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PROPOSTA DE REDAÇÃO

PROPOSTA 5

TEXTO 1

Nesta terça-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que facilita a posse
de armas de fogo. A autorização de posse permite manter uma arma dentro de casa.
Cumpridos os requisitos de “efetiva necessidade”, cidadãos da zona rural e urbana em todo
o país poderão ter até quatro armas cada um. Nas residências onde há crianças,
adolescentes ou pessoas com deficiência mental, é preciso comprovar existência de cofre
ou local seguro para armazenamento.

“A gente vê criança pequena botar o dedo dentro do liquidificador e ligar o liquidificador e


perder o dedinho. Então, nós vamos proibir os liquidificadores? Não. É uma questão de
educação, é uma questão de orientação. No caso da arma, é a mesma coisa.

Então, a gente colocou isso [a exigência de cofre] para mais uma vez alertar e proteger as
crianças e os adolescentes”, afirmou o ministro Onyx Lorenzoni.

A respeito da necessidade do cofre em casa, Onyx explicou que um “compartimento com


tranca” também será considerado seguro para guardar a arma. Questionado se a Polícia
Federal terá de acreditar na “boa-fé” do cidadão, o ministro disse que sim. [...]

Onyx ainda afirmou que a Polícia Federal será “obrigada” a acreditar na declaração do
cidadão que informar que tem cofre ou local seguro para guardar a arma. De acordo com o
ministro, a Polícia Federal não tem efetivo para “ir na casa de todo mundo” realizar a
fiscalização.

MAZUZI, Guilherme; BARBIÉRI, Luiz Felipe. Arma em casa é risco para criança tanto quanto liquidificador, compara Onyx. G1.
Adaptado.Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/arma-em-casa-e-risco-para-crianca-tanto-quanto-liquidificador-
compara-onyx.ghtml, acesso 9 de mar de 2019

TEXTO 2

Qual a principal mudança trazida pelo decreto? O Estatuto do Desarmamento estabelece que é preciso
comprovar a efetiva necessidade da arma para que a posse seja autorizada. Antes, cabia à Polícia Federal
avaliar se o requerente do registro realmente tinha necessidade de ter uma arma. Agora, o governo federal
estabeleceu o que é considerado necessidade efetiva e cita uma lista de categorias. Vale destacar duas
delas, que incluem basicamente todos os brasileiros: (i) residentes de áreas urbanas de estados com índice
de homicídios maior que 10 por 100 mil habitantes no Atlas da Violência de 2018 (que traz dados de 2016).
A unidade da Federação com menor taxa é São Paulo (10,9), mas ainda assim é superior ao limite
estabelecido pelo decreto; (ii) residentes de áreas rurais.

Isso significa que qualquer um pode ter uma arma? Não. Ainda é preciso cumprir os requisitos estabelecidos
no Estatuto do Desarmamento: ser maior de 25 anos, ter ocupação lícita e residência certa, não ter sido
condenado ou responder a inquérito ou processo criminal e comprovar a capacidade técnica e psicológica
para o uso do equipamento.

O tempo de revisão da autorização da posse mudou? Sim. Antes, era preciso renovar a posse a cada cinco
anos. Agora, será necessário fazer isso a cada dez anos. Quem já tem arma regularizada antes do decreto
só precisará renová-la daqui a 10 anos. No momento da renovação da licença é preciso comprovar
novamente não ter antecedentes criminais, ter residência certa, ter ocupação lícita e aptidão psicológica
para ter uma arma.
Há alguma medida de segurança que deve ser adotada por quem quer ter uma arma? Agora, é preciso apresentar
declaração de que a residência possui cofre ou local seguro com tranca, mas isso só é necessário para quem quer guardar
a arma em casa e mora com crianças, adolescentes ou pessoa com deficiência mental. Também vale destacar que o texto
fala em “declaração”, e não em “prova”, e não há nenhuma menção à fiscalização das residências para verificar se isso
está sendo cumprido — embora isso possa acontecer caso haja suspeita de que a informação prestada é falsa. Para
guardar a arma em local de trabalho não é necessário cofre.

