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Teoria da Constituição

Grupo Número de Eleitores


UNIDADE I: O que é uma constituição Primeiro 150.000
Segundo 400.000
FERDINAND LASSALLE Terceiro 2.400.000

A constituição é um fato social.


O poder de 1 pessoa do primeiro grupo equivale ao
CARACTERÍSTICAS poder de 16 pessoas do terceiro grupo.

- Soma dos fatores reais de poder


De ordem econômica, KONRAD HESSE
política, social, moral.
- Produto fenomênico das relações de poder -> da - Embora condicionada pela realidade político-social,
tensão entre diferentes fatores de poder, resulta- a Constituição não é determinada por essa mesma
se a constituição. realidade.
- Inaugura, filtra e estabelece a estrutura do
- “Vontade da Constituição”
ordenamento jurídico, rompendo com o paradigma
anterior ao estabelecer uma nova ordem. - O que é vontade? – Aquilo que faz o indivíduo
- Não obrigatoriamente é guiada por um princípio praticar uma ação
de justiça
- Necessidade de uma ordem normativa que
- Deve se reafirmar e resistir para se perpetuar na
proteja o Estado do arbítrio desmedido
história
- A constituição é um instrumento de reafirmação/ - Possui legitimidade própria
refundação do pacto social.
- Não consegue ser eficaz sem o concurso da
vontade humana. Por meio dela, adquire e preserva
- Se a Constituição fosse meramente um texto,
sua validade.
seria tão somente como qualquer outra folha de
papel -> passível de ser rasgada, e, portanto, - Na perspectiva dos fatores reais de poder, o direito
apagada. constitucional, ao invés de estar a serviço de uma
ordem estatal justa, teria somente a função de
- Ainda que se a Constituição Brasileira fosse justificar as relações de poder dominantes.
rasgada e anulada em sua forma material, o país
ainda seria regido pelo seu substrato subjetivo, - A Constituição é uma expressão de um dever-ser
sua essência. - A concepção da constituição como mero produto
dos fatores reais de poder retira-lhe seu potencial
LEI X CONSTITUIÇÃO reformador de transformação social

É estável e gera - A constituição origina unidade estatal, assegura


Precisa gerar mudança
estabilidade, segurança continuidade e estabilidade, permite a compreensão
jurídica da estrutura estatal, torna possível a participação
consciente e limita o poder do Estado
A constituição é uma lei fundamental.
- Juridicização do poder
- Lei: necessita aprovação legislativa para ter
vigência. - A Constituição como um fator real de poder, na
medida em que interage com os demais fatores
- Fundamental: possui um fundamento, ou seja, uma influindo sobre eles e recebendo influência.
base para todas as demais leis. Dessa forma, a lei
fundamental irradia-se através das leis comuns. - Há um condicionamento recíproco entre a lei e a
realidade
A PROPORÇÃO DE PODER
- O Estado precisa da capacidade de criação de - Finalidade vinculante: Há a necessidade de se levar
poder do Direito -> sem ela, não há Estado nem em conta, no ato de interpretação da lei, tanto os
positividade jurídica elementos permanentes quando as variáveis
- Relação dialética entre Estado e Direito - É cada vez mais relevante o papel da jurisprudência
como fator de desenvolvimento/ readequação dos
- Nenhuma decisão pode, sem normatividade,
textos constitucionais
produzir normalidade e, portanto, continuidade de
conduta. -> continuidade da Constituição - Atualização normativa – emenda/reforma/revisão
- “A Constituição real precisa normatizar-se para - “A Constituição somente se converterá em força
durar além do momento presente, pois somente ativa quando se fizer presente, nas consciências dos
formalizada juridicamente é que uma situação principais responsáveis pela ordem constitucional,
transitória de dominação se converte em uma não só a vontade de poder, mas também a vontade
relativamente duradoura”. de Constituição”.
- O conteúdo e o modo de validez de uma norma se O ASSENTAMENTO DO TERMO “DIREITO
determinam pelas qualidades daqueles a quem a CONSTITUCIONAL”
norma se dirige e que a observam.
- Fim do século XVIII
- É preciso que haja fidelidade à Constituição como
É um ramo do direito público
condição para a sua eficácia e realização
- Assembleia Constituinte Francesa determina que as
- Constituição dos Estados Unidos – “supremo direito
faculdades de Direito lecionassem acerca da
da Terra” -> influência em diversas constituições
Constituição
americanas
- Estudo de pacto fundante do ordenamento jurídico
- Necessidade de sintonia entre o legislador e a
- fornece bases estruturais da ordenação sistêmica de
realidade social
Ciência Jurídica
- Similaridade com Lassalle – necessidade de
- Estudo das normas de organização do Estado e da
compatibilidade entre a força normativa da
delimitação das relações de poder
Constituição com a realidade social.
- O objeto do direito constitucional é o estudo
- O sentido das proposições jurídicas estabelece o
sistemático das Constituições.
limite de sua interpretação Comparado
“Revolta dos fatos contra os códigos” -> transição do
Estado Liberal para o Estado Social DIREITO CONSTITUCIONAL Positivo
Internacional
- Mudança no sentido dos preceitos constitucionais Comunitário
como consequência das alterações na realidade
social
- Mutações constitucionais: processos adaptativos CONSTITUCIONALISMO
que permitem alterar a concretização do conteúdo
da norma sem a necessidade de modificar seu texto.
- As normas constitucionais como elementos amplos,
abertos e polissêmicos possuem a capacidade de
produzir resultados distintos -> semântica jurídica
- Atividade condicionada pelo contexto, que se
efetua em condições sociais historicamente
caracterizadas
- Hesse: polaridade dos caracteres de
abertura/amplitude dos preceitos constitucionais
 Estado de Direito: previsibilidade, segurança
jurídica, estabilidade

