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16/03/2022

PRÓTESE TOTAL "Nem todo bom teórico pode exercer com êxito a sua
profissão mas, sem teoria, não deve sequer tentar".
◦ CONVENCIONAL

Profa. Julia Santiago

RUSSI e ROCHA, 2015

O PACIENTE EDÊNTULO TOTAL

O EDENTULISMO • A perda total dos dentes constitui um evento dramático na vida das pessoas, com profundos reflexos sobre a
parte física, social e emocional do indivíduo, além de constituir uma severa mutilação bucal.

• As consequências mais evidentes da edentação total compreendem:

Mais que uma condição, uma questão de diagnóstico 1. Reabsorção do rebordo alveolar,
2. Mastigação e deglutição alteradas,
3. Problemas fonéticos,
4. Perda da dimensão vertical,
5. Colapso estético,
6. Aparência de velhice prematura,
7. Má postura mandibular,
8. Desequilíbrio da musculatura mastigatória e mímica,
9. Sentimentos de privação,
10. Perda de intimidade e abalo na autoestima
11. Angústia, ansiedade e sensação de perda do vigor físico
12. Incapacidade socioeconômica.
RUSSI e ROCHA, 2015 TELLES, D., 2009

• Segundo a Pesquisa Mundial da Saúde,


realizada pelo OMS e conduzida no Brasil
pela Fiocruz, estima-se que 14,4% dos
brasileiros perderam todos os dentes.

• Mulheres + 50 anos com pior condição


socioeconômica : o percentual de
edentulismo alcança 55,9%

• Mulheres + 50 anos com melhor condição


socioeconômica : o percentual de
edentulismo alcança 18,9%

• A proporção de indivíduos que perderam


todos os dentes naturais nas categorias de
piores ou melhores níveis socioeconômicos
é de 3:1, em qualquer faixa etária ou sexo.

TELLES, D., 2009 Izaque, V.S; Rangel, L.F.G.O; Inocêncio, A. P. S; Rodrigues, C. R. T. O impacto do edentulismo na qualidade de vida: autoestima e saúde geral do indivíduo. Revista Pró-UniverSUS. 2021 Jul./Dez

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Até quando haverá indivíduos necessitando de Prótese Total?


CONCEITOS FUNDAMENTAIS
SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO

• O sistema estomatognático é uma entidade fisiológica funcional, perfeitamente definida e integrada por um
conjunto de órgãos cuja biologia e fisiopatologia são absolutamente interdependentes.

• Apresenta dois componentes:


• componente anatômico: todas as estruturas duras e moles do crânio, face e pescoço, incluindo a clavícula e
osso externo;
• componentes fisiológicos: oclusão dentária, periodonto, articulações temporomandibulares (ATMs) e
mecanismo neuromuscular.

• Toda alteração que ocorrer na cavidade bucal terá reflexos em outras áreas, locais ou a distância, mediatos ou
imediatos, favoráveis ou desfavoráveis.

TELLES, D., 2009 RUSSI e ROCHA, 2015

PRÓTESES TOTAIS
FINALIDADES DA PRÓTESE TOTAL
A prótese total pertence ao grupo das próteses removíveis e pode
ser definida como um aparelho removível que repõe todos os
dentes e estruturas associadas da maxila e da mandíbula, alteradas
pela edentação total.

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Quanto ao sistema de retenção e suporte, a prótese total pode ser:
A) Mucosossuportada; Recuperar a Favorecer a Recuperar a Melhorar a Recuperar a
mastigação e a fonética estética posição dos dimensão
B) Dentomucosossuportada; deglutição côndilos nas vertical,
C) Implantorretida e mucosossuportada; ATMs
D) Implantorretida e implantossuportada.

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LIMITAÇÕES DA PRÓTESE TOTAL

6 7 8 9 10 As próteses totais não substituem integralmente os dentes naturais – que são insubstituíveis –,
apenas intentam a melhor substituição possível dentro das condições observadas na cavidade bucal.
Evitar a Aparência Promover o Melhorar a Contribuir para Inúmeros fatores impõem limitações às próteses totais, entre os quais é possível citar a mastigação, a
anteriorização Rejuvenescida conforto físico atividade da a qualidade de estética e a idade.
da mandíbula e psicológico musculatura vida e
do paciente mastigatória e integração
da mímica social.

