Você está na página 1de 44

Unidade 2

O ciclo da
assistência
farmacêutica
Flávia Soares Lassie
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Imagens
Adaptadas de Shutterstock.
Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das
imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições.
Conteúdo em websites
Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento
pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.

2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 2
O ciclo da assistência farmacêutica������������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Aspectos gerais do ciclo da assistência farmacêutica��������������������� 6
Seção 2
Seleção, programação, aquisição e armazenamento de
medicamento�������������������������������������������������������������������������������������17

Seção 3
Distribuição, prescrição, dispensação e
processos finais��������������������������������������������������������������������������������28
Unidade 2
Flávia Soares Lassie

O ciclo da assistência farmacêutica

Convite ao estudo
A assistência farmacêutica, dentro da Política Nacional de Assistência
Farmacêutica, é parte integrante da Política Nacional de Saúde, que envolve
um conjunto de ações voltadas para promover, proteger e recuperar a saúde
da população por meio de ações importantes relacionadas ao uso racional
de medicamentos. Essas ações perpassam por uma série de atividades, que
vão desde a pesquisa e desenvolvimento dos medicamentos até a dispen-
sação destes, com atividades relacionadas também à garantia da qualidade
e análise dos resultados obtidos nos programas vigentes. Por se tratar de
um conjunto bem amplo de ações, torna-se necessária a compreensão desse
ciclo da assistência farmacêutica, como também conhecer e compreender as
estratégias e os aspectos fundamentais que fazem referência as suas etapas.
Além disso, é importante conhecer e compreender as ações que determinam
o acesso a medicamentos e serviços farmacêuticos de qualidade, para que
tenhamos capacidade de atuar nas etapas e processos do ciclo geral da assis-
tência farmacêutica com ênfase na gestão de processos e pessoas na prática
profissional.
Para atendermos aos objetivos da disciplina e desta seção de estudos,
teremos discussões sobre a gestão da assistência farmacêutica, quais aspectos
estratégicos e operacionais que determinam o ciclo da assistência farmacêu-
tica, a situação atual da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no
contexto da assistência farmacêutica, como é realizada a seleção, progra-
mação, aquisição e armazenamento de medicamentos, bem como de que
maneira se dá a distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos, além
de compreendermos como é garantida a qualidade dos produtos e serviços.
Seção 1

Aspectos gerais do ciclo da assistência


farmacêutica

Diálogo aberto
Caríssimo aluno, é com muita satisfação que iniciamos esta seção de
estudos e aprendizagem! Ao assistir aos telejornais ou ao ler notícias de
revistas e de site de notícias da internet, provavelmente você já se deparou
com notícias relacionadas às pesquisas que indicam a necessidade de inclusão
de um medicamento na lista de disponibilização do SUS. Pois bem, toda essa
gestão é realizada pela assistência farmacêutica, um cenário bem complexo
que envolve processos e pessoas e que, por isso, está sob constante revisão
e adequação.
Seguindo nesse contexto, nesta unidade colocaremos como cenário
algumas situações da rotina de trabalho de um profissional farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica do município em que atua. Durante
as discussões para elaboração das estratégias de saúde, conjuntamente com
representantes de diversas áreas para participarem de uma reunião, houve
debates sobre as políticas de medicamentos e as políticas de assistência farma-
cêutica. Algumas reflexões surgem e é importante dedicarmos momentos
para análise e interpretação dessas questões, tais como: quais elementos
compõem essencialmente o ciclo de assistência farmacêutica? Como são
realizados esses processos?
Você, como profissional farmacêutico, auxiliou na análise situacional de
como se encontra a gestão da assistência farmacêutica no município? Quais
são os aspectos estratégicos que determinam o ciclo da assistência farma-
cêutica? Como se dá a operacionalização da assistência farmacêutica? Como
estavam as pesquisas e o desenvolvimento de medicamentos à luz da assis-
tência farmacêutica?
Para que possamos responder a todos estes questionamentos, precisamos
aprofundar nossos conhecimentos sobre o ciclo da assistência farmacêutica,
então, vamos lá? Bons estudos!

6
Não pode faltar

Estimado aluno, chegou o momento de debatermos amplamente sobre


todos os pontos levantados na reunião da secretaria e estabelecermos um
debate racional sobre os aspectos gerais da assistência farmacêutica.
Inicialmente, estabeleceremos um diálogo sobre a gestão da assistência
farmacêutica e o seu ciclo, apontada como um dos principais desafios para
a consolidação e aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde, fato eviden-
ciado pelas fragilidades da descentralização das ações e da capacidade de
gestão da assistência farmacêutica, as quais geram grande dificuldades para
se ofertar serviços farmacêuticos de qualidade.
O ciclo da assistência farmacêutica é um complexo de ações que
se inter-relacionam e buscam integrá-la aos sistemas de saúde. Veja
na Figura 2.1 o ciclo, sob a ótica da gestão técnica da assistência
farmacêutica e a gestão clínica do medicamento.
Figura 2.1 | Modelo lógico-conceitual do ciclo de assistência farmacêutica
Cadeia de abastecimento Aquisição
farmacêutico / Produção

Programação Gestão Técnica Armazenamento


da Assistência
Farmacêutica
Seleção
Distribuição

Nível assistencial
Dispensação Prescrição Avaliação Utente
Orientação Plano Terapêutico Diagnosticada Estado de Saúe

Antes do uso de medicamentos


Continuidade do cuidado Durante o uso de medicamentos
Avaliações periódicas
Problema de saúde não tratado
Indicações clínicas e Falha no acesso ao medicamento
objetivos terapêuticos Resolução Medicação não necessária
Desvio de qualidade do medicamento
Gestão clínica do Baixa adesão ao tratamento
Compreensão do medicamento Problemas Interação medicamentosa
utente e adesão Duplicidade terapêutica
terapêutica Discrepâncias na medicação
Falta de efetividade terapêutica
Efetividade e segurança Reação adversa ou toxicidade
da terapêutica Erro de medicação
Contraindicações
Outros...

Fonte: Correr; Otuki; Soler (2011, p. 5).

