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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE

SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO


SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO • 4

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO • 4

Empregado é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob
dependência deste e mediante salário (CLT, art. 3º). Os requisitos da relação empregatícia são:

a. Pessoalidade: é a pessoa natural e não pode o empregado se fazer substituir por um terceiro;
b. Não eventualidade ou habitualidade: o contrato de trabalho é de trato sucessivo, ou seja, há
continuidade no tempo;
c. Onerosidade: o empregado presta o serviço e deve receber o salário em contraprestação;
d. Subordinação: o empregado fica sujeito às orientações dadas pelo empregador.

A prestação de serviços com exclusividade e o local da prestação de serviços são irrelevantes para
caracterizar o vínculo empregatício.

Para caracterizar o vínculo empregatício basta a subordinação jurídica: estado de sujeição às


ordens emanadas pelo empregador (em suma, o empregado recebe e acata ordens do empregador).

Empregador, por sua vez, é a empresa, individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços (CLT, art. 2º).
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O risco do empreendimento é do empregador e não pode ser transferido ao empregado


(alteridade).

Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais


liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
que admitirem trabalhadores como empregados.
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1. PODERES DO EMPREGADOR

a. Poder de organização: consiste na distribuição de tarefas aos empregados, fixação do horário


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de trabalho etc. O empregador detém, ainda, o “poder regulamentar”, que é a possibilidade de


expedir ordens gerais, por meio do regulamento da empresa, a ser cumprido pelo empregado,
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desde que não viole a lei;


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b. Poder de controle: o empregador fiscaliza as tarefas executadas, o cumprimento da jornada de


trabalho e protege o seu patrimônio.
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Obs. 1: prevalece o entendimento de que é possível ao empregador fiscalizar o e-mail


corporativo, utilizado como ferramenta de trabalho, mas não pode fiscalizar e-mail particular
do trabalhador.

Obs. 2: revistas pessoais são admitidas, se realizadas com razoabilidade e por meio de critérios
objetivos e impessoais, sem nudez e respeitando a dignidade humana, desde que a atividade
exercida justifique esse controle e não submeta o empregado a situação constrangedora e
humilhante.

c. Poder Disciplinar: o empregado se subordina às ordens dadas pelo empregador e, se


desobedecidas as regras, podem ser aplicadas as seguintes penalidades:
• Advertência verbal ou escrita;
• Suspensão disciplinar por, no máximo, 30 (trinta) dias consecutivos;
• Dispensa por justa causa.

Obs.: não há obrigatoriedade de uma passagem gradual entre as penalidades.

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE GRUPO ECONÔMICO, SUCESSÃO DE EMPREGADORES E
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA • 5

GRUPO ECONÔMICO, SUCESSÃO DE EMPREGADORES


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E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE GRUPO ECONÔMICO, SUCESSÃO DE EMPREGADORES E
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA • 5

1. GRUPO ECONÔMICO

Mesmo com cada empresa possuindo personalidade jurídica própria, ocorre o grupo econômico
quando uma ou mais empresas estiverem sob a direção, controle ou administração de outra.

Obs.: com a Reforma Trabalhista de 2017, não caracteriza grupo econômico a mera identidade de
sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. A Reforma Trabalhista de
2017 afastou a relação de solidariedade e de coordenação para exigir a prova da existência de hierarquia e
de participação societária. Em linhas gerais: a responsabilidade solidária entre empresas do mesmo grupo é
mantida, mas para que um grupo econômico exista é necessário demonstrar que há interesse integrado e
efetiva atuação conjunta das empresas. A simples identidade de sócios não caracteriza grupo econômico.
E não sendo configurado grupo econômico, o trabalhador só pode cobrar direitos trabalhistas da empresa
que o contrata (responsabilidade exclusiva).

CLT, art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo
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os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.


§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os
profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda
quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão
responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
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§ 3º - Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias,


para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva
comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes (grifos
nossos).
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2. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
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Com o reconhecimento do grupo econômico, há responsabilidade solidária entre as empresas, de


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sorte que o empregado pode cobrar a totalidade da dívida de qualquer uma delas, sem benefício de ordem.
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3. SUCESSÃO DE EMPREGADORES

Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus
empregados (CLT, art. 10). Para configurar a sucessão, devem estar presentes os seguintes requisitos:

a. Transferência do estabelecimento: deve haver transferência da parte produtiva (unidade


econômico-jurídica), possibilitando que o sucessor (que adquiriu o estabelecimento) continue
explorando a atividade econômica do sucedido. Logo, a transferência de apenas partes
separadas da empresa, sem continuidade, não enseja sucessão.
b. Não ocorrência de paralisação da atividade: após a sucessão, o sucessor deverá dar
continuidade ao empreendimento, sem que fique paralisado por muito tempo.

