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DIREITO DO TRABALHO I

DIREITO DO TRABALHO

Aula 4 – Sujeitos da relação de


emprego: empregado - conceito e
definição legal; empregado em
domicílio; empregados rurais;
empregados domésticos.

EMPREGADO – AULA 4
DIREITO DO TRABALHO I

Conteúdo Programático desta aula

 Sujeitos da Relação de Emprego;


 Empregado – Conceito e previsão legal;
 Empregado em domicílio
 Empregado Rural
 Empregado Doméstico

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Empregado – Conceito

•Participam da Relação de emprego, que deriva da


celebração de um contrato de trabalho, dois pactuantes,
denominados de empregado e de empregador ou, neste
último caso, a empresa.

•O empregado, representa, assim, o contratante que


assume a obrigação principal de fazer, mais
precisamente de prestar serviços, qualificados pela
pessoalidade, não eventualidade, por conta alheia e
mediante remuneração.

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Empregado – Previsão Legal

A CLT conceitua empregado em seu artigo 3;

“Considera-se empregado toda pessoa física que prestar


serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário”.

Observando-se os requisitos estabelecidos pelo


mencionado preceito legal, é possível diferenciar o
empregado dos demais trabalhadores. Pelo contrato de
trabalho, o empregado transfere a propriedade do
resultado do seu trabalho para o empregador, pessoa que
dirige a sua atividade e o assalaria, evidenciando o
trabalho por conta alheia (alteridade).
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Dica!!!!

Subordinação # Autonomia

Habitualidade # Eventual

Onerosidade # Voluntário/Gratuito

Pessoalidade = Com relação a figura do empregado

Pessoa física # pessoa jurídica

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Denominações Utilizadas para o Empregado!

•Trabalhador

•Obreiro

•Operário

•Colaborador

•Proletário

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A exclusividade é um elemento
indispensável para o reconhecimento da
condição de empregado?

•Não!

O trabalhador subordinado pode ter mais de


dois empregos, desde que haja
compatibilidade de horários.

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PESSOALIDADE

O empregado deve ser pessoa física e a prestação dos serviços deve ser
personalíssima, uma vez que o empregado não pode ser substituído por outro
no exercício de suas atividades. É o fator pelo qual o empregador escolhe
seus empregados.

Neste sentido a Jurisprudência de Nossos Tribunais Trabalhistas, verbis:


“Processo: RO 101085420105040761 RS 0010108-54.2010.5.04.0761
Relator(a): JOSÉ FELIPE LEDUR
Julgamento: 19/10/2011
Órgão Julgador: Vara do Trabalho de Triunfo
Ementa VÍNCULO DE EMPREGO. INEXISTÊNCIA. Hipótese em que os
reclamantes são sócios de empresa que prestava serviços à reclamada,
mediante utilização de mão-de-obra de empregados. Ausência de
pessoalidade e subordinação na prestação do trabalho que implica
inexistência de vínculo de emprego com a reclamada. Recurso ao qual se
nega provimento. (...)

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JURISPRUDÊNCIA!

Neste sentido:
“Processo: RO 810000520095040411 RS 0081000-05.2009.5.04.0411
Relator(a): JOÃO GHISLENI FILHO
Julgamento: 05/10/2011
Órgão Julgador: Vara do Trabalho de Viamão
Ementa
VÍNCULO DE EMPREGO. POLICIAL MILITAR. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
DE SEGURANÇA.
Confissão do autor em depoimento pessoal denunciando a ausência de
pessoalidade e subordinação na prestação dos serviços. Vínculo de emprego
inexistente. (...)

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Onerosidade!

O empregado labora mediante o pagamento de uma


retribuição denominada de salário, em decorrência do
caráter bilateral e oneroso do próprio contrato de trabalho.
Por conta disso, inexiste a figura do empregado que presta
serviços por mera benevolência ou por qualquer
sentimento altruístico.

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Não Eventualidade!

