Você está na página 1de 14

NUTRIÇÃO ANIMAL

A produção animal, racional e economicamente viável, está baseada em três


aspectos básicos:

GENÉTICA
PRODUÇÃO ANIMAL HIGIENE-MANEJO
ALIMENTAÇÃO

ALIMENTO:

“tudo o que é capaz de reparar a perda das partes sólidas e fluídas de nosso corpo
(corpo animal)” (LÉMERY)

“é uma substancia tomada do meio exterior, necessária à manutenção dos fenômenos


do organismo vivo e a reparação das perdas do mesmo organismo” (CLAUDE
BERNARD)

“tudo o que leva ao organismo a matéria e a energia que lhe são necessárias”
(DASTRE)

“é uma substancia que, consumida por um indivíduo, é capaz de contribuir para


assegurar o ciclo regular de sua vida e a sobrevivência da espécie à qual pertence”
(JACQUOT)

Um alimento deve ter as seguintes características:

 Não possuir substâncias tóxicas


 Ser palatável
 Possuir um teor de nutrientes adequado e equilibrado

Composição Química do Alimento


Nutriente é qualquer elemento ou composto químico necessário para um bom
metabolismo de um organismo vivo.
Os nutrientes resultam da decomposição dos alimentos que ocorre no sistema
digestivo. Os nutrientes passam para a corrente sanguínea através do intestino
delgado.

Determinação da matéria seca:

Com estufa ventilada:

Materiais necessários:

Uma estufa ventilada;


Uma balança graduada em gramas (mínimo de 5g de precisão);
Sacos de papel.

Estufa ventilada a 65°C por 72 horas e depois em estufa a 105°C por 4 horas.

Com forno de microondas:

Materiais necessários:

Um forno microondas;
Uma balança graduada em gramas (mínimo de 5g de precisão);
Pratos de papelão grandes e um copo de vidro (250ml).

Pesar o prato de papelão e anotar o valor;

Colocar cerca de 300g de amostra da planta picada;

Colocar um copo de água quase cheio (3/4) no fundo do forno de microondas para
evitar danos durante o uso do aparelho e diminuir a possibilidade de queima da planta
quando estiver próximo do ponto final da secagem;

Programar o tempo de secagem no forno microondas para 5 minutos em potência


máxima (100%) do aparelho;

Decorrido o tempo de secagem acima retirar o prato, pesar novamente a amostra e


anotar o valor. Revirar o material do prato tomando o cuidado para não perder nada da
amostra;

Voltar o prato ao forno e ajustar o tempo para mais 3 minutos na mesma potência.
Passado o tempo retirar, pesar e anotar novamente;

Continuar este processo, mas com intervalos de 1 minuto de secagem, sempre


revirando a amostra até que o peso seja constante.

Quando o peso se mantiver constante a secagem poderá ser interrompida

Com o peso obtido calcula-se primeiramente a % de umidade da amostra, da seguinte


maneira:

- Peso da amostra úmida (PU) = (Peso do prato(g) + Peso da amostra (g)) - Peso do
prato (g)

- Peso da amostra seca (PS) = (Peso do prato (g) + Peso da amostra seca (g)) – Peso
do prato (g) % de umidade = (PU – PS) / PU x 100

11.Depois de calculado o valor da umidade, determina-se a matéria seca - % de Matéria


Seca = 100 - % de umidade

1. GLICÍDIOS OU CARBOIDRATOS

São substancias orgânicas ternárias compostas de carbono, hidrogênio e oxigênio,


encontrando-se o hidrogênio e o oxigênio nas mesmas proporções que na formação da
molécula de água.
São representados principalmente pelos açúcares, amidos, celuloses, gomas e
substancias afins.
São sintetizados pelos vegetais clorofilianos, a partir do gás carbônico e da água, pela
fotossíntese.

Açúcares e amido => Alto valor energético e fácil digestão


Celulose e glicídios complexos => Digestão mais difícil com maior gasto energético
(exceto ruminantes).

Classificação dos glicídios dos alimentos naturais:

I. OSES (monossacarídeos)

a. Trioses: dioxiacetona, gliceraldeído.


b. Pentoses: Ribose, Xilose, Arabinose, Ramnose e Fucose.
c. Hexoses: Glicose, Manose, galactose e Frutose.

II. OSÍDIOS (polissacarídios)

a. Dissacarídios: duas moléculas de monossacarídeos com a perda de uma


molécula de água => sacarose, lactose, maltose, celobiose.
b. Polissacarídios: são formadas por moléculas de hexoses => rafinose,
amido, inulina, glicogênio, celulose, lignina*

2. LIPÍDIOS

Substâncias insolúveis em água, mas extraíveis por solventes orgânicos, contendo


carbono, hidrogênio e oxigênio com mais carbono e oxigênio do que nos glicídios.
Constituem um grupo muito complexo.

