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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

CENTRO DE CIENCIAS AGRÁRIAS – CCA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VETERINÁRIAS - DCV
DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA GERAL

CAUSALIDADE EM
EPIDEMIOLOGIA E FUNDAMENTOS
DA PESQUISA EPIDEMIOLÓGICA

Mestranda: Dayana Inocêncio da Costa Orientador: Pro


Inácio José Clementino
FUNDAMENTOS DA PESQUISA
EPIDEMIOLÓGICA
Um dos princípios básicos da Epidemiologia é o de
que os agravos à saúde não ocorrem por acaso em
uma população.

•A partir desse princípio, pode-se afirmar que a distribuição


desigual dos agravos à saúde é produto da ação de fatores
que se distribuem desigualmente na população.

• Portanto, a elucidação desses fatores, responsáveis pela


distribuição das doenças, é uma das preocupações constantes
da Epidemiologia.
FUNDAMENTOS DA PESQUISA
EPIDEMIOLÓGICA
Principais objetivos da pesquisa epidemiológica :

I. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde


das populações;

II. Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e


avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das
doenças, bem como para estabelecer prioridades;

III. Identificar fatores causais envolvidos gênese das enfermidades;

IV. Predizer a frequência de doenças e os padrões de saúde em


populações específicas.
CAUSALIDADE
CAUSALIDADE: ESTUDO DE COMO A DOENÇA/EVENTO
É DISTRIBUÍDA NA POPULAÇÃO E DOS FATORES QUE
INFLUENCIAM OU DETERMINAM ESTA
DISTRIBUIÇÃO.

A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR CAUSALIDADE PARTE


O PRINCÍPIO DE QUE ATRAVÉS DESSE TIPO DE
ESTUDO É POSSÍVEL IDENTIFICAR ALVOS PARA
INTERVENÇÕES EFETIVAS A FIM DE MELHORAR A
SAÚDE DA POPULAÇÃO.

QUEBRAR OS ELOS DA CADEIA EPIDEMIOLÓGICA.


CAUSALIDADE
►Entre os objetivos da epidemiologia está
discutir e propor medidas para a prevenção e o
controle das doenças com conhecimento de
suas causas.

►O princípio da razão suficiente, ou princípio


da causalidade, é um dos princípios racionais
discutidos desde os primeiros filósofos gregos,
particularmente Aristóteles.
CAUSALIDADE
►Tudo o que existe ou acontece teria uma causa, que
poderia ser conhecida pela razão, diziam os filósofos.

►A razão procura uma causa, mesmo para o acaso.

►A epidemiologia procura estudar essas questões,


indagando sobre causas das doenças, por que elas ocorrem
em determinados indivíduos, grupos,populacionais,
lugares e épocas diferentes.

►Dessa forma a epidemiologia se preocupa com a


etiologia (causa) das doenças.
CAUSALIDADE
Causa de uma doença é um evento, uma condição, uma característica ou uma
combinação de fatores desempenhando papel fundamental na determinação da doença.

» É lógico supor que a causa deva sempre preceder um efeito.

» Uma causa pode ser necessária para o desenvolvimento de determinada doença,


como M. tuberculosis é necessário para o desenvolvimento da tuberculose.

» Sem a presença da CAUSA NECESSÁRIA a doença não se desenvolveria.

» Entretanto, a causa necessária poderia não se suficiente.

» Uma série de outras condições precisa ser satisfeita para que a doença ocorra.

» Chama-se CAUSA SUFICIENTE esse conjunto de condições que interagindo


produzem a doença.

» Essas condições são as CAUSAS COMPONENTES.


EXEMPLIFICANDO:
O cólera, por exemplo, precisa de uma série de condições para ocorrer em
determinado lugar:

A presença do vibrião colérico é a causa necessária;

Más condições de saneamento, como falta de água potável, destino dos dejetos do
esgotamento sanitário, migração de portadores do vibrião e falta de estrutura
assistencial adequada poderiam constituir as causas componentes

Estas atuando em conjunto, resultariam na causa suficiente para o início da


transmissão do cólera.

Uma causa necessária é sempre um componente de uma causa suficiente.


CAUSALIDADE
 Embora com os conhecimentos atuais fique
clara a existência de causas necessárias para
determinadas doenças, como as infecciosas e
parasitárias. Isso não pode ser generalizado para
todas as doenças, especialmente as não
infecciosas.

 Nem sempre é possível determinar a causa


necessária e conhecer os componentes da
causa suficiente.
Postulados de Henle-Koch
►UNICAUSALIDADE

►Os postulados de Koch, no início do que de começou


a chamar de era bacteriológica, procuravam
estabelecer alguns critérios de causalidade.