Obs. 1: o TST entendeu que não há responsabilidade solidária do novo empregador com o grupo
econômico, salvo se comprovada má-fé ou fraude na sucessão.

Orientação Jurisprudencial 411 da SbDI-1/TST. SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE


EMPRESA PERTENCENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE GRUPO ECONÔMICO, SUCESSÃO DE EMPREGADORES E
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA • 5

SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA.O


sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida,
integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa
devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé
ou fraude na sucessão.

Obs. 2:

Orientação Jurisprudencial 225 da SbDI-I/TST. CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO


PÚBLICO. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. Celebrado contrato de concessão de serviço
público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda
concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma
contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I - em caso de rescisão do
contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na
condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem
prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos
trabalhistas contraídos até a concessão; II - no tocante ao contrato de trabalho extinto
antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será
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exclusivamente da antecessora.
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ATENÇÃO!

Essa Orientação Jurisprudencial n.º 225 foi cobrada na prova da segunda fase do penúltimo
concurso da PGDF (2013).

4. DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIO
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Orientação Jurisprudencial 92 da SbDI-I/TST.DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS.


RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. Em caso de criação de novo município, por
desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos
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trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador.


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CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO


CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO • 6

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO • 6

1. CONCEITO

Contrato individual de trabalho corresponde à relação de emprego verificada no mundo dos fatos.
Em regra, o contrato individual de trabalho será firmado por prazo indeterminado, salvo exceções, de tal
sorte que, pelo princípio da continuidade, não há data certa para o fim do vínculo empregatício.

CLT, art. Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não
existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores
de serviços daquela.

Obs. 1:

Súmula 212/TST. DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término do


contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do
empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção
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favorável ao empregado.

Obs. 2: com a Reforma Trabalhista de 2017, a CLT foi modificada para prever que o contrato
individual de trabalho possa ser realizado por prazo determinado, indeterminado ou para a prestação de
trabalho intermitente.

CLT, art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou
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para prestação de trabalho intermitente. (...)


§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de
serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de
prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,
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independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os


aeronautas, regidos por legislação própria (grifo nosso).
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O contrato intermitente flexibiliza o requisito da habitualidade/não eventualidade do vínculo


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empregatício.
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2. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO

A regra é o contrato individual ser por prazo indeterminado. No entanto, é possível celebrar
contrato por prazo determinado, nas hipóteses previstas no art. 443, § 2º, da CLT:

a. Serviços cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo. Exemplo:


Períodos festivos;
b. Atividades empresariais de caráter transitório. Exemplo: stand de vendas de ovos de Páscoa;

ATENÇÃO!
Nas duas hipóteses, o prazo de duração é de dois anos, no máximo, podendo ser estipulado um
prazo menor. A CLT possibilita uma única prorrogação, desde que respeitado o limite máximo de dois anos.

c. Contrato de experiência: prazo de 90 dias, podendo ocorrer uma prorrogação dentro deste
limite máximo de 90 dias, sob pena de o contrato se tornar, automaticamente, por prazo
indeterminado (CLT, art. 451: “O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou

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expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de
prazo.”).

3. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO

a. Bilateral ou sinalagmático: envolve obrigações para ambas as partes;


b. Consensual: não há forma especial, podendo ser celebrado de forma tácita ou expressa;
c. Trato sucessivo (continuidade): não se esgota em um único ato;
d. Oneroso: há necessidade de pagar contraprestação pelos serviços prestados;
e. Comutativo: as partes conseguem verificar na contratação as vantagens e as responsabilidades
a serem cumpridos durante a vigência do contrato de trabalho;
f. Personalíssimo: característica apenas do empregado, pois a mudança na estrutura da empresa
não afeta os contratos de trabalho em vigor.
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ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 7

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1. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Para alterar validamente o contrato de trabalho, deve haver o consentimento do empregado e a


alteração não pode prejudicar direitos do trabalhador. Ou seja, deve existir mútuo consentimento e
inexistência de prejuízo ao empregado (princípio da inalterabilidade contratual lesiva – CLT, art. 468).
Assim, se o trabalhador foi contratado para trabalhar 06 horas, o empregador, em regra, não pode ampliar
unilateralmente a jornada para 08 horas, pois a alteração é prejudicial ao trabalhador e não possui mútuo
consentimento. A alteração unilateral é, em regra, inválida.

