. Desde muito cedo que os pais o


apresentam como sendo “especial”. Tiago tem muitas dificuldades em
comunicar-se, não estabelece relações sociais com quaisquer crianças
ou adultos/as além do pai e da mãe.
Tiago gosta especialmente de brincar com massinha de modelar mas
apenas para fazer bolinhas. Faz bolinhas de várias cores e agrupa-as
tendo em conta o tamanho. Quando alguém tenta alterar o formato
das bolinhas, Tiago demonstra-se agressivo e grita. Este é o seu único
interesse lúdico e por vezes, segundo o pai e a mãe, adota uma postura
de “desligado do mundo”. É frequente, nestas alturas, agarrar os
braços à volta do corpo e balançar-se. Quando alguém tenta interagir
com ele neste momento, não recebe nenhuma resposta. Se for forçado
fisicamente a mover-se, torna-se agressivo, mordendo e batendo nas
pessoas e objetos que o rodeiam.
Transtorno do Espectro Autista

 Presença de um desenvolvimento acentuadamente desadaptativo ou


prejudicado na interação social e comunicação e um repertório
marcantemente restrito de atividades e interesses.

 Podem enfileirar um número exato de brinquedos da mesma maneira


repetidas vezes ou imitar vezes sem conta as ações de um ator de
televisão. Podem insistir na mesmice e manifestar resistência ou
sofrimento frente a mudanças triviais.

 Sintomas identificados a partir do 2º ano de vida.


 Boa evolução ao longo da vida, benefício de acompanhamento.
Transtorno do Espectro Autista

 Insistência irracional em seguir rotinas.


 Movimentos e posturas corporais estereotipadas.
 Linguagem pode ser repetitiva, telegráfica ou estereotipada.

 70% comorbidade com outro transtorno.


 1% de prevalência - 4:1 sexo masculino.

 Sintomas comportamentais, incluindo hiperatividade,


desatenção, impulsividade, agressividade, comportamentos
autoagressivos e, particularmente em crianças mais jovens,
acessos de raiva.
Transtorno do Espectro Autista

A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos


contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia:
1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de
abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a
compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou
responder a interações sociais.
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para
interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco
integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na
compreensão e uso de gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não
verbal.
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando,
por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos
sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer
amigos, a ausência de interesse por pares.

Gravidade
Transtorno do Espectro Autista

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme


manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia:
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex.,
estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases
idiossincráticas).
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados
de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas
mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação,
necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p.
ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente
circunscritos ou perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por
aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação
contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação
visual por luzes ou movimento).
Gravidade
Transtorno do Espectro Autista

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do


desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que
as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser
mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento


social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no
presente.

E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência


intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global
do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro
autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade
de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação
social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.
Transtorno do Espectro Autista

Especificar se:
 Com ou sem comprometimento intelectual concomitante
 Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante
 Associado a alguma condição médica ou genética conhecida
ou a fator ambiental
 Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento,
mental ou comportamental
 Com catatonia
Caso Patrice

Patrice é uma menina de 9 anos, frequenta a 3ªa série e é conhecida na escola como o “terror da
manhã”! Diariamente o pai e a mãe são chamados pela professora mas o comportamento da menina
permanece inalterado. Patrice é incapaz de se comportar devidamente sem sala de aula.
Frequentemente levanta-se da cadeira para ir conversar com outras colegas, quando a professora lhe
coloca perguntas nunca sabe do que se está a falar e por brincar constantemente com os objetos
escolares nunca consegue terminar as tarefas a tempo. No recreio é conhecida por todos/as os/as
colegas pois participa em todas as brincadeiras contudo, rapidamente se farta de determinada
atividade e engaja num nova. Esta situação faz com que os/as amiguinhos/as por vezes evitem
brincar com ela pois, Patrice nunca termina uma brincadeira. Além disso, as outras crianças
classificam-na como “chata” pois nunca para de falar.
Em casa, a família relata que a Patrice sempre foi uma menina muito agitada. Cansava-se
rapidamente de todos os brinquedos, não gostava de ficar sentada a assistir programas de Tv e
tornava-se insuportável em situações como longas viagens de carro. Atualmente a mãe usa uma
“mochila coleira” quando leva a filha a algum lado como por exemplo o supermercado de forma a
poder controla-la.
Patrice gosta de correr e já por diversas vezes se colocou em situações de perigo. Os pais são
hipervigilantes pois sabem que a menina não tem atenção ao brincar perto de estradas
movimentadas ou lugares com precipícios.
Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade

 Caracteriza-se por um padrão persistente de desatenção e/ou


hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele
tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de
desenvolvimento.

