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Aula 2º

Sujeitos da relação de emprego

Prezados (as) acadêmicos(as),


Nesta segunda aula, a proposta de estudo é sobre os
sujeitos da relação de emprego, nesta aula, destacaremos a figura
do empregado e do empregador, assim como as sucessões nas
empresas e a terceirização. A seguir, apresentaremos os objetivos
e as seções que serão desenvolvidas no decorrer desta aula.
Boa aula!
Bom trabalho a todos!
Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

‡ conceituar empregado;
‡ definir empregador e sucessão de empresas;
‡ compreender terceirização no Direito do Trabalho.
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a. Pessoa física: todo empregado é uma pessoa física,
Seções de estudo natural (PEREIRA, 2012, p. 127).
b. Pessoalidade: o contrato de trabalho é intuito
personae, ou seja, realizado com certa e determinada
pessoa. Não pode o empregado se fazer substituir
1 – Empregado por outra pessoa (MARTINS, 2004, p. 169).
2 – Empregador e sucessão de empresas c. Serviço não eventualidade: o empregado é
3 – Terceirização no Direito do Trabalho contratado para prestar serviços de forma habitual
(PEREIRA, 2012, p. 129). Os trabalhos devem ser
prestados com continuidade (MARTINS, 2004,
171).
d. Subordinação: é o principal requisito caracterizador
1 - Empregado da relação de emprego (PEREIRA, 2012, p. 129). O
trabalhador exerce seus trabalhos com dependência,
ou seja, de forma subordinada ao empregador
(MARTINS, 2004, p. 171).
e. Onerosidade: o contrato de trabalho não é
gratuito, pois, todo trabalhador dever receber seus
salários pelos serviços prestados ao empregador
(MARTINS, 2004, p.171).

Fonte: < https://extra.globo.com/noticias/economia/reforma-trabalhista-tire-


duvidas-conheca-seus-direitos-deveres-22060085.html> Acesso em: 23 de jun.
2018.

Empregado é toda pessoa física que presta serviços de


natureza contínua ao empregador, sob subordinação deste e
mediante pagamento de salário (MARTINS, 2004, p.168).
2V UHTXLVLWRV OHJDLV GD GHÀQLomR GH HPSUHJDGR HVWmR
no artigo 3º da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT
(Decreto Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943):

)RQWHKWWSZZZPDVVRWHJXJOLHOPHOOLDGYEUHOHPHQWRVSDUDFRQȴJXUDFDRGD
relacao-de-emprego/> Acesso em: 23 de jun. 2018.
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa
física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções
relativas à espécie de emprego e à condição de Fique atento: WRGR HPSUHJDGR « XP WUDEDOKDGRU PDV QHP WRGR
trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, WUDEDOKDGRU«XPHPSUHJDGR
técnico e manual. Trabalhador é todo aquele que presta serviços de forma autônoma
HHVSRU£GLFDDXPDSHVVRD I¯VLFDRXMXU¯GLFD GHYHQGRFRQFUHWL]DUD
H[HFX©¥RGHVXDWDUHIDQRVWHUPRVHSUD]RVFRPELQDGRVUHFHEHQGR
XPSDJDPHQWR
Diante do artigo destacado acima, percebe-se que são 3RUVXDYH]HPSUHJDGR«DTXHOHTXHSUHVWDSHVVRDOPHQWHVHUYL©RV
cinco os requisitos para ser empregado, os quais devem estar GH IRUPD KDELWXDO H VXERUGLQDGD H PHGLDQWH UHPXQHUD©¥R )RQWH
presentes de maneira simultânea para a pessoa ser considerado KWWSZZZEHHISRLQWFRPEUTXDODGLIHUHQFDHQWUHWUDEDOKDGRU
empregado. Vejamos cada um deles a seguir: HHPSUHJDGR$FHVVRHPGHMXQ 
11 161

Fonte: < https://br.pinterest.com/pin/779615385464870892/?lp=true/> Acesso em: 23 de jun. 2018.