CLT, Art. 468.Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.

Obs.: não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
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Ademais, esse retorno ao cargo efetivo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à
manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada,
independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Ou seja, após a Reforma Trabalhista de
2017, a gratificação que o empregado recebia na função de confiança não será mais incorporada,
independente do período em que ficou na função.

ATENÇÃO!
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A proibição de retorno à jornada inicialmente contratada não se aplica a servidor público.

Orientação Jurisprudencial 308 da SbDI-1/TST. JORNADA DE TRABALHO. ALTERAÇÃO.


RETORNO À JORNADA INICIALMENTE CONTRATADA. SERVIDOR PÚBLICO. O retorno do
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servidor público (administração direta, autárquica e fundacional) à jornada inicialmente


contratada não se insere nas vedações do art. 468 da CLT, sendo a sua jornada definida
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em lei e no contrato de trabalho firmado entre as partes.


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2. JUS VARIANDI
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É a modificação unilateral do contrato de trabalho realizada pelo empregador. Pode ocorrer


ordinariamente, nas atribuições corriqueiras da empresa — por exemplo, a obrigatoriedade de usar o
uniforme — ou extraordinariamente — exemplo: transferência do período noturno para o diurno). O jus
variandi não pode ser exercido de forma abusiva, hipótese em que o empregado pode se opor às mudanças
implementadas (jus resistentiae), conforme art. 483 da CLT.

2.1. Transferência de Empregados

A transferência de empregados decorre do jus variandi e deve acarretar necessariamente a


mudança de domicílio do empregado. De modo geral, requer a anuência do empregado, salvo nas
hipóteses legais que admitem transferência unilateral:

a. Empregados que exerçam cargos de confiança;


b. Contrato que tenha condição implícita ou explícita de transferência;
c. Extinção do estabelecimento;

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d. Transferência provisória por necessidade do serviço. Quando a transferência for provisória, o


empregador deverá pagar adicional (natureza salarial) de, no mínimo, 25% do salário que o
empregado recebia na localidade de origem, enquanto durar a transferência.
Obs. 1:

Orientação Jurisprudencial 113 da SbDI-1/TST. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO


DE CONFIANÇA OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A
TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA. O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou
a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao
adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a
transferência provisória.

Obs. 2: o empregador deve comprovar a real necessidade do serviço. “Súmula 43/TST.


TRANSFERÊNCIA. Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem
comprovação da necessidade do serviço”.

Obs. 3: as despesas relacionadas às transferências deverão ser suportadas pelo empregador.


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TRABALHO
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INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 8

INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE

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1. INTERRUPÇÃO

É a ausência provisória na prestação de serviços com a permanência do pagamento do salário e da


contagem do tempo de serviço. Ou seja, o empregado não trabalha, mas recebe. As hipóteses de
interrupção são, conforme art. 473, da CLT:

a. até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento de cônjuge, ascendente, descendente,


irmão ou pessoa que, declarada na CTPS, viva sob sua dependência; alistamento eleitoral;
até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento ;
b. 5 (cinco) dias consecutivos, em caso de nascimento de filho, de adoção ou de guarda
compartilhada (alteração de 2022!);
c. 1 dia a cada 12 meses: doação de sangue;
d. Tempo necessário: vestibular para ingresso em curso de ensino superior; serviço militar;
comparecimento em juízo; reunião em organismo internacional, se dirigente sindical;
paralisação da empresa; acidente de trabalho nos 15 primeiros dias; férias; repouso semanal
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remunerado e feriados; intervalos intrajornadas remuneradas: a exemplo do frigorífico, minas


de subsolo; licença paternidade; participação em comissões de conciliação prévia; prontidão e
sobreaviso; consultas médicas e exames complementares para empregada gestante; para
acompanhar sua esposa ou companheira em até 6 (seis) consultas médicas, ou em exames
complementares, durante o período de gravidez (alteração de 2022!); 1 dia por ano para
acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica; licença maternidade.
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2. SUSPENSÃO

