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DO AMBULATÓRIO
DO QUINTO ANO
UNIAD - UNIFESP
VOLUME 1 . SUPLEMENTO 1
JULHO/AGOSTO 2005
(c) 2005
Editores:
www.uniad.org.br
SUMÁRIO
CONCEITO 1
BASES NEUROBIOLÓGICAS 1
QUADRO CLÍNICO 4
CRITÉRIOS DE GRAVIDADE 6
TRATAMENTO 6
Manejo não-farmacológico 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11
QUESTÕES 12
DELIRIUM TREMENS 18
Diagnóstico diferencial 19
Tratamento 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24
QUESTÕES 25
1. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL
compromete tal estado (figura 1.1), fazendo com que PROTEÍNAS DOS CANAIS DE CÁLCIO
Toda a vez que um neurônio é ativado eletricamente, o cálcio flui para
o sistema nervoso lance mão de mecanismos de
dentro da célula através de proteínas denominadas canais de cálcio.
neuroadaptação (quadro 1.2), para restabelecer a Parte do controle sobre tais canais é realizado pelos sistemas GABA
bêbado’, mas apenas para obter a dose necessária para a mantenção do equilíbrio cerebral, a partir do qual será
capaz de realizar suas tarefas físicas e cognitivas habituais, algumas vezes com bastante eficiência.
A neuroadaptação à presença do álcool torna o SNC mais sensível à redução ou ausência do mesmo. Assim, as
neuroadaptações, serão a causa dos sintomas de desconforto físico e mental frente a falta do álcool, conhecidos por
síndrome de abstinência (figura 1.2). Enquanto o álcool estava presente, o mesmo tamponava o sistema glutamato
e os canais de cálcio (sensibilizados) e estimulava o sistema GABA (desensibilizado) (quadro 1.1). Com a sua saída,
o sistema glutamato, mais sensível e forte que GABA, começa a disparar e a estimular o sistema nervoso como um
SNC EM
EQUILIBRIO
[HOMEOSTASE]
NEUROADAPTAÇÃO
ADAPTAÇÃO ÁLCOOL [OPOSIÇÃO & PREJUÍZO]
ADAPTAÇÃO
RECUPERAÇÃO DAS
NEUROADAPTAÇÕES
TOLERÂNCIA
AOS EFEITOS
DO ÁLCOOL
SÍNDROME DE
ABSTINÊNCIA DIMINUIÇÃO OU
INTERRUPÇÃO
DO ÁLCOOL
FIGURA 1.1: A hipótese de Himmelsbach (1941) para a dependência do álcool. O sistema nervoso central funciona em homeostase (equilíbrio).
O consumo de álcool produz alterações a partir de seus efeitos agudos. Frente ao uso freqüente e prolongado da substância, o organismo provoca
neuroadaptações (oposição e prejuízo), com a finalidade de recuperar o equilíbrio perdido. Nessa fase, os efeitos do álcool para dose habitualmente
consumida estão diminuídos (tolerância). Com a interrupção do consumo, a adaptação emerge, fazendo surgir uma sintomatologia no sentido
oposto aos efeitos do álcool. É a síndrome de abstinência, que durará enquanto o equilíbrio anterior (sem álcool) não for restabelecido.
FONTE: Littleton J. Neurochemical mechanisms underlying alcohol withdrawal. Alcohol World Health Res 1998; 22(1): 13-24.
excitabilidade global do cérebro. De acordo com as principais parâmetros fisiológicos ou comportamentais, a administração
aguda de álcool produz um quadro estimulante de curta duração (pequena elevação acima da linha-zero), seguido por depressão
ou sedação (depressão acentuada abaixo da linha-zero). A administração continuada (uso crônico) causa adaptações neuronais
que reduzem os efeitos perturbadores iniciais do álcool e resultam em tolerância. A dependência física indica que o álcool é
necessário para balancear as adaptações neuronais e manter a função cerebral normal. A diminuição ou remoção do álcool do
corpo induz um rebote de efeito estimulatório, resultando em hiperexcitabilidade do sistema nervoso (síndrome de abstinência).
FONTE: Finn DA, Crabbe JC. Exploring alcohol withdrawal syndrome. Alcohol World Health Res 1997; 21(2): 149-56.
QUADRO CLÍNICO
A maioria daqueles que desenvolvem a síndrome de abstinência do álcool possui cerca de cinco a dez anos de uso
regular da substância, numa média acima de 2 UI/dia para as mulheres e 3UI/dia para os homens (quadro 1.3). A
intensidade do quadro clínico está diretamente relacionada ao tempo e a quantidade de álcool consumida previamente.
Portanto, conforme ilustrado na figura 1.2, a tolerância aos efeitos do álcool se desenvolve de modo mais precoce e
abstinência devem ser antecedidos por um período considrável de uso perene e acima dos padrões considerados
normais.
