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Fundação Sara Albuquerque Costa

2021
Equipe de Saúde
Eliana Cavacami
Médica oncopediatra da Fundação Sara e Santa Casa de Montes Claros
Professora do curso de Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras

Sabrina Jeane Prates Eleutério


Médica oncopediatra da Fundação Sara e Santa Casa de Montes Claros
Professora do curso de Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras.

Revisão
Marlene Cavalcan Albuquerque Costa
Silvana Soares Amorim

Projeto Gráfico/Editoração
Victor Ramos Silva

Os direitos autorais estão reservados à Fundação Sara.

4° Edição - 2021
Sumário

O que é câncer 05

O câncer infantojuvenil 05

Algumas diferenças entre o câncer infantojuvenil e do adulto 06

Principais Tumores 07

Sinais e Sintomas 08
Leucemias 08
Linfomas 09
Massas Abdominais 10
Tumores do Sistema Nervoso Central 11
Re noblastoma 12
Tumores Ósseos 13
Sarcomas de Partes Moles 14

Cuidados durante o tratamento 15

Bibliografia 16

Sobre a Fundação Sara 17


O que é câncer
O câncer corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a
proliferação descontrolada de células anormais e a capacidade de invasão dos tecidos
adjacentes e à distância.

O câncer infantojuvenil
No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e
adolescentes de 1 a 19 anos, para todas as regiões.¹

A sobrevida de crianças e adolescentes com câncer melhorou muito nos úl mos 30


anos. Antes disso, essa era uma doença quase sempre associada à morte, enquanto
hoje, nos centros especializados, a sobrevida ultrapassa a faixa de 80%. A maioria deles
terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.¹

Os tumores da infância e da adolescência são subdivididos em dois grandes grupos: (1)


Tumores hematológicos, como as leucemias (glóbulos brancos) e os linfomas (sistema
linfá co); (2) Tumores sólidos, como os do sistema nervoso central/cérebro, tumores
abdominais (neuroblastomas, hepatoblastomas, nefroblastomas), tumores ósseos
(osteossarcoma), tumores de partes moles (rabdomiossarcomas, sarcomas sinoviais,
fibrossarcomas), tumores da re na e olho (re noblastoma), tumor renal (tumor de
Wilms) entre outros.³

Os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são inespecíficos, pois a apresentação


clínica é semelhante a outras doenças corriqueiras da infância, como febre
prolongada, vômitos, emagrecimento, sangramentos, adenomegalias, dor óssea
generalizada, palidez, cefaleias, alterações da visão, dores abdominais e dores
osteoar culares.³

As dificuldades relacionadas aos sinais e sintomas não específicos podem levar o


paciente a procurar assistência médica repe damente por semanas, sempre com a
mesma queixa ou com agravamento da situação que o levou a procurar pela primeira
vez um serviço de saúde. O paciente pode ser diagnos cado em condições clínicas
desfavoráveis, com muitas complicações que dificultam o tratamento e o seu
resultado. É essencial, portanto, que os profissionais de todos os pontos da Rede de
Atenção à Saúde estejam capacitados para iden ficar os sinais e sintomas do câncer
infatojuvenil em tempo hábil, possibilitando a esse público o Diagnós co Precoce da
doença e maiores chances de cura.³
05
Algumas diferenças entre o câncer
infantojuvenil e do adulto

Início biológico Sinais e sintomas Diagnóstico clínico Desfecho

Fatores Rastreamento Diagnóstico Prevenção de


de risco precoce complicações
e sequelas

Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária

Fonte: h p://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/ posdecancer/site/home/infan l/literatura

Tudo começa no Diagnós co Precoce: Para os tumores da infância e adolescência, até o


momento, não existem evidências cien ficas que deixem claro a relação entre o início da
doença e fatores de risco ambientais. Assim sendo, não é possível o manejo de fatores de
risco para a profilaxia primária, nem a iden ficação de grupo de risco para que se possa
planejar algum po de rastreamento. Portanto, a ênfase deve ser dada ao diagnós co
precoce e à orientação terapêu ca de qualidade, principais formas de intervenção que
podem influenciar, posi vamente, o prognós co do câncer na criança e no adolescente.