7
Assim sendo, para que esse ciclo ocorra, precisamos que a gestão da
assistência farmacêutica tenha em suas ações a elaboração e a aplicação
de medidas estruturantes, de modo que a gestão seja caracterizada pelas
diretrizes da participação, do controle social, da descentralização e da trans-
parência, norteado pelas diretrizes e normativas da legislação vigente que
visam garantir o acesso da população aos medicamentos.

Exemplificando
Você já ouviu falar do QUALIFAR-SUS? É um programa cujas ações
destinam-se à implantação, ao desenvolvimento, ao aprimoramento e
à integração sistêmica das atividades da assistência farmacêutica nas
ações e nos serviços de saúde, por meio de estratégias de qualificação
profissional e melhorias de estruturas físicas, tornando-as compatíveis
ao atendimento humanizado.
Além do QUALIFAR-SUS também temos o Sistema Nacional de Gestão
da Assistência Farmacêutica (Hórus), que apresenta a mesma função de
qualificação da gestão.

Sabemos que os programas de assistência farmacêutica buscam atender


aos pressupostos do Sistema Único de Saúde em todas as ações, entretanto,
estes só podem ser alcançados quando são realizados com planejamento
adequado, desde que tenham vínculo com a realidade e tenham a copartici-
pação dos conselhos de saúde. Com essas condutas, os gestores da assistência
farmacêutica estarão preparados para os desafios de se fazer gestão no Sistema
Único de Saúde, desenvolvendo assim as competências necessárias para reali-
zação de ações capazes de gerar os melhores e mais duradouros resultados.
As dificuldades apresentadas ao se realizar a assistência farmacêutica
estão associadas com a compreensão empírica atual que rege o modelo de
gestão, caracterizado como um conjunto de ações técnico-operacionais
delimitadas ao cuidado do medicamento e ao seu destino, mas com pouco
foco no destinatário. E, para que as ações de assistência farmacêutica tenham
como foco a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, as lacunas
existentes precisam ser preenchidas.
Em resumo, atualmente, observamos significativo descompasso entre o
que é proposto pelas normativas e o que se observa na realidade, evidenciado
pelos indicadores e fatores condicionantes da assistência farmacêutica.

Exemplificando

8
Muitos problemas da assistência farmacêutica ocorrem por sua
ausência nos planos de saúde do município, fato este que trava a gestão
e não permite a realização de planejamento adequado no contexto das
demais ações de saúde.

Nesse contexto, a Política Nacional da Assistência Farmacêutica traz que


a gestão deve ser descentralizada e articulada pelos municípios, estados e
União, por meio das pactuações na Comissão Intergestora Tripartite (CIT) e
na Comissão Intergestora Bipartite (CIB), que são as responsáveis por definir
o financiamento, atualizar os medicamentos essenciais elencados (RENAME
– Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e estabelecer o ordena-
mento na forma de acesso aos medicamentos.
Além desses fatores, a gestão da assistência farmacêutica contemporânea
trabalha com foco nas pessoas que fazem parte dos processos, e não nos produtos,
como era realizado antigamente. Ela atenta-se mais em como os profissionais
farmacêuticos colocam-se em relação ao usuário do sistema e o quanto esses
medicamentos precisam estar associados às pessoas, para que, dessa forma,
consigam integrar articuladamente os produtos, os serviços e o trabalho coletivo
de disponibilização, uso racional dos medicamentos, os resultados logísticos desses
processos, bem como seus resultados clínicos e sociais.
Para isso, uma ferramenta comumente utilizada na gestão da assistência
farmacêutica é o Planejamento Estratégico Situacional, que auxilia no plane-
jamento e na definição das ações a serem desenvolvidas para reverter os
problemas do cotidiano dos serviços de assistência farmacêutica.

Reflita
A assistência farmacêutica precisa ter clareza nas ações e no seu planeja-
mento. Isso requer a adoção de gestão estratégica de processos e de pessoas
para que as diretrizes do Sistema Único de Saúde sejam atendidas. Mas
será que essas premissas permitem atender a demanda por serviços de
saúde? Será que permitem atender programas ou ações estratégicas em
saúde? Quais pontos estratégicos do planejamento precisam ser conside-
rados para se atingir os objetivos da assistência farmacêutica no Sistema
Único de Saúde?

Também podem ser utilizados processos que apresentam excelentes


resultados na gestão da assistência farmacêutica:
1. Realizar escolhas fundamentadas no contexto técnico, social e político
da gestão.

9
2. Discutir as escolhas com diferentes atores deste processo.
3. Repensar sempre as escolhas considerando a assistência farmacêutica
em um processo contínuo e em constante aperfeiçoamento.
4. Possuir indicadores confiáveis e bem fundamentados.
Ao proceder com esse processo, garantimos ao ciclo da assistência farma-
cêutica a adoção de aspectos estratégicos que garantam o acesso da população
a esse serviço, a equidade nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de
assistência farmacêutica já existentes, a regulação e o monitoramento dos
medicamentos e sua articulação com programas estratégicos de saúde, como
os exemplos bem consolidados que temos da hanseníase e da saúde mental.
Aliás, por falar em programas estratégicos da assistência farmacêutica no
âmbito do Brasil, temos que esses são muitos e, ainda, apresentam destaque
internacional. Vamos conhecer alguns:
• Controle de Endemias:
– Tuberculose.
– Hanseníase.
– Malária.
– Leishmaniose.
– Chagas.
• IST/AIDS:
– Antirretrovirais.
– Sangue e hemoderivados.
– Imunobiológicos.
Como podemos observar, os programas estratégicos de Assistência
Farmacêutica necessitam do conhecimento sobre o perfil epidemiológico da
população para que as ações estratégicas tenham o resultado esperado, para
que os planejamentos de cuidado e atenção sejam bem elaborados e possam
atender às necessidades da população.
Porém, quando pensamos em municípios grandes, com alta capaci-
dade de investimento, podemos pressupor que uma boa gestão que faça
uso adequado de seus recursos é capaz de atingir os resultados esperados.
Todavia, também temos municípios menores, que não apresentam capaci-
dade de realizar boas compras e obter ganhos de escala, ficando, assim, com
suas ações mais limitadas. Como agir diante dessa situação?