10 gramas
QUADRO 1.3: Cálculo da Unidade Internacional de Álcool (UI). A operação entre parenteses fornece o volume de álcool em
mililitros (ml). Para se obter o equivalente em gramas de álcool, o produto deve ser multiplicado por 0,8. Uma UI equivale a 10 gramas
de álcool (1 UI = 10 g de álcool), deste modo, o produto da segunda operação deve ser dividido por 10.
HIPERATIVIDADE NORADRENÉRGICA
SINTOMAS AUTONÔMICOS, TAIS COMO
TREMORES, SUDORESE, TAQUICARDIA,
MIDRÍASE, AUMENTO DA TEMEPRATURA E DA
SAA HIPERATIVIDADE
PRESSÃO ARTERIAL, ... GLUTAMATÉRGICA
FIGURA 1.3: Bases neurobiológicas da sintomatologia da síndrome de abstinência do álcool (SAA). Os sintomas autonômicos, responsáveis pela
apresentação florida e exuberante da SAA, são resultado da ação noradrenérgica intensa, estimulada pelo sistema glutamato em hiperatividade. Os
sintomas confusionais advém da combinação entre a atividade glutamatérgica exacerbada e a gabaérgica nula. Todos os sintomas descritos
anteriormente podem ser potencializados pelo aumento generalizado dos canais de cálcio, deixando o sistema mais sensível e irritável. Quanto
maior a duração e a quantidade do consumo de álcool ao longo dos anos, mais profundas serão as neuroadaptações nos sistemas descritos acima
e por conseguinte, mais numerosos e intensos os sintomas. FONTE: Marques ACPR, Ribeiro M. Álcool. In: Ribeiro M, Marques ACPR. Usuários de
Nos primeiros tempos, o quadro clínico é eminentemente psíquico e muitas vezes a família e o próprio paciente não
o relacionam ao consumo de álcool. A maior parte dos dependentes (70 - 90%) apresenta uma síndrome de
abstinência entre leve e moderada, caracterizada por tremores, insônia, ansiedade e inquietação psicomotora.
A SAA se inicia cerca de 6 - 48 horas após a última dose e, por ser autolimitada, dura cerca
de 7 a 10 dias, quando todos os sintomas remitem completamente (figura 1.4).
Outros sintomas que podem estar presentes são sudorese, cefaléia, taquicardia, aumento da temperatura e da
pressão arterial, náusea, vômito, midríase, câimbra e dores musculares (todos de natureza autonômica) e alterações
da marcha (ataxia). Psiquicamente, observam-se, além da ansiedade e inquietação, irritabilidade, piora da
concentração e em casos mais sérios, quadros alucinatórios transitórios, sem rebaixamento do nível de consciência
(quadro 1.4). As bases neurobiológicas dos sintomas descritos acima podem ser encontradas na figura 1.3.
2 24 alucinações
3 7 - 48 convulsões tipo GM
FIGURA 1.4: Evolução da SAA. Quadros leves (os mais comuns)
do nível de consciência. A duração da crise gira em torno de uma FONTE: Finn DA, Crabbe JC. Exploring alcohol withdrawal
semana. Por volta do terceiro dia, a SAA pode se complicar e evoluir syndrome. Alcohol World Health Res 1997; 21(2): 149-56.
mental e sintomas autonômicos intensos, denominado delirium tremens. Os primeiros sintomas aparecem algumas horas após
FONTE: Marques ACPR, Ribeiro M. Álcool. In: Ribeiro M, Marques a redução / interrupção do consumo (quadro 5), sendo
ACPR. Usuários de substâncias psicoativas. São Paulo: CREMESP /
os tremores, a ansiedade e sintomas análogos à
AMB; 2002.
ressaca (náusea, vômito, cefaléia), o quadro mais
comum. Geralmente, respondem bem a abordagens
QUADRO 1.4: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA A
suportivas e desaparecem em cerca de 24 horas.
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL (SAA)
detalhes.
quadro eminentemente psíquico (insônia, irritabilidade, piora das funções QUADRO CLÍNICO
Tremores finos de extremidades
cognitivas) até outros, marcadamente autonômicos, com delirium e crises
Inquietação psicomotora (geralmente leve)
convulsivas. Sudorese facial discreta
Cefaléia
Náusea sem vômito
SAA NÍVEL I
Trata-se da SAA leve e moderada. Ela aparece nas primeiras 24 horas EXAME PSÍQUICO
após a última dose. Instala-se em 90% dos pacientes e cursa com Orientado no tempo e espaço
Juízo crítico da realidade mantido
agitação, ansiedade, tremores finos de extremidades, alteração do sono,
Levemente ansioso
da senso-percepção, do humor, do relacionamento interpessoal, do
QUADRO CLÍNICO
TRATAMENTO Tremores grosseiros de extremidades
Inquietação psicomotora intensa
Sudorese profusa
Indivíduos com SAA podem ser tratados com eficácia e segurança tanto
Cefaléia
em hospitais ou clínicas (internação), quanto em ambulatórios. Não existe, Náusea com vômito
porém, um conjunto de critérios capaz de indicar com precisão qual dos Crise convulsiva (recente ou pregressa)
A desintoxicação ambulatorial é menos dispendiosa e mais confortável Juízo crítico da realidade alterado
Ansiedade intensa
para o paciente, respeita sua rotina e favorece a permanência deste em
Pensamento desorganizado
seu grupo de convívio. Além disso, a grande maioria dos casos é leve ou Alucinações visuais, auditivas e/ou táteis
horas da SAA, fazendo com que o médico a tome por leve e indique o / AMB; 2002.
