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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

Princípios reguladores da interação Discursiva

Discentes:

Amélia da Cátia Silvino

Andércia da Lúcia José

Rufino Latifo

Wong jan lau ah king

Pemba, 2023
Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

Ano de frequência:1

Cadeira: técnicas de expressão e


comunicacao

Curso: Contabilidade e auditoria

Docente: Sérgio Canote

Pemba,2023
Índice
Introdução.............................................................................................................................................4
Principios Reguladores da interacao discursiva.....................................................................................5
princípio de cooperação....................................................................................................................5
máximas conversacionais..............................................................................................................6
Principio de cortesia..........................................................................................................................9
Principio de relevância....................................................................................................................10
Conclusão............................................................................................................................................12
Bibliografia..........................................................................................................................................13
Introdução
A interação discursiva e um fenomeno complexo que permeia todas as esferas da
comunicação humana. Desde conversas informais ate debates académicos , as interacões
discursivas são essências para a construcao de significados e compartilhamento de
conhecimento.

Nesse contexto a compreesnsao dos princípios reguladores que governam essas interacoes e
de vital importância para desvendar os mecanismos subjacentes a comunicacao eficaz e a
troca de ideas .

Este trabalho tem como objectivo explorar e analisar os princios reguladores que moldam a
interacao discursiva em diferentes contexto. Ao investigar esses principos, buscaremos
compreender como eles influenciam a forma como as pessoas se comunicam, trocam
informacoes e constroem signmificados compartilhados. A analise desses princios também
nos permitira examinar como factores linguísticos, sócias e culturais interagem para moldar
as interacoes discursivas.
Principios Reguladores da interacao discursiva
Para que a interacao discursiva se desenvolva de modo eficiente e correta e alcance o seu
objectivo e necessário observar alguns princios reguladores, os quais orientam o modo os
falantes interagem.

A comunicacao pressupõe uma espécie de acao conjunta entre os interlocutores, que actuam
de forma responsável, coordenada e alternando os papeis de locutor e interlocutor.

A interacao discursiva entre os falantes ocorre de forma disciplinada, coordenada e recíproca,


oque faz com que aqueles sejam corresponsaveis pela conducao eficiente da interacao
comunicativa.

Quando se fala em princípios a interacao discursiva, estamos a referir – nos ao principio da


cooperacao e as respectivas máximas conversacionais, ao principio da cortesia e ao
principio de pertinecia ou relevância.

princípio de cooperação
Um dos princípios universais, introduzidos por H. P. Grice, que guiam a interação
conversacional.

Quando um falante interage utiliza, muitas vezes inconscientemente, variadas regras


universais necessárias à manutenção do discurso. O princípio de cooperação é uma dessas
regras.

Segundo este princípio, o locutor deve preocupar-se em interagir com o alocutário da forma
mais completa e explícita possível para que todos os enunciados sejam, corretamente,
interpretados.

Segundo Grice o princípio de cooperação é concretizado a partir das quatro máximas


conversacionais (a máxima da qualidade, a máxima da quantidade, a máxima da relevância e
a máxima do modo). Assim, este princípio e os quatro subprincípios específicos que o
concretizam são, na sua opinião, as principais regras que conduzem a interação
conversacional, pois permitem que se estabeleça uma cumplicidade conversacional entre os
falantes, fundamental para que uma conversa seja bem sucedida.
Respeitar o princípio de cooperação revela que o falante tem competência conversacional
suficiente para interagir de acordo com as exigências da troca conversacional e,
consequentemente, com sucesso. É o respeito pelo princípio de cooperação que possibilita
que o desenvolvimento da interação discursiva em que os falantes participam siga em
conformidade com o objetivo e direção específicos dos enunciados. Assim, para Grice a
ironia, a ambiguidade discursiva e a metáfora, ao violarem determinadas máximas
conversacionais, violam também, consequentemente, o princípio de cooperação.

máximas conversacionais
Conjunto de regras que, segundo Grice, devem conduzir o ato conversacional e que
concretizam o princípio da cooperação.