É a ausência provisória da prestação de serviços sem que haja o pagamento de salários, nem a
contagem de tempo de serviço. Ou seja, o empregado não trabalha e não recebe. As hipóteses de
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suspensão são:
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a. Encargo público: exercício de mandato eletivo;


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b. Mandato sindical;
c. Suspensão disciplinar: máximo de 30 dias (“CLT, art. 474. A suspensão do empregado por mais
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de 30 dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho.”);


d. Greve: em regra, é suspensão, mas é possível negociar o pagamento dos salários durante o
período de paralisação (nessa hipótese, alguns doutrinadores entendem que se transforma em
interrupção);
e. Empregado em gozo de benefício previdenciário;
f. Empregado eleito para ocupar cargo de Diretor de S/A;
g. Intervalo intrajornada e interjornadas (em regra, o intervalo para almoço não é computado na
jornada laboral e não é remunerado);
h. Prisão (sem trânsito em julgado);
i. Qualificação profissional (art. 476-A, CLT - período de dois a cinco meses, para participação do
empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador);
j. Serviço militar obrigatório.

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RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

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O término do contrato de trabalho pode ocorrer de três maneiras: resilição, resolução e rescisão. A
depender da forma, há repercussão na esfera jurídica e nas verbas rescisórias.

1. RESILIÇÃO

É o término do contrato de trabalho sem um ato faltoso por nenhuma das partes e sem uma
nulidade contratual. Trata-se de um direito potestativo de empregados e de empregadores de encerrar o
contrato de trabalho quando desejado. Pode ser de forma unilateral ou bilateral.

1.1. Resilição unilateral

a. Demissão: o empregado decide pôr fim ao contrato, não podendo o empregador se opor. O
empregado terá direito às seguintes verbas rescisórias: saldo de salários; décimo terceiro
proporcional; férias vencidas + terço constitucional; férias proporcionais + terço constitucional.
Perde a multa de 40% do FGTS, o aviso prévio (em verdade, o empregado deve conceder o
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aviso prévio ao empregador), o seguro-desemprego e a possibilidade de saque imediato do


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FGTS.
b. Dispensa ou despedida sem justa causa: o empregador é quem decide pôr fim ao contrato sem
motivação específica. Se o empregado não estiver acobertado de alguma garantia provisória,
não poderá se opor. O empregado terá direito às seguintes verbas: saldo de salários; décimo
terceiro proporcional; férias vencidas + terço constitucional; férias proporcionais + terço
constitucional; aviso prévio; saque imediato dos depósitos do FGTS; multa de 40% sobre os
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depósitos do FGTS; direito ao benefício do seguro-desemprego, se atendidos aos requisitos da


legislação específica.

ATENÇÃO!
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Súmula 382/TST. MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO
BIENAL. A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção
brito ribeiro

do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de


regime.
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1.2. Resilição bilateral (Distrato)


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É o término do contrato de trabalho por meio de um acordo entre as partes (mútuo


consentimento). Antes da Reforma Trabalhista de 2017 (Lei n.º 13.467/2017), não havia dispositivo legal
que regulamentasse o tema e a jurisprudência majoritária posicionava-se de forma contrária ao distrato.
Agora, há um dispositivo legal específico para o distrato (art. 484-A). Serão devidas as seguintes verbas:
50% do aviso prévio, se for indenizado.

Na hipótese de aviso prévio trabalhado, terá direito ao recebimento do seu valor integral; 20% de
multa sobre os depósitos do FGTS; saldo de salário (dias efetivamente trabalhados); décimo terceiro salário
proporcional; férias vencidas + terço constitucional; férias proporcionais + terço constitucional; saque
imediato de 80% dos depósitos do FGTS. Perde o benefício do seguro-desemprego.

2. RESOLUÇÃO

É o término do contrato de trabalho em razão de um ato faltoso por uma das partes.

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2.1. Dispensa por justa causa (art. 482, CLT)

Prevista nas hipóteses taxativas, em que a falta grave foi cometida pelo empregado.