deve ser indicado. Obviamente, tal conduta deve Múltiplas desintoxicações anteriores
garantido para o serviço ambulatorial de referência Consumo de álcool em altas doses nos últimos tempos
Alguns dados da história (quadro 1.8) auxiliam esta tomada de decisão. Assim, pacientes em primeiro episódio, sem
histórico de consumo extremamente pesado de álcool, sem complicações clínicas ou psiquiátricas e com um bom
suporte social, podem ser tratados em casa. O comparecimento ao ambulatório é diário, visando à detecção rápida
ser orientada (de preferência por escrito) acerca dos principais sinais QUADRO 1.9: PATOLOGIAS COMUMENTE
e sintomas sugestivos de má evolução do quadro e orientada a retornar ENCONTRADAS EM PACIENTES COM SAA.
construção de uma ambiente continente e provedor de poucos FONTE: Trevisan LA, Boutros N, Petrakis IL, Krystal
JH. Complications of alcohol withdrawal. Alcohol
estímulos sensoriais, ou seja, um ambiente quieto, à meia luz, com World Health Res. 1998; 22(1): 61-6.
oferta / reposição de líquidos e nutrientes. Tal procedimento é suficiente para 75% dos pacientes (síndrome de
abstinência leve - quadro 1.12). No entanto, não há critérios objetivos para sua indicação
ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO
álcool
HIDRO-ELETROLÍTICO
A ocorrência de vômitos repetidos, diarréia e
sudorese excessiva provocam depleção do
líquidoextracelular deixando o indivíduo mais
suceptível a apresentar hiponatremia e
hipocalemia. No primeiro caso, há ocorrência
de mialgias, câimbras e convulsões; no segundo
hiporreflexia, fraqueza muscular e alterações
específicas do ECG.
carência e providenciar sua reposição logo no GABA-A. Como agem sobre o mesmo receptor, possuem tolerância
início do tratamento suportivo. cruzada. Desse modo, os BDZ podem ser utilizados para estimular o
hidrossolúveis. As causas principais de tal the GABA-A receptor. Alcohol World Health Res 1997; 21(2): 127-31.
fenômeno são a baixa ingestão de alimentos e a
má-absorção de vitaminas do complexo B pelo exclusiva. Além disso o uso da farmacoterapia desde o início pode
aparelho digestivo, devido à baixa produção de proteger o paciente de complicações neurotóxicas, tais como
fator intrínseco.
convulsões e kindling. Além disso, permite ao mesmo receber alta
ativos e passam por várias etapas até a conjugação. Desse modo, demandam mais trabalho por parte do fígado. O lorazepam e o oxazepam (este
último indisponível no Brasil) não possuem metabólitos ativos e passam apenas pela conjugação. Por isso, estão indicados para situações de
insuficiência hepática. FONTE: Hollister LE, Csernansky: Clinical Pharmacology of Psychoterapeutic Drugs. New York: Churchill Livinstone, 1990.
Os benzodiazepínicos (BDZ) são o tratamento de escolha consensual e devem ser administrados tão logo o
diagnóstico seja estabelecido. Todos os BDZ podem ser utilizados, mas o diazepam e o clordiazepóxido são os
mais aconselháveis, por possuírem meia-vida prolongada (quadro 1.11) e serem mais utilizados no tratamento da
SAA. Em pacientes com insuficiência hepática, a dose deve ser adaptada ou então BDZ que passam apenas pela
conjugação hepática (figura 1.5) devem ser escolhidos. No Brasil, o lorazepam é o único com estas características
disponível comercialmente .
