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Processos Avaliativos

Prof. Dr. Cesar A. Amaral Nunes


- Pesquisador Associado ao GEPEM – Faculdade de Educação – Unicamp
- Pesquisador Associado ao Instituto Estudos Avançados – Unicamp -
Grupo “Ética, Democracia e Diversidade”
- Membro do Comitê de Pesquisa e Inovação do PISA - OCDE

Jornada Pedagógica – Projeto Guri e EMESP Tom Jobim - 03/02/2023

Não Corporativo
A avaliação de aproveitamento do aluno nos cursos terá
por objetivo a verificação das aprendizagens teórica e
prática. Os resultados da aprendizagem serão aferidos por
meio de avaliação sistemática e contínua das audições,
pesquisas, experiências, exercícios, leituras e provas.

Ex. Avaliação
Na Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP
Somativa Tom Jobim, as avaliações são semestrais e expressas em
conceitos A, B, C e D para promoção em cada componente
(extraída PPP curricular, sendo:

EMESP)
A: Excelente. Atingiu todos os objetivos propostos.
B: Bom. Atingiu a maior parte dos objetivos
propostos.
C: Razoável. Atingiu pequena parte dos objetivos
propostos.
D: Insuficiente. Não atingiu os objetivos propostos.

Não Corporativo
INSTITUTO UNIBANCO

Conciliador (do
Corretivo Comunicativo
amigo)
• Aponta o que está • Incentiva, • Entende o ponto de
errado, mal feito parabeniza (sem vista do qual parte,
especificar) aprecia o que está
bom, apresenta
sugestões e críticas
construtivas para a
próxima vez

4
Desenvolvimento e avaliação da criatividade
• OCDE + 15 países
• Instituto Ayrton Senna, SC, Chapecó, Sistema S

IMAGINATIVO • Jogando com


possibilidades
• Fazendo conexões
• Usando intuição
QUESTIONADOR • Imaginando e
questionando
• Explorando e investigando
• Desafiando suposições
PERSISTENTE • Tolerando incertezas
• Forte diante de
dificuldades
• Ousando ser diferente
COLABORATIVO • Cooperando
adequadamente
• Dando e recebendo
feedback
• Dividindo a produção
DISCIPLINADO • Refletindo criticamente
• Desenvolvendo tecnologias
• Fazendo e melhorando
Lucas, Claxton, Spencer 2013
Propósitos Institucionais (extraído dos PPP)
• ...
• Propiciar o amplo desenvolvimento pessoal e a ampliação da consciência social dos alunos para
que pratiquem valores construtivos como o respeito, a solidariedade, a valorização da história, da
cultura e das diversidades.
• Garantir o direito de expressão do pensamento e das ideias dos alunos, mesmo que divergentes das
posições do professor e dos colegas, e a experiência de discutir diferentes pontos de vista, acolher e
considerar as opiniões dos outros, defender e fundamentar as próprias opiniões e de modificá-las
quando for o caso.
• Transformar todos os espaços em ambientes de trabalho colaborativo, para que os alunos possam
enfrentar os desafios, sabendo que o erro faz parte do processo de aprendizagem e que contam com
apoio para oferecerem o melhor de si.
• Estimular e ajudar os alunos a se comprometerem com sua própria aprendizagem, confiarem em
seus recursos pessoais e em suas possibilidades e desenvolverem uma adequada postura de
estudante.
• Planejar instâncias que permitam aos(às) alunos(as) avaliar suas próprias tarefas e dos demais
colegas, dispondo de informações sobre o ponto em que se encontram em relação às expectativas de
alcance, para poderem analisar seus avanços e suas dificuldades, isto é, para se tornarem capazes
realizar a autorregulação do percurso pessoal de aprendizagem.