Classificação dos lipídios dos alimentos naturais:

I. Lipídios Simples

a) Glicerídios: ésteres dos ácidos graxos e do glicerol => gorduras neutras.


b) Cerídios: ésteres de ácidos graxos e álcoois superiores (ceras).
c) Esterídios: ésteres de esteróis.

II. Lipídios Complexos

a) Fosfolipídios: lecitina, cefalina, esfingomielina.


b) Glicolipídios: ácidos graxos + glicídios.
c) Cerebrosídios.

III. Derivados Lipídicos

- substâncias obtidas por hidrólise dos elementos acima.


- pela saponificação das graxas naturais obtém-se, de um lado, ácidos graxos sob a
forma de sabões; de outra parte um resíduo complexo insaponificável.
Ácidos Graxos: compostos monobásicos e alifáticos; diferem-se entre si pelo número
de átomos de carbono e ligações etilênicas (duplas ligações).
1. Ácidos Graxos Voláteis: (C2 a C10) – solúveis em água, diminuindo a
solubilidade à medida que a cadeia de alonga. Presentes na silagem e são
produto final da fermentação de celulose.
2. Ácidos Graxos Verdadeiros: (acima de C10) – insolúveis na água e solúveis
nos solventes orgânicos.

Insaponificáveis e Esteróis: São álcoois de peso molecular elevado. Ex.: Colesterol


(precursor de ácidos biliares, hormônios sexuais, etc).

Lipídios Simples: Triglicerídios ou Triésteres de Glicerol. Fórmula geral = R-COOH

Lipídios Complexos:

- Fosfolipídios: dão por hidrólise de ácidos graxos e ácido fosfórico. Formam


parte vital do protoplasma vivo.
- Lecitinas: encontradas no meio vegetal (soja, linho, etc) e animal (ovo).
Agente emulsificante, tem como base a Colina;
- Cefalinas: encontradas em todos os tecidos tendo como base a
etanolamina;
- Esfingomielinas: diálcool aminado. Encontra-se no cérebro e em
pequenas quantidades no fígado e rins.

3. PROTEÍNAS

Compostos orgânicos extremamente complexos, de natureza coloidal, formados


fundamentalmente por C, H, O e N. Contém ainda S, P, Cu, etc. Teor médio de N =
16%.

Aminoácidos:

Composto orgânico contendo grupo ácido (carboxílico) e amínico.


Primeiro aminoácido isolado: Cistina (1810).
São classificados em:
Cíclicos = fenilalanina, tirosina, prolina, hidroxiprolia, histidina, triptofano,
Não cíclicos = glicocola, alanina, serina, treonina, valina, leucina, isoleucina,
ornitina, citrulina, arginina, lisina, cisteína, metionina, ácido aspártico e ácido
glutâmico.

Peptídios:

São o resultado da ligação de diversos aminoácidos cujo número permite classifica-los


em oligipeptídios e polipeptídios.
Dois aminoácidos podem-se unir pela combinação do radical básico de um com o
redical ácido de outro. Esta ligação chama-se ligação peptídica (CO-NH)

Classificação das proteínas:

I. HOLOPROTEÍNAS (proteínas verdadeiras)

a) Protaminas: solúveis em água, de caráter básico, ricas em bases


hexônicas, ou seja, em arginina, lisina e histidina, não contendo enxofre,
nem ácidos aminados aromáticos. Encontram-se nos núcleos celulares
do esperma.
b) Histonas: solúveis em água, não se coagulam pelo calor. De caráter
básico. Contém enxofre e tirosina. Entram na composição da
hemoglobina.
c) Prolaminas: Insolúveis em água, ricas em prolinas e ácido glutâmico,
não contém lisina nem triptofano. De origem vegetal.
d) Glutelinas: Simples e solúveis na água pura e no álcool. De origem
vegetal.
e) Albuminas: Solúveis em água e insolúveis em álcool.
Ex.:Lactoalbuminas e ovoalbuminas.
f) Globulinas: Insolúveis em água pura, mas solúveis em soluções salinas
diluídas. Peso molecular elevado. Ex.: Soroglobulinas, ovoglobulinas e
lactoglobulinas.
g) Escleroproteínas: Insolúveis em água fria e resistentes aos álcalis e
enzimas. São as proteínas dos tecidos de sustentação: queratinas,
colágeno.

II. HETEROPROTEÍNAS

a) Mucoproteínas
b) Glicoproteínas
c) Fosfoproteínas/Lipoproteínas
d) Cromoproteína
e) Nucleoproteínas

4. VITAMINAS

São substancias de natureza orgânica, facilmente destruídas pelos agentes físicos


ou químicos, que o organismo animal não pode elaborar e são indispensáveis para a
vida dos seres superiores. Sua ação é específica e a quantidade diária necessária
muito pequena. Sua ação é catalítica dos processos celulares.

