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GESTÃO DA MANUTENÇÃO

AUTOMOTIVA
AULA 4

Prof. Flávio Rodrigues


CONVERSA INICIAL

Existem várias formas de se identificar os profissionais que trabalham


diretamente nos veículos. Podemos chamá-los de mecânicos, produtivos,
técnicos ou colaboradores. Conforme a área de atuação, podemos ter técnicos
especializados em suspensão, direção, motores, transmissão, funilaria, pintura
ou ainda eletricidade automotiva. Esse profissional é diretamente responsável
pela produção da empresa, pois dele depende a realização dos serviços
automotivos, a qualidade dos serviços e a satisfação do cliente. Nesta aula,
vamos conversar mais diretamente sobre o produtivo/mecânico automotivo.

TEMA 1 – ATRIBUIÇÕES DO PRODUTIVO

Em aulas anteriores, quando tratamos do chefe de oficina, fizemos várias


citações sobre o produtivo, abordando inúmeras características desejadas no
momento da contratação desse profissional. Nesta aula, pretendemos dar
continuidade, de forma mais detalhada, ao que se espera do perfil desse
profissional.

1.1 Atribuições do produtivo

As atribuições da função que serão comentadas podem ajudar quem


deseja trabalhar na área com sugestões de como se comportar ou se situar no
ambiente de oficina. Os empreendedores que desejam montar uma empresa de
manutenção automotiva, poderão ter, como apoio, as sugestões indicadas aqui.
Primeiramente, é essencial colaborar com o chefe de oficina na realização
dos serviços, estando sempre disposto a ajudar e ouvindo o chefe de oficina a
respeito dos serviços que precisam ser realizados no automóvel. Infelizmente,
ainda existem profissionais que ainda preferem trabalhar “sozinhos”, dentro do
seu ritmo, mesmo fazendo parte de uma equipe de oficina. Não há mais espaço
neste mercado para mecânicos que não gostam de trabalhar em grupo ou que
não aceitam supervisão.
Depois, é preciso conservar as ferramentas de trabalho, procurando
utilizá-las de forma adequada e correta. As ferramentas devem estar, dentro do
possível, limpas e organizadas em gavetas, em um carrinho porta-ferramentas
ou na caixa de ferramentas.

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Um problema que ocorre em algumas oficinas é a demora na realização
de determinado serviço, pois o mecânico perde muito tempo procurando as
ferramentas certas, por conta de sua própria desorganização no momento de
guardá-las.
Outro item preocupante é a perda de ferramentas. Isso ocorre quando o
produtivo faz um serviço no carro do cliente e esquece uma “chave estrela” no
cofre do motor ou dentro do veículo, no assoalho. Perdas de ferramentas trazem
um prejuízo à oficina, pois há a necessidade de reposição.
Um procedimento muito comum no momento da contratação do mecânico
é oferecer a ele uma caixa ou um carrinho porta-ferramentas. Todas as peças
são contadas na frente do produtivo; posteriormente, ele assina uma lista
conformando o recebimento. Periodicamente, talvez mensalmente, o chefe de
oficina confere as ferramentas com o mecânico, fazendo uma recontagem.
Após a recontagem, cada empresa tem uma política de “procedimentos”:
umas descontam do salário do mecânico o valor da ferramenta faltante,
objetivando adquirir uma nova. Outras empresas repõe a ferramenta sem custo
para o produtivo, porém ele é penalizado com uma advertência.
Cada empresa tem uma forma de tratar essa situação. Não nos cabe
indicar qual a forma ideal. O importante é salientar que uma ferramenta utilizada
de forma inadequada, quebrada ou perdida, é “prejuízo” para o proprietário da
oficina.
Na foto, vemos um mecânico devidamente uniformizado, trabalhando em
um veículo.

Crédito: Minerva Studio / Shutterstock.