• ...
Não Corporativo
Pressupostos Educativos (extraídos dos PPP)
• Considerar a dimensão pessoal dos alunos e suas singularidades, respeitando de fato, a
diversidade e a importância do protagonismo.
• Contribuir com a ampliação do universo de conhecimento dos alunos especialmente quando eles
não contam com oportunidades favoráveis em seus contextos de origem.
• Levar em conta o tempo e o modo de aprender de cada um.
• Incentivar a consciência de si e a aceitação das características pessoais, das peculiaridades.
• Aguçar a inquietude, a paixão e o apetite por aprender, para garantir o movimento necessário ao
conhecimento.
• Incentivar a criatividade e o desenvolvimento pessoal.
• Desenvolver e incentivar a empatia, a paciência e o respeito, essenciais no processo de
aprendizagem.
• Fortalecer o diálogo, a construção da autonomia e o cultivo da solidariedade.
• Criar um espaço de experiência/experimentação que contribua para o desenvolvimento dos
alunos e se constitua em ambiente de excelência para a aprendizagem.
• ...

Não Corporativo
Processo reflexivo incluindo autoavaliação e evidências

Aluno Quem trabalha/produz/avalia é o aluno

Quem traz evidências é o aluno

Quem faz a 1ª abordagem “zona proximal” são os colegas

Professor O professor modela o “pensar reflexivo, autoavaliativo,


regulador”

Exemplifica a qualidade da avaliação, das evidências e


principalmente dos feedbacks p.ex. usando uma rubrica

Não Corporativo
Rubrica para promover o desenvolvimento da criatividade
1 2 3 4 (UAU!)
Criatividade Não me Continuo O que planejo/ O que planejo/ produzo é
na minha ocupo em tentando, produzo é não usual não usual para qualquer
produção fazer algo mas o que para mim (arriscado, pessoa (explora o risco, a
novo planejo/ radical, lúdico, surpresa, o exagero, o
produzo surpreendente) e lúdico ...), causa impacto,
ainda pode dentro das condições e explora ao máximo os
ser de tempo e materiais materiais que disponho
considerado que disponho é
usual satisfatório
Inspiração Não me Faço Consigo “rastrear” as Sei transformar as
preocupo conexões conexões que fiz e conexões que fiz em um
(de onde
com isso com outros identificar o papel processo a ser usado
vem minhas
tempos, que tiveram para sempre que precisar de
ideias!)
disciplinas, ampliar minhas ideias novas ideias e soluções
ideias, mas
sem ampliar
as minhas
Compreensão: “Capacidade de pensar e agir flexivelmente com aquilo que se
sabe”
(David Perkins, in Teaching for Understanding: Linking Theory to Practive)

Curso: “Avaliação para a Compreensão” (2000)”


(Martha Stone Wiske, Heidi Goodrich Andrade)
Rubricas em mais de 2/3 do curso!!!

Não Corporativo
Práticas - “tamanho do efeito”
• Sem fazer nada de diferente
d=0,40
• Compreensão superficial,
profunda e “construída”
• Gerenciamento da classe d=0,52
• Microteaching d=0,88
• Relação professor-aluno d=0,72
• Feedback d=0,73
• Avaliação formativa d=0,90
Avaliação formativa
• Boas questões, desafios
• Tarefas “abertas” – (L. Darling-Hammond –
Powerful Learning: What We Know About
Teaching for Understanding)
• Assegurar que os alunos entendem o que é
necessário para ter “sucesso”
(avançar/melhorar)
• Feedback
• Autoavaliação, avaliação por pares
• Tudo junto: autoregulação
Exemplo do projeto LabVirt - FEUSP

Não Corporativo
Rubricas – pretexto e contexto para
falar da qualidade da aprendizagem

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


Critério 1 Descrição do (Está ruim, mas (Está bom, mas Descrição da
nível 1 (aquilo há algo que se há algo que qualidade
que em alguns salva) falta) esperada (da
casos, ou com produção, da
alguns ação
acontece, mas competente, da
que não relação com o
gostaríamos outro ...)