As hipóteses consistem em: ato de improbidade (atenta contra o patrimônio do empregador ou


terceiro); incontinência de conduta (perturbação do ambiente de trabalho com condutas ligadas à
sexualidade); mau procedimento (conduta que afronta a convivência em comum); negociação habitual por
conta própria ou alheia sem permissão do empregador e quando constituir ato de concorrência para a
empresa para a qual o empregador trabalha ou for prejudicial ao serviço; condenação criminal transitada
em julgado do empregado, se não houver suspensão da execução da pena; desídia no desempenho das
funções (preguiça, desleixo); embriaguez habitual ou em serviço (há discussão se a embriaguez habitual não
se enquadraria em uma doença); violação de segredo da empresa; ato de indisciplina ou insubordinação
(indisciplina é o descumprimento de ordens gerais e insubordinação é o descumprimento de ordens
específicas e diretas a determinado empregado); abandono de emprego, após 30 dias consecutivos da
ausência injustificada; ato lesivo da honra e da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa;
ofensa física, salvo legítima defesa; prática constante de jogos de azar e repercussão dessa conduta no
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cumprimento das obrigações contratuais; perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para
o exercício da profissão em decorrência de conduta dolosa do empregado (essa última hipótese foi incluída
pela Reforma Trabalhista de 2017).

ATENÇÃO!

São requisitos para a Justa Causa:


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• Dolo ou Culpa do empregado (requisito subjetivo): o dolo é a intenção de praticar o ato


faltoso; a culpa é a imprudência, a negligência ou a imperícia do empregado, fazendo com que
o ato faltoso acabe ocorrendo; não há responsabilização objetiva do empregado para punição
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disciplinar;
• Tipicidade (princípio da reserva legal): as hipóteses de justa causa encontram-se estabelecidas
brito ribeiro

em lei;
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• Gravidade: a justa causa só deve ser aplicada para atos gravíssimos, pois é a medida punitiva
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mais grave do poder diretivo do patrão;


Zeneide

• Nexo de causalidade: o ato faltoso deve ser a causa para a dispensa com justa causa; a
dispensa por justa causa deve ser determinada, justamente, pela falta grave apontada pelo
empregador (princípio da “determinância”);
• Proporcionalidade: a punição deve ser proporcional ao ato faltoso;
• Imediatidade: entre o ato faltoso e a punição não pode transcorrer espaço de tempo longo,
sob pena de se considerar “perdão tácito”; esse tempo só pode ser considerado a partir do
momento que o empregador toma ciência do ato faltoso;
• Non bis in idem: para cada ato faltoso, uma única punição; o empregador também não pode se
arrepender da pena mais branda aplicada.

2.2. Rescisão indireta (art. 483, CLT)

Nesse caso, o empregador foi o responsável pelo ato faltoso e pelo término do contrato. Em geral,
será declarada pela Justiça do Trabalho e o empregado terá direito a todas as verbas rescisórias, como se
tivesse sido dispensado sem justa causa.

46
BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

Hipóteses: forem exigidos serviços superiores às forças dos trabalhadores (mulher e crianças: 25
quilos em trabalho ocasional e 20 quilos em trabalho contínuo; homem: 60 quilos); serviços vedados por lei
como, por exemplo, trabalho de menor de 18 anos em ambiente insalubre ou perigoso; serviços contrários
aos bons costumes; serviços alheios ao contrato; se o empregado for tratado pelo empregador ou
superiores hierárquicos com rigor excessivo como, por exemplo, discriminação; o empregado correr perigo
manifesto de mal considerável; o empregador não cumprir obrigações do contrato (o empregado pode
continuar prestando serviços até que seja declarada judicialmente a rescisão indireta); o empregador ou
seus prepostos praticar, contra o empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo à honra e boa fama;
houver ofensa física, salvo legítima defesa, própria ou de outrem; o empregador reduzir o trabalho do
empregado, sendo este por peça ou tarefa, para afetar a importância dos salários (o empregado pode
continuar prestando serviços até que seja declarada judicialmente a rescisão indireta).

2.3. Culpa recíproca

Empregado e empregador praticaram faltas graves simultaneamente. Logo, haverá divisão das
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verbas rescisórias e o empregado terá direito a 50% das seguintes verbas: aviso-prévio; 13º Salário; férias
proporcionais; multa do FGTS (logo, a multa fica em 20%).