Classificação das vitaminas:

I. Lipossolúveis: solúveis em lipídios e extraíveis por solventes orgânicos – vitaminas


A (retinol), D(calciferol), E(tocoferól) e K(quinonas).
II. Hidrossolúveis: complexo B (tiamina, riboflavina, nicotinamida, ácido pantotênico,
pirodoxina, biotina, ácido fólico, cobalamina e colina) e a vitamina C (ácido
ascórbico).

5. MINERAIS

Teor de cinzas no corpo animal: 2 a 5%. Nas cinzas existem pelo menos 36 elementos
minerais, destes 25 podem ser considerados essenciais.
93,70% dos minerais são representados pelo oxigênio, carbono e hidrogênio; 6,15%
pelo nitrogênio, potássio, cloro, sódio, fósforo, cálcio, enxofre e magnésio. Os restantes
0,15% pelos minerais restantes.

Classificação dos minerais:

I. Macroelementos: cálcio, fósforo, sódio, cloro, potássio, magnésio e enxofre;


II. Microelementos: ferro, iodo, cobre, flúor, manganês, molibdênio, zinco, cobalto,
selênio, cromo, estanho, níquel, vanádio e silício.

Funções:

 Função energética: transferência de energia ligadas ao metabolismo celular, caso


do fósforo;
 Função plástica: constituintes fundamentais do protoplasma e das estruturas;
tecido ósseo (Ca, P e Mg).
 Papel funcional: participam na constituição das enzimas, das vitaminas, das
secreções, dos hormônios e fazem o papel de transportadores.

Principais minerais:

Cloreto de Sódio/HCl (sal comum)


A relação Na+K/Ca+Mg é essencial para o funcionamento do músculo cardíaco,
trabalha no equilíbrio da pressão osmótica e no equilíbrio ácido-básico.
Necessidade de Sódio na matéria seca:
 Bovinos de corte: 0,18% de sódio ou 0,25% de sal comum
 Vacas leiteiras: 0,45% de sal (7g de Na para manutenção e 0,5g de Na por kg de
leite produzido).
 Eqüinos: 2g de sal por cada 100kg de peso vivo.
 Suínos: 9g de sla por 100 kg de peso vivo.
 Aves: 0,25 a 0,35% de sal na MS.

Potássio

Tem as funções comuns ao cloreto de sódio, além de estar relacionado nas células a
glicólise, formação do glicogênio e na síntese e utilização das proteínas.
Necessidades de potássio:
 Herbívoros: geralmente é suprido na alimentação.
 Suínos: 0,15 a 0,28% na MS.
 Aves: 0,16 a 0,2 na MS.

Fósforo

Tem as seguintes funções no organismo animal:

Construção do esqueleto; gera energia para as funções do organismo e para a


construção dos músculos; é necessário para a absorção, movimentação, deposição e
utilização das gorduras; é essencial para a absorção e utilização dos glicídios; participa
do metabolismo das proteínas e de outros minerais; é constituinte dos ácidos nucléicos
(DNA e RNA); faz parte das produções animais (carne, leite, ovos); importante nas
fases da reprodução e essencial para o metabolismo e desenvolvimento da flora do
rúmen.
Necessidades de fósforo:
 Bovinos: cerca de 3g/dia ou 0,3% da ração. Relação cálcio-fósforo = 2:1.
 Eqüinos: cerca de 30 mg/kg PV ou 0,25% da ração. Relação cálcio-fósforo =
1,1:1.
 Suínos: 0,40 a 0,60% da ração. Relação cálcio-fósforo = 1,33 a 1,67:1.
 Aves: 0,60% da ração. Relação cálcio-fósforo = 1,2 a 1,5:1.

Cálcio

É o elemento mineral mais abundante encontrado no organismo animal, sendo 90%


encontrado no esqueleto. Tem as seguintes funções: formação do tecido ósseo-
ossificação; mantém a permeabilidade normal das células; indispensável pela
coagulação do sangue; regula a contração do sangue e regula a excitabilidade
neuromuscular.
Necessidade de cálcio:
 Bovinos de corte: 0,25% da ração.
 Vacas de leite: 4,0g/100 kg.PV + 2,7g litro de leite.
 Eqüinos: 0,6 a 0,8% na ração.
 Suínos: 0,6% a 0,9% da ração.
 Aves: 1 % da ração.