Critério 2 ... ... ... ...


Critério 3 ... ... ... ...
... ( < 7 )

Não Corporativo
Diferentes focos e usos das rubricas

Provocar
Enquadrar
reflexão

Instrumento Processo

Não Corporativo
Sequência didática exemplificando o uso de uma rubrica de pensamento crítico
Exemplo 1 – sem uso da rubrica

Professor Aluno Característica

Lê um texto Visão de um autor

Faz uma avaliação Compreensão de texto

corrige

*Se pedir para o aluno “opinar” provavelmente virá uma diversidade grande de níveis e muito “achismo”
Sequência didática exemplificando o uso de uma rubrica de pensamento crítico
Exemplo 2 – uso da rubrica só até o nível 2

Professor Aluno Característica

Lê a rubrica do pensamento
crítico
Lê um texto Visão de um autor

Faz uma avaliação usando a Compreensão de texto e


rubrica e escrevendo as contexto
evidências para o nível 2
Corrige analisando sua
concordância com o nível e as
evidências
Rubrica para autoavaliação e desenvolvimento do pensamento crítico

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


Pensamento sobre Não me preocupo Entendo o contexto Comparando com
a teoria ou posição com isso para o qual a teorias/ posições
de “um terceiro” teoria/ posição foi alternativas, e
olhando de
pensada e idenfico
diferentes
evidências/ perspectivas
argumentos/ identico limitações,
pressupostos/ e incertezas, e falhas
crenças no conhecimento, e
identifico raciocínio
lógico e critérios
éticos e estéticos,
fortalezas e
fraquezas em
evidências/
argumentos/
pressupostos/ e
crenças
Sequência didática exemplificando o uso de uma rubrica de pensamento crítico
Exemplo 3 – uso da rubrica só até o nível 3
Professor Aluno Característica

Lê a rubrica do pensamento
crítico
Lê texto 1 Visão de um autor

Lê texto 2 Visão de outro autor


(antagônica? Amplificadora?)
Faz uma avaliação usando a Compreensão de texto e
rubrica e escrevendo as contexto e início de pensamento
evidências para o nível 2 ou 3 crítico
Mostra para os colegas em Iniciam um processo de
pequeno grupo e “valida” suas autorregulação
evidências
Corrige vendo sua concordância
com o nível e as evidências
Rubrica para autoavaliação e desenvolvimento do pensamento crítico
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Pensamento Não me Entendo o Comparando com Identifico limitações,
sobre a teoria preocupo com contexto para o teorias/ posições incertezas e falhas de
ou posição de isso qual a teoria/ alternativas, e conhecimento numa teoria/
“um terceiro” olhando de posição, identifico
posição foi
diferentes evidências/ argumentos/
pensada e perspectivas identico pressupostos/ e crenças
idenfico limitações, incertezas, usados para sustentá-la,
evidências/ e falhas no identifico pontos fortes e
argumentos/ conhecimento, e fracos, e sou capaz de usar
pressupostos/ e identifico raciocínio minhas próprias evidências/
lógico e critérios argumentos/ pressupostos/
crenças
éticos e estéticos, e crenças com base em
fortalezas e fraquezas critérios éticos, estéticos, e
em evidências/ raciocínio lógico para
argumentos/ explicar com que partes da
pressupostos/ e teoria/ posição eu concordo
crenças ou discordo
Rubrica para autoavaliação e desenvolvimento do pensamento crítico
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Pensamento Não me preocupo Entendo o contexto Comparando com teorias/ Identifico limitações, incertezas e falhas
sobre a teoria com isso para o ... posições ... de ...
ou posição de
“um terceiro”
Apresento Não me preocupo Apresento minha Apresento minha própria Apresento minha própria teoria/ opinião/
minha própria em apresentar nada própria teoria/ produto/ teoria/ opinião/ produto/ produto/ posição, especifico limites no
teoria/ próprio posição, mas não posição, especifico os qual ela é válida, apresento evdências/
produto/ especifico as limitações limites no qual ela é válida, argumentos/ pressupostos/crenças que a
posição no contexto para o qual apresento evidências/ sustentam e que são baseados em
ela foi pensada, nem argumentos/ raciocínio lógico e critérios éticos e
apresento evidências/ pressupostos/ e crenças estéticos, identifico falhas de
argumentos/ que a sustentam e que conhecimento e fraquezas e fortalezas.
pressupostos/ crenças estão baseados em Sei no que minha teoria/ opinião/
que a sustentem raciocínio lógico e critérios produto/ posição difere e avança com
éticos e estéticos, e relação a outras, inclusive já
identifico falhas de endossadas, e estou pronto para agir e
conhecimento tomar decisões com base nas minhas
convicções/ posições/ pensamento
crítico, e a enfrentar as consequências
Sequência didática exemplificando o uso de uma rubrica de pensamento crítico
Exemplo 4 – uso da rubrica com possibilidade de atingir o nível 4
Professor Aluno Característica