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MASTIGAÇÃO: nas próteses em que existe apoio na mucosa, a mastigação pode ser prejudicada pela presença de
dor no rebordo, aliada ao fato de que, nas próteses mucosossuportadas, a força de mordida é 5 a 6 vezes menor do Planejamento
que nas pessoas dentadas.

1. 2.
ESTÉTICA: nem sempre a restauração estética pretendida pelo paciente é possível, em razão da perda de massa
muscular, com hipotonia muscular e flacidez dos tecidos bucofaciais, e de alterações severas nas relações Importância do plano de
Exame do paciente
intermaxilares em sentido vestibulolingual e mesiodistal dos rebordos classes II e III. tratamento adequado

IDADE: nos pacientes idosos, a presença de doenças debilitantes, problemas neurológicos, transtornos psiquiátricos,
deficiência nutricional, uso de medicamentos, xerostomia e problemas hormonais podem dificultar a adaptação à 3 4.
prótese, reduzindo sua efetividade. Atualmente, o uso de sobredentaduras com dentes naturais ou implantes tem Relacionamento do profissional Restabelecimento das condições
constituído um recurso valioso para minimizar e/ou sobrepujar certas limitações. com o paciente ideais

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Importância de se estabelecer um plano de tratamento adequado:

Durante o último século, a forma de tratamento mais utilizada para reabilitar os edentados foi a Prótese Total (PT)
suportada inteiramente pela mucosa que recobre o osso remanescente do rebordo alveolar.

E retenção e estabilidade são influenciadas por fatores como:

• Qualidade e quantidade de saliva


• Ação da musculatura
• Oclusão
• Anatomia do rebordo
• Problema de coordenação neuromuscular
• Intolerância ao uso de prótese por parte do paciente

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Existem alternativas de tratamento para condições desfavoráveis ao • Cirurgia de aprofundamento de rebordo


uso de PT removíveis:

• Cirurgia de aumento de rebordo

Silveira et al., 2018

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• Implantes Ósseo- integráveis Plano de Tratamento é baseado em condutas diagnósticas:

Em 1985, BRÄNEMARK et al. definiram que osseointegração se caracteriza por uma conexão direta, • Historia médica e dentária
funcional e estruturada entre osso organizado e vital e a superfície de implantes sujeitos a cargas funcionais.
• Exame clínico

• Exames de imagem

• Análise de modelos de estudo

Dessa forma, o Cirurgião Dentista não pode negligenciar e deixar de seguir um plano de tratamento elaborado
dentro de um conceito multidisciplinar, compartilhando a execução desse plano com outros profissionais quando
necessário, sob pena de ser considerado culpado pelo eventual fracasso da prótese.

O CD deve estar apto a prever o êxito do tratamento que se propõe a executar.


Protocolo BRÄNEMARK
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Exame do paciente Edentado


A PRIMEIRA ENTREVISTA
• O planejamento mais complexo tende a aumentar o número
de etapas do tratamento, abrangendo uma visão
multidisciplinar.
Para ser bem-sucedida, a entrevista deve ser
• Quanto maior a quantidade de dados a respeito do planejada de acordo com uma estratégia. O
paciente, maior o potencial do profissional ampliar a
visão e aprofundar a percepção do caso
cirurgião-dentista deve primeiro “entrar na mente
do paciente, e depois na boca”
Três etapas:
1. Questionamento sobre o estado de saúde do paciente
2. Exames clínicos intra e extraorais
3. Exames complementares

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Questionário:

Anamnese Esta pesquisa dá-se


principalmente através
Na primeira fase do exame do paciente deve-se de uma conversa com o
pesquisar seu estado geral de saúde. paciente, na qual deve
ser mantida a postura e
Este desempenha um papel importante e deve o sigilo profissionais,
sempre ser considerado antes do inicio do chamada de anamnese.
tratamento, uma vez que nos permite tomar os
cuidados especiais exigidos para cada paciente.