Magnésio

Representa 0,05% do peso do corpo. Está relacionado com o trabalho muscular e


nervoso, atua na síntese de proteínas, na utilização da glicose, é ativador de diversas
enzimas. Está relacionado com o sistema cardiovascular, com o metabolismo dos
glicídios, dos lipídios e das proteínas, com a estrutura óssea, com a função das células
nervosa, além de ser necessário para o crescimento, desenvolvimento e produção dos
animais.
6. ÁGUA

É o constituinte mais abundante do organismo animal, com teor de 65 a 70%. È um


excelente solvente, tem alta constante dielétrica, baixa viscosidade e uma apropriada
tensão superficial, o que permite a solubilização e o transporte no organismo de
aminoácidos, glicose, vitaminas hidrossolúveis, íons minerais e produtos do
metabolismo.
Tem a capacidade de absorver uma enorme quantidade de calor e transporta-lo
facilitando o mecanismo de termoregulação.
Tem a função também de proteção mecânica dos órgãos delicados.
Intervém na audição e visão.
Está quimicamente envolvida no processo de digestão.

Necessidades de água:

 Bovinos de corte: mínimo 45 litros/dia.


 Vacas leiteiras: entre 40 e 65 litros/dia, podendo chegar a 140 litros/dia.
 Ovinos: 3,5 a 4 litros/dia.
 Eqüinos: 30 a 45 litros/dia, podendo chegar a 80 kg de água.
 Suínos: até 30 litros/dia.
 Coelhos: 0,25 a 0,75 litros/dia.
 Aves: inicia com 15 a 35g/dia até 150 a 250 g/dia conforme a idade e categoria.

CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS

1. ALIMENTOS VOLUMOSOS

- Engloba todos os alimentos de baixo valor energético por unidade de peso,


principalmente pelo seu elevado teor de fibra bruta ou água.
- Possuem mais de 18% de fibra bruta.
- Ex.: fenos, palhas, cascas de sementes, silagens, pastagens, raízes e tubérculos, etc.
- Utilizado principalmente para ruminantes.

2. ALIMENTOS CONCENTRADOS

- São todos os alimentos que contém alto teor de energia utilizável por unidade de peso,
graças a um elevado teor de amido, gorduras e um baixo de fibra bruta.
- Utilizado principalmente para monogástricos.

 Alimentos básicos: menos de 20% de PB. Compreendem principalmente os


grãos dos cereais.
 Concentrados protéicos: mais de 20% de PB.

DIGESTÃO

Conceito: conjunto de processos que sofrem os alimentos desde a ingestão,


transformações ao longo do tubo digestivo e eliminação dos resíduos não absorvidos.

Tipos de aparelho digestivo:

a) Herbívoros de estomago composto (ruminantes);


b) Herbívoros de estomago simples (eqüinos);
c) Carnívoros;
d) Onívoros;
e) Aves.

Processos físicos da digestão:

Apreensão => mastigação => deglutição


Aspectos gerais da digestão:

 Saliva – secreção mista formada pelos produtos das glândulas parótidas,


submaxilares, sublinguais e bucais. Tem função mecânica, fornecendo água e
mucina para formação do bolo alimentar. É incolor, viscosa ou aquosa, seu pH varia
de 6,5 a 7,3, constituída de uréia, amônia, sais inorgânicos de Na, PO4, Cl, K, Ca e
SO4, além de água e mucina. Nos ruminantes tem função de meio de transporte e
grande capacidade tampão com teores altos de Na 2H3PO4. Ruminantes secretam de
50 a 150 litros por dia de saliva, proporcionando pH ideal para os microorganismos.
Enzima presente: amilase salivar ou ptialina que age sobre o amido dando maltose.

 Suco gástrico – secretado pela mucosa do estomago. É constituído por:

HCl: secretado por glândulas parietais, tem concentração variável conforme o tipo de
alimento e quantidade de saliva. Age na solubilização de minerais e ativação da
pepsina, exercendo ainda ação antisséptica sobre os microorganismos ingeridos
acidentalmente com os alimentos.
Mucina: bastante viscosa, aderindo ao epitélio dos alimentos. Tem papel protetor do
epitélio gástrico, absorvendo a pepsina e neutralizando o HCl.
Pepsina: secretada na forma não ativa de pepsinogênio pelas células pépticas. È
ativada pelo HCl e também pela própria pepsina. Seu pH ótimo de ação é de 1,5 a 2,5.
degrada proteínas a polipeptídios.
Lípase gástrica: hidrolisa apenas gorduras de baixo ponto de fusão e já emulsionadas.
Renina: é secretada inativa, sendo ativada pelo HCl. É abundante no suco digestivo
dos ruminantes lactentes, tendo ação proteolítica sobre a caseína (proteína do leite).
Suco pancreático: é secretado por estímulo nervoso e humoral (secretina) e é
responsável pela presença de quase todas as enzimas necessárias para a degradação
completa dos alimentos, dentre elas:
enzimas proteolíticas: secretadas inativas na forma de tripsinogênio,
quimiotripsinogênuo e procarboxipeptidase e são ativadas em tripsina, quimiotripsina
e carboxipeptidase.
tripsina: faz hidrólise de praticamente todos os tipos de proteínas, resultando em
polipeptídios e alguns aminoácidos.
quimiotripsina: ação semelhante àquela da tripsina e atua na coagulação do leite.
carboxipeptidase: ataca a ligação peptídica do aminoácido terminal com a
carboxila livre.
amilase pancreática: ação semelhante à amilase salivar, sendo, entretanto, muito
mais ativa. Desdobra o amido em maltose.
lípase pancreática: atua sobre os lipídios desdobrando-os a di-monoglicerídios ou
então a ácidos graxos e álcoois que são absorvidos.
suco entérico: líquido voscoso, turvo e ou amarelado, com alto teor de muco
constituído pela mistura de suco duodenal e suco intestinal.
suco duodenal: secretado pelas glândulas de Brünner, localizadas no duodeno. È
um líquido transparente, incolor, rico em mucina, viscoso. Possui como enzima a
enteroquinase e uma amilase.
suco intestinal: secretado pelas glândulas de Liberkün, é um líquido aquoso,
amarelaso, claro, contendo mucina, diversas enzimas (maltas, lípase, fosfatases,
nuleotidades), lipídios, colesterol, uréia e outros. Sua secreção resulta da
estimulação exercida pelas substâncias alimentares e de uma ação humoral. É
inativo para as proteínas agindo apenas sobre os polipeptídios. As peptidases
encontradas são de dois tipos:
aminopeptidases: atuam sobre ligações peptídicas terminais onde os amino
grupos estão livres.
tripeptidases e dipeptidases: atuam nas ligações peptídicas dos tri e
dipeptídios, liberando os seus aminoácidos componentes.
O suco intestinal atua ainda sobre os ácidos nucléicos liberados das nucleoproteínas
pelo suco pancreático. Esta ação é realizada pelas nucleotidases:
maltase => desdobra a molécula de maltose dando duas de glicose.
sacarase => atua sobre a sacarose desdobrando-a em glicose e frutose.
lípase => desdobra 2 a 5% dos lipídios ingeridos.
Bile: líquido límpido, de sabor amargo, reação alcalina (pH 8,0), de coloração amarelo-
esverdeada. Composição variável, podendo ser vesicular ou hepática. Principais
constituintes: água, pigmentos biliares (biliverdina e seu produto de redução a
bilirrubina), sais biliares, colesterol, lecitina e mucina. Atua na digestão, absorção e
funciona ainda como via de excreção para substancias como pigmentos biliares,
resultantes do catabolismo da hemoglobina. Não contém enzimas. Ativa a lípase
pancreática e aumentam a solubilidade dos ácidos graxos em água. Neutraliza o quimo
gástrico, estimula ligeiramente o peristaltismo e, pelo seu pH, tem ação antisséptica.

Digestão no intestino grosso:

O intestino grosso possui uma população microbiana, em composição e quantidade


variável, conforme a espécie animal. Nele ocorre a degradação da celulose e das
proteínas que escapam da digestão nas porções anteriores. As vitaminas do complexo
B e a vitamina K são sintetizadas no intestino grosso, mas não satisfazem as exigências
do indivíduo, devendo ser suplementadas. Produtos da atividade dos microorganismos:
aminoácidos, ácidos graxos voláteis, fenol, amônia, aminas, diversos gases como
sulfídrico, metano, hidrogênio e outros. A absorção ocorre, mas é pequena.

Processo digestivo nos eqüinos:

- é semelhante aos onívoros, seguindo de uma digestão microbiana no intestino grosso.


- apreensão dos alimentos auxiliada pelos lábios.
- secreção salivar apenas para auxiliar a deglutição que é irreversível.
- estomago pequeno, onde o alimento ingerido estimula a passagem dos alimentosdo
estomago para o intestino. Digestão menos eficaz que nos onívoros e carnívoros devido
a passagem rápida e pH mais alto.
- digestão no ID é basicamente enzimática, não ocorrendo alteração na celulose da
dieta.
- lipídios são bem mais tolerados pelos eqüinos que pelos ruminantes e são absorvidos
no ID.
- os lipídios da dieta podem influir no tipo de gordura corporal do animal.
- a digestão e absorção das proteínas ocorrem principalmente no ID, sendo em 10 a
100 vezes mais eficazes do que aquela que ocorre no IG.
- os minerais e as vitaminas são absorvidas na sua maior parte no ID.
- o bolo alimentar fica no IG por cerca de 24 horas; os microorganismos são
semelhantes àqueles do rúmen, sendo em maior quantidade no ceco.
-os glicídios são digeridos e absorvidos principalmente do ID, chegando apenas 30% no
IG, na maior parte do tipo fibroso.
- no ceco ocorre produção de AGV predominando o acético (70%), propiônico (20%) e
butírico (10%) na dieta normal. Com aumento de glicídios solúveis na dieta essa
proporção é alterada, aumentando a quantidade de ácido propiônico. Os AGV são
facilmente absorvidos. A falta de celulose na dieta altera o transito intestinal, com
permanência exessiva do bolo alimentar no ceco e cólon, com produção de gás em
grande quantidade e aminas tóxicas.
SISTEMA DIGESTIVO DO CAVALO

