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25th January 2016 Falácias

1.1 A natureza do erro


      

Só há, na verdade, do ponto de vista lógico, duas


maneiras de errar: erramos, raciocinando mal com dados
corretos ou raciocinando bem com dados falsos. O erro
pode, portanto, resultar de um vício de forma – raciocinar
mal com dados corretos – ou de matéria – raciocinar bem
com dados falsos. Não cabe à Lógica investigar as causas
do erro, mas descrever-lhe as formas.

1.2 Sofismas
      

A esse raciocínio vicioso ou falacioso é que a Lógica


chama de sofisma, i.e., falso raciocínio elaborado com a
intenção de enganar.¹É a simples inspeção ( ausência de
análise dos fatos ou análise superficial deles ) que nos leva
a pronunciamentos motivados por impulsos afetivos, a
expressão de sentimentos e não a juízos pautados pela
razão.

¹ Ao sofisma que não é intencionalmente vicioso, isto é,


que não tem o propósito de enganar, chamam os lógicos
paralogismo. O sofisma implica má-fé; o paralogismo
pressupõe boa-fé.
Os lógicos dividem os raciocínios falazes, quer dizer, os
sofismas, em formais ( erro resultante de um vício de
forma ) e materiais ( erro resultante de em engano da
apreciação da matéria, vale dizer, dos fatos ).

Tipos de sofismas

1.2.1                    Falsos axiomas

Axioma é um princípio necessário, comum a todos os


casos, evidente por si mesmo, não propriamente
indemonstrável, mas de demonstração desnecessária, tal
é a evidência do que se declara: o todo é maior do que a
parte, duas quantidades iguais a uma terceira são iguais
entre si. “É um axioma geralmente admitido que, cedo ou
tarde, se descobre a verdade.” Essa máxima de Rousseau
será um verdadeiro ou falso axioma? E esta outra: “Tudo o
que existe e tem limites no espaço os tem igualmente no
tempo e duração” ?

1.2.2                    Ignorância da questão

A veemência e a paixão nos desviam insensivelmente


da questão em foco, até um ponto em que já não nos
lembrarmos do assunto discutido, substituindo-o por
outro ou outros não pertinentes, mas capazes de
comover, irritar ou desesperar o ouvinte ou leitor. Fugimos
aos fatos, ao raciocínio frio, como se diz, apelando para a
emoção.

1.2.3                    Petição de princípio

È também argumento de quem... não tem argumentos,


pois apresenta a própria declaração como prova dela,
tomando como coisa demonstrada o que lhe cabe
demonstrar, isto é, admitindo já como verdadeiro
exatamente aquilo que está em discussão. Só por gracejo
ou então com o propósito de “encerrar o assunto”, diria
alguém: “Fulano morreu de velho porque viveu muitos
anos” ou “Fulano morreu pobre porque não tinha
dinheiro”. As orações de “porque”, dadas como causa de
declaração ( morreu de velho, morreu pobre ), são a
própria declaração disfarçada em outras palavras. È a
petição de princípio, também chamada círculo vicioso.
Todo aquele que se inicia ou se exercita na arte de
escrever deve evitar esse tipo de falsa argumentação, que
a gramática chama ora de tautologia ( dizer a mesma
coisa com outras palavras ), ora de redundância ( repetir
pormenores já implícitos em declaração prévia ).

1.2.4                    Observação inexata

O erro de julgamento resultante da observação inexata


é antes um paralogismo do que um sofisma propriamente
dito, a menos que se trate de “escamoteação” de fatos
para falsear a conclusão.
1.2.5                    Ignorância da causa ou falsa causa

Exemplo: “Fiz uma prova com uma caneta rosa e tirei


nota boa. Agora só uso caneta rosa”.

       
1.2.6                    Erro de acidente

Erro de acidente é aquela falácia em que se toma o


acidental como se fosse um atributo essencial, constante,
do que resulta, evidentemente, uma generalização falsa.
Certo político revelou-se desonesto; logo, raciocinando
com erro de acidente, concluímos que todos os políticos
são desonestos.

1.2.7                    Falsa analogia e probabilidade

Analogia é semelhança: ela nos pode levar a uma


conclusão pela indução, mas indução parcial ou
imperfeita, “na qual o espírito passa de um ou de alguns
fatos singulares ( ou de uma enunciação universal ) não a
uma conclusão universal, mas a uma outra enunciação
singular ou particular, que ele infere em virtude de uma
semelhança.
O cão do nosso vizinho coçava-se dia-e-noite e perdia o
pêlo. Seu dono, depois de lhe aplicar sem resultado mil e
um preparados contra sarna, resolveu chamar o
veterinário, que diagnosticou como causa o ácido úrico,
provocado por alimentação inadequada. Raciocinando por
analogia, concluímos que nosso cão também tinha ácido
úrico, pois os sintomas eram os mesmos e os mesmos
preparados não surtiram efeito.

Postado há 25th January 2016 por Ana Malfacini

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