As máximas conversacionais são princípios descritivos do comportamento linguístico dos


falantes e normas específicas de conduta linguística. Ou seja, elas descrevem os raciocínios
que os alocutários fazem para interpretar os enunciados dos locutores.

As máximas conversacionais constituem a competência conversacional dos falantes, pois


caso sejam descuradas podem pôr em causa a eficácia do ato comunicativo.

Segundo Grice, as máximas conversacionais, que regem o comportamento comunicativo dos


falantes numa interação verbal, são quatro: a máxima da qualidade, a máxima da quantidade,
a máxima da relevância e a máxima do modo.

A Máxima de Qualidade se refere: à expectativa de que as informações compartilhadas sejam


verdadeiras e baseadas em evidências, evitando informações falsas ou enganosas.

Essa máxima pode ser resumida da seguinte forma:

"Não diga nada para o qual você não tenha evidência suficiente."

Os interlocutores assumem que as informações compartilhadas por outros são verdadeiras e


confiáveis, de acordo com essa máxima. Portanto, espera-se que o comunicador evite
declarações falsas ou enganosas, garantindo a qualidade e a veracidade das informações que
são transmitidas.
Exemplo:

Suponha que você esteja em uma aula de história e alguém está apresentando fatos sobre um
evento histórico. Para seguir a Máxima de Qualidade, o apresentador deve se certificar de que
as informações que compartilha são baseadas em fontes confiáveis e precisas. Se o
apresentador começa a inventar detalhes ou apresentar informações que não têm base factual,
ele estaria violando a Máxima de Qualidade, pois estaria transmitindo informações que não
são verdadeiras ou confiáveis.

Em um contexto mais informal, imagine que você está conversando com um amigo sobre um
filme que ambos assistiram. Se você começa a dar informações erradas sobre a trama ou os
personagens do filme, seu amigo pode ficar confuso ou desconfiar da sua informação, pois
você não está seguindo a Máxima de Qualidade ao compartilhar informações imprecisas.

Em resumo, a Máxima de Qualidade destaca a importância de fornecer informações precisas,


verificáveis e baseadas em evidências, para que a comunicação seja confiável e eficaz.

A máxima de quantidade expressa o seguinte princípio: tente que a sua contribuição


conversacional seja tão informativa quanto necessária, isto é, que seja nem mais nem menos
informativa do que aquilo que é fundamental para os objetivos de uma interação verbal. Um
discurso repetitivo constitui uma violação desta máxima, pois ao sobrecarregar o enunciado
de informação redundante e desnecessária criar-se-á ruído na comunicação.

Exemplo:

A – O que estás a almoçar?

B – Lasanha.

Os seguintes enunciados violariam a máxima da quantidade:

– Lasanha, que é uma das sugestões do chefe deste restaurante que eu, por acaso, conheço
desde pequena.

A máxima de relevância expressa o seguinte princípio: A Máxima da Relevância sugere que


os interlocutores tendem a esperar que as mensagens que recebem sejam relevantes, ou seja,
contribuam significativamente para seu conhecimento e compreensão da situação.

A Máxima da Relevância pode ser formulada da seguinte maneira:


"Contribua com informações que sejam relevantes para a conversa."

Isso significa que as pessoas, ao falar ou ouvir, esperam que as informações compartilhadas
tenham algum valor informativo ou persuasivo em relação ao contexto da conversa. Em
outras palavras, as mensagens devem fornecer insights novos ou confirmar conhecimentos
prévios para serem consideradas relevantes.

A Teoria da Relevância também considera a economia cognitiva, que implica que os


indivíduos buscam obter a maior quantidade de informação relevante com o menor esforço
cognitivo possível. Portanto, a compreensão de mensagens que atendem à Máxima da
Relevância deve ser relativamente direta e eficiente.