Em determinadas situações, deve-se pôr de lado,


mesmo que momentaneamente, algumas
modalidades de tratamento, que a principio seriam
ideais, devido às condições físicas, emocionais ou
à idade do paciente.
Respondidas essas questões, passa-se à coleta de informações para elaboração do PLANO DE TRATAMENTO

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IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
• É importante estar atento à queixa principal do paciente, a qual revela o motivo que o levou a
buscar o tratamento. • Nome: identifica e personaliza o paciente.
• Contato: meios de localizar o paciente (endereço, telefone, e-mail).
• Profissão: influi sobre o tipo de trabalho – exigências estéticas ou funcionais – como a mastigação.
• Além dos aspectos relacionados à saúde, é muito importante a pesquisa de hábitos para- funcionais • Raça: conceito que o paciente faz da estética da prótese total e
dos pacientes. • hábitos alimentares.
• Idade: pacientes idosos e com problemas de saúde têm mais
• dificuldade de se adaptar à prótese.
• A obtenção de todas estas informações, porém, não é completada na primeira visita do paciente.
Nesta, obtém-se uma impressão clínica geral e o diagnóstico vai sendo complementado no decorrer
do tratamento, principalmente nos casos mais complexos.

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HISTÓRIA MÉDICA EXAME EXTRAORAL


A história médica consiste em informações sobre as condições de saúde gerais do paciente, considerando-se a inter-relação • Este exame inicia-se durante a anamnese. Enquanto o paciente relata a sua história, observa-se o seu aspecto facial,
existente entre a saúde bucal e a saúde geral. Deve também ser considerada a influência que certos fatores sistêmicos procurando verificar características tais como dimensão vertical, suporte de lábio, linha do sorriso e altura incisal.
exercem sobre o prognóstico, o tipo e a duração do tratamento e a adaptação e tolerância do paciente à prótese total.
• Uma observação atenta pode revelar características relevantes ao tratamento, como:

1. Grau de higiene e cuidados com as mesmas;

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2. Espaço protético, pois a presença de prótese total (PT) inferior que não recubra a papila piriforme pode 3.Á área chapeável, pela extensão da base das próteses;
ser um indicador de falta de espaço nessa região;

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4. Tolerância relatada pelo paciente ao uso de próteses ou a uma característica específica de sua própria
prótese; 7. Hábitos para-funcionais, pela presença de desgastes acentuados e/ou próteses danificadas; e
5. Características estéticas;
6. Características dos dentes artificiais;

8. Relações intermaxilares.

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• É importante avaliar se o paciente apresenta alguma limitação funcional imposta pela presença prévia de disfunção
temporomandibular ou dor orofacial. Deve ser feita a avaliação da musculatura e da (ATM). É uma conduta prudente reproduzir, nas próteses novas, características que estão adequadas nas próteses antigas,
com as quais o paciente já́ está acostumado.

Músculos da face, músculos cervicais e ATMs devem ser palpados, e auscultadas em busca de sinais ou sintomas
preexistentes ainda não manifestados ou percebidos como tais. O paciente deverá ser alertado para que não venha a
relacionar um eventual aparecimento

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EXAME INTRAORAL

• O exame intraoral permite a observação de inúmeros detalhes e características morfológicas do paciente.

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EXAME RADIOLÓGICO MODELOS DE ESTUDO

• O exame radiológico tem por objetivo verificar o tipo e a qualidade do osso alveolar e a existência de áreas
patológicas, cistos, raízes residuais, dentes inclusos e extranumerários, espiculas ósseas, osteoporose e outros • Permitem uma visão de conjunto das características da área de suporte. São úteis para o diagnóstico,
corpos estranhos. planejamento de cirurgias pré-protéticas e confecção da moldeira individual

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TIPOS PSICOLÓGICOS PREPARO PRÉVIO DO PACIENTE

Em relação às reações psicológicas que apresentam, os pacientes podem ser classificados em quatro tipos,
descritos a seguir.
O preparo prévio do paciente consiste em três etapas:

•Receptivos: otimistas, compreensivos, calmos e bons colaboradores. • Tratamento médico de doenças sistêmicas;
•Céticos: descrentes e receosos. São mal informados e possuem conceitos pré-concebidos sobre próteses totais.
• Tratamento de alterações e/ou patologias bucais;
•Histéricos: exatistas, tensos, pessimistas e muito críticos, pouco colaborativos.
• Cirurgias pré-protéticas.
•Indiferentes: desmotivados. Não se importam em ficar edêntulos ou em receber próteses totais. Não valorizam o

trabalho do cirurgião-dentista.