- Conjunto de normas e valores que estabelecem a


forma e os limites do exercício do poder estatal.
- Norteia e elabora a interpretação da Constituição,
que é produto do Constitucionalismo.

HISTÓRIA DO CONSTITUCIONALISMO
- Origem: Revoluções Liberais do séc. XVIII e XIX
- Constituição Americana de 1787: separação de
poderes, limitação de poderes, garantia de liberdades
individuais
- Constituição Francesa de 1791
MARCOS HISTÓRICOS
- Magna Carta (1215)
- Declaração de independência dos EUA (13 colônias) - Sofisticação da Constituição -> aprimoramento
(1776) -> independência de um BLOCO ->
homogeneidade -> igualdade -> “todos são iguais” - Constituição é texto e contexto.

- Constituição dos EUA (1787) - “As coisas são como são” -> natural, intrínseco

- Constituição da França (1791) Oriente

- Constituição da República Federativa do Brasil de - O processo de construção jurídica do oriente não se


1988 (1988) dá de forma tão homogênea quanto a ocidental, que
se baseia em princípios semelhantes e muito próximos.
Liberal Castas indianas, teocracias, impérios... etc.
TIPOS Social - A construção jurídica do oriente é marcada pela
Democrático particularidade.
Transformador - Universalismo x Multiversalismo
Cosmopolita - Primado das liberdades
- Uma Constituição para Israel -> significaria a
CARACTERÍSTICAS
legitimação de Israel
 Limitação do Poder Estatal
 Supremacia da Constituição
 Proteção de Direitos Fundamentais
 Separação dos poderes
 Estado de Direito enquanto princípio
HISTÓRICO DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO 1934: Governo Provisório de Getúlio Vargas
“Ao lado de um déspota, há sempre um jurista” - Evolução na conquista de direitos sociais – salário
mínimo, jornada de trabalho de 8 horas diárias, voto
1824: Constituição Imperial
feminino
- Outorgada (imposta) – D. Pedro I
- Criação do mandado de segurança – remédio
- Fruto do liberalismo europeu constitucional – WRIT - habeas corpus
Liberalismo: - Autonomia dos municípios e liberdade sindical