Os BDZ devem ser administrados QUADRO 1.11: PARÂMETROS TERAPÊUTICOS DOS BENZODIAZEPÍNICOS (BDZ).
comparecendo à clínica ou hospital para serem acompanhados pelo 1. VOCÊ SENTE UM MAL-ESTAR NO ESTÔMAGO
(ENJÔO)? VOCÊ TEM VOMITADO?
médico responsável. Os retornos devem ser diários e as consultas, 0 NÃO
1 NÁUSEA LEVE, SEM VÔMITO
4 NÁUSEA RECORRENTE, COM ÂNSIA DE VÔMITO
breves (15 - 20 minutos). Os parâmetros de eficácia do tratamento 7 NÁUSEA CONSTANTE, COM VÔMITO
são a melhora progressiva dos sintomas da síndrome de abstinência 2. TREMOR NOS BRAÇOS ESTENDIDOS E NOS
DEDOS SEPARADOS.
e a ausência de sedação excessiva ao longo da desintoxicação. 0 NÃO
1 NÃO VISÍVEL, MAS SENTE
4 MODERADO, COM OS BRAÇOS ESTENDIDOS
Geralmente, quando a retirada é muito rápida, os sintomas reaparecem 7 SEVERO, COM OS BRAÇOS ESTENDIDOS
em algum grau. Por outro lado, quando se mostra lenta, o paciente 3. SUDORESE
0 NÃO
1 DISCRETA, MAIS EVIDENTE NA PALMA DA MÃO
começa a se sentir sedado com doses que outrora lhe deixavam 4 FACIAL
7 PROFUSA
tranqüilo e vigil.
4. TEM SENTIDO COCEIRAS, SENSAÇÃO DE
INSETOS ANDANDO PELO CORPO,
FORMIGAMENTOS, PINICAÇÕES?
A dose inicial de BDZ dependerá da intensidade dos sintomas e da 5. VOCÊ TEM OUVIDO SONS A SUA VOLTA? ALGO
PERTURBADOR, SEM DETECTAR NADA POR
experiência do profissional. Habitualmente, a dose preconizada varia PERTO?
Erazo GAC, Pires MCB. Manual de urgências em pronto-socorro. Rio de Janeiro: Medsi; 2000.
Finn DA, Crabbe JC. Exploring alcohol withdrawal syndrome. Alcohol World Health Res 1997; 21(2): 149-56.
Hollister LE, Csernansky: Clinical Pharmacology of Psychoterapeutic Drugs. New York: Churchill Livinstone, 1990.
Laranjeira R, Nicastri S, Jerônimo C, Marques ACPR. Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA)
Littleton JM, Harper JC. Tolerância e dependência celular. In: Edwards G, Lader M. A natureza da dependênciad de
Littleton J. Neurochemical mechanisms underlying alcohol withdrawal. Alcohol World Health Res
1998; 22(1): 13-24.
Maciel C, Kerr-Corrêa F. Complicações psiquiátricas do uso crônico do álcool: síndrome de abstinência e outras
Marques ACPR, Ribeiro M. Álcool. In: Ribeiro M, Marques ACPR. Usuários de substâncias psicoativas. São Paulo:
Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 -
descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artmed; 1993.
Sullivan JT, Sykora K, Schneiderman J, Naranjo CA, Sellers EM. Assessment of alcohol withdrawal: the Clinical
Institute Withdrawal Assessment Alcohol Scale (CIWA-AR). Br J Addict 1989; 84: 1353-7.
Trevisan LA, Boutros N, Petrakis IL, Krystal JH. Complications of alcohol withdrawal. Alcohol World Health Res.
1998; 22(1): 61-6.
Zaleski M, Morato GS, Silva VA, Lemos T. Aspectos neurofarmacológicos do uso crônico e da síndrome de abstinência
dos sintomas de abstinência e / ou com aparecimento de convulsões e FONTE: Finn DA, Crabbe JC. Exploring alcohol
withdrawal syndrome. Alcohol World Health Res
rebaixamento do nível de consciência (quadro 2.1). São sinais que
1997; 21(2): 149-56.
requerem atenção por parte do médico, uma vez que o tratamento
frente a estas situações é relativamente simples e seguro, mas a mortalidade entre os casos não tratados pode
chegar a 20%.
Cerca de 10 a 15% de usuários de álcool apresentam crises convulsivas, tipo grande mal durante seus períodos de
abstinência. O consumo do álcool diminui o limiar convulsivo, mas deve ser utilizado por longos períodos para
desencadea-las (sugere-se pelo menos 5 anos de uso contínuo). Em mais de 90% dos casos, ocorrem entre 7
e 38 horas após a última dose, com pico após 24 horas (figura 2.1). Em 40% dos casos, as crises ocorrem
isoladamente. Nos pacientes que apresentam mais de uma crise, elas ocorrem geralmente em número limitado.
Metade das tomografias de crânio de pacientes acometidos apresentam algum tipo de lesão estrutural e um terço
60
convulsões durante a SAA podem indicar
50
a presença de outras alterações, tais como
40
hipomagnesemia, hipoglicemia, alcalose
30
respiratória, aumento do sódio intracelular
20
e traumatismo com hemorragia
10
intracraniana.