 Nas situações sociais, a desatenção pode manifestar-se por


frequentes mudanças de assunto, falta de atenção ao que os
outros dizem, distração durante as conversas e falta de
atenção a detalhes ou regras em jogos ou atividades.
Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade

 Podem envolver-se em atividades ou situações que apresentam


risco de vida.

 Os sintomas tipicamente pioram em situações que exigem


atenção ou esforço mental constante ou que não possuem um
apelo ou novidade intrínsecos.

 Os sintomas são mais prováveis em situações de grupo.

 Importância da supervisão e imposição adequada de limites.


Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade

 Graves prejuízos na vida social e académica.

 5% crianças em idade escolar, maioria do sexo masculino.

 Os sintomas frequentemente atenuam no final da adolescência.

 2,5% dos adultos e adultas apresentam o transtorno.


Consequências habituais em
adultos/as

 Os sintomas de hiperatividade assumem a forma de


sensações de inquietação e dificuldade para envolver-se em
atividades tranquilas e sedentárias.

 Dificuldade para se expressar adequadamente.

 Tipicamente fazem comentários inoportunos, interrompem


demais os outros, metem-se em assuntos alheios, agarram
objetos de outros.
Critérios de Diagnostico

A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-


impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento,
conforme caracterizado por (1) e/ou (2):
1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem
por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível
do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades
sociais e acadêmicas/profissionais:
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para
compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e
adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.
Critérios de Diagnostico

a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por


descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex.,
negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou
leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de
qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue
terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex.,
começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p.
ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e
objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau
gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).
Critérios de Diagnostico

f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em


tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos
escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos,
preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de
trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou
atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos,
carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos
(para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas
(p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e
adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).
Critérios de Diagnostico

2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas


persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do
desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e
acadêmicas/profissionais:
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento
opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções.
Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas
são necessários.
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na
cadeira.
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro
local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo
lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de
inquietude.)
Critérios de Diagnostico

d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer


calmamente.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p.
ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em
restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de
acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido
concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma
fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas,
jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber
permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o
que outros estão fazendo).
Critérios de Diagnostico

B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam


presentes antes dos 12 anos de idade.

C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão


presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com
amigos ou parentes; em outras atividades).

D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento


social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia


ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno
mental (p. ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo,
transtorno da personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).
Diagnóstico

Determinar o subtipo:
Apresentação combinada
Apresentação predominantemente desatenta
Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva

Especificar se:
Em remissão parcial
Leve, moderada ou grave
Transtornos da Comunicação

 Transtorno da Linguagem

 Transtorno da Fala

 Transtorno da Fluência com Início na Infância


(Gagueira)

 Transtorno da comunicação social (Pragmática)

 Transtorno da comunicação não Especificado


Caso Sofia

Sofia é uma menina de 8 anos, frequenta a 3ª série e é descrita por


todos/as como inteligente e dinâmica. Contudo, os pais, referem que ela
sempre teve dificuldade em pronunciar as palavras e em conjugar
corretamente os verbos. Na altura não deram muita importância e
pensaram que seria algo que passaria com o tempo, inclusivamente
copiavam as suas palavras para se comunicarem melhor com a menina.
Mais tarde, na escola, o professor ficou preocupado. De fato, Sofia não
tinha dificuldades em aprender as letras, a matemática ou a matéria em
geral mas, a sua dificuldade na linguagem refletia-se na sua escrita.
Assim, escrevia tal como falava e em vez de escrever por exemplo: “Vou
comer um petisco” escrevia “Vo come um pitico”.
Transtorno da Fala

A. Dificuldade persistente para produção da fala que interfere na


inteligibilidade da fala ou impede a comunicação verbal de mensagens.

B. A perturbação causa limitações na comunicação eficaz, que interferem na


participação social, no sucesso acadêmico ou no desempenho profissional,
individualmente ou em qualquer combinação.

C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento.