10
Um modelo clássico para se contornar esse desafio é a formação de
Consórcios Intermunicipais de Saúde, os quais permitem aos municípios
menores usufruir do poder de compra e de uma infraestrutura melhor do
que poderiam ofertar sozinhos.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade dos medicamentos, que passam por maior
rigor na concessão de medicamentos, realização de permanente inspeção
nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica, pós-comercialização, farmaco-
vigilância, monitoramento da propaganda de medicamentos, investigação e
a abertura de canal de denúncia para uso da população.
Mesmo com todas essas opções estratégicas para se atingir a excelência na
assistência farmacêutica, observamos que muitos dos problemas enfrentados
pelos municípios brasileiros ocorrem por debilidade de infraestrutura, inefi-
ciência operacional e dificuldade na prestação do atendimento à população.
Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assistência
farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medicamentos
e precisam estar alicerçados em informações técnico-científicas para que,
assim, por esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade
de manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais. Como
consequência desse processo, teremos a adequada realização da assistência
farmacêutica, pois poderemos contar com as prescrições de medicamentos
relacionados na relação orientadora RENAME e a dispensação de medica-
mentos pelo processo informativo/educativo para o uso racional de medica-
mentos, fato que nos leva a entender a presença primordial do profissional
farmacêutico na atenção básica de saúde.

Assimile
A assistência farmacêutica não pode ser vista apenas como um setor
responsável pelo fornecimento de medicamentos com foco na aquisição
e distribuição, o que leva a uma fragmentação das atividades com
impacto na construção da prática centrada no medicamento, pois essa
é uma visão minimalista que traz prejuízos às atividades de supervisão e
orientação sobre o uso racional de medicamentos. Devemos entendê-la
como um programa que promove, protege e recupera a saúde por meio
de ações estratégicas e com alta eficiência operacional, voltadas para o
uso racional de medicamentos.

11
Diante de tudo o que foi exposto, ainda precisamos refletir sobre o ponto
relacionado à pesquisa e desenvolvimento no contexto da assistência farma-
cêutica, pois o atual cenário de desenvolvimento, produção e incorporação de
medicamentos à assistência à saúde está voltado para as grandes doenças que
geram maiores lucros. Isso demonstra a necessidade de se investir recursos
nas pesquisas e no desenvolvimento de medicamentos para programas de
saúde voltados para doenças negligenciadas, pois são justamente estas que
dispõem de poucas opções terapêuticas, caracterizadas pela baixa efetividade
e a alta prevalência de efeitos adversos.
Portanto, podemos considerar que o ciclo da assistência farmacêutica
em todos os seus aspectos de gestão, operacionais e estratégicos, necessita
estar associado no sentido da integralidade das ações nas relações entre as
pessoas que fazem parte desse processo, desde o acolhimento até a dispen-
sação, para que tenhamos um processo organizado com foco em seus três
grandes objetivos, que são a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
da população.

Sem medo de errar

Temos nesta seção o caso do profissional farmacêutico responsável pela


assistência farmacêutica do município que participou de uma rodada de
debates para elaboração de estratégias de saúde, na qual vários questiona-
mentos foram levantados: como estava a gestão da assistência farmacêutica?
Quais são os aspectos estratégicos que determinam o ciclo da assistência
farmacêutica? Como se dá a operacionalização da assistência farmacêutica?
Como estavam as pesquisas e o desenvolvimento de medicamentos à luz da
assistência farmacêutica?
Diante disto, temos que a gestão da assistência farmacêutica e o seu
ciclo são os principais desafios para a consolidação e aperfeiçoamento do
Sistema Único de Saúde, fato evidenciado pelas fragilidades da descentra-
lização das ações e da capacidade de gestão da assistência farmacêutica, as
quais geram grande dificuldades para se ofertar serviços farmacêuticos de
qualidade, principalmente pelo fato de o ciclo da assistência farmacêutica
ser um complexo de ações que se inter-relacionam e buscam integrá-la aos
sistemas de saúde.
A gestão da assistência farmacêutica precisa ter em suas ações a elabo-
ração e a aplicação de medidas estruturantes para que a gestão seja caracteri-
zada pelas diretrizes da participação, do controle social, da descentralização e
da transparência, norteada pelas diretrizes e normativas da legislação vigente
e com a garantia do acesso da população aos medicamentos.

12
Atualmente, observamos significativo descompasso entre o que é
proposto pelas normativas e o que se observa na realidade, evidenciado
pelos indicadores e fatores condicionantes da assistência farmacêutica, que
acontece devido ao fato dessa assistência contemporânea trabalhar com foco
nas pessoas que fazem parte dos processos e não com foco nos produtos.
Assim, temos o Planejamento Estratégico Situacional, que exerce a função
de auxiliar no planejamento e na definição das ações a serem desenvolvidas
para reverter os problemas do cotidiano dos serviços de assistência farmacêu-
tica, uma vez que uma boa gestão dessa assistência permite utilizar processos
que apresentam excelentes resultados em sua gestão, tais como realizar
escolhas fundamentadas no contexto técnico, social e político da gestão,
discutir as escolhas com diferentes atores desse processo, repensar sempre
essas escolhas considerando a assistência farmacêutica em um processo
contínuo e em constante aperfeiçoamento, além de apresentar indicadores
confiáveis e bem fundamentados. Ao proceder com esse processo, garan-
timos ao ciclo da assistência farmacêutica a adoção de aspectos estratégicos
que garantam o acesso da população a esse serviço de assistência, a equidade
nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de assistência já existentes, a
regulação e o monitoramento dos medicamentos, bem como sua articulação
com programas estratégicos de saúde.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade na concessão dos medicamentos, a realização
de permanente inspeção nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica,
pós-comercialização, farmacovigilância, monitoramento da propaganda de
medicamentos, investigação e a abertura de canal de denúncia para uso da
população. Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assis-
tência farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medica-
mentos e precisam estar alicerçadas em informações técnico-científicas para
que, com esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade de
manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais, consequen-
temente, adequada realização da assistência farmacêutica.