A prestação dos serviços deve ser contínua e não


eventual. A CLT não traz as expressões cotidiano ou
diário, mas fala em trabalho contínuo e habitual. Logo, o
trabalho não precisa ser diário, mas freqüente e de trato
sucessivo.

Pergunta-se: Se uma pessoa presta serviços como


plantonista em um hospital uma vez por semana sempre
na quarta-feira é considerado empregado?

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Subordinação!

.Significa a direção e a supervisão do trabalho.


Caracteriza-se pela dependência do empregado ao
empregador. Decorre do poder de comando deste, uma
vez que o empregado está subordinado às suas ordens.

A subordinação verifica-se quando há cumprimento de


ordens gerais ou específicas, diretas ou indiretas.
Também pela aplicação de punições ao trabalhador pelas
faltas cometidas, quais sejam, advertência verbal,
advertência escrita, suspensão e despedida por justa
causa.
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Natureza Jurídica

Discute-se se a natureza jurídica dessa subordinação é


técnica, econômica ou jurídica. Excluem-se, de plano, as
duas primeiras teorias, tendo em vista que há
possibilidade, em tese, de o empregado possuir melhor
qualificação técnica ou de ser detentor de maior
capacidade econômica em relação ao empregador. Daí
resulta que a subordinação só pode ser explicada pelo seu
caráter jurídico, pois tem origem em um contrato de
trabalho, onde o empregado despoja-se de sua liberdade
de execução dos serviços, transferindo para o empregador
a propriedade do seu resultado.

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Sistema de Indícios:

.Constitui uma série de características que não servem


para afastar a existência da relação de emprego, mas,
se presentes e em conjunto, podem revelar a sua
presença, desde que avaliados em cada caso concreto.
Essas características são:
a) alteridade;
b) exclusividade;
c) dependência tecnológica;
d) continuidade.

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Empregados de Formação Intelectual: Tratamento


Justrabalhista

.A Constituição da República proíbe distinção entre


trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos (art. 7, XXXII, CRFB/88).

Todavia há diversos trabalhos intelectuais que possuem


legislação própria, tais como: médicos e cirurgiões-
dentistas (Leis n. 3999/61, 6932/81 e 7217/84);
professores (arts. 317 a 324, CLT), advogado (Lei
8906/94), dentre outros.

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Altos Empregados: Conceito

.Altos empregados são todos aqueles trabalhadores que,


por algum motivo, desfrutam de um maior nível de
confiança por parte do empregador.

Alice Monteiro de Barros conceitua altos empregados


como sendo aqueles:
“Ocupantes de cargo de confiança, investidos de madado
que lhes confere poderes de administração para agir em
nome do empregador. Situam-se entre eles os diretores
gerais, administradores, superintendentes, gerentes com
amplos poderes e, em síntese, todos os que exercem
função diretiva e ocupam um posto de destaque.”
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A temática dos chamados altos empregados envolve, na


verdade, situações diferenciadas:

•Em primeiro lugar, a situação jurídica dos empregados


ocupantes de cargos ou funções de gestão ou confiança,
objeto de tratamento pelo artigo 62, da CLT. Essa situação
abrange todo o mercado de trabalho e respectivas
categorias profissionais, excetuado apenas o segmento
bancário.
•Em segundo lugar, surge exatamente a situação jurídica
especial dos empregados ocupantes de cargos ou funções
de confiança do segmento bancário, objeto do
tratamento pelo art. 224, CLT.

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A temática dos chamados altos empregados envolve, na


verdade, quatro situações diferenciadas:

•Em terceiro lugar, no polo mais elevado da estrutura de


poder nas empresas, desponta ainda a temática da
qualificação jurídica da figura do diretor. Esta hipótese
analítica abrange quer o diretor recrutado externamente,
quer o empregado alçado à posição de diretor na mesma
entidade em que tinha status jurídico precedente de
simples empregado.