D. As dificuldades não são atribuíveis a condições congênitas ou adquiridas,


como paralisia cerebral, fenda palatina, surdez ou perda auditiva, lesão cerebral
traumática ou outras condições médicas ou neurológicas.
Transtorno da Linguagem

 Capacidade expressiva

 Capacidade receptiva

 Comum outros familiares com a dificuldade


Transtorno da Linguagem

A. Dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem


em suas diversas modalidades (i.e., falada, escrita, linguagem de
sinais ou outra) devido a déficits na compreensão ou na
produção, inclusive:
1. Vocabulário reduzido (conhecimento e uso de palavras).
2. Estrutura limitada de frases (capacidade de unir palavras
e terminações de palavras de modo a formar frases, com base nas
regras gramaticais e morfológicas).
3. Prejuízos no discurso (capacidade de usar vocabulário e
unir frases para explicar ou descrever um tópico ou uma série de
eventos, ou ter uma conversa).
Transtorno da Linguagem

B. As capacidades linguísticas estão, de forma substancial e quantificável,


abaixo do esperado para a idade, resultando em limitações funcionais na
comunicação efetiva, na participação social, no sucesso acadêmico ou no
desempenho profissional, individualmente ou em qualquer combinação.

C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do


desenvolvimento.

D. As dificuldades não são atribuíveis a deficiência auditiva ou outro


prejuízo sensorial, a disfunção motora ou a outra condição médica ou
neurológica, não sendo mais bem explicadas por deficiência intelectual
(transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do
desenvolvimento.
Transtorno da Comunicação Social
(Pragmática)

Dificuldades na linguagem e na compreensão relacionadas com


as normas e regras sociais.

Dificuldade no estabelecimento de boas interações


interpessoais, profissionais e académicas.

Bullying.

Dificuldades duradouras nas relações sociais.


Transtorno da Comunicação Social
(Pragmática)

A. Dificuldades persistentes no uso social da comunicação verbal e não verbal


como manifestado por todos os elementos a seguir:
1. Déficits no uso da comunicação com fins sociais, como em saudações e
compartilhamento de informações, de forma adequada ao contexto social.
2. Prejuízo da capacidade de adaptar a comunicação para se adequar ao
contexto ou às necessidades do ouvinte, tal como falar de forma diferente em
uma sala de aula do que em uma pracinha, falar de forma diferente a uma criança
do que a um adulto e evitar o uso de linguagem excessivamente formal.
3. Dificuldades de seguir regras para conversar e contar histórias, tais
como aguardar a vez, reconstituir o que foi dito quando não entendido e saber
como usar sinais verbais e não verbais para regular a interação.
4. Dificuldades para compreender o que não é dito de forma explícita (p.
ex., fazer inferências) e sentidos não literais ou ambíguos da linguagem (p. ex.,
expressões idiomáticas, humor, metáforas, múltiplos significados que dependem
do contexto para interpretação).
Transtorno da Comunicação Social
(Pragmática)

B. Os déficits resultam em limitações funcionais na comunicação efetiva, na


participação social, nas relações sociais, no sucesso acadêmico ou no
desempenho profissional, individualmente ou em combinação.

C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período inicial do


desenvolvimento (embora os déficits possam não se tornar plenamente
manifestos até que as demandas de comunicação social excedam as
capacidades limitadas).

D. Os sintomas não são atribuíveis a outra condição médica ou neurológica ou


a baixas capacidades nos domínios da estrutura da palavra e da gramática,
não sendo mais bem explicados por transtorno do espectro autista,
deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual), atraso
global do desenvolvimento ou outro transtorno mental.
Transtorno da Fluência Com Início na
Infância (Gagueira)

 Perturbação na fluência e padrão temporal da fala, inapropriado à


idade do indivíduo.

 O indivíduo pode tentar evitar o problema por mecanismos


linguísticos (por ex., alterando a velocidade da fala, evitando certas
situações tais como telefonar ou falar em público, ou evitando certas
palavras ou sons, cantando).

 Pode ser acompanhado por movimentos motores involuntários.