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Também é essencial ter conhecimento técnico suficiente para realizar as
tarefas ligadas à área automotiva. Muitos mecânicos adquiriram conhecimentos
por meio do trabalho, no dia a dia, na prática. Começaram cedo na profissão,
estimulados por um amigo ou parente, e com o tempo se tornaram profissionais.
Isso não é errado, porém o profissional que pretende ingressar na área precisa
se atualizar constantemente; ele precisa gostar de estudar.
Os automóveis estão constantemente evoluindo, pois novas tecnologias
surgem. Assim, quem não se atualizar vai ficar limitado a consertar veículos mais
antigos e fora de linha. Nesse sentido, existem muitas escolas técnicas
profissionalizantes que podem oferecer o suporte necessário. Mas é preciso
querer aprender, se atualizar, sair do trabalho e ir estudar ou fazer um curso –
não dá para se acomodar.
Na sequência, enfatizamos que é preciso zelar pela qualidade técnica dos
serviços executados, trabalho que requer o exame de todas as tarefas
concluídas. Essa é uma questão muito importante: a qualidade! No ambiente de
oficina, em que existe muita pressão por produtividade, solicitações de clientes
e metas em relação a faturamento, podem ocorrer erros.
Por esse motivo, o veículo deve ser revisado antes da entrega; é preciso
conferir o que foi solicitado na ordem de serviço e realizado, com uma inspeção
rápida, que deverá ser feita pelo mecânico, chefe de oficina e consultor técnico,
antes da entrega ao cliente.
Quanto mais consciente em relação à qualidade do serviço, menor a
necessidade de inspeções frequentes, por outros colegas de setor, antes de se
entregar o veículo. Quando um cliente volta à oficina para retirar seu automóvel,
e alguns dos serviços solicitados não foram feitos, por esquecimento ou falha,
ele ficará insatisfeito.
Portanto, é preciso realizar, dentro do possível, todos os serviços
discriminados na ordem de serviço. Às vezes, a realização de um serviço não
depende da disponibilidade do mecânico, mas sim da falta de uma peça no
mercado (muito comum em veículos importados) ou de uma ferramenta
específica.
O mercado de autopeças cresceu muito. Há muitos componentes
automotivos à disposição (principalmente itens de revisão). Porém, alguns itens
são pouco trocados, pois são peças de baixo giro, então nem em autopeças

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encontramos certos produtos em pronta entrega. Nesse caso, a peça precisa ser
encomendada, e poderá levar alguns dias até chegar.
Quando o mecânico não puder realizar determinado serviço, por falta de
peça, por exemplo, ele deve avisar o chefe de oficina e o consultor técnico o
quanto antes. Assim, o cliente será comunicado de um possível atraso na
entrega do veículo, e das razões para isso.
Por fim, sublinhamos a necessidade de conservar o uniforme de trabalho
limpo e em condições de uso. Cada empresa tem uma regra a respeito do
uniforme de trabalho. Geralmente, ele é entregue ao mecânico no momento da
contratação, em geral mais de uma peça. Assim, durante determinados dias da
semana, ele deve trocar o uniforme, tirar o sujo e vir trabalhar com um limpo. A
imagem que se tinha de um mecânico com uniforme “sempre” sujo e resgado
não cabe aqui. O cliente quer ver um profissional com uniforme limpo
manuseando o seu carro.

TEMA 2 – SEGURANÇA

Em uma oficina de manutenção automotiva, há muitos riscos de


acidentes, em função do ambiente. Por exemplo, se o óleo lubrificante vaza de
um veículo, até que o mecânico vá providenciar a limpeza, alguém pode
escorregar e cair, vindo a se machucar.
Outro risco é em relação aos olhos, pois pode um produto químico “cair”
neles, como por exemplo lubrificante de motor, ou pode acontecer de espirrar
água fervendo ou de uma ferramenta escapar e bater nos olhos, prejudicando a
visão.
Hoje, muitas oficinas apresentam ferramentas “pneumáticas”, que
facilitam o trabalho no quesito força, mas que provocam um ruído alto. O
mecânico utiliza essa ferramenta com frequência, durante a jornada de trabalho,
principalmente para soltar parafusos de roda dos automóveis. Se não houver
proteção, ao final do dia a audição estará levemente prejudicada. Com o tempo,
isso pode gerar um problema mais sério.
Onde há muitas ferramentas e equipamentos, existe um risco maior de
queda de peças no chão. Assim, é bom ter uma boa proteção nos pés, pois,
dependendo do peso da peça, a queda pode provocar fraturas.