CLT, Art. 484. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de
trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de
culpa exclusiva do empregador, por metade.

3. RESCISÃO
CPF: 842.641.102-97

Ocorre quando há nulidade contratual, a exemplo dos trabalhos ilícitos e de contratação com a
Administração Pública sem prévio concurso público.
ribeiro -- CPF:

Obs.:
brito ribeiro

Súmula 363/TST. CONTRATO NULO. EFEITOS. A contratação de servidor público, após a


CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art.
de brito

37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada,


Zeneide de

em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-


Zeneide

mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

4. OUTRAS HIPÓTESES DE TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO

4.1. Força maior

Acontecimento inevitável em relação à vontade do empregador e para a realização do qual o


empregador não concorreu, direta ou indiretamente (CLT, art. 501).

CLT, Art. 501. Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à
vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou
indiretamente.
§ 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior.
§ 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for
suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa não
se aplicam as restrições desta Lei referentes ao disposto neste Capítulo.

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

Obs.: provavelmente, a jurisprudência reconhecerá a pandemia do Covid-19 como força maior.


Então, caso haja a extinção da empresa, a multa do FGTS cai pela metade.

4.2. Morte do empregador

Em regra, não extingue o contrato de trabalho (art. 10 e 448, da CLT). No entanto, se empregador
for pessoa física — como, por exemplo, empregado doméstico —, pode ensejar o término do contrato de
trabalho. Nesse caso, o empregado recebe as mesmas verbas rescisórias como se fosse dispensado sem
justa causa.

CLT, Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos
adquiridos por seus empregados.” “CLT, Art. 448. A mudança na propriedade ou na
estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos
empregados.

4.3. Fato do príncipe (CLT, art. 486)


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Ocorre quando a administração pública é a responsável pela paralisação da atividade empresária. A


doutrina majoritária entende que esse ato estatal deva ser discricionário e evitável. Nesse caso, o ente
federativo responde pelas verbas trabalhistas decorrentes da ruptura do contrato (aviso prévio e multa do
FGTS). As demais parcelas, decorrentes da prestação de serviços, serão suportadas normalmente pelo
empregador.
CPF: 842.641.102-97

CLT, Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por
ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução
que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização,
que ficará a cargo do governo responsável.
§ 1º - Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o
ribeiro -- CPF:

tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público apontada como


responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de 30 (trinta) dias, alegue o
brito ribeiro

que entender devido, passando a figurar no processo como chamada à autoria.


de brito

Obs.: provavelmente, a jurisprudência não reconhecerá a paralisação decorrente da pandemia do


Zeneide de

Covid-19 como fato do príncipe, já que não havia outra opção para a autoridade pública senão decretar a
Zeneide

paralisação e a quarentena.

4.4. TÉRMINO DO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO

Poderá ocorrer no momento previamente fixado pelas partes (extinção normal) ou antes do prazo
fixado pelas partes (término antecipado). O empregado terá direito às seguintes verbas:

I. Término normal: saldo de salário dos dias trabalhados; 13º salário proporcional; férias + terço
proporcional ao tempo trabalhado; saque imediato dos depósitos do FGTS.
II. Término antecipado por iniciativa do empregador: saldo de salário dos dias trabalhados; 13º
salário proporcional; férias + terço proporcional ao tempo trabalhado; saque imediato dos
depósitos do FGTS + multa de 40% sobre os depósitos efetuados; indenização prevista no art.
479 da CLT (metade dos dias faltantes).
III. Término por iniciativa do empregado: saldo de salário dos dias trabalhados; 13º salário
proporcional; férias + terço proporcional ao tempo trabalhado. Caberá ao empregado, no
entanto, o pagamento de indenização pelos prejuízos que o pedido de demissão antecipada
causar à empresa (CLT, art. 480). Obs.: é possível pactuar a cláusula assecuratória de direito

48
BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

recíproco de rescisão nos contratos por prazo determinado (CLT, art. 481). Nesse caso, serão
observadas as regras do contrato por prazo indeterminado (ex.: necessidade de aviso prévio).

CLT, Art. 481 -Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula
asseguratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado,
aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem
a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.