FARIA, Flávia; MATTOSO, Camila. Entenda o que muda com decreto de Bolsonaro sobre armas. Folha de S.Paulo. Adaptado. Disponível em:

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/01/entenda-o-que-muda-com-decreto-de-bolsonaro-sobre-armas.shtml. Acesso em: 22 jan. 2019.

TEXTO 3

TEXTO 4

Políticos, especialistas e entidades se manifestaram a favor e contra o decreto que facilita a


posse de armas assinado nesta terça-feira (15) pelo presidente Jair Bolsonaro. O direito à
posse é a autorização para manter uma arma de fogo em casa ou no local de trabalho (desde
que o dono da arma seja o responsável legal pelo estabelecimento). Para andar com a arma
na rua, é preciso ter direito ao porte, cujas regras são mais rigorosas e não foram tratadas
no decreto. Veja, abaixo, o que disseram políticos, entidades e pesquisadores:

Alberto Fraga (DEM-DF), deputado — “Nós temos três requisitos impeditivos, que são o
curso de tiro, não ter antecedentes criminais e também avaliação psicológica. O quarto
requisito, o mais simples, a comprovação da necessidade, é apenas a sua vontade.
A declaração do cidadão, após cumprir os três requisitos impeditivos, a declaração é de boa-
fé.”

Associação dos Oficiais da Reserva da PM no Brasil (presidente Elias Miller da Silva, coronel
da reserva da PM de São Paulo)

— “No referendo do Estatuto do Desarmamento, 60 milhões de pessoas votaram em 2005


pelo ‘sim’ para o direito de comprar uma

arma, revogando um dispositivo do Estatuto que proibia a compra. O referendo foi resultado
da soberania popular diretamente, mas o governo do PT descumpriu a soberania popular,
restabelecendo a proibição e deixando a compra no poder discricionário do delegado da PF,
que dizia quando era ou não necessária a compra pela pessoa. Temos que vincular este
decreto ao referendo do Estatuto do Desarmamento e ao sufrágio universal que levou à
eleição do Bolsonaro. Isso é democracia. O povo, mais uma vez, legitimou esta proposta (de
flexibilização da compra de armas) elegendo o Bolsonaro. Nos Estados Unidos, o cidadão é
autorizado a ter arma em casa, como garantia da democracia mesmo.”

Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Ibccrim (Thiago Bottino, coordenador-chefe de Estudos


e Projetos Legislativos do Ibccrim e professor de direito penal da Fundação Getúlio Vargas no Rio
– FGV-RJ) — “Uma pesquisa do Ipea, de 2013, mostra que a cada 1% de aumento do número de armas
disponíveis você aumenta em 2% a taxa de homicídio. Isso é muito sério. Nem carteira de motorista tem
validade de 10 anos, como você vai dar validade de posse de arma por 10 anos? Isso precisa ser regular. É
mais difícil hoje ter uma carteira de habilitação do que ter uma arma. Hoje os critérios são abstratos, isso
é perigoso porque deveria ser real, efetivo, dinâmico.”

Instituto Igarapé (Ilona Szabó, diretora-executiva) — “O que a gente está querendo discutir é: ‘Governo,
quais são as medidas que vão trazer segurança para a sociedade?’. Porque é isso que o povo espera: um
país mais seguro. Quando a gente pensa nas medidas que estão sendo discutidas como posse e porte, acaba
sendo uma terceirização. Porque num estado democrático de direito, a principal responsabilidade de um
governante é proteger os cidadãos. Estão dizendo para a gente: ‘A bola está com vocês, agora vocês se
viram. Estou terceirizando e vocês se viram. Seja para posse ou porte. Vai lá e faça justiça com as próprias
mãos’. Esse é o pior dos cenários. O mundo, antes de ter o estado democrático de direito, era assim que
funcionava. A nossa realidade hoje, por experiência de pesquisa, mostra que só vai piorar.”
G1. Posse de arma: leia pontos a favor e contra o novo decreto, de acordo com políticos e especialistas. Adaptado. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/posse-de-arma-leia-pontos-a-favor-e-contra-onovo- decreto-de-acordo-com-politicos-e-especialistas.ghtml. Acesso em: 2
março 2019

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