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Não podemos esquecer da importância do uso dos uniformes fornecidos
pela empresa, pois eles não deixam de ser um equipamento de proteção. Na
foto, o funcionário está utilizando máscara e fones de ouvido.

Crédito: Rawpixel.com / Shutterstock.

2.1 Equipamentos de proteção individual

Em uma oficina de reparação automotiva, o mecânico deve utilizar


Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). As Normas Regulamentadoras
(NRs) estão relacionadas a procedimentos determinados pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), cujo objetivo é a proteção do profissional no
ambiente de trabalho.
Existem várias Normas Regulamentadoras já publicadas. Elas tratam de
vários temas ligados à segurança no ambiente de trabalho. Ao todo, são 36.
Essas NRs definem as “obrigações” que devem ser cumpridas pelo proprietário
da empresa (patrão) e pelos funcionários em relação ao uso de proteção.
No caso de oficinas automotivas, vamos citar especificamente a questão
das EPIs dos mecânicos no ambiente de trabalho (oficina). No caso de utilização
de equipamentos de proteção individual, a norma que define a utilização é a NR
6.
Antes de apresentarmos alguns dos equipamentos de proteção utilizados
pelos mecânicos, devemos comentar a questão da conscientização. Não adianta
nada a empresa, a oficina, distribuir equipamentos para os produtivos se eles
não os utilizarem. Os riscos de acidentes e eventuais danos físicos ao mecânico
vão continuar existindo. Esta questão é tão séria que algumas empresas estão
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dando “advertência” escrita para o produtivo que for pego trabalhando sem
utilizar EPIs.
Quem utiliza os equipamentos corretamente vai evitar problemas futuros
em relação à saúde, correndo menos riscos no dia a dia. Citando como exemplo
a questão de ruído e barulho na oficina: quem não usa proteção “auditiva” pode
ter perda de audição com o passar dos anos, de forma gradativa.
Pode acontecer de uma fagulha, proveniente de um esmeril, acertar seu
olho e provocar danos irreversíveis. A conscientização dos produtivos só ocorre
por meio de treinamentos e informações a respeito da utilização dos produtos.
Muitas empresas se limitam a fornecer aos mecânicos os equipamentos,
e não os preparam para a utilização.

2.2 Equipamentos específicos do mecânico

Segundo a NR 6, os equipamentos de segurança que devem ser utilizados


pelos mecânicos automotivos são:

 Óculos de proteção: Garantem a segurança dos olhos e rosto (face) contra


fagulhas, centelhas e produtos químicos tais como óleos lubrificantes,
ácidos de baterias e água quente (proveniente do radiador).
 Calçado de segurança: Protegem os pés do produtivo no caso de queda
de peças pesadas, produtos químicos a alta temperatura. Apresentam
uma biqueira de aço interna e um solado antiderrapante.
 Protetor auricular: Como citado anteriormente, uma oficina tem muitos
ruídos indesejáveis, como o barulho de uma ferramenta pneumática
(serve para retirar os parafusos de roda dos automóveis) ou um motor
sendo regulado. O protetor auricular reduz drasticamente os ruídos,
protegendo a audição do trabalhador.
 Creme de proteção: protege a pele, impedindo a contaminação e o
contato direto do trabalhador com produtos químicos.
 Luvas de proteção: Evita a contaminação do mecânico por produtos
químicos e ferimentos decorrentes do trabalho no dia a dia. Geralmente
são feitas de nylon com “poliuretano” aplicado na palma da mão (para
evitar escorregar a ferramenta durante o serviço).