Processo digestivo nas aves:

- a apreensão é influenciada pela visão e sensações táteis do bico, sendo o olfato e


gustação pouco desenvolvidos.
- o papel da saliva é fraco favorecendo apenas o transito do alimento.
- a deglutição é mecânica.
- papo ou inglúvio => fica na terminação do esôfago e tem como função armazenar,
embeber e homogeneizar o alimento.
- o estômago possui duas partes, uma glandular e outra mecânica. A glandular ou
proventrículo possui mucosa rica em glândulas que secretam suco gástrico. Seu volume
é pequeno e o alimento permanece pouco tempo nele, apenas se embebendo em seu
suco. A parte muscular chama-se moela, onde permite a ação dos sucos gástricos
secretados anteriormente e possui ação mecânica esmagando os alimentos.
- o intestino lembra o dos mamíferos, sendo os demais sucos digestivos semelhantes.
- na parte terminal ocorrem dois sacos: os cecos, cuja função principal é a absorção de
água.

Processo digestivo nos ruminantes:

- a mastigação compreende a mastigação propriamente dita e a mastigação do bolo


regurgitado que é mais lenta.
- o estômago é multicavitário e bastante diferenciado, distinguindo-se em quatro partes:
rúmen, retículo, omaso e abomaso.
- rúmen e retículo => digestão microbiana
- omaso => absorção de água
- abomaso => estômago verdadeiro, digestão química, suco gástrico.
SISTEMA DIGESTIVO DO BOVINO

Rúmen – possui uma população microbiana formada por bactérias e protozoários que
são responsáveis pela fermentação dos carboidratos. A concentração de oxigênio no
rúmen é baixa, sendo a fermentação anaeróbia, com a formação de ácido acético,
propiônico e butírico em maior quantidade. Há pequena produção de ácidos valérico e
isovalérico. Produzem também metano, hidrogênio, gás sulfídrico e monóxido de
carbono. pH oscila entre 5,5 e 7,0. A saliva atua como solução tampão, mantendo o pH
estável. Temperatura varia de 38 a 42 °C facilitando o processo fermentativo. O teor de
umidade do conteúdo varia entre 85 e 90%. Os açúcares são fermentados no rúmen,
sendo sua absorção no intestino praticamente nula.

Microorganismos

Protozoários – flagelados e ciliados. Absorvem açúcares e glicose. Utilizam bactérias


como fonte de proteína, bem como proteínas dos alimentos e NNP. Ex.:
Monocermonas bovis, Tetratrichomonas nominis, Isotrichia intestinalis,
Oligotrichia, etc.
Bactérias – na maioria anaeróbias e mais tolerantes a variações no pH. Fazem
principalmente a digestão enzimática dos glicídios, compostos nitrogenados e, em
menor escala, dos lipídios. Sintetizam vitaminas, principalmente as do complexo B e a
vitamina K. Sintetizam aminoácidos a partir de quase todas as fontes de nitrogênio. São
classificadas de acordo com o substrato no qual elas atuam. Ex.: Ruminococcus
flavefaciens, Streptococcus bovis, Lactobacillus lactis, Methanobacterium
ruminantium, etc.

Digestão dos glicídios no rúmen:

Os principais produtos da fermentação ruminal são as proteínas microbianas e os


ácidos graxos voláteis (AGV`s) com proporção média de: ácidos acético (70%),
propiônico (20%) e butírico (10%).
Dietas que produzem alto teor de ácido acético (mais fibrosa), tendem a aumentar o
teor de gordura no leite em vacas.
Dietas que produzem alto teor de ácido propiônico (alto teor de amido) são
recomendadas para animais de crescimento e engorda.
O ácido propiônico é o maior responsável pela formação da glicose podendo chegar a
54 % da glicose formada.
Certos aminoácidos também podem servir como fontes de glicose, sendo 8 a 24% da
glicose do corpo animal originária dos aminoácidos.
A energia fornecida pelos glicídios, uma vez degradados no rúmen, pode apresentar
perdas, principalmente pelos gazes, onde 6 a 8% da energia bruta ingerida é perdida na
forma de metano.