Avançando na prática

Ampliação da Assistência Farmacêutica

Você foi aprovado em concurso público para assumir as funções de farma-


cêutico da assistência farmacêutica e lhe foi passado o desafio de ampliar as

13
ações relacionadas a essa área. Considerando os aspectos gerenciais da assis-
tência farmacêutica, como contribuir para garantir a eficiência operacional
e financeira aliada à melhora positiva dos serviços de saúde? Como realizar
conjuntamente com os atores da assistência farmacêutica os direcionamentos
necessários para se atingir essa eficiência?

Resolução da situação-problema
Nesse caso, para que seja aplicada a eficiência operacional e financeira
integrada à assistência farmacêutica, é necessário que haja um trabalho
junto a todos os atores, desde os prescritores até a população, acerca do uso
racional dos medicamentos, deixando evidente que esse deve ser integrado às
demais políticas de saúde como parte do processo de cuidado e como parte
da rede de saúde, seja ela municipal, estadual ou regional.
Trabalho que só será possível se os principais atores que determinam os
direcionamentos que podem levar a eficiência operacional e financeira no
contexto da assistência farmacêutica estejam alinhados com esse fim, e isso
pode se dar com treinamentos e capacitações para garantir que todos estejam
alinhados a boas práticas de saúde.

Faça valer a pena

1. Preencha as lacunas do texto sobre a assistência farmacêutica.


O farmacêutico responsável pela gestão da assistência farmacêutica precisa
ter um papel de liderança _____________, para que possa realizar a
____________ das equipes, dos serviços de _________ e do controle social.
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas.
a. técnico-científica; qualificação; saúde.
b. cooperativista; centralização; internação.
c. cooperativista; qualificação; internação.
d. técnico-científica; centralização; saúde.
e. técnico-científica; qualificação; internação.

2. A assistência farmacêutica possui, dentro do seu espectro de planeja-


mento estratégico, a equidade e a qualificação dos serviços de saúde. Analise
as sentenças, em relação ao rol de programas estratégicos da assistência
farmacêutica.

14
I. Controle de endemias: tuberculose.
II. Controle de endemias: cefaleia.
III. Controle de endemias: hanseníase.
IV. Controle de IST: antirretrovirais.
V. Controle de IST: dengue.
Baseado na análise dos programas, quanto a estarem inclusos nas estraté-
gicos da assistência farmacêutica, é correto o que se afirma em:
a. Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
b. Somente as sentenças I, III e V estão corretas.
c. Somente as sentenças II, IV e V estão corretas.
d. Somente as sentenças I, III e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças II, III e V estão corretas.

3. Assim como as demais políticas que compõem o Sistema Único de Saúde,


a assistência farmacêutica tem ações específicas voltadas para atender as
diretrizes estabelecidas na legislação e, por ser responsabilidade do Estado,
necessita de regulação quanto a aspectos orçamentários e sobre o modelo de
financiamento.
Com base no financiamento da assistência farmacêutica, avalie as seguintes
asserções e a relação proposta entre elas.
I. O modelo de financiamento da assistência farmacêutica é tripartite.
PORQUE
II. É estabelecido pelas gestões e representações dos níveis municipais,
estaduais e nacional.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

15
Seção 2

Seleção, programação, aquisição e


armazenamento de medicamento

Diálogo aberto
Vivemos, atualmente, em uma geração altamente conectada e ciente de
seus direitos e deveres. Isso leva à necessidade cada vez maior da formação de
profissionais proativos e adaptáveis a mudanças que ocorrem em ritmos mais
velozes. Se analisarmos e aplicarmos ao contexto da assistência farmacêutica
toda essa evolução científica e tecnológica acelerada, torna-se necessário que
o profissional farmacêutico disponha de competências relacionadas à proati-
vidade e adaptáveis a mudanças, além de outras que se apresentarão durante
seu processo formativo.
Pois bem, o profissional farmacêutico responsável pela assistência farma-
cêutica de um município participa ativamente de muitas discussões e debates
das políticas e medicamentos e de debates e ações para aprimoramento da
aplicação das políticas públicas voltadas à assistência farmacêutica. Vamos
nos colocar em uma situação hipotética, em que você é o responsável pela
assistência farmacêutica do município e precisa alinhar junto aos órgãos
gestores quais medicamentos são necessários para atender as demandas de
saúde da população local. Para isso, você precisa responder alguns questio-
namentos: como é feito o processo de seleção de medicamentos? Como é
realizada a programação de medicamentos? Como é procedida a aquisição
desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de medicamentos?
Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os pontos de melho-
rias de todos esses processos?
A partir desses questionamentos faremos todo o processo de aprendi-
zagem de seleção, programação, aquisição e armazenamento de medica-
mentos no contexto da assistência farmacêutica, essenciais para que você se
torne um profissional de destaque e muito sucesso no mercado de trabalho.
Portanto, dedique-se e aproveite bem este momento!

Não pode faltar

Chegou o momento de aprofundarmos nossos conhecimentos relacio-


nados aos questionamentos apresentados. Iniciaremos com os aspectos gerais do
processo de seleção de medicamentos, que faz parte das etapas do ciclo básico e é