Exemplo:

Suponha que você está em uma reunião de planejamento de projetos e alguém está
apresentando um relatório sobre os progressos. Para seguir a Máxima da Relevância, o
apresentador deve compartilhar informações que sejam pertinentes ao tópico da reunião,
como atualizações do projeto, desafios encontrados e próximos passos. Se o apresentador
começar a falar sobre suas últimas férias sem uma conexão clara com o projeto, os
participantes podem achar isso irrelevante e, consequentemente, não estarão otimizando sua
compreensão da situação.

Portanto, a Máxima da Relevância destaca a importância de contribuir com informações


significativas e pertinentes em uma conversa para alcançar uma comunicação eficaz e uma
compreensão mútua entre os interlocutores.

A – Amanhã vou ter teste de Matemática. Estudas comigo?

B – Primeiro, tenho de almoçar.

O seguinte enunciado violaria a máxima da relevância:

– Hoje está um dia espetacular.

A máxima de modo expressa o seguinte princípio: A Máxima Conversacional de Modo está


relacionada à maneira como as pessoas escolhem o modo de expressão mais apropriado de
acordo com a situação e o público-alvo.

Ela pode ser dividida em dois subprincípios:


1. Princípio da Minimização de Esforço: As pessoas tendem a escolher o modo de expressão
que requer o mínimo esforço cognitivo por parte do ouvinte para entender a mensagem.

2. Princípio da Maximização de Efeito: As pessoas escolhem o modo de expressão que


maximiza o efeito comunicativo e o impacto emocional da mensagem.

A Máxima Conversacional de Modo ajuda a explicar por que escolhemos diferentes níveis de
formalidade, vocabulário e estilo ao falar com pessoas diferentes ou em contextos variados.

Exemplo:

Imagine uma situação em que alguém está explicando uma tarefa complexa a um colega de
trabalho e a um amigo. Ao colega de trabalho, a pessoa usaria uma linguagem mais técnica e
detalhada, utilizando termos específicos do campo de trabalho. Isso minimiza o esforço do
colega para entender a tarefa e garante que a comunicação seja eficiente para alcançar um
objetivo profissional.

Ao falar com o amigo, no entanto, a mesma pessoa usaria uma linguagem mais casual e
informal. Eles poderiam usar analogias simples e exemplos do cotidiano para tornar a
explicação mais fácil de entender, maximizando o efeito comunicativo e mantendo o
interesse do amigo na conversa.

Nesse exemplo, a Máxima Conversacional de Modo orienta a pessoa a adaptar sua linguagem
de acordo com as necessidades comunicativas de cada interlocutor, escolhendo o modo de
expressão que seja mais relevante e eficaz para cada situação.

Principio de cortesia
O Princípio da Cortesia é um dos aspectos fundamentais da teoria da comunicação
pragmática, que aborda como as pessoas usam a linguagem para manter interações sociais
harmoniosas e eficazes. Ele se concentra em como as pessoas gerenciam suas interações
linguísticas de maneira a preservar a face (a imagem pública ou autoestima) tanto do emissor
quanto do receptor da mensagem.

A teoria da cortesia, desenvolvida principalmente por Penelope Brown e Stephen Levinson,


sugere que a linguagem é usada para lidar com os conflitos inerentes à comunicação
interpessoal, equilibrando o desejo de ser claro e directo com o desejo de ser respeitoso e
atencioso.

Existem dois aspectos principais da cortesia:

1. Cortesia Positiva: Isso envolve expressar consideração e valorização ao interlocutor. Os


interlocutores tentam minimizar a ameaça à "face positiva" do receptor, reconhecendo seu
valor e suas opiniões. Eles usam estratégias como elogios, expressões de interesse e
agradecimentos para criar um ambiente amigável e respeitoso.