5. PLANO/PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA – PDV

É tratado por alguns autores como hipótese de transação individual de direitos trabalhistas e de
distrato. Objetiva conceder uma vantagem pecuniária ao empregado que se desligar do trabalho
voluntariamente. É utilizado para reduzir os quadros da empresa e para colocar fim ao contrato de
trabalho.

Doutrina e jurisprudência entendem que possui natureza jurídica de indenização, razão pela qual
não reflete nas demais parcelas salariais e o valor pago no incentivo ao desligamento não poderá ser
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utilizado para compensar outras verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho. Entretanto há
posicionamento do TST dando ênfase ao negociado sobre o legislado, que permite a compensação de
verbas trabalhistas com a vantagem financeira concedida pela empresa em razão do PDV, desde que haja
expressa previsão em instrumento coletivo.

Já sobre a eficácia liberatória, sabe-se que, pela regulamentação anterior à Reforma Trabalhista de
2017, o empregado que aderisse ao PDV não concedia quitação geral do contrato e poderia discutir, no
CPF: 842.641.102-97

futuro, as parcelas que não haviam sido devidamente quitadas (Orientação Jurisprudencial 270 da SbDI-I/
TST). Ocorre que o plenário do STF, em abril de 2011, adotou posição contrária à Orientação Jurisprudencial
270 da SbDI-I do TST e decidiu pela validade da cláusula de quitação geral, ampla e irrestrita, desde que
previstas em acordos coletivos e nos demais instrumentos assinados pelo empregado. Após a Reforma
ribeiro -- CPF:

Trabalhista de 2017, com a redação do novo art. 477-B da CLT, o PDV, para dispensa individual, plúrima ou
brito ribeiro

coletiva, enseja a quitação plena e irrevogável dos direitos da relação de emprego, desde que previsto em
convenção coletiva ou acordo coletivo.
de brito
Zeneide de

CLT, art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual,
Zeneide

plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,


enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia,
salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

Obs. 1: o PDV não pode ser instrumento para renúncias de direitos trabalhistas ou para
parcelamento de verbas rescisórias. Todas as verbas decorrentes do pedido de demissão devem ser pagas
integralmente, além da indenização.

Obs. 2:

Orientação Jurisprudencial 207 da SbDI-1/TST.PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO


VOLUNTÁRIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA.A indenização paga
em virtude de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à
incidência do imposto de renda.

6. OBRIGAÇÕES DECORRENTES DO TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO

As obrigações decorrentes do término do contrato de trabalho são:

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

• Anotação do término do contrato de trabalho na CTPS do empregado;


• Comunicação da dispensa aos órgãos competentes: tem a função de permitir aos empregados
o saque do FGTS e o requerimento do benefício do seguro-desemprego;
• Pagamento das verbas rescisórias no prazo estabelecido.

Obs. 1: a entrega, ao empregado, de documentos que comprovem a comunicação da extinção


contratual aos órgãos competentes, bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de
rescisão ou do recibo de quitação deverão ser efetuados em até dez dias, contados a partir do término do
contrato (art. 477, § 6º, CLT).

Obs. 2: a anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social é


documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada
no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (art. 477, § 10, CLT).

7. VERBAS RECISÓRIAS
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7.1. Homologação das Verbas Rescisórias

A Reforma Trabalhista de 2017 revogou a previsão de homologação das verbas rescisórias pelo
Sindicato obreiro, para os trabalhadores com mais de um ano de serviço e passou a estabelecer apenas a
necessidade de comunicação da dispensa aos órgãos competentes. Com isso, abre-se a possibilidade de
que seja celebrado acordo extrajudicial homologado pelo Poder Judiciário, em processo de jurisdição
voluntária (CLT, art. 855-B).
CPF: 842.641.102-97

Obs.: para alguns doutrinadores, permanece a necessidade de homologação sindical para


empregados menores de 18 anos (CLT, art. 439) e para empregadas gestantes, em razão da estabilidade
provisória (analogia ao art. 500 da CLT).
ribeiro -- CPF:

7.2. Recibo de quitação das Verbas Rescisórias


brito ribeiro
de brito

O recibo deverá especificar a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminar o seu
valor. Igualmente ao salário, é vedado o recibo genérico e global.
Zeneide de
Zeneide

Súmula 91/TST. SALÁRIO COMPLESSIVO. Nula é a cláusula contratual que fixa


determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos
legais ou contratuais do trabalhador.