0
1 2 3 4 5 6 14
Dias após parar de beber
Um terço das convulsões não tratadas
FIGURA 2.1: Relação entre a interrupção do consumo de álcool e a incidência de
sintomas de abstinência e suas complicações. FONTE: Trevisan LA, Boutros N, Petrakis evoluem para o delirium tremens. Desde
IL, Krystal JH. Complications of alcohol withdrawal. Alcohol World Health Res. 1998; modo, é fundamental que todas as crises
22(1): 61-6.
organismo - síndrome de má-absorção, anorexia, hiperemese FONTE: [1] Hoyumpa, AM: Mechanisms of thiamine deficiency
in chronic alcoholism. American Journal of Clinical Nutrition
gravítica, obstrução gastrointestinal, gastrectomia (parcial ou
33:2750-2761, 1980. [2] Langlais, PJ: Role of diencephalic
total) alimentação parenteral prolongada, tireotoxicose e lesions and thaimine deficiency in Korsakoff’s amnesia: Insights
from animal models. In Squire, LR, and Butters, N, eds.
hemodiálise - pode desencadea-la, mas o consumo excessivo Neuropsychology of Memory. New York: Guildford Press, 1992.
[3] Mesulam, MM; Van Hoesen, GW; and Butters, N: Clinical
e prolongado do álcool é a causa de 90% dos casos. manifestations of chronic thiamine deficiency in the rhesus
monkey. Neurology 27:239-245, 1977.
carboidratos. A metabolização da glicose pelas células nervosas depende de enzimas cujo cofator enzimático é a
tiamina pirofosfato (quadro 2.2). Essa, por sua vez, é obtida a partir da fosforilação da tiamina pela enzima
maneiras: diminui o aporte, prejudica a absorção, o armazenamento e a ação das enzimas tiamino-dependentes
(quadro 2.2, figura 2.2). Neste último caso, o álcool diminui a ação da tiamina fosfoquinase, além de aumentar a
metabolização da mesma (quadro 2.2). Isso provoca uma depleção de tiamina pirofasfato, reduzindo, assim, o
consumo de glicose pelos neurônios em até 60%. Os neurônios trabalham no limite energético, sem reservas.
Lesões diencefálicas
FIGURA 2.2: Os complexos mecanismos envolvidos na neurotoxicidade secundária ao déficit de tiamina (vitamina B1). Associado à queda
da ingestão de tiamina, o consumo de grandes quantidade de álcool por longos períodos compromete não apenas a absorção, mas também o
armazenamento hepático e a fosforilação da tiamina (tiamina ativada). A falta de tiamina fosforilada diminui a atividade das enzimas alfa-ketoglutarato
desidrogenase e piruvato desidrogenase, responsáveis pela produção de energia destinada à sintese de proteínas e mielina pelos neurônios. O
neurônio trabalha sempre no limite energético, sem reservas. Deste modo, tais oscilações provocam lesões ou mesmo morte celular, que se
traduzirão em déficits de memória e aprendizado e provavelmente quadros demenciais, potencializados pela ação tóxica direta do álcool.
FONTE: [1] Hoyumpa, AM: Mechanisms of thiamine deficiency in chronic alcoholism. American Journal of Clinical Nutrition 33:2750-2761, 1980.
[2] Langlais, PJ: Role of diencephalic lesions and thaimine deficiency in Korsakoff’s amnesia: Insights from animal models. In Squire, LR, and Butters, N,
eds. Neuropsychology of Memory. New York: Guildford Press, 1992. [3] Mesulam, MM; Van Hoesen, GW; and Butters, N: Clinical manifestations of
chronic thiamine deficiency in the rhesus monkey. Neurology 27:239-245, 1977.
prognóstico. A mortalidade é ao redor de 17%. Embora a tríade desapareça em torno de um mês após o tratamento,
80 a 85% de todos os casos de encefalopatia de Wernicke evoluem para a síndrome amnéstica ou psicose de
Korsakoff .
No entanto, a semelhança entre a encefalopatia de Wernicke e a 2. Tiamina 100mg (EV) ao dia lento até a melhora da
síndrome (3 - 5 dias)
SAA grave, o delirium tremens e mesmo a intoxicação alcoólica
3. Magnésio 50% 2 ml (IM), se houver hipomagnesemia
(quadro 2.4), faz com que esta patologia seja subdiagnosticada
Diagnóstico presumido
com bastante freqüência. Apenas um terço dos casos apresenta
(sinais comuns à SWK, SAA e delirium tremens)
a oftalmoplegia, sinal mais característico da encefalopatia. Desde 1. Duas ampolas de Complexo B (EV) no SF0,9%
modo, todos os casos de sindrome de abstinência e delirium utilizado na hidratação do indivíduo (3 - 5 dias).