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Outras Espécies de Trabalhadores: de seus serviços, porém, como é de curta duração,
QmRVHÀ[DDRSRGHUGLUHWLYRGHXP~QLFRHPSUHJDGRU
‡ Empregado Doméstico: é o trabalhador que (exemplo: diarista).
exerce atividade contínua para pessoa ou família,
mediante salário, de forma subordinada e para o Lembre-se: R WUDEDOKDGRU HYHQWXDO Q¥R SRVVXL TXDOTXHU Y¯QFXOR
âmbito residencial. Aquele que, mesmo fora da WUDEDOKLVWDFRPVHXVWRPDGRUHV$UHOD©¥RH[LVWHQWH«GHQDWXUH]D
residência, presta serviço para a pessoa ou família F¯YHORXVHMDXPVLPSOHVFRQWUDWRGHSUHVWD©¥RGHVHUYL©RV
(exemplo: mordomo/motorista). Com a edição da
PEC – Projeto de Emenda Constitucional, mais ‡ Trabalhador rural: todo trabalho desenvolvido
FRQKHFLGR FRPR ´3(& GDV 'RPpVWLFDVµ TXH IRL na área rural. As relações de emprego rural estão
aprovado e virou Lei Complementar nº. 150, de 1 de disciplinadas na Lei nº 5.889/1973, cuja leitura é
junho de 2015, os empregados domésticos possuem recomendável. Nos termos do artigo 2º da referida
todos os direitos assegurados aos trabalhadores lei, podemos conceituar como empregado rural,
XUEDQRVÀFDQGRVXSHUDGRRDUWLJRžDOtQHD´DµGD toda pessoa física, que em propriedade rural ou
CLT. prédio rústico, presta serviços de natureza não
eventual a empregador rural, sob a dependência
deste e mediante salário.