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Cargos ou Funções de Confiança ou Gestão: regra geral

•“Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste


capítulo:
(....)
II – os gerentes, assim considerados os exercentes de
cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do
disposto neste artigo, os diretores e chefes de
departamento ou filial.
Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será
aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste
artigo, quando o salário do cargo de confiança,
compreendendo a gratificação de função, se houver, for
inferior ao valor do respectivo salário efetivo, acrescido de
40% (quarenta por cento).”
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Efeitos do Cargo de Confiança

Se o empregador determinar que empregado que possui


cargo de confiança retorne a função anterior estará
violando o artigo 468, da CLT?

Não!!! A Lei em seu parágrafo único do artigo 468, CLT


não considera rebaixamento ou irregularidade o retorno do
empregado ao antigo posto ocupado, destituído do cargo
de confiança.

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Princípio da Estabilidade Financeira!

É lícito ao empregador suprimir a gratificação pelo cargo


de confiança na hipótese de determinar que empregado
retorne a função anterior ocupada?
Súmula nº 372 - TST - Res. 129/2005 - DJ 20, 22 e 25.04.2005 - Conversão
das Orientações Jurisprudenciais nºs 45 e 303 da SDI-1- Gratificação de
Função - Supressão ou Redução – Limites
I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo
empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo
efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio
da estabilidade financeira. (ex-OJ nº 45 - Inserida em 25.11.1996)
II - Mantido o empregado no exercício da função comissionada, não
pode o empregador reduzir o valor da gratificação. (ex-OJ nº 303 - DJ
11.08.2003)

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Outras peculiaridades!

Não incidem horas extras a favor do empregado


enquadrado em tal circunstância funcional (art. 62, II,
CLT). É que a lei considera que a natureza e prerrogativas
do cargo de confiança o tornam incompatível com a
sistemática de controle de jornada de trabalho aplicável ao
conjunto de empregados de uma organização empresarial.

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Outras peculiaridades!

O empregado que possui cargo de confiança pode ser


transferido de localidade de serviço, independentemente de sua
anuência (artigo 469, parágrafo 1, CLT). A jurisprudência,
porém, vem atenuando o rigor do texto original celetista. Assim,
considera abusiva a transferência, mesmo de tais empregados,
se não se fundar em real necessidade do serviço (S. 43, TST).

TST Enunciado nº 43 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973 - Mantida -


Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Transferência - Necessidade do Serviço- Presume-se
abusiva a transferência de que trata o § 1º do Art. 469 da CLT,
sem comprovação da necessidade do serviço.

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Cargos ou Funções de Confiança: especificidade


bancária!

A categoria bancária tem norma especial no tocante à


caracterização do tipo legal do cargo de confiança nesse
segmento do mercado de trabalho. De fato, reporta-se o art.
224, parágrafo 2, CLT aos bancários que

“exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e


equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de
confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a
um terço do salário do cargo efetivo”

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Cargos ou Funções de Confiança: especificidade


bancária!

Em regra geral estariam enquadrados os gerentes


bancários, tesoureiros de agência, os reais chefes de setor
ou serviço. Claro que deverá ser observado o exercício de
poderes de direção ou chefia.

Se estiverem presentes os dois requisitos, quais sejam,


atribuição de poderes de direção ou chefia e percebimento
de gratificação de 1/3 sobre o salário do cargo efetivo o
empregado terá peculiaridades distintas.

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Peculiaridades!

Não observância das jornada especial de seis horas (própria ao


comum dos bancários), prevalecendo como jornada normal
desse empregado o parâmetro genérico de oito horas diárias
(S. 102, IV, TST).

No entendimento de Maurício Godinho


Delgado...“Evidentemente que se o gerente geral da agência ou
o superintendente regional ou o detentor de cargo ainda mais
elevado enquadrarem-se nos requisitos do art. 62 da CLT
(suplantando o enquadramento menor, típico do art. 224),
submeter-se-ão aos efeitos mais largos daquele dispositivo
geral da CLT.....”

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Súmula do TST

TST Enunciado nº 287 - Res. 20/1988, DJ 18.03.1988 -


Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003
Gerente Bancário - Horas Suplementares - Jornada de
Trabalho
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de
agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao
gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício
de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT.