16
essencial para que todo o ciclo assistencial funcione adequadamente, pois é a partir
da seleção de medicamentos que se desenvolvem as demais etapas.
A seleção é caracterizada como sendo um processo de escolha de medica-
mentos baseada em critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos,
estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). Essa
comissão busca permitir a disponibilização de medicamentos e insumos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde,
de modo que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção e
políticas farmacêuticas.
Esse processo de seleção é definido, estabelecido e consensuado em
uma relação de medicamentos essenciais, de acordo com o perfil epide-
miológico da população local, para que sejam atendidas as necessidades
reais da população e seja contemplado o elenco mínimo obrigatório para a
atenção básica.
A seleção de medicamentos deve gerar um formulário terapêutico com as
informações técnicas e científicas mais importantes e atualizadas sobre cada
um dos medicamentos selecionados, para que possam ser utilizadas durante
a prescrição e dispensação de medicamentos. Vale destacar que esse processo
deve ser atualizado periodicamente, além de sempre contar com o auxílio da
comunidade científica.
É comum observamos a coordenação do processo de seleção sob
responsabilidade de profissionais farmacêuticos que atuam nas Secretarias
Municipais de Saúde, em Centros de Atendimento Psicossocial e em Serviços
de Atendimento Especializado, além de médicos, dentistas e enfermeiros. O
racional empregado é basicamente o seguinte: segue-se uma cadeia hierár-
quica na qual uma lista nacional é realizada primeiramente (RENAME),
depois é feita a lista estadual (RESME) e, então, a lista municipal (REMUME).
Alguns critérios podem e devem ser utilizados para a seleção de medica-
mentos, por exemplo: para a seleção de medicamentos na lista municipal,
este deve constar no Elenco de Referência do Componente de Assistência
Farmacêutica Básica das esferas federal e estadual; deve atender às doenças
prevalentes; deve ser analisada a facilidade de adesão e o custo e, além disso,
o medicamento deve ser a primeira escolha para tratamento. Assim como são
excluídos os medicamentos poucos prescritos e os já excluídos da RENAME.
Todavia, observamos também que alguns municípios não possuem
REMUME e fazem a seleção dos medicamentos através de processo licita-
tório, muitas vezes baseadas nas prescrições médicas e nos custos dos
medicamentos. Entretanto, vale frisar que, normalmente, o processo de

17
seleção dos medicamentos é realizado a partir da indicação de profissionais
da saúde, tendo influência do farmacêutico responsável, pois esse é o profis-
sional conhecedor dos medicamentos que utilizará a denominação genérica,
concentração, forma farmacêutica e apresentação, conforme recomenda
o Ministério da Saúde. Além disso, não se pode esquecer que durante o
processo de seleção é primordial considerar os recursos disponíveis.

Assimile
A seleção de medicamentos é considerada como eixo norteador de
ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica, para
garantir o acesso a medicamentos eficazes, seguros e efetivos para
todos os usuários do Sistema Único de Saúde.
Através da seleção é produzida a Lista Essencial de Medicamentos
(LEM), da qual deriva o formulário terapêutico e diretrizes clínicas, pois
ela é capaz de produzir resultados que orientem as condutas clínicas
e as atividades gerenciais relacionadas à disponibilização de medica-
mentos pelo Sistema Único de Saúde.

A etapa de programação assegura um serviço de assistência farmacêutica


confiável, com vistas a garantir a oferta de medicamentos efetivos e seguros.
Para isso, o planejamento é essencial para que sejam disponibilizados
oportunamente os medicamentos e consiste em um importante recurso para
tomada de decisão, como na definição de prioridades, na garantia da oferta
de medicamentos e insumos, bem como na condição de oferecer interven-
ções efetivas. Isso envolve a previsão de todos os fatores que possam estar
relacionados a falhas de planejamento e, consequentemente, afetar a confia-
bilidade da assistência farmacêutica.
Um dos principais fatores para boa programação é a observação da dispo-
nibilidade orçamentária, em razão da influência que exerce na definição
das prioridades e quantidade de medicamentos e insumos que poderão ser
comprados para o período programado. No Sistema Único de Saúde, temos
um instrumento denominado Programação Anual de Saúde, que visa estabe-
lecer o orçamento com projeção granular do consumo baseado nas necessi-
dades dos serviços de saúde, a fim de garantir o abastecimento de medica-
mentos e insumos com qualidade, além da quantidade requerida
A programação é orientada pela RENAME, que disponibiliza, de forma
padronizada, medicamentos de qualidade que propiciam ganhos terapêu-
ticos e econômicos para garantir que seu uso seja realizado de forma racional,
tanto na prescrição quanto no uso dos medicamentos.

18
Assim como nas demais etapas, na programação é necessário que haja uma
equipe de alto nível e bem treinada para o desenvolvimento desse processo,
além de um espaço físico específico, materiais administrativos e uma rede de
dados que forneça informações confiáveis para a tomada de decisão.
Assim, a programação consiste em estimar as quantidades necessárias
para atendimento à demanda de serviços, com vistas a evitar o desabaste-
cimento de medicamentos. As atividades de programação dependem de
informações gerenciais consistentes que permitem definir quando e quantos
medicamentos devem ser adquiridos, mas, para tanto, é necessário o estabe-
lecimento de preceitos e procedimentos com estabelecimento de metodo-
logia de trabalho, imputações, encargos e prazos, bem como instrumentos
apropriados (planilhas, formulários e instrumentos de avaliação), periodici-
dade e método.
O primeiro passo da programação perpassa pela identificação das neces-
sidades da população por meio de critérios técnicos para estimar a demanda,
como a carga da doença e sua prevalência, oferta de serviços disponíveis e
outras informações de sistemas de informação do Sistema Único de Saúde.
Precisamos destacar, no entanto, que o mais importante a ser considerado
para definição da quantidade de medicamentos é o perfil de morbimorta-
lidade. Além desses, outros elementos também são considerados indispen-
sáveis, tais como: a gestão de estoque, infraestrutura de recursos físicos,
humanos e de materiais, a disponibilidade orçamentária e financeira, os
protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas, o formulário terapêutico
nacional e o custo unitário de cada tratamento.
O método de programação parte de informações como: a descrição
detalhada das especificações do medicamento, a justificativa, o cronograma
de aquisição e entrega, a forma ou modalidade de aquisição, a pesquisa de
preço e o cálculo do custo.
Como a disponibilidade orçamentária é algo fundamental na progra-
mação da assistência farmacêutica, a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos criou o Coeficiente de Adequação de Preço, caracterizado
como um abatimento mínimo obrigatório incidente sobre o valor de fábrica
de alguns medicamentos nas compras executadas pela administração pública
(direta ou indireta) das três esferas de governo, o que possibilita otimizar a
utilização dos recursos disponíveis para aquisição de medicamentos.
Além disto, a etapa de programação necessita determinar critérios de
aceitação bem específicos, como: a data de fabricação até a data de entrega,
que não pode ter passado mais de 20% do prazo de validade do medica-
mento; a embalagem deve estar íntegra e em perfeito estado; o transporte

19
e o armazenamento devem ser realizados de acordo com as especificações
técnicas do produto, apresentação do laudo de controle de qualidade no
momento da sua entrega; cópia autenticada da licença de funcionamento ou
alvará sanitário; e cópia autenticada dos documentos emitidos pela Anvisa
(autorização de funcionamento do fabricante, autorização especial do fabri-
cante se o medicamento for de controle especial, registro válido do medica-
mento, certificado de boas práticas de fabricação e controle de medicamentos
válido por linha de produção, cerificado de boas práticas de distribuição e
armazenamento de medicamentos válido).
Assim, conclui-se que a programação permite a aquisição de medica-
mentos de qualidade e com menor custo.