2  (PSUHJDGRU H VXFHVV¥R GH


empresas

Fonte: <https://www.cercomp.ufg.br/n/46273-palestra-pec-das-domesticas>.
Acesso em: 23 de jun. 2018.
Fonte:<http://www.ageconsulting.com.br/v2015/index.php/noticias/item/410-
sucessao-empresarial-responsabilidade-por-debitos-trabalhistas>. Acesso em: 23
Importante: nem sempre o serviço prestado no âmbito residencial de jun. 2018.
« GRP«VWLFR 3RU H[HPSOR TXDQGR D ID[LQHLUD OLPSD DSHQDV R
ȊFRQVXOWµULRȋGRGHQWLVWDTXHWUDEDOKDHPVXDSUµSULDUHVLG¬QFLDRX De acordo com o Art. 2º da CLT, empregador é toda
DID[LQHLUDTXHOLPSDVµDȊORMLQKDȋTXHȴFDQDJDUDJHPGDFDVD empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
‡ Trabalhador avulso: aquele que presta serviços pessoal de serviço. Dentro da sistemática legal brasileira,
à diversas empresas sem vínculo empregatício, empregador poderá ser pessoa física ou jurídica.
serviços de natureza urbana ou rural. Atualmente, Art. 2º - Considera-se empregador a empresa,
os trabalhadores avulsos possuem os mesmos individual ou coletiva, que, assumindo os riscos
direitos assegurados aos empregados com vínculo da atividade econômica, admite, assalaria e
empregatício, conforme artigo 7º, inciso XXXIV, da dirige a prestação pessoal de serviço.
Constituição Federal de 1988. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os
‡ Trabalhador temporário: trabalhadores que efeitos exclusivos da relação de emprego,
as empresas de trabalho temporário colocam à RV SURÀVVLRQDLV OLEHUDLV DV LQVWLWXLo}HV GH
disposição de outras empresas, por intermédio EHQHÀFrQFLD DV DVVRFLDo}HV UHFUHDWLYDV RX
RXWUDV LQVWLWXLo}HV VHP ÀQV OXFUDWLYRV TXH
de um contrato de prestação de serviços, em que
admitirem trabalhadores como empregados.
conste o motivo da contratação temporária e as
§ 2o Sempre que uma ou mais empresas,
modalidades de remuneração. tendo, embora, cada uma delas, personalidade
‡ Trabalhador eventual: trabalhador ocasional, jurídica própria, estiverem sob a direção,
esporádico, que trabalha de vez em quando, ao controle ou administração de outra, ou ainda
contrário do empregado que é um trabalhador quando, mesmo guardando cada uma sua
permanente. Geralmente, possui vários tomadores autonomia, integrem grupo econômico, serão
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responsáveis solidariamente pelas obrigações Direito do Trabalho, dá-se quando uma empresa assume
decorrentes da relação de emprego. (Redação o ativo e o passivo de outra, prosseguindo na negociação e
dada pela Lei nº 13.467, de 2017) atividades da empresa anterior.
§ 3o Não caracteriza grupo econômico a mera Assim, entende-se que sucessão trabalhista é a mudança
identidade de sócios, sendo necessárias, para de propriedade pela alienação, como também quando se
DFRQÀJXUDomRGRJUXSRDGHPRQVWUDomRGR
tem a absorção de uma empresa por outra (fusão, cisão e
interesse integrado, a efetiva comunhão de
incorporação).
interesses e a atuação conjunta das empresas
dele integrantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, O mais importante é que, se houver prosseguimento da
de 2017) atividade econômica antes desempenhada, com a utilização
GRV WUDEDOKDGRUHV SHOR VXFHVVRU MXVWLÀFDVH D SUHVHQoD
Para melhor entender quem é o empregador e a sucessão da sucessão trabalhista, mantendo-se íntegro os contratos
na empresa, a seguir apresenta-se de forma breve os conceitos individuais de trabalho.
de acordo com os fundamentos da CLT. &RQÀUPDQGR LVVR R DUWLJR  H  DPERV GD &/7
Poder diretivo do empregador: quando o Art. 2º da HVWDEHOHFHP $UW ž ´4XDOTXHU DOWHUDomR QD HVWUXWXUD
&/7 HVWDEHOHFH TXH ´DGPLWH DVVDODULD H GLULJH D SUHVWDomR da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus
SHVVRDOGHVHUYLoRVµHVWiHYLGHQFLDQGRTXHRHPSUHJDGRUp HPSUHJDGRVµ$UWž´$PXGDQoDQDSURSULHGDGHRXQD
o detentor do poder diretivo sobre a prestação dos serviços. estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
Porém, o poder diretivo do empregador é limitado pelos WUDEDOKRGRVUHVSHFWLYRVHPSUHJDGRVµ
princípios constitucionais da dignidade da pessoa, valores Então, pode-se dizer que caso ocorra alteração na
sociais do trabalho, direito à imagem e intimidade dos estrutura jurídica da empresa, ou na propriedade, de
trabalhadores. forma objetiva, os contratos de trabalho dos empregados
Grupo econômico e solidariedade na permanecerão inalterados.
responsabilidade pelo empregado: o § 2º do artigo 2º
da CLT, traz expresso à questão da solidariedade de todas
as empresas que formarem o grupo econômico de uma 3  7HUFHLUL]D©¥R QR 'LUHLWR GR
GHWHUPLQDGD HPSUHVD 9HULÀFDVH TXH VHPSUH TXH XPD RX Trabalho
mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou A terceirização no direito do trabalho é o processo
administração de outra, constituindo grupo industrial, de descentralização das atividades da empresa, no sentido
comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, de desconcentrá-las, para que sejam desempenhadas em
para os efeitos da relação de emprego, solidariamente conjunto, por diversos centros de prestação de serviços e não
responsáveis à empresa principal e cada uma das. PDLVGHPRGRXQLÀFDGRQXPDVyLQVWLWXLomRDYDORUL]DomRGR
Sucessão de empresas: a sucessão de empresas, no setor terciário da economia.

Fonte:<http://marilindafernandes.adv.br/trabalho-e-desigualdade-a-terceirizacao-e-seus-efeitos-sobre-os-trabalhadores/>. Acesso em: 23 de jun. 2018.