Digestão das proteínas no rúmen:

O organismo do ruminante necessita de aminoácidos essenciais, que são


absorvidos no intestino delgado. Esses aminoácidos provem de duas fontes: proteína
microbiana produzida no rúmen e proteína do alimento não degradada no rúmen
(PNDR). A população microbiana produz enzimas que fazem proteólise e desaminação.
A proteína microbiana é de boa qualidade fornecendo os aminoácidos necessários para
manutenção e produção de bovinos. Em animais de alta produção, como vacas
leiteiras, é necessário por vezes fornecer alimento com aminoácidos de valor biológico
maior. Para que esses aminoácidos possam ser absorvidos pelo intestino devem passar
intactos pelo trato digestivo e para isso a proteína deve sofrer um tratamento físico
(calor) ou químico (tanino e formaldeído) que preserve a proteína.

Digestão dos lipídios:

Os lipídios no rúmen são degradados dando origem a ácidos graxos e glicerol. O


ruminante recebe principalmente ácido graxo não saturado na dieta que por
hidrogenação de sua ligação dupla vai a ácido graxo saturado, dando gorduras sólidas.
O local de transformação dos lipídios é o fígado e o local de reserva é o tecido adiposo.
No organismo animal pode ser classificado em dois grupos: os que fazem parte da
constituição das membranas celulares, estruturas celulares e do sistema nervoso
(mielinas) e os que são representados pelas gorduras de reserva.
Os lipídios têm grande quantidade de energia e alta digestibilidade. São
utilizados para equilibrar a energia da dieta. As aves podem receber alimentação cuja
energia provém em até 33% da gordura. As gorduras são indicadas para rações
fornecidas em clima quente, pois têm baixo incremento calórico. Suínos têm menor
tolerância nos níveis de gordura na ração devido a distúrbios digestivos. Para bovinos
não é usual a suplementação de gordura na ração.
Os lipídios têm a função também de possibilitar a absorção de vitaminas
lipossolúveis (A, D, E e K) e função de esteróide (síntese de gorduras, permeabilidade
das membranas celulares e síntese de hormônios esteróides).
Apesar da maior parte da alimentação do ruminante ser celulose, esta é transformada
em ácidos graxos voláteis, ou seja, nutrientes lipídicos, que são absorvidos pelo
organismo.
As gorduras formadas no organismo animal têm três origens: através dos lipídios
propriamente ditos, através dos glicídios e através das proteínas. A fonte mais
importante de formação de gorduras é aquela constituída pelos glicídios, pois sendo
esta, quantitativamente a maior fonte de alimento, o organismo tem que transforma-lo
em lipídio devido à capacidade limitada de armazená-lo em forma de glicogênio.
A proteína excedente no organismo também pode ser convertida em glicídio e
depois em lipídio para ser armazenada. A gordura armazenada pelo organismo,
formada pelos próprios lipídios conservam as características próprias dos lipídios que
as formam: cor, odor e sabor.
A ração com contendo 2,5 a 3,0% de gordura (EE) fornece taxa suficiente de
ácidos graxos essenciais. O ácido graxo estritamente essencial é o linoleico que pode
formar o araquidônico, outro também essencial.

Metabolismo dos lipídios nos ruminantes:

Quantitativamente a maior parte da alimentação dos ruminantes é a celulose,


entretanto pela ação dos microorganismos do rúmen, ela é transformada em ácidos
graxos voláteis. Nos outros mamíferos a síntese de gordura do leite na glândula
mamária é realizada através da glicose, entretanto nos ruminantes é realizada através
do ácido acético, predominante em dietas fibrosas.
A melhor fonte de glicose para o ruminante é o ácido propiônico.

Vitaminas e minerais no rúmen:

A síntese de vitaminas é realizada pelos microorganismos, entretanto as


vitaminas A e E não são sintetizadas no rúmen, devendo ser fornecidas na dieta
Os minerais são dados para suprir as necessidades do ruminante, mas também para
atender às necessidades dos microorganismos através de:
- efeito tamponante;
- manutenção do potencial de oxiredução;
- manutenção da pressão osmótica;
- favorecem a multiplicação dos microorganismos.

Glicídios na nutrição animal

A absorção dos glicídios ocorre por dois processos: pela simples difusão na
corrente circulatória (mono e dissacarídeos) e pela fosforilação no qual há passagem do
açúcar na parede intestinal. Quando o composto atinge a corrente sanguínea o fosfato
libera o açúcar. A glicose é a única fonte de energia para o cérebro e o sistema
nervoso. A taxa de glicose no sangue, a glicemia, varia muito entre as espécies
animais. A glicemia é bastante baixa nos ruminantes devido a forma circulante de
glicídios na corrente sanguínea ser realizada através dos AGV´s.
Quando o organismo recebe quantidades abundantes de glicídios ele estoca na
forma de glicogênio, o qual é devolvido progressivamente na corrente sanguínea. O
glicogênio é a única forma de reserva glicídica dos animais. Ele é sintetizado através de
uma série de processos enzimáticos e pode ser feita através da glicose (glicogênese),
através de outras hexoses (frutose e galactose), dos aminoácidos e mesmo dos lipídios
(neoglicogênese).
A glicogênese ocorre no fígado onde o glicogênio é estocado. Os músculos
também estocam glicogênio que são utilizados por ele mesmo. Os músculos não
podem fornecer glicose ao sangue. O fígado representa reserva geral, o músculo
reserva local. No fígado o glicogênio pode ser degradado em glicose para fonte
energética (degradação oxidativa), já no músculo o glicogênio o glicogênio não forma
glicose e sim ácido lático na degradação anaeróbica.