 O prejuízo no funcionamento social pode resultar da ansiedade,


frustração ou baixa autoestima associadas.
Critérios de diagnóstico

A. Perturbações na fluência normal e no padrão temporal da fala inapropriadas


para a idade e para as habilidades linguísticas do indivíduo persistentes e
caracterizadas por ocorrências frequentes e marcantes de um (ou mais) entre
os seguintes:
1. Repetições de som e sílabas.
2. Prolongamentos sonoros das consoantes e das vogais.
3. Palavras interrompidas (p. ex., pausas em uma palavra).
4. Bloqueio audível ou silencioso (pausas preenchidas ou não
preenchidas na fala).
5. Circunlocuções (substituições de palavras para evitar palavras
problemáticas).
6. Palavras produzidas com excesso de tensão física.
7. Repetições de palavras monossilábicas (p. ex., “Eu-eu-eu-eu vejo”).
Critérios de diagnóstico

B. A perturbação causa ansiedade em relação à fala ou limitações na


comunicação efetiva, na participação social ou no desempenho
acadêmico ou profissional, individualmente ou em qualquer
combinação.

C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do


desenvolvimento.

D. A perturbação não é passível de ser atribuída a um déficit motor da


fala ou sensorial, a disfluência associada a lesão neurológica (p. ex.,
acidente vascular cerebral, tumor, trauma) ou a outra condição médica,
não sendo mais bem explicada por outro transtorno mental.
Transtorno Específico da
Aprendizagem

 O transtorno Específico da aprendizagem é diagnosticado quando os


resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente
administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização
e nível de inteligência.

 Prejuízo da vida quotidiana (maior probabilidade de desemprego e


menor renda).

 Desmoralização, baixa autoestima e deficits nas habilidades sociais


podem estar associados com o transtorno da aprendizagem.
Perturbação da Aprendizagem

 Aplicação de Testes (TDE, Bender…)

 Despistar possíveis estados físicos gerais que melhor


expliquem a perturbação.

 Verificar a capacidade de atenção do indivíduo.

 5% a 15% de prevalência – 2:1 sexo masculino.


Critérios de Diagnóstico

A. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença


de ao menos um dos sintomas a seguir que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da provisão
de intervenções dirigidas a essas dificuldades:
1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê palavras isoladas
em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade
de soletrá-las).
2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o texto com
precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do
que é lido).
3. Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex., pode adicionar, omitir
ou substituir vogais e consoantes).
4. Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de gramática ou
pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem
clareza).
5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p. ex., entende
números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números
de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos
aritméticos e pode trocar as operações).
6. Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou
operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos).
Critérios de Diagnóstico

B. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do


esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no
desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio
de medidas de desempenho padronizadas administradas individualmente e por avaliação
clínica abrangente. Para indivíduos com 17 anos ou mais, história documentada das
dificuldades de aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação
padronizada.

C. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se


manifestar completamente até que as exigências pelas habilidades acadêmicas afetadas
excedam as capacidades limitadas do indivíduo (p. ex., em testes cronometrados, em leitura
ou escrita de textos complexos longos e com prazo curto, em alta sobrecarga de exigências
acadêmicas).

D. As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências intelectuais,


acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos,
adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução
educacional inadequada.
Especificar

Com prejuízo na leitura


Com prejuízo na expressão escrita
Com prejuízo na matemática

Leve
Moderada
Grave
Transtornos Motores
Caso Tita

Tita tem 6 anos e sempre foi uma menina com um


desenvolvimento tardio. A mãe refere que começou a gatinhar
muito tarde e só aos 4 anos começou a conseguir andar
corretamente. Tem dificuldades para correr e para manipular
certos objetos como a faca e o garfo. Na escola, Tita tem várias
dificuldades, principalmente no que respeita às aulas de
educação física não apresentando a velocidade e coordenação
motora necessária para qualquer esporte. A professora refere
também que a menina demora muito mais que os colegas a
completar as atividades escritas embora a sua capacidade de
aprendizagem seja atá acima da média.
Transtorno do Desenvolvimento da
Coordenação

Déficit acentuado no desenvolvimento da coordenação motora.

Variáveis ao longo da idade (desde atividades simples como


gatinhar até outras mais complexas como montar quebra-
cabeças).

Até 6% das crianças entre os 5 e os 11 anos.


Critérios de Diagnóstico

A. A aquisição e a execução de habilidades motoras coordenadas estão substancialmente abaixo do


esperado considerando-se a idade cronológica do indivíduo e a oportunidade de aprender e usar a
habilidade. As dificuldades manifestam-se por falta de jeito (p. ex., derrubar ou bater em objetos),
bem como por lentidão e imprecisão no desempenho de habilidades motoras (p. ex., apanhar um
objeto, usar tesouras ou facas, escrever à mão, andar de bicicleta ou praticar esportes).