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PLANO DE TRATAMENTO PROVISÓRIO


Quais as patologias associadas ao uso de próteses mais comumente
O plano de tratamento protético provisório visa preparar e condicionar o paciente para a futura prótese, além de
evitar que ele passe pela situação embaraçosa da edentação total. Esse plano envolve diversas situações, e o cirurgião- encontradas na cavidade bucal dos edentados?
dentista deverá avaliar cada caso por meio de um cuidadoso exame clínico.

As principais patologias associadas ao uso de PTs são:


1. Reabsorção do rebordo residual;
PRESENÇA DE DENTES REMANESCENTES
2. Candidíase eritematosa ou atrófica crônica;
Quando há dentes remanescentes, pode-se optar por uma das 3. Hiperplasia fibrosa inflamatória.
seguintes opções, conforme o caso:

•Dentaduras imediatas – quando a dentição é irrecuperável;


•Sobredentaduras – há presença de dentes aproveitáveis,
principalmente caninos inferiores. A presença de dentes mantém o • O uso de PTs pode levar a alterações nos tecidos de suporte e nos demais tecidos que as circundam.
rebordo e exerce um efeito psicológico favorável sobre o paciente;
•Adicionar dentes nas próteses parciais removíveis, preparando-as • Como tais patologias são comuns e podem trazer dificuldades para a execução de novas próteses, o CD precisa
para atuar como uma futura prótese total. compreender seus me-canismos de formação para devolver a situação de normalidade aos tecidos atingidos,
quando possível, e traçar um planejamento que supere tais dificuldades, prevenindo a evolução dos processos.

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1. REABSORÇÃO DO REBORDO RESIDUAL


• O grau de reabsorção do rebordo residual difere entre pessoas e até em sítios distintos na mesma pessoa.
• Rebordo residual é uma terminologia usada para descrever o formato que assumem os alvéolos após as extrações
dentárias. • Em média, a maxila perde cerca de 2 a 4 mm de osso no primeiro ano após as extrações e 0,1mm por
ano nos anos subsequentes.
• Essa remodelação é responsável pelos três maiores desafios na reabilitação protética dos
edentados: • Na mandíbula, a perda óssea no primeiro ano é de 4 a 6mm e a média anual passa
a ser 0,4mm
1. Diminuição dos rebordos, que dificulta a obtenção de próteses convencionais funcionais;
2. Eventual falta de tecido ósseo necessário para o posicionamento adequado de implantes; e • Essa remodelação óssea afeta o funcionamento de qualquer
3. Necessidade estética de recompor o suporte dos tecidos moles do terço inferior da face. prótese que se apoie sobre o rebordo residual.

• A remodelação óssea é contínua por toda a vida, o que pode resultar em grandes perdas de
estrutura no rebordo remanescente. Tal padrão também determina a arquitetura resultante do • A reabsorção do rebordo residual é um fenômeno facilmente
rebordo residual em função de a reabsorção maxilar acontecer de observável na prática clínica, mas a sequência de eventos biológicos
envolvidos ainda não é bem compreendida.
FORA PARA DENTRO e a reabsorção mandibular, de CIMA PARA BAIXO

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• Quando o tecido ósseo para de receber estímulos, não consegue manter tal equilíbrio, o que pode resultar também
em perda de massa calcificada, chamada de atrofia por desuso.
• O esqueleto humano acumula massa óssea até cerca dos 30 anos de idade, quando gradualmente, começa a perder
osso.

Mandíbula apresentando reabsorção severa em todo Mandíbula apresentando reabsorção severa do


o rebordo, sugerindo uma influência significativa de rebordo, com persistência das linhas oblíquas Maxila severamente reabsorvida, provavelmente com Mandíbula apresentando rebordo em lâmina de faca,
fatores sistêmicos no processo. Notar a localização
internas e externas (inserções musculares), considerável influência de fatores sistêmicos. típico da condição da osteoporose em mulheres
dos foramens mentonianos sobre o rebordo,
consequência do processo de remodelação óssea. configurando um rebordo côncavo ou invertido

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2. CANDIDÍASE ERITEMATOSA OU CANDIDÍASE ATRÓFICA CRÔNICA • Os fatores que predispõem essas lesões são:

• As lesões podem ser localizadas ou difusas e apresentarem-se com a superfície lisa e/ou papilomatosa
1. A presença da própria prótese, que diminui a ação antimicrobiana da saliva na mucosa sob a base da
mesma;
2. A má́ higienização, que permite que se estabeleçam as condições para a proliferação de microrganismos,
principalmente Cândida albicans; e
3. O uso continuo da pró-tese, especialmente à noite quando a produção de saliva diminui.