Existem outros equipamentos (EPIs). Por exemplo, se a oficina de


manutenção automotiva for trabalhar com solda, equipamento utilizado em

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oficinas de funilaria e pintura, vai precisar de avental de “raspa”, luvas e máscara
específica de soldador.
TEMA 3 – FERRAMENTAS DE USO GERAL
Não há como citar as atribuições do mecânico e não comentar sobre
ferramentas. Um produtivo precisa ter qualificação técnica para desempenhar a
função, porém, para desenvolver um trabalho rápido e com qualidade, é
necessário que se tenha ferramental e equipamentos em condições de uso.
O avanço tecnológico dos automóveis tem sido muito grande nos últimos
anos, principalmente na área de elétrica e eletrônica veicular. Os equipamentos
de diagnose automotiva, tais como “scanners” e computadores, devem estar
sempre atualizados. O produtivo deve buscar atualização técnica
constantemente.
Mas quem pretende trabalhar na área, como gerente, chefe de oficina,
consultor técnico ou mecânico, precisa ter noção das ferramentas e
equipamentos utilizados em uma oficina. Pensando no empreendedor que
deseja abrir seu próprio negócio, ou repor o ferramental que está desgastado,
vamos comentar as principais ferramentas utilizadas em uma oficina de
manutenção automotiva.

3.1 Equipamentos

Alinhador de direção (rampa de geometria). A popular “geometria”, que


é um serviço rápido e rende um volume bom de clientes/veículos. É um
equipamento de investimento inicial alto, mas tem baixo custo de manutenção e
ajuda muito no faturamento total da oficina. Com o “alinhador”, podemos corrigir
e ajustar os ângulos da suspensão do automóvel, serviços como “caster,
cambagem e convergência”.
Normalmente, quem investe em um alinhador de direção também deve,
como sugestão, adquirir um equipamento para fazer o “balanceamento de
rodas”.
O cliente normalmente reclama que o veículo está “puxando para o lado”
ao rodar, e em determinada velocidade o volante “está vibrando”. Nesse caso,
podemos oferecer uma geometria para alinhar o veículo e um balanceamento de
rodas para eliminar a vibração.

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Normalmente, esses dois serviços são oferecidos de forma conjunta,
como popularmente chamamos: “geometria e balanceamento”. Durante a
realização do serviço, temos a oportunidade de examinar o estado geral da
suspensão (buchas, pivôs, articulações e amortecedores) e o estado das rodas
e pneus (algumas oficinas também vendem pneus novos). Na foto a seguir
vemos um alinhador de direção (equipamento de geometria).

Crédito: M G White / Shutterstock.

Os elevadores automotivos são equipamentos fundamentais para


realizar a maioria dos trabalhos na oficina, tais como troca de óleo e filtros,
substituição de pastilhas de freio, análise e troca de componentes da suspensão
e outros serviços de oficina. É um investimento financeiro inicial elevado, mas
tem um custo de manutenção baixo. Normalmente, são alimentados por energia
elétrica, sendo de fácil instalação.
Os elevadores automotivos são classificados por capacidade de carga:
quanto mais peso suporta o elevador (veículos utilitários, por exemplo), maior
será seu custo de aquisição.
Esses equipamentos vêm normalmente com duas capacidades de carga.
As mais utilizadas no mercado são de 2.500 Kg (veículos leves), havendo
também 4.000 Kg (utilitários). Para quem vai montar uma oficina, o ideal é um
elevador por produtivo/mecânico.

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Crédito: Skalapendra / Shutterstock.

Passamos então ao scanner automotivo. Trata-se de uma ferramenta


que utilizamos para realizar a leitura dos diversos módulos eletrônicos instalados
em um automóvel. Quando o painel do veículo acende a luz de advertência,
indicando falha na injeção eletrônica, instalamos esse equipamento em uma
conexão, e procedemos à leitura do componente ou sensor que não está
operando. Assim também procedemos quando acendem as luzes de advertência
do freio ABS, do Air Bag e do câmbio automático.
Alguns scanners são portáteis e permitem que o mecânico faça o
diagnóstico mais rapidamente, outros são instalados (programa) em um
notebook (que utiliza um cabo de conexão com o automóvel).
Por meio de algumas informações passadas em tempo real, quando o
motor está funcionando, o “scanner” pode revelar o estado de algumas peças
internas do motor, tais como válvulas e anéis, com base em dados a respeito de
compressão, temperatura interna e variação da rotação.
Em função da evolução da tecnologia, esse tipo de equipamento tem um
custo relativamente acessível, e muitas opções à venda no mercado. Na figura,
mecânico com um “scanner” automotivo manual.