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Com a terceirização, a empresa passa a atribuir parte de
suas atividades para outras empresas. A legislação brasileira Retomando a aula
não regula a terceirização. Na verdade, as diretrizes sobre
a matéria estão reguladas na Súmula nº 331 do Tribunal
Superior do Trabalho.
Contudo, desde 2004, tramita o projeto de Lei n.
&KHJDPRVDVVLPDRȴQDOGDVHJXQGDDXOD(VSHUD
4.330/2004, que tenta legalizar o instituto da terceirização no
VHTXHDJRUDWHQKDȴFDGRPDLVFODURRHQWHQGLPHQWR
Brasil. Polêmico, tenta legalizar a possibilidade de terceirizar-
GH YRF¬V VREUH RV 6XMHLWRV GD UHOD©¥R GH HPSUHJR
VH D DWLYLGDGH ´ÀPµ GD HPSUHVD SULQFLSDO H QmR VRPHQWH
9DPRVHQW¥RUHFRUGDU
D DWLYLGDGH ´PHLRµ ([HPSOR 8PD HPSUHVD GH PyYHLV
poderá terceirizar a fabricação dos móveis e não somente a
limpeza e montagem). Isso traz incerteza quanto a quem será
1 – Empregado
responsabilizado num futuro prejuízo ao consumidor.
As características da terceirização são as seguintes: Na primeira seção, vimos que empregado é toda
‡ as relações entre a empresa de prestação de serviços pessoa física que presta serviços de natureza contínua a um
(empresa interposta) e a empresa contratante empregador, sob subordinação deste e mediante pagamento
(tomador de serviço seja público ou privado), são de salário.
regidas pela lei civil, ou seja, é uma relação de direito
civil, através de um contrato de prestação de serviços; 2 – Empregador e sucessão de empresas
‡ as relações de trabalho entre a empresa de prestação
Na segunda, aprendemos que empregador é toda
de serviços (empresa interposta) e seus empregados,
empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
são disciplinadas pela CLT;
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
‡ a empresa de prestação de serviços (empresa
pessoal de serviço. Dentro da sistemática legal brasileira, o
interposta), contrata pela empresa contratante
empregador poderá ser pessoa física ou jurídica.
(tomador de serviço público ou privado), remunera
e dirige o trabalho realizado por seus empregados; 3 – Terceirização no direito do trabalho
‡ os empregados da empresa de prestação de serviços
(empresa interposta), não estão subordinados ao Na terceira e última seção, estudamos que no Brasil,
poder diretivo, técnico, disciplinar da empresa DWUDYpVGR(QXQFLDGRGD6~PXODGR767ÀFDSHUPLWLGR
contratante (tomador de serviço público ou privado). a terceirização para atividades–meio da empresa contratante
(empresa tomadora de serviço público ou particular), desde
A terceirização sofre algumas restrições, principalmente, que inexistam os elementos da subordinação e da pessoalidade
TXDQGR WHP SRU ÀQDOLGDGH HYLWDU IUDXGHV H SULQFLSDOPHQWH direta com os funcionários da empresa prestadora.
prejuízos ao empregado, nesse sentido é importante entender
a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Vale a pena
A Súmula 331 do TST – Tribunal Superior do
Trabalho dispõe que, em regra, a contratação de pessoal por
empresa prestadora de serviço (empresa interposta), é ilegal,
acarretando a formação do vínculo empregatício entre a
empresa contratante (empresa tomadora de serviço público Vale a pena ler
ou privado) com o empregado.
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho – CLT e normas
Fica aqui um questionamento: toda forma de
correlatas. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições
terceirização é ilegal? Claro que não. A primeira ressalva é
Técnicas, 2017.
quanto ao empregado temporário, disciplinado pela Lei
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo:
n. 6.019/1974. Desta forma, na iniciativa privada, pode-se
Atlas, 2004.
concluir que a terceirização será ilícita em casos de contratação
MESQUITA, Carolina Pereira Lins. Teoria geral do direito
que não observe as quatro situações – tipos de terceirização
do trabalho. São Paulo: LTr, 2012.
lícita da Súmula 331 do TST.
O exemplo mais comum de terceirização ilícita é a
FRQWUDWDomR LUUHJXODU GH WUDEDOKDGRUHV HP DWLYLGDGHÀP
mediante prestadora de serviço (empresa interposta), não Minhas anotações
sendo caso de contrato de trabalho temporário. O inciso
III do Enunciado da Súmula 331 do TST, foi que trouxe
uma revolução no tocante à comparação aos dispositivos
anteriores, I e II, onde permite a terceirização para atividades–
meio da empresa contratante (empresa tomadora de serviço
público ou particular), desde que inexistam os elementos da
subordinação e da pessoalidade direta, além, da permissão de
se terceirizar serviços de limpeza.

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