Reflita
Se programar consiste em estimar a quantidade de medicamentos que
devem ser adquiridos para atendimento a determinada demanda da
assistência farmacêutica por determinado período de tempo, reflita
sobre como evitar aquisições desnecessárias, perdas e descontinuidade
na assistência farmacêutica.

Já o processo de aquisição de medicamentos é umas das principais ativi-


dades da assistência farmacêutica e está muito relacionada às ofertas de
serviços e cobertura de programas de saúde. Para se ter uma boa aquisição,
primeiramente deve ser feita uma seleção adequada do que, quando e quanto
comprar, sendo o principal fator o como comprar.
A aquisição de medicamentos pode ser realizada através de cooperação
entre municípios, pois existe a possibilidade de realidades de saúde comuns a
municípios de uma determinada região. Além disso, essas aquisições podem
ser feitas por meio de licitação, dispensa de licitação ou inexigibilidade de
licitação, processadas com laboratórios oficiais ou por meio do sistema de
registro de preços, obedecendo critérios técnicos e legais. Porém, a aquisição
não se restringe apenas a como comprar, mas deve-se levar em conta outros
fatores de planejamento e estratégia.
O processo de aquisição, quando acontece no setor público, é complicado
por envolver uma série de exigências legais e administrativas que necessitam
ser cumpridas e que só terão sucesso se houver prioridade na garantia do
medicamento e insumo à população. A forma de licitação vem sendo bastante
utilizada para a aquisição de medicamentos por permitir padrões de quali-
dade e performance abertamente definidos de maneira material no edital,
por determinar prazo mínimo de divulgação do pregão e por utilização de

20
vários meios de divulgação (diário oficial, internet e jornal de grande circu-
lação local).
Mas, para divulgar o edital, a administração pública precisa demonstrar a
necessidade de aquisição, o consumo médio mensal do produto e os estoques
para, posteriormente, definir o objeto e as condições, dentre outras informa-
ções que devem constar no edital para, em seguida, submeter à análise do
órgão jurídico.
Após a divulgação do edital é elaborada a Ata de Registro de Preços, que
fica à disposição da Administração Pública por 12 meses, para ser utilizada
quando for necessário efetuar a contratação. Em seguida, tem-se a fase de
aquisição, que é simples e rápida, pois já foi procedida a normalização do
processo de aquisição, os pedidos de compras já foram devidamente instru-
ídos, já foi realizada a reserva orçamentária, a contratação e a emissão da
ordem de fornecimento.
Entretanto, as aquisições sem licitação precisam manter a formalidade
processual, ou seja, apresentar a justificativa da necessidade de aquisição,
demonstração de que os preços são compatíveis com os praticados no
mercado, demonstração de recursos orçamentários, apreciação de minuta
de contrato pelo departamento jurídico, juntamente com as propostas e
documentos necessários, ato de dispensa ou inexigibilidade da licitação
devidamente fundamentado.
A aquisição é financiada com valor per capita destinado à aquisição de
medicamentos para atenção básica, transferida a estados, Distrito Federal
e municípios, conforme pactuação nas Comissões Intergestores Bipartite,
totalmente descentralizada, na qual os gestores estaduais e federais têm a
responsabilidade de financiamento como contrapartida aos recursos do
gestor federal. Já a aquisição de medicamentos de dispensação excepcional
segue sob responsabilidade dos estados e/ou Ministério de Saúde, e a dispen-
sação de responsabilidade, do estado.
Quando a aquisição e distribuição dos medicamentos é executada pelo
Ministério da Saúde, obedecem aos quantitativos programados pelos estados,
e o valor da tabela do medicamento será igual a zero.

Exemplificando
Uma forma de analisar o desempenho de processos relacionados à
gestão de compras é buscar o volume de compras e a pontualidade do
atendimento das requisições de compra.
O volume de compras é a razão entre o valor total das compras efetivas
pelo valor total previsto para compras. Assim como a pontualidade do

21
atendimento das requisições de compra é a razão entre o número total
de requisições no prazo pelo número total de requisições realizadas.

Além disso tudo, é necessário ainda que haja o adequado armazena-


mento desses medicamentos, pois somente assim será possível que seu uso
alcance sua finalidade no sistema de saúde. Para isso, pode-se contar com as
seguintes estruturas:
• Aparelho de ar condicionado.
• Armário com chave para medicamentos controlados.
• Refrigerador/geladeira para armazenamento exclusivo de medicamentos.
• Estantes ou prateleiras para o armazenamento de medicamentos e insumos.
• Termômetro digital.
• Higrômetro.
• Caixas tipo Bin para armazenamento desses medicamentos.
As condições ambientais devem ser garantidas tanto na área de armaze-
namento quanto nas áreas de dispensação, especialmente no tocante ao
controle de temperatura e umidade e sistema interno de circulação de ar.
O que se observa, todavia, é que as condições sanitárias em um contexto
geral são inadequadas e revelam que as recomendações do Ministério da
Saúde para orientar a estruturação das farmácias ainda são pouco seguidas.
Cabe destacar que o armazenamento dos medicamentos envolve uma série
de procedimentos técnicos e administrativos que reduz as perdas de medica-
mentos e é fundamental para manutenção da qualidade dos fármacos, uma
vez que sua qualidade e eficácia são diretamente relacionadas à manutenção
de sua estabilidade em relação às condições de armazenamento e manuseio.
Em resumo, os medicamentos são produtos delicados e sensíveis,
fabricados a partir de técnicas rigorosas e, portanto, requerem condições
adequadas de transporte, armazenamento e manuseio como parte do sistema
de regulação sanitária. Assim, a assistência farmacêutica tem como principal
objetivo garantir que seja promovida a saúde por meio do uso racional de
medicamentos essenciais.