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Diretores Empregados

Não há impedimento legal para que o empregado seja


eleito diretor de sociedade anônima, conforme se
depreende da leitura da Lei 6505/76. Se isso ocorrer, o
contrato de trabalho ficará suspenso, cessando a
prestação de serviços subordinados, bem como a
obrigação do empregador de pagar salário.

Uma única pessoa não pode desempenhar,


simultaneamente, as funções inerentes ao cargo de
diretor, que é um órgão representativo da sociedade
anônima, com as funções exercidas pelo empregado.

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Diretores Empregados

No período em que o empregado exerce o cargo de diretor de


S/A, não se conta o tempo de serviço tampouco há pagamento
de salário, representando uma hipótese de suspensão do
contrato de trabalho. Entretanto, a Lei 8036/90, art. 16, faculta
às empresas equipararem seus diretores não empregados aos
demais trabalhadores para efeito de recolhimento do FGTS.

TST Enunciado nº 269 - Res. 2/1988, DJ 01.03.1988 - Mantida


- Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Empregado Eleito para Ocupar Cargo de Diretor - Contrato
de Trabalho - Relação de Emprego - Tempo de Serviço
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o
respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o
tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a
subordinação jurídica inerente à relação de emprego.
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APRENDIZ

O artigo 7, inciso XXXIII, CRFB, fixa em 16 anos a idade


mínima para o trabalhador celebrar um contrato de trabalho
válido, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente _ ECA possui


determinação semelhante, em seu art. 60. É proibido qualquer
trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na
condição de aprendiz.” Assim, esse dispositivo deve ser
interpretado em conjunto com a alteração constitucional acim
mencionada que elevou a idade mínima para 16 anos.

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Conceito

O aprendiz é um empregado especial, uma vez que, além de


receber-retribuição pelo trabalho executado, deve-lhe ser
proporcionada formação técnico-profissional metódica, desde
que esteja inscrito nos programas de aprendizagem, como
jornada máxima diária de seis horas, sendo garantido o salário-
mínimo hora.

A referida formação técnico-profissional metódica compreende


as atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas
em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no
ambiente de trabalho.

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Legislação aplicável ao aprendiz – ECA e artigos 428 até


433, CLT

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Empregado Doméstico

A relação do emprego doméstico recebe um tratamento legal


diferenciado por parte da maioria dos ordenamentos jurídicos.
Justifica-se esse tratamento, pois o trabalhador doméstico
executa as suas atividades no âmbito residencial do
empregador.

A diferença básica que existe entre o empregado


doméstico e o empregado de uma forma geral diz respeito
à finalidade não lucrativa daquele que dirige a prestação
dos serviços, que deve ser uma pessoa física ou família.
Também não existe o elemento não eventualidade, que na
relação de emprego doméstico é substituído por
continuidade.

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Súmula Jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho


do Rio de Janeiro

Resolução Administrativa n° 16/2011: aprova a edição da


Súmula nº 19, com a seguinte redação: “TRABALHADOR
DOMÉSTICO. DIARISTA. PRESTAÇÃO LABORAL
DESCONTÍNUA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO
EMPREGATÍCIO. A prestação laboral doméstica realizada
até três vezes por semana não enseja configuração do
vínculo empregatício, por ausente o requisito da
continuidade previsto no art. 1º da Lei 5.859/72";

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JURISPRUDÊNCIA!!!

RECURSO DE REVISTA. Ementa


1. VÍNCULO DE EMPREGO. DIARISTA.
“O empregado doméstico é a pessoa física que presta, com
pessoalidade, onerosidade e subordinação, serviços de natureza
contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
residencial.
O labor exercido pela diarista em dois ou três dias alternados na
semana tem caráter descontínuo da prestação de trabalho, não se
adequando ao pressuposto específico da Lei nº 5.859/72, que rege os
empregados domésticos.”
Recurso de Revista não conhecido.
Processo: RR - 44600-13.2009.5.04.0016 Data de Julgamento:
31/08/2011, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 09/09/2011.

