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Causalidade e

Epidemiologia
Correlação ≠ Causalidade
Correlação entre o consumo de chocolate per capita dos
países e o número de conquistas do prêmio Nobel
Causalidade
Evento, condição, característica ou uma combinação de fatores que desempenham
um papel importante no desenvolvimento de um desfecho.

Causalidade em Saúde

Estudos epidemiológicos utilizam:

metodologia epidemiológica + estatística

Estão sujeitos a erro Raciocínio


epidemiológico
Geralmente é aceito um erro de 5% (p<0,05)
Henle Koch

1890

Postulados de Henle Koch


(critérios para o organismo patogênico)

1. O agente deve estar presente em todos os casos da doença em questão;


2. Não deve ocorrer de forma casual em outra doença;
3. Isolado do corpo e crescido em cultura, deve induzir a doença quando
inoculado em indivíduos suscetíveis.
Bradford Hill
1950

• Pouco consenso sobre se o hábito de fumar


produzia efeitos adversos à saúde.

• Hill e Doll identificaram associação do tabagismo


não apenas com câncer pulmonar, mas também
com hipertensão, enfisema e bronquite crônica.

1965

• Publicação do artigo: “O ambiente e a doença:


associação ou causação?”.

• Determinar quais características das associações


estatísticas serviriam como bons indicadores para
expressar uma relação causal.
Força da associação

Consistência

Especificidade

Critérios de Hill Temporalidade

Gradiente Biológico

Plausibilidade

Coerência

Evidência Experimental

Analogia
Força da associação

Tanto mais forte será a associação, quanto mais distante de zero for
a medida do efeito estudado

A ideia é considerar que associações fortes têm mais chances de


serem causais
Consistência

Ao se repetirem os achados em diferentes situações, encontra-se


resultado semelhante

Vários pesquisadores, em países diferentes, chegaram a um mesmo


resultado: fumar causa câncer de pulmão.
Especificidade

A presença da causa é necessária para o aparecimento do efeito

Bacilo de Koch Tuberculose

Este item não é obrigatório pelo conhecido caráter multietiológico das


doenças
Temporalidade

O efeito deve ser sempre temporalmente posterior à causa

É o único critério de Hill que obrigatoriamente precisa estar presente


Gradiente biológico

Quando ocorre fenômeno de dose-resposta

Perda auditiva induzida pelo ruído

Ao se aumentar a causa, aumenta-se o efeito


Plausibilidade

Se a relação que se está estudando é plausível diante do


conhecimento biológico vigente, haverá mais chance de que aquela
relação observada seja do tipo causal

Doenças e exposições muito novas podem não parecer plausíveis


Coerência

A interpretação causal a ser estabelecida não deve entrar em conflito


com o conhecimento na época da investigação

Combina aspectos dos critérios de consistência e plausibilidade


Evidência Experimental

Relações causais são mais bem demonstradas mediante evidências


experimentais de aumento da frequência do efeito

A obtenção de tal evidência é raramente disponível em estudos


envolvendo populações humanas
Analogia

Como no exemplo: espera-se, por analogia, que outras infecções virais


provoquem doença na infância, pois já sabemos que isso ocorre no
caso da rubéola

A analogia fortalece a chance de a associação observada ser do tipo causal


À exceção do critério de temporalidade, nenhum outro desses
nove critérios sugeridos por Hill deve ser exigido como condição
indispensável para julgar se uma associação é causal

Considerações finais Não deve ser entendido como um checklist para determinar
associação causal. Mas a análise conjunta dos critérios auxilia no
raciocínio epidemiológico

Raramente um único estudo vai determinar associação causal


Referências

DE ARAÚJO, L. F. S. C.; DALGALARRONDO, P.; BANZATO, C. E. M. Sobre a noção de


causalidade na medicina: aproximando Austin Bradford Hill e John L. Mackie. Revista de
Psiquiatria Clinica, v. 41, n. 2, p. 56-61, 2014.

DOLL, R.; HILL, A. B. Smoking and carcinoma of the lung. British medical journal, v. 2, n.
4682, p. 739, 1950.

HILL, A.B. The environment and disease: association or causation. Proceedings of the
Royal
Society Medicine. v.58, n.5, p. 295-300, 1965.

LUIZ, R. R.; STRUCHINER, C. J. Causalidade e Epidemiologia. In: Inferência causal em


epidemiologia: o modelo de respostas potenciais. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002.

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