B. O déficit nas habilidades motoras do Critério A interfere, significativa e persistentemente, nas


atividades cotidianas apropriadas à idade cronológica (p. ex., autocuidado e automanutenção),
causando impacto na produtividade acadêmica/escolar, em atividades pré-profissionais e
profissionais, no lazer e nas brincadeiras.

C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento.

D. Os déficits nas habilidades motoras não são mais bem explicados por deficiência intelectual
(transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por deficiência visual e não são atribuíveis a alguma
condição neurológica que afete os movimentos (p. ex., paralisia cerebral, distrofia muscular, doença
degenerativa).
Caso Lecil

 Lecil é um menino de 6 anos que apresenta paralisia cerebral.


Apesar de não ter quaisquer capacidades de linguagem
inteligível, o Lecil é extremamente inteligente
compreendendo tudo que lhe dizem. Como forma de se
comunicar utiliza balbucios e gestos ou expressões faciais que
são facilmente reconhecidas pelos cuidadores. O principal
problema do Lecil era a demonstração de sentimentos.
Sempre que era contrariado, que sentia raiva ou mesmo
grandes níveis de felicidade e excitação, o Lecil tinha
tendência a morder-se deixando mesmo marcas no corpo.
Transtorno do Movimento
Estereotipado

 Comportamento motor repetitivo, não funcional e muitas vezes


aparentemente intencional.

 Os movimentos estereotipados podem incluir acenar com as


mãos, balançar o corpo, brincar com as mãos, remexer os
dedos, manusear objetos, bater a cabeça, morder a si mesmo,
beliscar a pele ou enfiar os dedos em orifícios corporais, ou
golpear várias partes do próprio corpo.

 Danos as si próprio/a.
Transtorno do Movimento
Estereotipado

 Comum associação com Deficiência Intelectual.

 Pode surgir após um forte evento traumático.

 Tiques?

Os movimentos estereotipados parecem ser mais voluntários e


intencionais, enquanto os tiques têm uma qualidade mais
involuntária e não rítmica.
Critérios de Diagnóstico

A. Comportamento motor repetitivo, aparentemente direcionado e


sem propósito (p. ex., apertar as mãos ou abanar, balançar o corpo, bater a
cabeça, morder-se, golpear o próprio corpo).

B. O comportamento motor repetitivo interfere em atividades sociais,


acadêmicas ou outras, podendo resultar em autolesão.

C. O início se dá precocemente no período do desenvolvimento.

D. O comportamento motor repetitivo não é atribuível aos efeitos


fisiológicos de uma substância ou a condição neurológica, não sendo mais
bem explicado por outro transtorno do neurodesenvolvimento ou mental (p.
ex., tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo], transtorno obsessivo-
compulsivo).
Especificar

Com comportamento autolesivo


Sem comportamento autolesivo

Associado a alguma condição médica ou genética conhecida,


transtorno do neurodesenvolvimento ou fator ambiental

 Leve: Os sintomas são facilmente suprimidos por estímulo sensorial


ou distração.
 Moderada: Os sintomas exigem medidas protetivas ou modificação
comportamental explícita.
 Grave: Monitoração contínua e medidas de proteção são necessárias
para prevenir lesão grave.
Transtorno de Tiques

 Movimento motor ou vocalização repentino, rápido, recorrente


e não ritmado.

 Tiques motores simples.

 Tiques motores complexos.

 (Copropraxia, ecopraxia, palilalia, ecolalia, coprolalia).


Transtornos de Tiques

 Transtorno de Tourette.

 Transtorno de Tique Motor ou Vocal Persistente (Crônico).

 Transtorno de Tique Transitório. (tradução)

B. The tics have been present for less than 1 year since first tic onset.
 Outro Transtorno do Neurodesenvolvimento
Especificado

 Transtorno do Neurodesenvolvimento Não


Especificado
Leitura Obrigatória

 DSM – Transtornos do Neurodesenvolvimento


(31- 86)
Referencias Bibliográficas

 American Psychiatric Association (2014). DSM-5 - Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
 Barnhill, J. W. (2015). Casos Clínicos do DSM-5. Porto Alegre: Artmed.

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