►Nessa época em que inúmeros microrganismos


estavam sendo descobertos, era necessário verificar
sua relação com as doenças, ou seja, determinar que
organismo vivo era causa de qual doença em
particular.
Postulados de Henle-Koch

Postulados:
► O microrganismo deveria estar
sempre presente nos casos da doença;

► O microrganismo deveria ser


isolado do organismo e crescer em
meio de cultura;

►Quando inoculado em animal


susceptível, deveria produzir a
doença, sendo posteriormente
recuperado e identificado.
Postulados de Henle-Koch
Verificou-se que nem todas as doenças
infecciosas preenchiam os critérios apontados
no postulados.

• Quando as doenças não infecciosas passaram a


ter maior importância, outros critérios de
causalidade foram sendo desenvolvidos por
autores como Hill e Susser.
FATORES DE RISCO E CAUSALIDADE
 É usual o termo fator de risco em
epidemiologia para indicar aqueles
que estão positivamente associados
com o desenvolvimento de doença
mas que sozinhos, podem não ser
suficientes para causá-la.

 Alguns fatores de risco podem estar


associados a várias doenças e
algumas doenças podem ser
consideradas fatores de risco de
outras, constituindo uma REDE DE
MULTICAUSALIDADE.
FATORES DE RISCO E CAUSALIDADE
►Fatores predisponentes: relacionados a um determinado estado de
susceptibilidade.
Ex: idade, gênero, doença prévia.

►Fatores facilitadores: Favorecem o desenvolvimento da doença.


Ex:baixa renda, desnutrição, más condições de habitação.

►Fatores precipitantes: São aqueles relacionados ao início da doença.


Ex: exposição a agentes específicos.

►Fatores reforçadores: Fatores que podem agravar uma doença.


Ex: exposições repetidas a um agente como a esquistossomose.
ASSOCIAÇÕES CAUSAIS E NÃO
CAUSAIS
►Associações observadas entre dois fatores podem ser resultado do
simples acaso.

►Quando duas variáveis andam juntas dizemos que estão associadas.


Exemplo: Em geral os homens são mais altos que as mulheres (portanto
existe associação entre sexo e altura)

A EXISTÊNCIA DE UMA ASSOCIAÇÃO NÃO IMPLICA


EM RELAÇÃO CAUSA.

► A questão inicial é se a associação observada entre um possível


fator de risco e uma doença não seria aleatória.
Inferência causal
• Inferência causal é o termo usado para o processo que busca determinar
se as associações observadas são causais ou não.

• Existem alguns princípios que são usados para julgar se uma associação é
causal.

• O processo de inferência causal pode ser difícil e controverso.

• Antes de avaliar se uma associação é causal, explicações, tais como,


acaso, viés e confusão, devem ser excluídas.

• Os passos a serem seguidos na avaliação da existência de uma associação


entre exposição e doença são explicados através dos critérios de Hill.
Critérios de Hill
Austin Bradford-Hill, sugeriu que os seguintes aspectos
de uma associação devam ser considerados para separar
associações causais e não causais:

» FORÇA DE ASSOCIAÇÃO
» CONSISTÊNCIA
» ESPECIFICIDADE
» TEMPORALIDADE
» PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA
» GRADIENTE BIOLÓGICO
» COERÊNCIA
» EVIDÊNCIAS EXPERIMENTAIS
» ANALOGIA
Critérios de Hill
FORÇA DE ASSOCIAÇÃO: O quão forte é o efeito, medido como
risco relativo? Ex: fumantes tem 30x mais chance de câncer de pulmão.

CONSISTÊNCIA: Relação com evidências de estudos anteriores

ESPECIFICIDADE: Efeito cessa se retirarmos a causa?

TEMPORALIDADE: Causa deve preceder a doença.

GRADIENTE BIOLÓGICO: Existe relação dose-resposta? Quanto


maior a exposição ao agente, maiores as chances da doença?
Critérios de Hill
PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA: Essa associação faz sentido
biologicamente?

COERÊNCIA: Os achados devem estar dentro do conhecimento


atual da doença.

EVIDÊNCIAS EXPERIMENTAIS: A teoria foi comprovada


metodologicamente em laboratório?

ANALOGIA: Esta associação é similar a outra já conhecida.