2. Tiamina 100mg 1 ampola (EV) lento
devem ser tratados presumindo a presença da encefalopatia
3. Tiamina 200mg (IM) por 7 - 10 dias.
de Wernicke. 4. Magnésio 50% 2 ml (IM), se houver hipomagnesemia
melhorar (quadro 2.5). O desaparecimento da ataxia pode levar FONTE: Royal College of Physicians. ALCOHOL - can
the NHS afford it? London: RCP; 2001.
dias ou semanas. Uma das causas de não-resposta ao tratamento
é presumido, a reposição de tiamina pode ser feita pela via Uma síndrome associada a um comprometimento
intramuscular (quadro 2.5). Após um período de uso crônico e proeminente da memória recente; a memória
remota está às vezes comprometida, enquanto que a
endovenoso / intramuscular, o indivíduo pode passar a receber
imediata está preservada. Perturbações da orientação
o aporte vitamínico por via oral (quadro 2.5). temporal e cronológica de eventos são usualmente
evidentes, assim como as dificuldades em aprender
material novo. Confabulação pode ser marcante, mas
A psicose de Korsakoff ou síndrome amnéstica é não está invariavelmente presente. Outras funções
classicamente descrita como uma condição crônica na qual cognitivas estão em geral relativamente bem
preservadas e os defeitos amnésticos são
ocorre um predomínio de amnésia retrógrada e anterógrada,
desproporcionais em relação às outras perturbações.
secundária e conseqüente ao curso crônico da encefalopatia
Diretrizes diagnósticas
de Wernicke ou após delirium tremens. Em alguns casos pode
progredir de forma insidiosa. A confabulação, considerada o A síndrome amnéstica, induzida por álcool ou outras
sintoma típico, muitas vezes não está presente de forma substâncias psicoativas, aqui codificada, deve
preeencher os critérios gerais para síndrome amnéstica
marcante e não é pré-requesito diagnóstico.
orgânica. Os requisitos primários para este diagnóstico
são:
inércia, negligência com o autocuidado, perda de insight), mas (2) ausência de defeitos da memória imediata, de
não são necessárias para o diagnóstico. Boa parte dos comprometimento de consciência e de
comprometimento cognitivo generalizado.
indivíduos acometidos evolui com empobrecimento cognitivo
(pensamento, aprendizagem, atenção) e afetivo (embotamento, (3) história ou evidência objetiva de uso crônico (e
particularmente em altas doses) de álcool ou drogas.
isolamento) importantes.
com ansiedade e angústia, pacientes com síndrome amnéstica possuem pouca ou nenhuma crítica acerca de sua
amnésia e dos agentes causais. Tal ausência de crítica os expõe a uma série de complicações, muitas vezes
Assim, a invenção livre é tomada por acontecimentos vividos (as confabulações preenchem um vazio de memória e se mostram como que
criadas para este fim). Ao mesmo tempo não há compromisso com o descrito. Uma mesma pergunta feita em períodos de tempo diferentes,
produzirá respostas distintas. Isso não acontece, por exemplo, no trantorno delirante, quando a nova leitura da realidade é estruturada e
estável, não mudando ao longo do tempo.
hábil para negociar e resolver questões do dia-a-dia). A psicose de Korsakoff não é progressiva (como o mal de
Alzheimer) e em geral há algum padrão de melhora com a abstinência, longe de significar, porém, o retorno às
atividades habituais. De fato, ao contrário do que ocorre com a encefalopatia de Wernicke, o quadro clínico da
síndrome de Korsakoff não reverte sensivelmente após a reposição de tiamina. Além disso, tais indivíduos se
decorrentes do seu uso crônico e intenso de álcool anterior QUADRO 2.7: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
ESSENCIAIS DO DELIRIUM .
(desemprego, descrédito familiar, abandono social ...). O déficit
de memória dificulta a elaboração de um contrato entre o médico, (1) Rebaixamento do nível de consciência
Prejuízo da capacidade de focar e manter a atenção
o paciente e a família. Muitas vezes, o paciente continua a beber,
(2) Desorientação do tempo e espaço
justificando (ou negando) tal atitude com fabulações Falsos reconhecimentos de locais e pessoas
(3) Distúrbios da representação
inconsistentes, porém refratárias à qualquer argumentação. Isso
Alucinações visuais, auditivas e tateis
pode levar o profissional e os familiares a buscar tratamento (4) Causa orgânica
Há sempre uma explicação fisiopatológica plausível
incialmente em ambiente fechado e protegido. O diagnóstico
(5) Natureza flutuante do nível de consciência
diferencial com demência alcóolica nem sempre é fácil. Piora no fim do dia (sundowning)
(6) Curso autolimitado
Desaparecimento espontâneo dos sintomas
Quanto à farmacoterapia, a clonidina (0,3mg 2 vezes ao dia),
FONTE: APA. Practice guideline for the treatment of
tem sido associada à melhora discreta da memória recente. Esta patients with delirium. NY: APA; 1999.