Sem medo de errar

Temos uma situação hipotética, em que você é o responsável pela assis-


tência farmacêutica do município e precisa alinhar junto aos órgãos gestores

22
quais medicamentos serão selecionados. Para tanto, surgem algumas
questões: como é realizada a programação de medicamentos? Como é proce-
dida a aquisição desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de
medicamentos? Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os
pontos de melhorias de todos esses processos?
A seleção de medicamentos é baseada em critérios epidemiológicos,
técnicos e econômicos, estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT). Essa seleção visa garantir a oferta de medicamentos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde
para que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção
e políticas farmacêuticas. Ele segue alguns critérios, por exemplo: para a
seleção de medicamentos na lista municipal, o medicamento deve constar
no Elenco de Referência do Componente de Assistência Farmacêutica Básica
das esferas Federal e Estadual, deve atender às doenças prevalentes e deve
ser analisada a facilidade de adesão, o custo e se o medicamento é a primeira
escolha para tratamento.
Já a etapa de programação assegura um sistema de abastecimento de
saúde confiável, com disponibilização de medicamentos seguros e eficazes,
por meio de disponibilidade oportuna de medicamentos e, além disso,
consiste na base para definir prioridades, garantir a oferta de medicamentos
e assegura intervenções efetivas, observando a disponibilidade de recursos
financeiros.
Temos ainda o processo de aquisição de medicamentos, que é umas das
principais atividades da assistência farmacêutica e encontra-se muito relacio-
nada às ofertas de serviços e cobertura de programas de saúde. Assim, para
se ter uma boa aquisição, primeiramente deve ser feita uma seleção adequada
do que, quando e quanto comprar, sendo o principal fator o como comprar.
Importante destacar que essa aquisição de medicamentos pode ser reali-
zada através de cooperação entre municípios, e pode ser feita por meio de
licitação, dispensa de licitação ou inexigibilidade de licitação, processadas
com laboratórios oficiais ou por meio do sistema de registro de preços,
obedecendo critérios técnicos e legais. Porém, a aquisição não se restringe
apenas a como comprar, mas deve levar em conta outros fatores de planeja-
mento e estratégia.
Por fim, não devemos nos esquecer de que, após a compra, o adequado
armazenamento permite que o uso dos medicamentos alcance sua finalidade
no sistema de saúde. As condições ambientais devem ser garantidas, tanto
na área de armazenamento quanto nas áreas de dispensação, pois os medica-
mentos são produtos delicados e sensíveis, fabricados a partir de técnicas

23
rigorosas, que requerem condições adequadas de transporte, armazena-
mento e manuseio.

Avançando na prática

Ciclo da assistência farmacêutica

Você é o farmacêutico responsável pela assistência farmacêutica do


município, e recebeu um paciente com diagnóstico de infecção respiratória
com tratamento farmacoterapêutico prescrito por dez dias, utilizado três
vezes ao dia, trinta unidades no total. Como foi garantida a adequada dispen-
sação e disponibilização desse medicamento ao paciente? Quais aspectos
do ciclo da assistência farmacêutica evitam o desabastecimento de medica-
mentos no município?

Resolução da situação-problema
A disponibilização eficiente de medicamentos e o uso racional de medica-
mentos depende de todo o ciclo gerencial da assistência farmacêutica, desde
a efetiva interação e gerenciamento das finanças e orçamentos, utilização
precisa dos sistemas de informação, identificação e capacitação das equipes,
estabelecimento de sistemas de monitoramento e avaliação. Portanto, para
evitar o desabastecimento, é necessária a compreensão do ciclo e da estru-
tura organizacional.

Faça valer a pena

1. A seleção de medicamentos é uma das principais peças do ciclo da assis-


tência farmacêutica pois ajuda a evitar desperdícios de recursos escassos com
medicamentos desnecessários, inseguros e ineficazes.
Com base no exposto sobre a seleção de medicamentos, analise as
sentenças a seguir:

I. A seleção de medicamentos é baseada na prevalência de doenças.


II. A seleção de medicamentos independe de recursos orçamentários.
III. A seleção de medicamentos é baseada nas prescrições médicas.

24
IV. A seleção de medicamentos é baseada na relação de medicamentos
essenciais
Assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças I e II estão corretas.
b. Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I e III estão corretas.
d. Somente as sentenças II e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças I e IV estão corretas.

2. Preencha as lacunas sobre o processo de aquisição de medicamentos:


Um processo de aquisição garante que os medicamentos _____________
serão adquiridos por preços ___________, qualidade ___________ e no
momento correto.
Com base nas informações, assinale a alternativa que preencha corretamente:
a. selecionados; razoáveis; inverificável.
b. selecionados; razoáveis; aceitável.
c. disponíveis; elevados; aceitável.
d. disponíveis; elevados; inverificável
e. selecionados; elevados; aceitável

2. Como o processo de armazenamento é constituído com um conjunto de


procedimentos que envolvem desde o recebimento até a guarda/estocagem
dos medicamentos em locais seguros. Analise as assertivas a seguir e se existe
relação entre elas:
I. As condições de armazenamento devem ser as menos onerosas possíveis.
PORQUE

II. Os medicamentos são produtos delicados e sensíveis, fabricados a


partir de técnicas rigorosas, que requerem condições adequadas de
transporte, armazenamento e manuseio.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.