• A saliva move-se em diferentes velocidades (0,8 a 8,0 mm/min.), de acordo com a região da boca.
Quanto mais lentamente o filme de saliva se move sobre a placa bacteriana, menos eficiente é a
remoção dos metabólitos bacterianos, como os ácidos. A presença de uma PT praticamente mantém o
filme de saliva estagnado sob sua base.
Mucosa avermelhada e edemaciada, com pontos de sangramento. Área inflamada, com superfície papilomatosa.

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• Fatores irritantes locais, como traumatismos mecânicos, causados por irregularidades ou porosidades presentes • O uso tópico de substâncias antimicrobianas (como a Nistatina ou a Clorexidina a 0,12% em forma de gel ou
na porção da base da prótese mal polidas e com problemas de processamento da resina acrílica, em contato com bochecho) acelera o pro- cesso de recuperação, mas não deve ser feito isoladamente, pois, caso não sejam
a mucosa, podem ser coadjuvantes. corrigidas as irregularidades da base da prótese e a higiene não melhore, a infecção por Cândida albicans
frequentemente se torna recorrente.
• Além disso, uma eventual hipersensibilidade aos componentes da resina acrílica pode desempenhar um papel
semelhante.

TRATAMENTO

1) Adaptar, regularizar e polir a superfície interna da prótese que entra em contato com a mucosa;
2) Orientar o paciente para que se consiga uma melhoria da higienização da prótese e das
estruturas bucais;
3) Aumentar o tempo em que o paciente não utiliza a prótese, especialmente à noite, para
diminuir as tensões sobre a mucosa. • Em casos graves ou persistentes, deve-se fazer uso de medicação sistêmica.

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• Já́ quando as lesões assumem a forma papilomatosa, os procedimentos previamente descritos podem fazer com que
haja regressão no quadro inflamatório, sem que se consiga uma regularização completa dos tecidos. Nesses casos,
indica-se a remoção cirúrgica das mesmas

• A candidíase também pode se manifestar em forma de lesões inflamatórias nas comissuras labiais denominada
QUEILITE ANGULAR.

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3. HIPERPLASIA FIBROSA INFLAMATÓRIA

• É comum surgirem úlceras traumáticas nos primeiros dias após a instalação de uma PT.

• Geralmente estas úlceras são causadas por sobre-extensões da base da prótese, por pontos de pressão exagerada
sob a base da prótese ou por alguma interferência oclusal grosseira que faça a prótese se movimentar
horizontalmente durante a mastigação, ferindo a mucosa subjacente.

• A resposta da mucosa à permanência da irritação crônica pode ser o desenvolvimento de uma hiperplasia
fibrosa inflamatória

TRATAMENTO

1. Redução da porção sobre-estendida da base da prótese e/ou correção das discrepâncias oclusais. Hiperplasia fibrosa inflamatória localizada na vestibular do rebordo residual.
2. Pode ser necessária a remoção cirúrgica da lesão, uma vez que a presença da mesma pode
dificultar e até inviabilizar a confecção de uma nova prótese.

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Resposta tecidual a uma prótese mal adaptada. Visão da base da prótese evidenciando, além da degradação, o
espaço criado por sucessivos reembasamentos para acomodar a Lesão causada por câmara de sucção com muito volume para Além disso, a prótese era feita de material não resinoso, o
lesão. ser tratada apenas com condicionamento. que dificultaria ainda mais a sua adaptação.

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SÍNDROME DA COMBINAÇÃO
1. PERDA DE SUPORTE ÓSSEO SOB A BASE DA PPR;
• A reabilitação de pacientes edentados na maxila e parcialmente dentados na mandíbula, portadores de extremidade
livre posterior, que fazem uso ou não de uma Prótese Parcial Removível (PPR), é uma ocorrência comum. • Essa é a primeira alteração que ocorre.