No entanto, a quitação passou a ser realizada sem a assistência do sindicato ou do Ministério do


Trabalho.

Obs. 1: as parcelas que expressamente constarem no recibo terão eficácia liberatória. Já as que não
forem consignadas no recibo ou expressamente ressalvadas poderão ser discutidas futuramente na Justiça
do Trabalho.

Obs. 2: conforme já destacado, é lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários.
Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar
quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida sem assistência dos seus
responsáveis legais. (art. 439 da CLT).

50
BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

7.3. Forma de pagamento das Verbas Rescisórias

Deve ocorrer em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, na forma acordada entre as partes.
Para os trabalhadores analfabetos, deve ser em dinheiro ou depósito bancário.

7.4. Prazo para cumprimento das obrigações decorrentes da extinção do


contrato de trabalho

O prazo é de 10 (dez) dias corridos, contados a partir do término do contrato de trabalho, devendo
o empregador, dentro desse período, entregar ao empregado os documentos que comprovem a
comunicação da extinção do contrato de trabalho aos órgãos competentes e efetuar o pagamento dos
valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação.

Obs.: com a Reforma Trabalhista de 2017, geralmente não existe mais o ato de assistência na
rescisão do contrato de trabalho, seja pelo sindicato ou pelo Ministério do Trabalho.
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7.5. Multa do art. 477, § 8º, da CLT

Se o empregador descumprir o prazo para pagamento das verbas rescisórias, será obrigado ao
pagamento de multa no valor equivalente ao salário do empregado, salvo se, comprovadamente, foi o
trabalhador quem deu causa ao atraso no pagamento. A multa incide nos contratos de prazo
indeterminado e de prazo determinado, inclusive nos casos de rescisão por justa causa do trabalhador.

Obs.: “Súmula 388/TST. MASSA FALIDA. ARTS. 467 E 477 DA CLT. INAPLICABILIDADE. A Massa Falida
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não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT.”

ATENÇÃO!
ribeiro -- CPF:

Orientação Jurisprudencial 238 da SbDI-I/TST. MULTA. ART. 477 DA CLT. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
APLICÁVEL. Submete-se à multa do artigo 477 da CLT a pessoa jurídica de direito público
brito ribeiro

que não observa o prazo para pagamento das verbas rescisórias, pois nivela-se a qualquer
particular, em direitos e obrigações, despojando-se do ‘jus imperii’ ao celebrar um
de brito

contrato de emprego.
Zeneide de
Zeneide

8. QUITAÇÃO ANUAL DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS

Novidade trazida pela Reforma Trabalhista de 2017. É permitida, por acordo individual, entre
empregado e empregador, a quitação anual das obrigações trabalhistas.

CLT, art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do


contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas,
perante o sindicato dos empregados da categoria.

Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas


mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia
liberatória das parcelas nele especificadas.

9. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA

Súmula n.º 443/TST.DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR


DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO. Presume-se
discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença

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BRUNO TEIXEIRA E GUSTAVO ANDRADE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO • 9

grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à
reintegração no emprego.

10. APOSENTADORIA ESPONTÂNEA E RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Antigamente, a aposentadoria espontânea era uma forma de extinção do contrato de trabalho, pois
o empregado, ao se aposentar por tempo de contribuição no INSS, tinha seu contrato de trabalho
finalizado. Ocorre que, após decisão do STF nas ADINs 1721-3 e 1770-4 (2006), em que houve a suspensão
da eficácia dos §§ 1º e 2º do art. 453 da CLT (considerados inconstitucionais), a aposentadoria espontânea
não é mais causa de extinção do contrato de trabalho. Destarte, se o empregado permanece prestando
serviços ao empregador, após a jubilação, quando ocorrer o término do contrato de trabalho sem justa
causa, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no
curso do pacto laboral.

Obs.:
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Orientação Jurisprudencial 361 da SbDI-I/TST. APOSENTADORIA ESPONTÂNEA. UNICIDADE


DO CONTRATO DE TRABALHO. MULTA DE 40% DO FGTS SOBRE TODO O PERÍODO.A
aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o
empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. Assim, por
ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS
sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral.
de brito
Zeneide de
Zeneide CPF: 842.641.102-97
ribeiro -- CPF:
brito ribeiro

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