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Crédito: Syda Productions / Shutterstock.

Na sequência, temos os instrumentos de medição. Muitas peças


automotivas, como engrenagens, parafusos e comando de válvulas, necessitam
de uma medição específica, em milímetros, caso em que podemos utilizar um
paquímetro (ferramenta de metrologia). No caso de medições elétricas, como
tensão, corrente e resistência (continuidade), há a necessidade de utilização de
um multímetro.
No mercado, há uma série de “manômetros” com adaptadores para serem
utilizados na linha de combustível dos automóveis (para medir a pressão da
bomba de combustível), e também para conferir a compressão dos motores. Na
foto a seguir, temos um paquímetro.

Crédito: VitaminCo / Shutterstock.

Oficinas também precisam de macacos hidráulicos, muito utilizados para


suspender parcialmente um veículo. Às vezes, há a necessidade de se retirar
rapidamente uma roda do veículo, e todos os elevadores automotivos estão
ocupados. Usamos os macacos hidráulicos quando precisamos de agilidade e

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rapidez na realização de serviços mais simples. Na foto, temos um macaco
hidráulico automotivo.

Crédito: Alex_Traksel / Shutterstock.

TEMA 4 – FERRAMENTAS MANUAIS

O mecânico precisa, no dia a dia, de ferramentas manuais para poder


realizar o seu trabalho. Quando dizemos “ferramentas manuais”, estamos
falando de chaves combinadas, alicates, chaves de fenda e Philips. Cada
mecânico deve ter um jogo completo dessas ferramentas para realizar seu
trabalho com agilidade e qualidade.

4.1 Ferramentas mais utilizadas

O torquímetro não é um instrumento de medição, como muitos pensam.


Na realidade, tem a função de dar o valor correto de aperto de um determinado
parafuso ou porca. Determina a força que o produtivo deve aplicar para apertar
parafusos nos automóveis. Os valores de “torque” (unidade em Nm) são
especificados para cada parafuso do veículo, como rodas, cabeçote do motor e
outras. São valores previamente tabelados, os quais devem ser consultados nos
manuais dos fabricantes antes de se proceder com o aperto.
Existem alguns modelos dessa ferramenta. Em um deles, quando o torque
é atingido, o instrumento dá um estalo; com outro, o próprio mecânico confere,
em uma vareta que corre em uma escala ou relógio, o valor correto do aperto.
No caso do torquímetro, não há a necessidade de que cada mecânico tenha o

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seu, mas é importante que a oficina tenha mais de uma peça com valores de
aperto diferentes. Veja o exemplo de um torquímetro na foto a seguir.

Crédito: Fluky Fluky / Shutterstock.

Alicates são muito utilizados em procedimentos simples na oficina. Cada


alicate tem uma função específica de utilização. No quesito alicates, é bom ter
um kit composto por alicate universal, de pressão, extrator de anel elástico, de
bico e alicate de corte (muito utilizado em fios elétricos).
Na foto, temos um alicate universal, um de bico e um de corte.

Crédito: V.Klimenko / Shutterstock.

Chaves de fenda, Phillips, torx e allen são muito utilizadas em oficinas


em vários tamanhos. Quanto maior o seu diâmetro, maior será o seu torque. As
chaves Phillips são utilizadas em parafusos com a cabeça em “cruz”.
Ambas as chaves (fenda e Phillips) são identificadas em “polegadas”
(medida), sendo vendidas em kits com vários tamanhos e a custo acessível.

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Os automóveis têm uma grande quantidade de parafusos de outros
formatos, como torx (perfil de cabeça de parafuso de 6 pontas) e allen (perfil de
cabeça hexagonal), ambos fabricados em uma liga de aço cromo/vanádio. As
chaves allen e torx são muito utilizadas em peças de motores (fixação),
transmissão e sistemas de freio dos automóveis.
Na figura a seguir, temos 3 tipos de parafusos: allen, Phillips e fenda.

Crédito: Chekky / Shutterstock.