• Algumas dessas alterações merecem uma abordagem especial, pois os esforços para prevenir sua ocorrência vão • O paciente raramente percebe essa alteração devido à lentidão do processo.
nortear o planejamento reabilitador para esses casos.
• As diferenças de individuo para individuo nesse processo são significativas.
São elas:
1. Perda de suporte ósseo sob a base da PPR; • Causas metabólicas, hormonais e nutricionais contribuem para essa diferença. Além disso, pacientes com
2. Reposicionamento espacial da mandíbula anterior; doenças sistêmicas, como diabetes e osteoporose, mostram aumento no grau de reabsorção óssea.
3. Reabsorção óssea na porção anterior da maxila;
4. Hiperplasia inflamatória na região de palato duro e
fundo de vestíbulo; • Para minimizar esse problema, deve-se estender o máximo possível a base da PPR na área da extremidade livre
5. Crescimento das tuberosidades maxilares; posterior, buscando limites semelhantes aos de uma PT nessa região.
6. Alterações periodontais.
https://www.kulzerblog.com.br/reabilitacao-com-proteses-removiveis-em-paciente-com-sindrome-da-combinacao/
• Além disso, a anatomia interna da base da prótese, que entra em contato com a mucosa, deve ser produto de uma
moldagem funcional na melhor forma possível.
• Essas alterações nem sempre ocorrerão de forma simultânea, pois as mesmas são reguladas por fatores predisponentes.
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2. REPOSICIONAMENTO ESPACIAL DA MANDÍBULA ANTERIOR


• A perda do suporte posterior pode acarretar uma transferência gradual das cargas oclusais posteriores para a
região anterior.
• O resultado das forças mastigatórias aplicadas na parte anterior do rebordo remanescente é a conversão da PT superior
em uma alavanca Classe I (interfixa) com o fulcro sobre o rebordo aproximadamente na região de pré-molares

Radiografia panorâmica evidenciando perda óssea exagerada na região posterior da mandíbula, subjacente a
uma PPR de extremidade livre, e na região anterior da maxila, antagonista aos dentes inferiores naturais Reposicionamento da mandíbula anterior com perda de contatos na região
remanescentes. Estas são duas das condições mais marcantes da SÍNDROME DA COMBINAÇÃO mais posterior da arcada em MIH (máxima intercuspidação habitual).

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3. REABSORÇÃO ÓSSEA NA PORÇÃO ANTERIOR DA MAXILA

• A região anterior da maxila é a parte da arcada superior que menos resistência apresenta às tensões.
• Quando os dentes anteriores inferiores ocluem sobre a prótese nessa região, a sobrecarga funcional é inevitável.

• Com a perda óssea, a porção anterior do rebordo passa a ser formada por um tecido frouxo hiperplásico.

Paciente edentado superior, com dentes inferiores de canino a canino


que não fazia uso de PPR. A pressão exercida pela base da PT, em
função da anteriorização da mastigação no nível dos dentes inferiores,
causou uma úlcera traumática sobre o rebordo no ponto em que a
prótese se apoia, no nível das rugosidades palatinas.
Tecido frouxo causado por perda óssea anormal na região anterior

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• A manutenção de raízes nessa região sob a PT, mesmo usando a técnica de sepultamento de raízes, pode 4. HIPERPLASIA INFLAMATÓRIA NA REGIÃO DE PALATO DURO E
prevenir essa situação REGIÃO ANTERIOR DO FUNDO DE VESTÍBULO

• Pelo deslocamento da PT, esta se movimenta para a frente e para cima, resulta numa tendência ao desenvolvimento
de hiperplasia fibrosa inflamatória nas áreas que sofrem ação das forças compressivas geradas por essa alavanca.

• Na região anterior de fundo de vestíbulo, a extensão do traumatismo dependerá da extensão e do formato do


flange da base da prótese.

• A possibilidade de se manterem raízes na região anterior, sob a base da PT superior, é uma conduta eficiente para
prevenir os efeitos da síndrome da combinação nessa região.

• Entretanto, apenas duas raízes usadas como retentores em geral não são suficientes para se ter uma PT superior
mecanicamente eficaz. Hiperplasia fibrosa inflamatória na região de fundo de vestíbulo anterior

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• Na região de palato duro, observa-se com mais frequência a presença de um quadro inflamatório associado,
frequentemente vinculado aos seguintes fatores:
• A correção do problema dependerá da quantificação da atuação dos fatores concorrentes para o
quadro.