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Legislação:

O artigo 7, CLT dispõe: “ Os preceitos da presente


Consolidação, salvo quando for, em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se aplicam:
a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um
modo geral, os que prestam serviços de natureza não-
econômica à pessoa ou à família no âmbito residencial
destas.”

Portanto, a relação de emprego doméstico, deve ser


regida pela Lei 5859/72, devidamente regulamentada
pelo Decreto 71885/73.

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Pontos Controvertidos:
Férias – Com a edição da Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, que alterou
artigos da Lei n.º 5.859, de 11 de dezembro de 1972, os trabalhadores
domésticos firmaram direito a férias de 30 dias, obtiveram a estabilidade para
gestantes, direito aos feriados civis e religiosos, além da proibição de
descontos de moradia, alimentação e produtos de higiene pessoal utilizados
no local de trabalho.
FÉRIAS EM DOBRO. EMPREGADO DOMÉSTICO. Segundo a atual
jurisprudência desta Corte, o empregado doméstico faz jus às férias anuais de
trinta dias, mais o abono, e também ao pagamento em dobro quando não
concedidas no prazo, à semelhança dos demais trabalhadores, por
decorrência lógica dos princípios da igualdade e da proteção à dignidade da
pessoa humana, erigidos como pilares do ideário da República Federativa do
Brasil, pela Constituição Federal de 1988, que estendeu ao empregado
doméstico, por força do artigo 7º, parágrafo único, o gozo de férias anuais
remuneradas, acrescidas de 1/3, previsto em seu inciso XVII. Precedentes do
TST. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 154300-
86.2002.5.02.0027 Data de Julgamento: 29/09/2010, Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
08/10/2010.

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Pontos Controvertidos:

Justa Causa – O entendimento majoritário é pela aplicabilidade do artigo 482,


da CLT que estabelece as hipóteses de demissão por justa causa do
empregado, exceto as alíneas “c” e “g”.

“EMPREGADA GESTANTE – FALTAS INJUSTIFICADAS – DESÍDIA –


DISPENSA POR JUSTA CAUSA – É certo que existem gestações que exigem
maiores cuidados, a ensejar o afastamento do trabalho, mas isso deve ao
menos ser atestado em laudo médico. A presunção é a de que as gestações
não implicam qualquer modificação no ritmo de trabalho ou demais atividades
cotidianas. Assim, se a trabalhadora gestante falta seguidamente sem
justificativa, caracteriza-se a desídia, falta grave que afasta a estabilidade
provisória, por incompatibilidade com os casos de dispensa por justa causa.
(TRT 17ª R. – RO 28800-24.2009.5.17.0002 – Rel. Des. Gerson Fernando da
Sylveira Novais – DJE 15.07.2010 – p. 14) .”

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Direitos previstos na Constituição Federal de 1988:

A Constituição Federal de 1988 atribui aos empregados domésticos


os direitos previstos em seu artigo 7, incisos IV, VI, VIII, XV, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXIV, bem como a sua integração à previdência
social.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:
.......
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou


acordo coletivo;
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VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no


valor da aposentadoria;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com
a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo
de trinta dias, nos termos da lei;
XXIV - aposentadoria;

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores


domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII,
XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência
social.
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FGTS e VALE TRANSPORTE:

O artigo 3-A, da Lei 5859/72, faculta ao empregador


doméstico inscrever o empregado no sistema do FGTS e,
consequentemente, do seguro desemprego também. Uma
vez aderido ao sistema, não há como o empregador
retratar-se.

O Decreto 95247/1987 regulamentou as Leis 7418/85 e


7619/87 estendendo o Vale-Transporte à categoria
doméstica (artigo 1, II, Decreto 95247/1987)

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PROIBIÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO PARA


MENORES DE 18 ANOS!