 Reconhecimento de direitos, mas não para Nomes: Getúlio Vargas, Luís Carlos Prestes
todos;
 Proteção da propriedade privada e da
liberdade individual 1937: Golpe do Getulinho
 Estado não tinha o dever de fornecer serviços Ditadura:
públicos ou garantir direitos sociais
 Limitação da liberdade de expressão
Abolição da escravatura: 1888
 Aumento do poder do Estado
- Limitação em quem podia votar – Brasil de Elites  Perseguição política
 Restrição de direitos e garantias
Nomes: D. Pedro I e José Bonifácio (idealizador do
poder moderador) – força centrípeta -> puxando para Nomes: Getúlio Vargas, Francisco Campos
o centro.
José Bonifácio – reforma agrária, fim da escravidão,
proteção ao meio ambiente, unidade de preservação 1946: Fim do Estado Novo

- Voto censitário – analfabetos podiam votar - Retomada democrática

Lei Saraiva – obrigatoriedade do letramento - 1881  Separação de poderes


 Sufrágio universal
 Criação do TSE
1891: Primeira República  Recuperação de direitos políticos
- Res publica – latim, “coisa pública”  Garantias
- Prevenção da violência de Estado. Nomes: Eurico Gaspar Dutra, Aliomar Baleiro
- Presidencialismo e separação dos poderes
- Reconhecimento de direitos civis e políticos 1967: Ditadura Militar
- Justiça distributiva - Estado centralizador e autoritário

 Trabalho e moradia, por exemplo - Limitação de direitos civis e políticos

- Liberdade de associação, expressão e religião -> - Suspensão de direitos sociais: educação e saúde
elites Nomes: Alberto Torres Oliveira Viana e Miguel Reale
- Deveres do Estado: fornecer serviços públicos, como 1968 – AI-5
educação e saúde
1969 – Emenda Constitucional
- Assembleia Nacional Constituinte
Voto dos analfabetos – emenda constitucional 1985
Nomes: Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa
1988: Constituição cidadã atualizar, revisar princípios e
normas.
- Retomada Democrática Amplitude  Materialmente completas –
 Participação popular material contém normas e princípios
 Igualdade fundamentais, garantias – são,
via de regra, analíticas
 Garantismo
 Formalmente completas – na sua
 Imposição de deveres ao Estado forma de estruturação, são
 Ampliação de direitos e garantias postas somente aquilo que é
necessário – possuiu uma
Nomes: Ulisses Guimarães, Bernardo Cabral.
estrutura enxuta
Rigidez  Hiper-rígidas – condições
(graus) extremamente excepcionais.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES  Semi-rígidas – mista – CF/88
CRITÉRIO TIPOS  Maleáveis – altamente flexível –
Forma  Escritas – único código alteração compatível com a da
unificado lei ordinária – constituições
 Não escritas (costumeiras) – outorgadas – mudança em
usos, costumes, jurisprudências, acordo com as vontades do
convenções déspota
Origem  Promulgada – possui AC e
Relação  Presidencialista – CF/88
entre  Parlamentarista – conciliação
participação popular em menor
poderes entre legislativo e executivo:
grau - representatividade
 Outorgada – não possui AC nem primeiro ministro. – Churchwill –
participação popular Constituição do Reino Unido
 Popular – Islândia  Mista (semipresidencialista) –
Constituição da França
 Cesarista – imposta por um
imperador, votada por
Finalidade  Constitutivas -
plebiscito – não é democrática  Reformadoras
– visa ratificar a vontade  Garantidoras
daquele que detém o poder
Estabilidade  Rígida (imutável) – Espanhola, AC – Assembleia Constituinte
Brasileira - procedimental
 Flexível (mutável) Intervenções federais travam
Conteúdo  Analítica – extensa, inchada emendasconstitucionais no Congresso Nacional
 Sintética – enxuta, breve –
José Afonso da Silva
costumam ser mais estáveis por
terem menos minúcias Virgílio Afonso
 Programático – projeção – Índia
(1950) Bernardo Gonçalves
Momento  Históricas – lento e contínuo Uadi Lammêgo Bulos
histórico processo de formação –
surgimento de um novo Daniel Mitidiero, Ingo Sallert, Luiz Guilherme Marinoni
paradigma – períodos
“revolucionários” – ruptura –
reunião das histórias e costumes Tribunal de Contas Brasileiro -> único na
de um povo – novas bases – constituição.
relação com a constituição
analítica – Ex: BRASIL – 46/67
 Contemporâneas – dogmáticas:
elaborada em momentos de
estabilidade – reafirmar,

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