06
O diagnós co precoce é uma das estratégias de prevenção secundária, que inclui
medidas para a detecção de lesões em fases iniciais da doença a par r de sinais e
sintomas clínicos.

A origem: O câncer infantojuvenil, na sua maioria, tem origem em células imaturas


com alto potencial de proliferação, diferente do que acontece com adultos, onde os
tumores têm origem em células mais maduras e podem demorar anos para serem
considerados avançados. No caso das crianças todo o processo é muito mais rápido e,
portanto, o diagnós co precoce deve ser sempre uma urgência médica.

Principais tumores:

Re noblastoma
TCG*
Outros Hepatoblastoma
1%
Neuroblastoma 3% 2%
4%
4%
Tumores ósseos
5%
Nefroblastoma Leucemias
5% 34%

6%
Carcinomas

6%
Sarcomas de
partes moles
14% 16%
Tumor SNC**
Linfomas

*Tumor de Células Germina vas


**Sistema Nervoso Central

07
Sinais e Sintomas

Descrevemos, a seguir, algoritmos adaptados que abrangem as neoplasias mais


frequentes na infância e adolescência. Eles podem ser encontrados na versão online:
Protocolo de diagnós co do câncer pediátrico².

Leucemias: A leucemia aguda é a principal neoplasia que acomete as crianças e os


adolescentes. Possui um período de latência curto, com história de surgimento dos
sintomas de poucas semanas. O fluxograma a seguir é recomendado para orientação
da confirmação da suspeita e conduta.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE LEUCEMIAS E ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

Hemograma
- Febre prolongada e sem Resultado com 24h
causa definida;
- Sangramento;
- Palidez; Com duas ou mais
Não
- Adenomegalia suspeita; Resultado alterações:
- Dor óssea e/ou ar cular; normal? - Anemia;
- Hepatoesplenomegalia. - Leucocitose ou;
Sim
leucopenia;
- Plaquetopenia.
Reavaliar com 72horas
Emergência:
Hemograma
- Leucocitose > 50.000 /mm3
- Plaquetas < 20.000 /mm3
- Hemoglobina < 6g/dl
Encaminhar imediata-
- Sangramento Resultado Não
mente para a referência
normal? em oncologia pediátrica
Sim

Dar seguimento Fim

Febre Sangramentos

08
Linfomas: Os linfomas estão entre os três grupos de neoplasias mais comuns na faixa
etária pediátrica. Apresentam-se normalmente por adenomegalia dura, indolor e
aderida aos planos profundos quando descartada a possibilidade de causa infecciosa.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE LINFOMAS E ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Adenomegalia suspeita;
- Febre prolongada e
sem causa definida; Hemogama Sorologias/VHS
- Sudorese noturna; Resultado em 72h
- Perda de peso.
Sim
Posi vo?
Emergência: Não
- Adenomegalia e dispneia; Resultado Não
- Massa medias nal. normal? Com duas ou mais
alterações:
Sí os especiais sem infecção - Anemia;
em área de drenagem: Sim
- Leucocitose ou
- Supra clavicular; Acompanhar semanalmente Leucopenia;
- Axilar; por 6 semanas - Plaquetopenia.
- Epitroclear. Repe r hemograma
Tratar
provável
infecção

Não Encaminhar imediata-


mente para a referên-
cia em oncologia
pediátrica

Sim

Dar seguimento Fim

Febre Adenomegalia

09
Massas abdominais: A presença de massa abdominal palpável é uma das principais
formas de apresentação clínica dos tumores sólidos em crianças e adolescentes.
Entretanto, frequentemente a apresentação desses tumores abdominais é
assintomá ca e reconhecida acidentalmente pelos pais, cuidadores ou no exame
clínico de ro na.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE MASSAS ABDOMINAIS E ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Dor abdominal recorrente ;


- Massa abdominal ; Ultrassonografia
- Perda de peso; abdominal em 72h
- Hematúria;
- Febre prolongada e sem causa
definida; Não
- Hipertensão arterial; Resultado
- Alteração do hábito intes nal; normal?
- Virilização;
- Aumento do volume tes cular. Sim
Encaminhar imediatamente
Dar seguimento para a referência
Emergência: em oncologia pediátrica
- Massa abdominal de
crescimento rápido.