Após a digestão, os glicídios desempenham as seguintes funções:


1. energética (maior fonte de energia da dieta);
2. metabolismo da gorduras;
3. formação das gorduras de reserva, da lactose do leite e dos lipídios das
produções;
4. desintoxicação;
5. economia das proteínas;
6. lastro;
7. funções particulares de diferentes glicídios.

Hipoglicemia: queda da glicemia, causando sintomas como prostação, apatia,


secreção salivar abundante e fome intensa. A respiração fica acelerada e aparece
estado convulsivo, sobrevindo a seguir a coma e a morte em hipotermia. A célula
nervosa, privada de glicose, perderia sua capacidade de utilizar oxigênio, caindo em
anoxia.
Hiperglicemia: aumento da glicemia, que pode causar aparecimento de glicose na
urina, mas não tem sinais clínicos bem definidos.

Proteínas na nutrição animal

Plasma: sua composição protéica é relativamente estável e são representadas


pelas albuminas, alfa, beta e gama-globulinas e o fibrinogênio. Além dessas proteínas o
plasma contém outros compostos nitrogenados como uréia, creatinina, amoníaco,
aminoácidos livres, ácido úrico, etc, que são provenientes do catabolismo protéico.
Eritrócitos: os glóbulos vermelhos contêm hemoglobina, que é uma
cromoproteína e possuem ainda uma fosfoproteína.
Proteínas musculares: as proteínas constituem a principal substancia orgânica
do músculo, participando na forma extra e intracelular. A proporção relativa entre as
proteínas extra e intra-celular representa fator importante na qualidade organoléptica e
nutricional da carne. Extracelulares: mioglobina (pigmento vermelho) e tecido
conjuntivo, composto por colágeno e elastina. Intracelulares: miosina (35% da proteína
muscular), miogênio (30%) e uma globulina (20%). A abundancia de tecido conjuntivo
esta associado com a dureza das carnes. Possui pequenas quantidades de
aminoácidos livres e combinados.
Proteínas funcionais: são todas as substancias nitrogenadas tais como
enzimas, hormônios, anticorpos e antitoxinas, que o organismo elabora para o seu
funcionamento e defesa.
Proteínas das produções:
 proteínas do leite (caseína, alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina,
seroalbumina do sangue, etc): O leite de ruminantes é mais rico em caseína,
enquanto que de outras espécies é mais rico em albuminas e globulinas.
Após a coagulação do leite e a retirada do coágulo, formado pela precipitação
da caseína, sobra o lacto-soro que é constituído de lactoalbumina e
lactoglobulina. As proteínas do soro têm atividade biológica própria, como as
imunoglobulinas abundantes no colostro.
 Proteínas do ovo: as proteínas do ovo repartem-se na proporção de 44% na
gema, 50% na clara e o restante entre a membrana e a casca. Dividem-se em
proteínas simples que predominam na clara (ovoalbumina, avoglobilina,
ovomucina, ovomucóide e avidina) e as proteínas conjugadas da gema
(ovovitelina e ovolivetina).
Os ruminantes necessitam receber uma quantidade adequada de proteína na
ração, mas não apresentam nenhuma exigência quanto à qualidade das mesmas, ou
seja, na sua composição de aminoácidos. Com respeito aos monogástricos, tanto a
quantidade quanto a qualidade das proteínas da dieta são de fundamental importância.
Os monogástricos não conseguem sintetizar determinados aminoácidos, devendo
recebê-los na dieta.
Dietas com excesso de proteínas não são indicadas para ambientes com
temperaturas elevadas devido à desaminação que leva a um incremento calórico,
induzindo a um gasto maior de energia para manter a homeostasia térmica.
Aminoácidos essenciais são aqueles que o organismo não á capaz de elaborar
em quantidade e tempo suficiente para garantir um desenvolvimento rápido ou uma
produção abundante. As exigências de aminoácidos diferem de acordo com a espécie e
também com a função orgânica.
AA essenciais para aves, cães, suínos e ratos: lisina, triptofano, histidina, leucina,
valina, fenilalanina, tronina, metionina, isoleucina e arginina. Parta aves em
crescimento, a glicina, o ácido glutâmico e a prolina

Você também pode gostar