Também é preciso que a oficina tenha um jogo de soquetes (encaixe):


Ferramentas utilizadas para apertar e soltar parafusos e porcas. No Brasil, ele
vem nas medidas do Sistema Internacional de Unidades (SI), com medidas em
milímetros (mm). Existem vários kits dessas peças no mercado, a preços
acessíveis. Os kits são compostos por um jogo de soquetes, mais o cabo e
outros acessórios (catraca).
O perfil dos soquetes pode ser sextavado ou estriado. O encaixe do
soquete com o cabo pode ter medidas em milímetros ou polegadas.
Comercialmente, é vendido em encaixes de ½”, ¼” e ¾” (polegadas). Os cabos
que ficam conectados ao soquete podem ter formato em I, articulado, catraca ou
T deslizante. Os soquetes são de uma liga metálica de aço cromo/vanádio de
alta resistência.
Caso o mecânico utilize ferramenta pneumática para retirar as rodas de
um automóvel, vai precisar de “soquetes de impacto”, que são diferentes dos
usuais, pois apresentam maior resistência às velocidades altas das
“parafusadeiras”.
Os soquetes mais utilizados em oficinas automotivas variam as medidas
de 10mm a 22 mm (sugestão).

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Na foto a seguir, temos um conjunto de soquetes, cabos, catraca e outros
acessórios para várias aplicações.

Crédito: Just Dance / Shutterstock.

Há também a chave combinada estrela/boca. Pela relação custo e


benefício, a chave combinada é a melhor opção para o mecânico, pois de um
lado você tem a “tradicional” chave de boca com medidas em mm, e do outro
uma chave estrela na mesma medida. Ambas servem para apertar ou soltar
porcas e parafusos, porém cada uma tem uma aplicação específica delimitada
pelo espaço em que vai estar o componente a ser desmontado.
As chaves combinadas (boca/estrela) são confeccionadas com uma liga
de cromo/vanádio (Cr-V). Em oficina automotiva, as medidas mais usadas
variam de 8mm a 19 mm (sugestão).
Na foto a seguir, temos um exemplo dessa chave.

Crédito: revenaif / Shutterstock.

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TEMA 5 – O FUTURO DA PROFISSÃO

O mercado automotivo está crescendo, muitos automóveis nas ruas, de


várias marcas e modelos, com novas tecnologias embarcadas. Tais veículos
precisam de manutenção e reparação, mas já não é mais em qualquer oficina
que isso vai ocorrer, pois só quem tem mecânicos atualizados com as novas
tecnologias e equipamentos modernos poderá entrar nesse mundo.
Mas não é só a tecnologia que evoluiu, pois as oficinas precisam estar
mais limpas, organizadas e com funcionários devidamente uniformizados. Isso
vende credibilidade.

5.1 Tecnologia

Inicialmente, o mecânico deve ter aptidão técnica, conhecer mecânica e


elétrica automotiva; deve saber usar as ferramentas na hora de realizar um
serviço. Mas é preciso que os profissionais se mantenham atualizados quanto
às tendências do mercado, às novas tecnologias.
Os novos automóveis aos poucos vão começar a entrar nas oficinas
independentes (multimarcas), principalmente quando as garantias dos
fabricantes expirarem. O mercado tem mostrado uma tendência a dois tipos de
veículos que estão surgindo e ocupando as ruas aos poucos:

 Veículos híbridos: É um veículo que utiliza dois motores, um de


combustão interna que utiliza gasolina ou álcool, e outro motor elétrico.
Quando o veículo está a uma determinada velocidade e rotação,
principalmente no uso urbano, o motor elétrico atua (tem baterias maiores
que os veículos convencionais). Mas quando há a necessidade de mais
potência e torque, o motor a combustão entra em ação, consumindo
gasolina. Quando o motor convencional está funcionando, ele também
carrega as baterias do motor elétrico. Neste caso, temos um baixo
consumo de combustível, em torno de 20% a 30% menos que um veículo
convencional, e uma redução nas emissões de poluentes.
 Veículos elétricos: Um veículo 100% elétrico não tem motor de
combustão interna, somente propulsão por motor elétrico, que é
alimentado por baterias. Essas baterias são carregadas na tomada! São
veículos que atualmente tem autonomia entre 300 e 400 Km, antes de
acabar a carga das baterias. Nesse caso, temos muita tecnologia
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embarcada envolvida. Assim, há várias questões de ordem técnica, que
são: Qual a manutenção que um veículo elétrico necessita? Que tipo de
defeitos mecânicos e elétricos vamos encontrar nesses automóveis
(híbrido e elétrico)? Então, o profissional que tiver interesse pela
aprendizagem, que estiver sempre buscando atualização técnica, terá
espaço neste “universo tecnológico”!