1. Irregularidades não corrigidas na porção interna da base de resina da prótese, geralmente oriundas das
pequenas bolhas de ar causadas no material de moldagem pela pressão hidrostática das gotículas de saliva As seguintes condutas podem ser tomadas, associadas ou não, para a correção do problema:

secretadas pelas pequenas glândulas salivares existentes no palato 1. Alívio do flange vestibular da PT;

2. Baixa renovação salivar sob a base da prótese, criando um meio propício ao desenvolvimento de candidíase; 2. Cirurgia para a retirada do tecido hiperplásico;

3. Higienização inadequada, tanto da cavidade bucal como da própria prótese; e 3. Condicionamento tecidual pelo reembasamento ou regularização da superfície da base da prótese;

4. Resposta imune do paciente. 4. Uso tópico de substâncias antimicrobianas;


5. Orientação de higienização para o paciente.

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5. CRESCIMENTO DAS TUBEROSIDADES MAXILARES 6.ALTERAÇÕES PERIODONTAIS


• Devido ao vedamento posterior da PT, uma pressão negativa é produzida posterior à linha de fulcro do
reposicionamento da prótese. O estimulo gerado por essa pressão negativa leva ao aumento das tuberosidades maxilares.
• Há aumento das tensões impostas aos dentes, o que pode resultar em
espessamento do espaço dos ligamentos periodontais e/ou mobilidade.

• Fatores irritantes locais devem ser eliminados, pois contribuirão para


o quadro.

• Pacientes com hábitos oclusais parafuncionais demonstram os sinais da


síndrome com mais frequência.

Alterações periodontais em paciente com síndrome da


combinação. O excesso de esforços nos dentes anteriores,
Crescimento das tuberosidades maxilares por pressão negativa gerado pela anteriorização da mastigação provavelmente
da base da prótese em caso de síndrome da combinação. contribuiu decisivamente para a formação do quadro.

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• O objetivo básico do tratamento deve ser o estabelecimento de um esquema oclusal reduzindo a pressão excessiva na
região anterior do rebordo maxilar, tanto em um posicionamento cêntrico como nos posicionamentos excêntricos.

• Isso pode ser conseguido mantendo-se os dentes anteriores sem contatos cêntricos e com contatos mínimos em
movimentos excêntricos, distribuindo os contatos para os caninos e região posterior da arcada.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA
SALIVA NA REABILITAÇÃO
DOS EDENTADOS?

• Outra linha de tratamento aponta para a possibilidade de se obter uma situação mecanicamente mais favorável com o
uso de implantes osseointegrados, em especial na maxila.
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• A saliva é o principal componente mediador das funções orgânicas que se desenvolvem no interior da cavidade
bucal, constituindo-se em um importante fator de coexistência, em íntimo contato, de tecidos moles, dentes
naturais e próteses, sem que os mesmos se agridam. • A secreção diária de saliva atinge, normal- mente, entre 800 e 1500 ml.

• As principais funções da saliva são: • A redução nos níveis podem trazer sérias dificuldades para a execução e o uso das próteses. Além da perda de
retenção, a falta de saliva pode facilitar a formação de ulcerações traumáticas na mucosa pelo contato direto da
prótese.
1. Remover resíduos de alimentos e metabólitos microbianos;
2. Ação antibacteriana, antifúngica e antivirótica;
• Ao tratar idosos, o CD deve levar em conta o fato de que drogas que atuam no SNC podem levar a alterações
3. Iniciar a digestão; do fluxo salivar, apresentando, por exemplo, xerostomia parcial ou total devido à medicação a que são
submetidos
4. Lubrificar e proteger as mucosas

• Cabe ao CD consultar a bula dos remédios que o paciente porventura faça uso, a fim de verificar se algum
• A saliva é o principal agente a promover a retenção das PTs à mucosa subjacente. provoca a diminuição do fluxo salivar.
• Uma saliva mais fluida gera uma película bem fina (cerca de 0,1 mm de espessura), o que aumenta a retenção da prótese. • O desequilíbrio hormonal também pode ser responsável pelo quadro de boca seca. Após a menopausa, é
comum a mulher apresentar xerostomia seguida de ardência bucal sem causa definida.
• Já́ uma saliva mais viscosa tende a formar uma película mais espessa entre a base da prótese e a mucosa, o que torna
o comportamento mecânico da prótese mais instável.