da recaptação de serotonina (ISRS). O propanolol (20mg/kg/dia) já foi ministrado visando ao controle dos
sintomas agudos. Recentemente, estudos abertos e relatos de caso têm encontrado melhora dos padrões cognitivos
em pacientes recebendo agentes anticolinesterásicos. Infelizmente nenhum desses tratamentos parece ser
muito eficaz. Desse modo, os pacientes se beneficiam mais com abordagens cognitivo-comportamentias e
abstinência do álcool (SAA). Desde modo, ele é invariavelmente acompanhado por sintomas de hiperatividade
autonômica. Além disso, há associação com distúrbios do sono (insônia, agitação noturna), psicomotores
podendo haver depressão, raiva, euforia ou apatia, com * Insuficiência hepática (p.e. encefalopatia hepática)
* Anemia
mudanças repentinas e imprevisíveis de um estado para o outro
* Hipóxia
(labilidade afetiva). * Hipoglicemia
* Deficiência de tiamina (encefalopatia de Wernicke)
* Endocrinopatias
O quadro alucinatório clássico é visual: insetos e pequenos * Distúrbios hidroeletrolíticos
animais, mas pode haver também formas táteis, com sensação * Distúrbios do equilíbrio ácido-básico
(hipertensão arterial, AVC, IAM) e convulsões. Há risco de hepatopatias (hepatite, esteatose, cirrose), endocrinopatias
(pancreatite, pseudocushing, ...), infarto do miocárdio, neoplasias e hipotermia. A redução do consumo de alimentos
Farmacológicos
Outras
Efeitos Síndrome de Déficit Hepatopatias Traumatismo causas
tóxicos abstinência nutricional craniano
diretos
FIGURA 2.3: O consumo crônico e intenso de álcool pode efetar o sistema nervoso de diversas maneiras, de forma direta e/ou indireta. Desse
modo, um princípio essencial no manejo clínico do delirium é a identificação e correção de todos os fatores etiológicos envolvidos. Para isso, a uma
história clínica cuidadosa (com o paciente - se possível - e seus familiares) e exames laboratoriais e de imagem são de fundamental utilidade.
FONTE: Oscar-Berman M, Shagrin B, Evert DL, Epstein C. Impairments of brain and behavior - the neurological effects of alcohol. Alcohol World
Health Res 1997; 21(1): 65-75.
QUADRO 2.9: EXAMES LABORATORIAIS GERAIS E ESPECÍFICOS PARA AUXILIAR O DIAGNÓSTICO DOS FATORES
ETIOLÓGICOS DO DELIRIUM.
BÁSICOS ESPECÍFICOS
Devem ser solicitados para todos os pacientes com delirium. Devem ser solicitados de acordo com a investigação clínica.
(4) Urina I
(5) Punção lombar (líquor cefaloraquidiano)
(8) Eletroencefalograma
FONTE: APA. Practice guideline for the treatment of patients with delirium. NY: APA; 1999.
DELIRIUM ANTICOLINÉRGICO
Tratamento
Uma causa de delirium freqüentemente não
O delirium tremens é indicação absoluta de internação. Os diagnosticada.
Diagnóstico:
pacientes devem passar pela mesma avaliação diagnóstica e
Confirmar a utilização terapêutica ou abusiva de
receber o mesmo tratamento suportivo não-farmacológico anticolinérgicos.
Conduta:
descrito para os casos de SAA leve: permanência em ambiente
Suspender o fator causal
à meia-luz, desprovido de estímulos audio-visuais. Ao Em casos graves, considerar o uso de fisostigmina
Prevenção
entardecer ou em ambientes pouco iluminados, pode haver
No manejo da agitação e insônia da SAA / delirium
piora do estado confusional, fenômeno conhecido por tremens evitar o uso de medicamentos com ação
anticolinérgica, tais como a prometazina, clorpromazina,
sundowning. Em casos de agitação e confusão extremas é
levomepromazina e tioridazina. Antidepressivos como
necessário fazer a contenção mecânica (quadro 2.11), visando a amitriptilina (apesar de não indicada para estas
ocasiões) também possuem ação anticolinérgica
à prevenção de auto / heteroagressividade.
importante.
graves de SAA / delirium tremens e são capazes de colocar a vida do paciente em risco. Muitas vezes, elas são
tratadas sintomaticamente, antes da determinação da etiologia específica e definitiva. É o caso das causas reversíveis
No caso específico da hipoglicemia, vale relembrar que Os pacientes devem ser contidos com as pernas bem
a encefalopatia de Wernicke é uma contra-indicação à afastadas e com um braço preso em um lado e o outro preso
sobre a sua cabeça. A contenção deve ser feita de modo que
administração de glicose. Por sua vez, a hipoglicemia as medicações possam ser administradas. A cabeça do
também provoca delirium, representa um risco de morte paciente deve estar levemente levantada para diminuir a
sensação de vulnerabilidade e reduzir a possibilidade de
considerável e por isso requerer aplicação imediata de
aspiração.
