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-Sente-se, jovem. Sei que você tem muitas perguntas.

Não se preocupe, eu tenho


as respostas. Não é preciso ter pressa. Se há alguma coisa que aprendi ao longo dos
séculos é isso: tudo que vale a pena ser sabido merece ser aprendido com calma.

-Como deve me chamar? Meus alunos me chamam de Mestre Luriel. Se


acredita que tenho algo a lhe ensinar, pode me chamar assim também. Terei
prazer em chamar você de estudante.

-Então, estudante, vamos começar pelo começo.

-Arton faz parte de uma Criação maior. O início de tudo é uma história longa,
que mais tarde você conhecerá. Por enquanto, o que precisa saber é que Arton
possui vinte deuses, que formam o Panteão. Cada uma dessas divindades possui
um Reino Divino, também chamado de “mundo” ou às vezes “Plano”. São
dimensões místicas, à parte do mundo material, mas com manifestações físicas.
E é isso que torna Arton especial: os mundos dos deuses, incluindo o sol e a lua,
orbitam ao redor do nosso.

-Estamos, eu e você, no centro da Criação.

-Divindades são fascinantes e poderíamos ter toda uma conversa sobre elas,
mas são assunto para outra aula. O tópico de hoje é Arton.

-O que move este mundo, mais ainda que seus deuses, são seus aventureiros.

-Nem todos em Arton são aventureiros, claro. A maioria dos habitantes


leva vidas simples: são fazendeiros, artesãos, servos. Andando pela vastidão
dos reinos, você verá muita gente que não deixa os limites de sua aldeia, que
nunca ultrapassou os portões de sua cidade murada. Mas, em meio a esses, há
os que anseiam por mais, ou que são obrigados a sair da vida cotidiana. Tudo de
importante que acontece em Arton tem a participação de aventureiros

-O Reinado, a maior coalizão de nações do continente, só existe por causa


desses heróis. Essa aliança foi formada por um propósito nobre: garantir que
seus habitantes sempre tenham um lar. Já foi muito maior, sendo composta de
quase todos os povos civilizados de Arton Norte. Mas precisou lutar contra os
escravistas e conquistadores minotauros nas Guerras Táuricas. Eu mesmo fui um
escravo dos minotauros, estudante. A partir desse conflito, formou-se o Império
de Tauron. Mais tarde, a odiosa Supremacia Purista se ergueu para exterminar
todos os não humanos e o Reinado mais uma vez pegou em armas. A Guerra
Artoniana provocou a saída de outros membros da coalizão, incluindo Aslothia,
que se tornou uma terra sombria de mortos-vivos governada por um Arquilich.

-Em todos esses casos, houve a interferência de heróis. Sem aventureiros, as


práticas de escravidão dos minotauros nunca teriam sido enfrentadas. Sem
aventureiros, a Supremacia Purista teria triunfado.

-Aventureiros fazem muito mais do que lutar em guerras e resistir a tiranos.


Mesmo em suas áreas civilizadas, Arton é perigoso. Vastas extensões de terras
selvagens escondem monstros vorazes, cultos profanos, masmorras cheias de
armadilhas. Um aventureiro pode passar décadas vagando por Arton sem
enfrentar o mesmo tipo de ameaça duas vezes.

-É claro, existem muitas terras além do Reinado, além até mesmo deste continente.
A Grande Savana, com sua orgulhosa civilização arcana.
O suas tempestades de areia que trazem estranhos de outros mundos.
Deserto da Perdição, com Galrasia, a terra esquecida pelo tempo.
Tamu-ra, o Império de Jade. A Ilha Nobre, com seus habitante
herdeiros de animais.
-E precisamos discutir algo que ameaça Arton inteira. Algo que todo aventureiro
teme ou anseia enfrentar — em geral ambos. Estou falando da Tormenta.

-Para alguém como eu, parece que tudo começou há meros instantes. A
Rubra Tempestade chegou poucas décadas atrás. Mas, depois de sua chegada, tudo
mudou.
E, temo, que nada nunca mais será como antes.

-Áreas de Tormenta são as mais terríveis máculas sobre nosso mundo. São regiões de
chuva ácida e sangrenta, paisagens de pesadelos tomadas por demônios. Talvez um dia
você enfrente a Tormenta, estudante... mas não hoje. Essa é uma lição mais avançada
você já sabe: tudo que vale a pena ser sabido merece ser aprendido com calma.

-Se você realmente almeja uma vida maior que as fazendas, aldeias e castelos das
pessoas comuns, deverá decidir como fazer isso. E, se existem infinitas ameaças,
tenho
felicidade de lhe dizer que também existem infinitas formas de enfrentá-las.

-Existem armas, armaduras e força bruta. Existe furtividade e esperteza. Existe


magia arcana misteriosa, e magia divina que canaliza o poder do Panteão. Existe
ciência
revolucionária, engenhocas que rivalizam com os mais potentes feitiços. Cada
aventureiro
escolhe sua forma de proteger Arton ou é escolhido por uma delas. Isso porque Arton
é
mais que um mundo mágico — é um mundo maravilhoso. É um mundo de variedade quase
incompreensível... e seus habitantes sabem disso.

-Sei que o que estou falando parece contraditório. Eu mesmo, quando cheguei a Arton
tantos séculos atrás, tive essa sensação. Mas ouça minhas palavras e lembre delas.

-Em Arton, o fantástico existe todos os dias, em todos os lugares. E nunca se torna
banal. Sabendo disso, você realmente poderá conhecer este mundo.

-E assim concluímos sua primeira lição, estudante. Agora começa a segunda.

-Eu poderia passar sua vida inteira falando. Talvez até


pudesse assim esgotar meus conhecimentos sobre este mundo.

-Mas você não iria entendê-lo

-Arton não pode ser apenas recebida, deve ser conquistada. Essas terras não podem
ser apenas aprendidas, devem ser exploradas. E o mundo que você descobrir será muit
diferente do meu. Quando descobrir o que é Arton para você, notará que já a ama.

-Então a segunda lição é por sua conta, estudante.

-Abra a porta. Dê o primeiro passo.

-Desbrave Arton.

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