MÉTODO CIENTÍFICO E EPIDEMIOLOGIA

PROCESSO ONDE SE BUSCA “CONECTAR” OBSERVAÇÕES E TEORIAS

→Palavras-chave para a Epidemiologia: hipótese e comparação entre grupos


populacionais

Raciocínio Epidemiológico:

› Conhecimento teórico sobre o tema


› Formulação de hipótese conceitual e operacional
› Teste da hipótese através de diferentes desenhos de estudos
DESENHOS DE PESQUISA EM
EPIDEMIOLOGIA
DESENHOS DE PESQUISA EM
EPIDEMIOLOGIA
Estudos Epidemiológicos Estudos cuja finalidade
é descrever/caracterizar o processo saúde-doença.
CLASSIFICAÇÃO
►Quanto a unidade de estudo:
Individual e ecológico

►Quanto a intervenção do investigador


Observacionais e de intervenção

►Quanto ao propósito geral


Descritivos e Analíticos

►Quanto ao período de tempo durante o qual os dados


foram registrados em relação ao tempo no qual o estudo
começou.
› Prospectivo: Presente - Futuro (Causa → Efeito)
› Retrospectivo: Presente – Passado( Efeito ← Causa)
DESENHOS DOS
ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICO
S
Estudos Observacionais
 O investigador observa, sem interferir.
 O pesquisador não poderá intervir no
paciente
 O pesquisador não manipula o fator de
exposição nem escolhe a que grupo de
exposição o paciente pertencerá

Exemplo: Em um estudo com alcoólatras, não


se pode induzir um grupo a tornar-se
alcoólatra. Então, em uma pesquisa,
incluímos um grupo de pessoas que já eram
alcoólatras com um grupo controle de não
alcoólatras.
Estudos Observacionais
 OBSERVACIONAIS DESCRITIVOS

►Trata-se dos estudos que descrevem a caracterização de aspectos semiológicos,


etiológicos, fisiopatológicos e epidemiológicos de uma doença.

RELATO DE CASO: um relato de caso engloba não mais do que a descrição de


3 casos 

SÉRIE DE CASOS: Descrição detalhada de um ou alguns casos clínicos, geralmente de


um evento clínico raro ou uma nova intervenção. A série de casos é um estudo com
maior número de participantes (mais de 10) e pode ser retrospectivo ou prospectivo.

►Costumam ser usados para descrever assuntos ainda não bem conhecidos.

►Importantes para doenças novas ou não corriqueiras, manifestações raras ou


associações de doença.
Estudos Observacionais

 OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS

TRANSVERSAIS:

►“Retrato” da situação.
►Determinação simultânea do fator de interesse e do desfecho
em investigação numa população bem definida em um
determinado momento.
►É utilizado para avaliar se existe relação entre as variáveis.
►Importante para avaliar a prevalência das doenças.
Estudos Observacionais
 OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS

CASO-CONTROLE:

► Parte-se de indivíduos com doença (casos) e sem doença (controles) e


busca no passado a presença ou ausência do fator de exposição.

► Compara-se os grupo para investigar a associação entre o evento de


interesse e alguns preditores.

► São importantes para analisar doenças raras e situações de surtos ou


agravos desconhecidos.
Estudos Observacionais
 OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS

COORTE
COORTE
• Estudo longitudinal (“Filme” da situação).
• Parte-se de grupos com ou sem fator de exposição e
que ainda não desenvolveram o desfecho de interesse.
• Os grupos são seguidos longitudinalmente e observa-
se quem desenvolve ou não o desfecho.
Estudos Observacionais
OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS

ECOLÓGICOS
• São estudos em que a unidade de análise é uma população
ou um grupo de pessoas, que geralmente pertence a uma
área geográfica definida (cidade, estado, país).

• Procuram avaliar como os contextos social e ambiental


podem afetar a saúde de grupos populacionais.
Estudos Experimentais
 O investigador intervém

  O fator de exposição está sob o


controle do pesquisador.

 Exemplo: Em um estudo para


comprovar a efetividade da
glucosamina para aliviar a dor de
osteoartrite nos joelhos, se ministra
esta substância para um grupo e
placebo para um grupo controle.
Estudos Experimentais

ENSAIOS CLÍNICO RANDOMIZADO:

►Estudos prospectivos utilizados para comparar determinada


investigação com outra ou com placebo.

►Desenho considerado padrão-ouro para testar eficácia de uma


intervenção.

►Podem ser cross-over (todos os pacientes recebem os dois


tratamentos, e os pacientes servem como seus próprios
controles.
Estudos Experimentais
ENSAIOS DE CAMPO:

► São semelhante ao Ensaio Clínico, mas a população estudada


não são pacientes e sim pessoas livres de doenças e
presumivelmente sob risco.

► Os dados são coletados na população em geral.

► São mais caros e de maior duração de tempo. Tipos de estudos


epidemiológicos
Estudos Experimentais
ENSAIOS COMUNITÁRIOS:


► Envolvem a intervenção em nível de comunidades, ao invés de indivíduos.

►Usados para avaliar a eficácia e efetividade de intervenções que busquem a


prevenção primária através da modificação dos fatores de risco numa
população.

►São conduzidos dentro de um contexto socioeconômico de uma população


naturalmente formada.

►Limitações: Dificuldade de isolar uma comunidade.


OBRIGADA!!!

Contato:
Email: veteriday@gmail.com
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WhatsApp: (83) 9 9654-5018

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