glicose. Para evitar que uma conduta atrapalhe a outra,
é importante descartar rapidamente a hipoglicemia A contenção deve ser removida, uma de cada vez a cada
cinco minutos, assim que o paciente seja medicado e
(ponta de dedo ou glicofita) e em caso positivo, aplicar
apresente melhora do quadro de agitação. Todo o
tiamina endovenosa antes da administração de glicose. procedimento deve ser documentado em prontuário.
importante para o bom andamento do tratamento e para tratamento. Rev. Bras. Psiquiatr 2000; 22(2): 62-71.
o estado confusional deve ser bem avaliado e monitorado durante toda a internação. Além disso, condutas
desagregadas, agressivas e suicidas requerem algumas vezes restrição física, visando a salvaguardar a integridade
do paciente e de terceiros (quadro 2.11). Habitualmente, a fase inicial do tratamento acontece em salas de
emergência ou em enfermarias, onde o paciente já se encontrava por algum outro motivo. Em ambos os locais, o
médico muitas vezes não cosegue monitorar a evolução do delirium intensivamente. Por outro lado, quadro
confusional é oscilante e nos primeiros dias tende a piorar. Desse modo, a equipe de enfermagem deve estar bem
orientada na detecção de sinais e sintomas de piora, para que novas condutas médicas possam ser introduzidas
prontamente.
A família do paciente deve ser orientada acerca da natureza (orgânica, relacionada ao consumo crônico e intenso
de álcool) e evolução da doença (flutuante e autolimitada) e encorajada a assumir um papel atuante no tratamento
da dependência do mesmo após a alta. A sintomatologia intensa do delirium tremens costuma deixar a família e
amigos bastante impressionados. O uso de álcool, então, torna-se uma coisa ‘mais séria’, ‘digna de tratamento’ e
não apenas um ‘exercício de vagabundagem e fraqueza moral’. Por isso, a internação para o tratamento do
delirium se torna um bom momento para motivar a todos para o tratamento. Por fim, o paciente deve receber alta
A farmacoterapia do tratamento do delirium tremens tem dois objetivos principais: [1] o tratamento da hiperatividade
glutamatérgica, desencadeadora do quadro autonômico e [2] o manejo da inquietação e dos sintomas psicóticos. A
encefalopatia de Wernicke é um diagnóstico presumido e será tratada mesmo com a presença de apenas um dos
sintomas da tríade. Convulsões devem ser tratadas de acordo com as condutas expostas anteriormente.
dose de 20mg de diazepam, seguida por suplementações de 10mg até a sedação leve. Habitualmente, doses entre
80 e 120mg são suficentes para tal propósito. No entanto, doses acima de 300mg de diazepam podem ser atingidas
em pacientes com quadros mais graves e floridos. A velocidade da administração deve ser espaçada em pacientes
com complicações hepáticas ou renais. Quando a dose de sedação estável é atingida, a mesma deve ser fracionada
em quatro ou mais tomadas diárias e retirada ao longo de 7 - 10 dias (cerca de 20% ao dia).
Os antipsicóticos ou neurolépticos podem ser utilizados para melhorar a agitação psicomotora e os sintomas
psicóticos. Além disso, a associação entre neurolépticos e BDZ diminui a dose administrada deste último (menos
apesar de mais sedativos, diminuem significativamente o limiar convulsivo e possuem propriedades anticolinérgicas
(risco de delirium colinérgico). Dest e modo, estão contra-indicados nessa situação. A conduta neuroléptica de
escolha nesse caso é a aplicação de haloperidol. Nos países europeus e nos Estados Unidos há o hábito de
administrá-los por via endovenosa: 3mg de haloperidol e 0,5 - 1,0mg de lorazepam, com doses adicionais a cada
vinte minutos, até o desaparecimento dos sintomas. No Brasil, a via intramuscular é a mais utilizada: 5mg de
haloperidol, repetindo a aplicação a cada hora, até o controle dos sintomas (máximo de 20mg). O limite de dose,
aqui, visa à prevenção de complicações como distonia aguda, parkinsonismo, acatisia e síndrome neuroléptica
maligna, não havendo risco de overdose. A continuação do tratamento deve ser avaliado diariamente e pode ser
suspenso tão logo os sintomas desapareçam e a dose de BDZ esteja bem estabilizada.
(clonidina) para diminuir a taquicardia, a sudorese e oa tremores observados na síndrome de abstinência. Não há,
porém, consenso, tampouco protocolos específicos que justifiquem tal procedimento de rotina, ficando a indicação
para situações em que o clínico julge essencial o controle de tais sinais e sintomas.
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