TELLES, D., 2009 TELLES, D., 2009

• Algumas perguntas podem ser feitas durante a anamnese para verificar essa condição. São elas:
• Preciso informar ao paciente que a ausência de saliva dificulta o uso da PT.
• Pode-se aconselhar ao paciente adquirir o habito de colocar pequenas quantidades de água na boca, durante o dia,
sem engolir. E em casos mais severos, recomenda-se o uso de saliva artificial.
✓ Você̂ frequentemente se preocupa em manter a boca úmida?
✓ Você̂ se levanta frequentemente durante a noite para beber água?
✓ Você̂ sente sede com muita frequência?
✓ Você̂ tem dificuldades para mastigar e/ou falar?
✓ Você̂ costuma sentir queimação ou ardência na língua?
✓ Você̂ tem lábios ressecados?
✓ Você̂ perdeu a sensação gustativa?

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COMO AVALIAR O ESPAÇO PROTÉTICO? • Na dentição natural, o toque de dentes antagonistas posteriores determina o máximo que a mandíbula aproxima-
se da maxila no plano vertical, tornando-se numa referência para o limite do fechamento mandibular.
• Ainda na fase inicial do tratamento, é necessário que seja feita uma
análise do espaço existente para a confecção da(s) prótese(s). • Com a perda dessa referencia, devido à perda dos dentes, a relação vertical da mandíbula com a maxila
desaparece do ponto de vista estático, ou seja, deixa de existir um ponto de parada para o fechamento da
• As observações diagnósticas devem ser feitas de forma dinâmica. mandíbula, antes determinado pela oclusão dos dentes posteriores.

• Nessa situação, o fechamento sem limite da mandíbula poderá́ dar uma falsa impressão de que não existe espaço
• Eventualmente, haverá́ a necessidade de montar modelos de para a confecção de próteses
diagnóstico em um articulador, conduta que possibilita, além de
uma análise mais acurada do espaço protético real.
• A avaliação clínica é especialmente importante, uma vez que, na região posterior dos rebordos, a proximidade
• O principal parâmetro clínico a ser considerado na avaliação do entre a tuberosidade da maxila e a papila piriforme pode impedir o posicionamento, entre estas estruturas
espaço protético é a Dimensão Vertical de Oclusão (DVO). anatômicas, das bases das próteses superior e inferior

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• É importante detectar alterações no início do tratamento para que seja indicada a redução cirúrgica da tuberosidade
da maxila.

• Caso contrário, o problema só́ será́ percebido no momento da obtenção da DVO, quando será́ necessário reduzir a
extensão da base da prótese inferior, podendo comprometer a estabilidade da mesma.

• A avaliação da topografia das áreas edentadas ganha importância à medida que esta pode limitar as possibilidades
de correções estéticas do caso.

• Devem-se avaliar as características do rebordo e a possível necessidade de correção cirúrgica para se conseguir o
resultado que o paciente espera e que foi determinado na anamnese

A proximidade entre a papila piriforme da mandíbula e a tuberosidade da maxila deve ser avaliada em DVO para estabelecer
se existe espaço suficiente nessa região para as bases das próteses superior e inferior (à esquerda). Caso esse espaço não
exista (à direita), haverá́ dificuldades na execução das próteses (adaptado de Tamaki18).
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Tuberosidade da maxila exageradamente aumentada, Incisão em forma de cunha para remover o excesso de
Mantendo-se o paciente em DVO, com a ajuda do compasso de Willis, interpõe-se um pedaço de cera tipo utilidade entre os dificultando a confecção de uma PT, com o plano oclusal tecido e reduzir o volume da tuberosidade.
rebordos na região entre a papila piriforme da mandí- bula e a tuberosidade da maxila para buscar estabelecer uma estimativa esteticamente adequado.
de espaço nessa região (à esquerda). A espessura da cera determinará se existe espaço suficiente nessa região para as bases das
próteses superior e inferior (à direita).

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Tecido em excesso removido. A maior parte do aumento anormal


da tuberosidade é, em geral, constituída de tecido mole

Tuberosidade reduzida.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• TELLES, D. Prótese Total - Convencional e sobre implantes. 1 ed. São Paulo: Santos, 2009.

• Russi, Sérgio ; Rocha, Eduardo. Prótese Total e Prótese Parcial Removível - Série Abeno. 1

OBRIGADO! ed. Editora Artes Medicas Ltda, 2015.

@juliabsantiago
E-mail: juliaodontologia@hotmail.com

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