Fim

Massa abdominal Dor abdominal recorrente

10
Tumores do Sistema Nervoso Central (SNC): Os tumores do SNC são os tumores
sólidos mais frequentes nas crianças e adolescentes. Sua apresentação clínica varia de
acordo com sua localização, po histológico, taxa de crescimento do tumor e idade.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E


ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Cefaleia/vômitos;
- Tonturas;
- Alteração da marcha; Tomografia de crânio
- Alteração da visão; em 7 dias
- Alteração da fala;
- Alteração de comportamento;
- Aumento do perímetro cefálico; Não
- Convulsão. Resultado
normal?

Sim
Emergência: Encaminhar imediatamente
-Alteração do nível de consciência Dar seguimento para a referência em
-Crise convulsiva. oncologia pediátrica

Fim

Alteração da
Cefaleia
marcha e fala

11
Re noblastoma: Tumor intraocular mais frequente na infância. Afeta crianças abaixo
de três a quatro anos, sendo a média de idade do diagnós co de dois anos.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE RETINOBLASTOMA E ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Leucocoria; Avaliação por


- Alteração da visão; o almologista em 7 dias
- Estrabismo;

Resultado Não
normal?

Sim
Encaminhar imediatamente
Dar seguimento para a referência em oncologia
pediátrica

Fim

Leucocoria Proptose

12
Tumores ósseos: Este grupo de neoplasias tende a acometer, com mais frequência,
nos adolescentes. É representado, principalmente, pelo osteossarcoma e pelos
tumores da família Ewing.
Dor óssea no local envolvido, associada ao aumento regional de partes moles, são as
principais formas de manifestações dos tumores ósseos.

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE TUMORES ÓSSEOS E ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Dor óssea;
- Aumento de volume Raio X em 7 dias
local.

Resultado Não
normal?

Sim
Encaminhar imediatamente
Dar seguimento para a referência em oncologia
pediátrica

Fim

Dor óssea

13
Sarcomas de partes moles: Deve-se suspeitar de um sarcoma das partes moles na
presença de massa, nódulo ou lesão de partes moles, de surgimento inesperado e
inexplicável, em qualquer localização, com as seguintes caracterís cas:

Ÿ Adesão aos planos profundos: musculatura e fáscia.


Ÿ Ausência de dor.
Ÿ Aumento progressivo.
Ÿ Presença de adenomegalia regional.

Sarcomas podem acometer também cavidades, provocando sinais e sintomas como³:

Ÿ Proptose (cavidade orbitária).


Ÿ Obstrução nasal, com eliminação de secreção sanguinolenta (nasofaringe).
Ÿ Obstrução do conduto audi vo médio com eliminação de pólipos ou secreção
sanguinolenta (ouvido médio).
Ÿ Retenção urinária (bexiga, próstata).
Ÿ Hematúria (bexiga).
Ÿ Secreção vaginal com sangramento (vagina).

FLUXO DOS SINTOMAS, SUSPEITA DE SARCOMAS DE PARTES MOLES E


ENCAMINHAMENTO

SINTOMAS EXAMES INVESTIGAÇÃO ENCAMINHAMENTO

- Aumento de Ultrassonografia ou
partes moles. tomografia da região
em 7 dias

Resultado Não
normal?

