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na realização dessa prestação.

No contrato de trabalho apresenta-se como devedor da actividade e credor


da retribuição; dito doutro modo, o trabalhador é sujeito passivo na parte que respeita à
sobredita actividade, e sujeito activo no que toca ao pagamento da remuneração. Com base
na Lei do Trabalho, conclui-se que trabalhador é aquele que se obriga a prestar a sua
actividade a outra pessoa (entidade empregadora), sob a autoridade desta mediante
remuneração.1 Em termos juslaboralistas, o conceito de trabalhador é muito restrito: não se
incluem todos aqueles que trabalhem sem estar vinculados por um contrato de trabalho.2

I.1.1.1. Pessoa singular ou colectiva


Discutindo-se na doutrina se o trabalhador deve ser sempre pessoa singular
ou se, pelo contrário, pode ser também pessoa colectiva, adiantam – se os seguintes
argumentos de admissibilidade de o trabalhador dever ser pessoa singular: O contrato de
trabalho tem na sua base uma relação-comunitário - pessoal, estabelecida entre o patrão e
trabalhador (subsiste no contrato de serviço doméstico), que hoje em dia deixou de se
verificar na maioria das relações laborais. Não raras vezes o trabalhador de uma empresa
não sabe para quem trabalha (o patrão). Tratando-se de uma sociedade, é frequente não se
conhecer os sócios. O trabalhador muitas vezes foi contratado por um empregado da
empresa e, por sua vez, esse também o foi por outro trabalhador.

Assim, a subordinação de que se fala hoje já não pode ser vista como
subordinação pessoal; deve ser vista em sentido técnico-jurídico e valerá tanto para
pessoas singulares como para pessoas colectivas. Neste sentido, admitir-se-ia a
possibilidade de pessoas colectivas serem sujeitos passivos do dever de prestar uma
actividade no domínio do Direito do Trabalho. Nada obstaria a que o trabalhador fosse
uma pessoa colectiva, porque esta também pode estar sujeita a uma subordinação técnico-
jurídica.

bem como de qualquer bem que o empregador coloque ao seu serviço: é o


denominado dever de custódia.114 O dever de custódia estende-se, naturalmente, a estes
bens e deve ser observado tanto no local e no tempo de trabalho como fora do local e do
tempo de trabalho. Embora a lei relacione directamente o dever de custódia com o
«trabalho» executado, este dever não está necessariamente ligado ao desenvolvimento da
actividade laborai, uma vez que podem ser (e são, com frequência) confiados ao
1
Cfr. Art. 21 da LT.
2
WATY, Mónica Filipe Nhane, Direito do Trabalho, W & W Editora, Maputo-Moçambique, 2008, p. 39.
trabalhador bens para utilização não apenas profissional como pessoal - assim, um
automóvel de serviço, um computador portátil ou um telemóvel.3

I.2. O Dever de Sigilo Profissional do Trabalhador

Depois de constituída a relação jurídica laboral nos termos referidos na secção


anterior, o Trabalhador encontra-se vinculado a entidade empregadora e em função disso fica
este adstrito a uma serie deveres laborais, que advém da própria Lei do Trabalho ou
do Contrato de Trabalho.

Os deveres laborais do Trabalhador estão previstos no artigo 58º da Lei do


Trabalho, entretanto, dos vários deveres laborais consagrados neste artigo importo para a
presente pesquisa o dever laboral que consta da alínea f), que consagra o Dever de Sigilo
Profissional, ao determinar que, o trabalhador tem por dever "guardar sigilo profissional, não
divulgando, em caso algum, informações referentes à sua organização, métodos de produção
ou negócios da empresa ou estabelecimento".

O dever de sigilo profissional do trabalhador, previsto na alínea f) do artigo


59 da Lei do Trabalho, estabelece essencialmente que o trabalhador não deve divulgar
determinadas informações cujo conhecimento advenha do decurso da relação laboral,
independentemente da veracidade dos factos que as compõem.

Para a melhor compreensão desse dever de sigilo profissional é mister


importante termos em conta a noção de um outro aspecto, o segredo profissional, ou seja,
para conseguirmos entender o dever de sigilo devemos antes conhecer o que é
segredo profissional.

Etimologicamente a palavra segredo tem a sua génese do latim secretum, que


quer dizer, um conhecimento particular não divulgado ao publico, sob reserva, que não se
pretende revelar4. Remete à ideia de separação ou segregação, cuidando-se, nesses termos, de
um saber isolado por obstáculos para que não venha a ser conhecido por outras pessoas.

O nosso legislador não define o termo «segredo profissional», assim como a


maior parte dos outros ordenamento jurídico, facto que leva o autor, Gomez Segade a
afirmar e a advertir que nenhum país chegou a definir, em suas leis, o seu conceito
3
RAMALHO, Maria do Rosário Palma, Ob. Cit., p.426.

4
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro, 2003, Pág. 1262.
de segredo, a despeito de ser termo de manejo recorrente nas diferentes áreas
jurídicas. O que gera alguma dificuldade de se chegar a uma definição satisfatória, lembra o
autor, porém, que o significado comum de segredo é explícito: é aquilo que está reservado e
oculto.

É com base nisso que recorremos a doutrina para nos satisfazer no quesito da
noção de segredo, e com isto, temos autores que tentaram conceituar o termo segredo, como
o, Fekete, que observa o segredo como sendo aquilo que “exprime o que se tem em
conhecimento particular, sob reserva, ou ocultamente. 5 É o que não se deve, não se quer, ou
não se pode revelar, para que não se torne público, ou conhecido.

II. CAPÍTULO: DISCUSSÃO SOBRE OS LIMITES DO DEVER DE SEGREDO


PROFISSIONAL DO TRABALHADOR

3.1. O

5
FEKETE, Elisabeth Kasznar, O Regime Jurídico do Segredo de Indústria e Comércio no Direito Brasileiro,
Forense, Rio de Janeiro, 2003, Pág. 40.

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