Na foto, vemos um veículo elétrico sendo abastecido.

Crédito: Nerthuz / Shutterstock.

5.2 Diagnósticos

Já faz parte da função do mecânico fazer diagnósticos automotivos, ou


seja, analisar o veículo quando chega na oficina com um determinado defeito de
causas desconhecidas. Cabe ao mecânico/produtivo examinar o problema e
utilizar todos os recursos tecnológicos disponíveis para achar uma solução.
Um problema eletroeletrônico nem sempre é de fácil avaliação ou solução.
Quem tiver mais tecnologia e qualificação profissional (treinamento), chegará à
solução do defeito. Hoje já se fala de óculos de realidade virtual para o mecânico
examinar um veículo.
É uma tecnologia muito nova, que poderá levar alguns anos para entrar
no mercado. Hoje já estamos utilizando várias plataformas novas instaladas em
um smartphone, que permitem o diagnóstico eletrônico de alguns veículos.
Abaixo, um exemplo de óculos de realidade virtual utilizado em uma
reparação.

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Crédito: Zapp2Photo / Shutterstock.

Hoje, o mecânico dispõe de várias tecnologias, como um “tablete”, por


exemplo.

Crédito: Cat Scape / Shutterstock.

5.3 Clientes cada vez mais informados

Há alguns anos, a principal fonte de informação dos clientes a respeito de


manutenção e reparação automotiva eram revistas especializadas em
automóveis.
Hoje com a facilidade de acesso à internet, o cliente busca toda
informação que precisa sobre o seu automóvel na internet. Também busca
agendar serviços por meio de aplicativos.
Qualquer informação técnica sobre um determinado serviço no automóvel
do cliente deve ser repassada com integridade e tecnicamente bem explicada.
O cliente vai à internet em caso de dúvidas. Mesmo que não tenha conhecimento

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de mecânica ou elétrica automotiva, os clientes buscam informações, ao menos
para entender e questionar os serviços em seus veículos.
Precisamos dar um novo tratamento a um cliente que hoje está mais
informado, ou que tem essas informações na “palma da mão”.

5.4 Mecânicos e a informática

Novas “plataformas” estão surgindo (programas de


computador/softwares. Geralmente, são consideradas intuitivas, ou seja, de fácil
manuseio, e não requerem treinamento. Porém, o mecânico precisa interpretar
os dados técnicos que lê ao utilizar um scanner de última geração ou um
determinado programa de computador, pois a quantidade de informações
técnicas é muito grande.
Dentro desse universo, fica claro que o computador ou qualquer
equipamento de informática ou comunicação com o veículo é uma ferramenta
tão importante quanto uma chave de fenda ou um alicate para o mecânico.

Crédito: Syda Productions / Shutterstock.

FINALIZANDO

Como podemos observar nesta aula, o mecânico, para consertar um


automóvel, precisa, além dos conhecimentos técnicos de mecânica automotiva,
de muitas outras informações que servem para complementar o seu perfil, lhe
ajudando no desempenho do trabalho cotidiano.

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REFERÊNCIAS

CALDAS, R. A Emoção Vende! Os clientes Compram Emoções! 16. ed.


Recife, PE: Markação Ltda., 2009.

DENTON, P. Veículos Elétricos e Híbridos. São Paulo: Blucher, 2018.

JÚNIOR, Y. B. Circuitos Elétricos. São Paulo: Pearson, 2006.

MAXWELL, J. C. O Líder 360°. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.

NILSON, J. W. Circuitos Elétricos. São Paulo: Pearson, 2016.

SEWELL, C.; BROWN, P. B. Clientes para Sempre. São Paulo: Harbra, 1993.

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