Sim
Encaminhar imediatamente
Dar seguimento para a referência em oncologia
pediátrica

Massa em partes moles Fim

14
Cuidados durante o tratamento
Ÿ Consumir alimentos de boa procedência, observando os cuidados com o
manuseio, acondicionamento e preparo dos mesmos;
Ÿ Manter alimentação saudável e hiperproteica;
Ÿ Procurar respeitar as preferências da criança e do adolescente, especialmente
após sessões de quimioterapia, pois são comuns náuseas, vômitos e mucosite.
Nessas situações, alimentos frios, de consistência adequada, fracionados e com
alta densidade calórica são mais indicados;
Ÿ Manter boa hidratação e dieta rica em fibras para evitar cons pação intes nal;
Ÿ Cuidar da higiene pessoal: lavar as mãos frequentemente, tomar banho
diariamente, manter a pele hidratada, unhas cortadas e não re rar a cu cula;
Ÿ Manter os pés calçados;
Ÿ Evitar ambientes fechados e aglomeração de pessoas;
Ÿ Ter contato com animais somente se forem conhecidos e bem cuidados: com
banho regular e vacinação em dia, e mesmo assim, evitando contato ín mo;
Ÿ Não tomar banho em água desconhecida, como em piscinas, rios e lagoas;
Ÿ Não visitar e nem receber visitas de parentes e amigos que estejam com alguma
doença infectocontagiosa;
Ÿ Pedir que as visitas lavem as mãos quando chegarem e que evitem sentar na cama
da criança e do adolescente;
Ÿ Vacinar somente com orientação do oncologista.

SÃO SINAIS DE ALERTA

Ÿ Febre: devido ao risco de neutropenia febril, é necessário verificar contagem de


neutrófilos para avaliar necessidade de início imediato de an bio coterapia.

Ÿ Sangramento: devido ao risco de plaquetopenia, é necessário verificar


contagem de plaquetas para avaliar necessidade de indicação de transfusão.

15
Bibliografia
1. INCA
h p://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/ posdecancer/site/home/infan l

2. Ministério da Saúde. Protocolo de Diagnós co Precoce do Câncer Pediátrico.


Brasília,2017. Disponível em:
h p://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/fevereiro/17/Protocolo-de-
Diagnos co-Precoce-do-Cancer-Pediatrico.pdf

3. h p://sobope.org.br/apex/f?p=106:13:68848680406::NO::DFL_PAGE_ID:201

4. McDOWELL, H. P. Update on childhood rhabdomyosarcoma. Archives of Disease


in Childhood, v. 88, n. 4, p. 354-357, abr. 2003.

16
Sobre a Fundação Sara

A Fundação Sara nasceu da convivência


que os pais, parentes e amigos da pequena
Sara tiveram com a dor e a esperança
durante seu tratamento de leucemia, em
1996/1997. O transplante muito caro
fez com que amigos e colegas da
CEMIG se unissem e promovessem a
cam-panha “Ajude a Salvar a Vida da
Sara”.

Apesar de todo o apoio, Sara faleceu em Sara Albuquerque


Aos 04 anos
22/11/1997 e, imediatamente após o falecimento, os
pais resolveram colocar em prática o sonho idealizado durante o tratamento
da pequena Sara, pois passaram pela difícil experiência do tratamento fora
de seu domicílio, mesmo com a bênção de contar com o apoio de amigos,
tanto em Belo Horizonte como em São Paulo.

Munidos de fé e determinação, Álvaro e Marlene sentiram que Deus


colocava em suas mãos a missão de investir o que restou da quantia
arrecadada na campanha em algo duradouro, que pudesse levar a outras
crianças, como Sara, e a outros pais, como eles, o alívio e o apoio que tanto
tiveram durante a árdua experiência de sofrimento da própria filha.

Assim, em junho de 1998, foi instituída, em Montes Claros/MG, a Fundação


Sara, para receber e assistir crianças e adolescentes com câncer, e seus
acompanhantes.

Em 2009, a entidade recebeu convite de médicos e empresários de Belo


Horizonte e, após comprovada a viabilidade, foi instalada uma unidade na
capital mineira em julho de 2010, expandindo, assim, a assistência para
todo o estado de Minas Gerais.

17
TODOS CONTRA O CÂNCER!

Montes Claros/MG Belo Horizonte/MG


Rua André Luiz, 415, Rua Manoel Couto, 182,
Canelas II Cidade Jardim
CEP: 39402-384 CEP: 30380-080
Tel: (38) 3214-5500 Tel: (31) 3284-7690

www.fundacaosara.org.br
fundacaosara
Fundação Sara

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