O Decreto n. 6481/2008, que regulamentou os artigos 3,


“d” e 4 da Convenção n. 182 da OIT, incluiu as atividades
domésticas no rol das piores formas de trabalho infantil,
vedando o trabalho no menor em tais condições, salvo se
forem observadas as prescrições contidas no seu artigo 2,
parágrafo 1.

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Decreto 6481/2008:

........................................................................................
Art. 2o Fica proibido o trabalho do menor de dezoito anos nas atividades
descritas na Lista TIP, salvo nas hipóteses previstas neste decreto.
§ 1o A proibição prevista no caput poderá ser elidida:
I - na hipótese de ser o emprego ou trabalho, a partir da idade de dezesseis
anos, autorizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, após consulta às
organizações de empregadores e de trabalhadores interessadas, desde que
fiquem plenamente garantidas a saúde, a segurança e a moral dos
adolescentes; e
II - na hipótese de aceitação de parecer técnico circunstanciado, assinado por
profissional legalmente habilitado em segurança e saúde no trabalho, que
ateste a não exposição a riscos que possam comprometer a saúde, a
segurança e a moral dos adolescentes, depositado na unidade
descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego da circunscrição onde
ocorrerem as referidas atividades.

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DESCONTOS NA REMUNERAÇÃO:

A Lei 11.324/2006, pôs fim a uma prática bastante prejudicial ao


empregado doméstico, que consistia em descontar de sua
remuneração determinados percentuais relativos à moradia,
alimentação, vestuários, ets.., conforme se observa da redação
do artigo 2-A, Lei 5859/72.

“Art. 2-A. É vedado ao empregador doméstico efetuar


descontos no salário do empregado por fornecimento de
alimentação, vestuário, higiene ou moradia.”

Todavia, a Lei 11324/2006, obsta que os valores relativos a


moradia, alimentação, vestuário....incorporem-se à
remuneração do doméstico, seja a que título for.

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DESCONTOS NA REMUNERAÇÃO- EXCEÇÃO:

Entretanto, é possível desconto de moradia, quando esta


for representada por uma unidade diversa daquela onde o
empregado prestar serviço, conforme se observa da
redação do parágrafo 1, artigo 2-A, Lei 5859/72.

“Art. 2-A. parágrafo 1. Poderão ser descontadas com


moradia de que trata o caput deste artigo quando essa se
referir a local diverso da residência em que ocorrer a
prestação de serviço, e desde que essa possibilidade
tenha sido expressamente acordada entre as partes.”
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1ª) (OAB/FGV - 2010.2) Joana foi contratada para trabalhar de segunda a


sábado na residência do Sr. Demétrius, de 70 anos, como sua
acompanhante, recebendo salário mensal. Ao exato término do terceiro
mês de prestação de serviços, o Sr. Demétrius descobre que a Sra.
Joana está grávida, rescindindo a prestação de serviços. Joana,
inconformada, ajuíza ação trabalhista para que lhe seja reconhecida a
condição de empregada doméstica e garantido o seu emprego mediante
reconhecimento da estabilidade provisória pela gestação.
Levando-se em consideração a situação de Joana, assinale a alternativa
correta.
(A) A função de acompanhante é incompatível com o reconhecimento de
vínculo de emprego doméstico.
(B) Joana faz jus ao reconhecimento de vínculo de emprego como empregada
doméstica.
(C) Joana não fará jus à estabilidade gestacional, pois este não é um direito
garantido à categoria dos empregados domésticos.
(D) Joana não fará jus à estabilidade gestacional, pois o contrato de três
meses é automaticamente considerado de experiência para o Direito do
Trabalho e pode ser rescindido ao atingir o seu termo final.

EMPREGADO – AULA 4
DIREITO DO TRABALHO I

2ª) (OAB/CESPE – 2008.1) Constitui direito aplicável à


categoria dos empregados domésticos:
a) o seguro-desemprego, em caso de desemprego
involuntário.
b) o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos.
c) a remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno.
d) o salário-família.

EMPREGADO – AULA 4

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