2. Cortesia Negativa: Isso envolve a minimização da ameaça à "face negativa" do receptor,


ou seja, a sua liberdade de ação e autonomia. Os interlocutores usam estratégias indiretas,
como perguntas retóricas e sugestões, para não impor seus desejos diretamente ao receptor.

Exemplo:

Imagine que você está em uma festa e deseja sair mais cedo. Uma abordagem direta poderia
ser: "Desculpe, mas eu estou indo embora." No entanto, isso pode parecer um pouco brusco e
desconsiderado, especialmente se os anfitriões fizeram um esforço para receber os
convidados. Uma abordagem mais cortês poderia ser: "Foi realmente ótimo estar aqui e me
divertir com todos vocês. Infelizmente, tenho que sair mais cedo, mas muito obrigado pela
hospitalidade."

Nesse exemplo, a abordagem mais cortês leva em consideração os sentimentos dos anfitriões
(cortesia positiva) e também respeita a autonomia do falante (cortesia negativa), tornando a
interacção social mais suave e agradável.

O Princípio da Cortesia é uma parte importante da comunicação interpessoal, permitindo que


as pessoas expressem seus desejos, opiniões e necessidades de maneira respeitosa e sensível
ao contexto.

Principio de relevância
O Princípio da Relevância faz parte da teoria da comunicação conhecida como Teoria da
Relevância, desenvolvida por Dan Sperber e Deirdre Wilson. Essa teoria explora como os
seres humanos processam a linguagem e a informação de maneira a maximizar a eficiência
comunicativa. O Princípio da Relevância sugere que os interlocutores esperam que as
mensagens que recebem sejam relevantes, ou seja, contribuam de forma significativa para seu
conhecimento e compreensão da situação.

O Princípio da Relevância pode ser resumido da seguinte maneira:

"Comunique informações que sejam relevantes para a conversa."

Isso significa que os interlocutores presumem que as informações compartilhadas têm valor
informativo ou persuasivo em relação ao contexto da conversa. As mensagens relevantes são
aquelas que fornecem novas informações, confirmam conhecimentos prévios ou têm um
impacto emocional importante.

A teoria da relevância também aborda a economia cognitiva, sugerindo que os indivíduos


procuram obter a maior quantidade possível de informações relevantes com o menor esforço
cognitivo necessário. Portanto, as mensagens que seguem o Princípio da Relevância devem
ser compreensíveis de forma directa e eficaz.

Exemplo:

Imagine que você está assistindo a uma palestra sobre as mudanças climáticas. O palestrante
começa explicando os conceitos básicos da teoria do aquecimento global e suas implicações.
As informações compartilhadas são relevantes para a palestra, pois estabelecem a base
necessária para entender o tópico principal.

Agora, suponha que o palestrante comece a falar sobre seu último fim de semana na praia e
detalhes pessoais que não têm relação com o tema das mudanças climáticas. Nesse caso, a
audiência pode considerar essas informações irrelevantes, pois não contribuem para o
entendimento do tópico principal.

Em resumo, o Princípio da Relevância enfatiza a importância de compartilhar informações


que sejam pertinentes e significativas para o contexto da conversa, a fim de alcançar uma
comunicação eficaz e uma compreensão mútua entre os interlocutores.
Conclusão
Em conclusão o presente trabalho sobre os princípios reguladores da iteração discursiva nos
permitiu explorar as complexidades e inerentes a comunicação humana. Ao longo deste
trabalho, examinamos de perto os três princípios da interacção discursiva e sua aplicação na
busca por uma comunicação eficaz e compreensível.
Bibliografia

1. Habermas, J. (2012). Teoria da Ação Comunicativa: Volume 1 – Racionalidade da Ação e


Racionalização Social. Editora WMF Martins Fontes.

2. Grice, H.P. (1996). Lógica e conversacao. In: A lógica da linguagem. Jorge Zahar Editor.

3.Searle,J. (1995). Os Actos de Fala: como Agimos quando falamos, edições 70.

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