Lê a rubrica do pensamento crítico


Lê texto 1 Visão de um autor
Lê texto 2 Visão de outro autor
Escreve um texto se posicionando Aluno autor/ produtor/ crítico
Se avalia usando a rubrica e escrevendo as Compreensão de texto, contextos,
evidências até o nível 4 se tiver e de pensamento crítico
Dá feedback público sobre o texto e a avaliação para dois ou três Modela o “pensar com a rubrica”
alunos
Mostra para os colegas em pequeno grupo, Iniciam um processo de
recebe feeedback e “valida” suas evidências autorregulação
Reescreve seu texto e refaz sua autoavaliação Resultado da regulação entre
pares
Corrige vendo sua concordância com o nível e as evidências, quando Conhece o sucesso da estratégia e
em dúvida lê o texto escrito pelo aluno repensa para a próxima vez
Rubrica comum (mesma para toda a área/regional)?
ou
Rubrica por disciplina (e por atividade – inclusive PBL, Casos,
Jogos, possivelmente cocriadas com alunos)?

Atividade
+
rubrica do aluno
(usada 3 vezes?)
+
mediação do professor
Casos de Uso da Rubrica para promover o desenvolvimento da criatividade

1 2 3 4 (UAU!)
Criatividade Não me Continuo O que planejo/ O que planejo/ produzo é
na minha ocupo em tentando, produzo é não usual não usual para qualquer
produção fazer algo mas o que para mim (arriscado, pessoa (explora o risco, a
novo planejo/ radical, lúdico, surpresa, o exagero, o
produzo surpreendente) e lúdico ...), causa impacto,
ainda pode dentro das condições e explora ao máximo os
ser de tempo e materiais materiais que disponho
considerado que disponho é
usual satisfatório
Inspiração Não me Faço Consigo “rastrear” as Sei transformar as
preocupo conexões conexões que fiz e conexões que fiz em um
(de onde
com isso com outros identificar o papel processo a ser usado
vem minhas
tempos, que tiveram para sempre que precisar de
ideias!)
disciplinas, ampliar minhas ideias novas ideias e soluções
ideias, mas
sem ampliar
as minhas
Considerações finais
• Encarar a complexidade da mudança de cultura (cultura da
avaliação formativa para tornar a aprendizagem visível e intervir,
abrir “janelas” para aprendizagem mais profunda)
– Experimentações, modulações, amplificações, abafamentos,
comportamentos emergentes ...

• “Planejar” a flexibilidade: “como reagirei às produções conforme


elas emergem” (as > 50 decisões na sala de aula)

• Uso e abuso de portfólios de alunos (registros tb das autoavalições)


– Produções e progressões (ideias, qualidade das argumentações, defesa de
posições, defesa de valores, criatividade ...)
OBRIGADO!

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