25
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

26
Seção 3

Distribuição, prescrição, dispensação e


processos finais

Diálogo aberto
Nos últimos tempos tem se tornado comum visualizarmos notícias
sobre falta de medicamentos de distribuição gratuita em diversos estados. É
alarmante, pois muitos pacientes/usuários do Sistema Único de Saúde ficam
meses sem o acesso aos medicamentos e, consequentemente, sofrem com
comprometimento do tratamento.
Seguindo o contexto de aprendizagem desta unidade, o farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica de um município se depara com
mais uma reunião de alinhamento e definições de diretrizes que se fazem
necessárias para cumprimento das políticas públicas de medicamentos e
assistências farmacêuticas no âmbito do SUS. Nessa reunião, a pauta dos
gestores da secretaria de saúde era sobre as adequações e melhoramentos
nos processos de distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos no
município, bem como formas de avaliar e garantir a qualidade dos serviços
farmacêuticos prestados à população. Você, no lugar do profissional farma-
cêutico, elencaria quais pontos para que esses objetivos fossem alcançados de
maneira satisfatória?
Para que possamos responder a esse e a outros questionamentos, traba-
lharemos nesta seção conteúdos inerentes aos processos de distribuição,
prescrição e dispensação de medicamentos, bem como procedimentos que
garantam a qualidade de produtos e serviços.

Não pode faltar

Dentro do contexto das ações de promoção, proteção e recuperação da


saúde, temos a assistência farmacêutica e seu ciclo com especial destaque,
uma vez que a ausência de medicamentos pode provocar interrupções do
tratamento e, assim, afetar a qualidade de vida dos usuários e a credibilidade
dos serviços farmacêuticos e do sistema saúde como um todo.
Como o Brasil apresenta dimensões continentais, temos, dentro do
processo de distribuição, a logística de transporte multimodal (aéreo e
terrestre) dos insumos considerados estratégicos para as políticas nacionais
de saúde, realizada geralmente por empresa contratada pelo Ministério da Saúde.

27
A distribuição de medicamentos necessita de uma análise acurada de todo o
processo, pois ela depende das características da região que se pretende atender
(quente, fria, longe, pobre, etc.), já que essas informações influenciam o planeja-
mento para as condições ideais de distribuição, desde a embalagem secundária ao
acondicionamento, bem como toda cadeia de logística envolvida nesse processo.
Um exemplo clássico da falta dessa informação é quando há medicamentos
necessitam de armazenamento em geladeira logo após seu desenvolvimento. Esse
tipo de medicamento necessitará de transporte em cadeia logística fria, que nem
sempre está disponível; assim como nem sempre os usuários disporão de geladeiras
para acondicioná-los.
Após a finalização da compra, os medicamentos e insumos são remetidos
ao Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do Ministério da
Saúde, das secretarias estaduais ou municipais de saúde, que providenciam a dispo-
nibilização dos medicamentos aos usuários do SUS.
A logística de distribuição de medicamentos inicia-se quando há falta ou
diminuição dos estoques dos medicamentos nos serviços de saúde do município.
Isso fará com que o diretor do serviço elabore uma lista de necessidades e, após
autorização do pedido, os produtos sejam retirados da Central de Abastecimento
Farmacêutica e posteriormente enviados para a unidade básica de saúde. Todo
esse processo é registrado no sistema Hórus (sistema informatizado, disponibili-
zado aos estados e municípios pelo Ministério da Saúde, para gestão da assistência
farmacêutica).

Assimile
A etapa de distribuição de medicamentos é caracterizada pelo supri-
mento às unidades de saúde em quantidade, qualidade e tempo
oportuno, ou seja, ela se inicia com a solicitação de medicamentos para
o nível de distribuição envolvido, com vistas a suprir as necessidades
desses medicamentos por um determinado período de tempo.

Como os medicamentos consomem considerável parte do orçamento desti-


nado à saúde, é justificada a adoção de medidas para o uso racional de medica-
mentos, assim como sua efetiva distribuição, baseada nas demandas da comuni-
dade. Para isso, o farmacêutico deve gerenciar cuidadosamente o intervalo de
tempo entre as distribuições, pois quanto menor a periodicidade, maiores são os
custos de distribuição.
E para que não haja desabastecimento nem custos excessivos com a distribuição,
faz-se necessário estabelecer um cronograma com fluxos, prazos de execução
e periodicidade da entrega, considerando a capacidade de armazenamento,

28
demanda, local, tempo de aquisição, disponibilidade de transporte e recursos
humanos. Para isso, é necessário dispor de dados consistentes sobre consumo de
produtos pelas unidades dispensadoras, perfil epidemiológico do município, oferta
e demanda de serviços de saúde, recursos humanos capacitados e disponibilidade
financeira.
Portanto, a adoção de Procedimentos Operacionais Padrões (POP), acompa-
nhada de instrumentos de controle, é imprescindível para orientar a execução de
tarefas de controle quali e quantitativo de medicamentos, que remetem a atividades
desde a recepção dos medicamentos até às movimentações realizadas.
Em resumo, é fundamental que a distribuição seja centrada no paciente/
usuário e não na estrutura administrativa, com pilares que permitam o acesso e
o uso racional de medicamentos. Pois a distribuição de medicamentos não deve
ser abordada apenas como um componente do ciclo da assistência farmacêutica,
mas sim como um importante instrumento para aumento da resolubilidade da
promoção integral à saúde.
Veja na Figura 2.2 um fluxograma que traz um padrão de distribuição de
medicamentos no contexto municipal.
Figura 2.2 | Fluxograma da distribuição de medicamentos em municípios

Fornecedor

Prefeitura
Municipal

Secretaria
Municipal de
Saúde

Distribuição

UBS1 UBS2 UBS3 UBS4

Fonte: adaptada de Paiva e Batista (2017, p. 18).

29
A prescrição como parte do processo de assistência farmacêutica necessita
da atuação ativa do farmacêutico, por ele ser o profissional capaz de interagir
com os prescritores e os pacientes, tendo a informação como alicerce dessas
relações. A prescrição deve ser elaborada por um profissional autorizado.
A avaliação da prescrição é realizada pelo farmacêutico de acordo com as
seguintes etapas:
1. Saber a quem a prescrição está direcionada.
2. Averiguar a legalidade e a legibilidade da prescrição.
3. Analisar a data da prescrição para saber se há reutilização da
prescrição.
Existem muitos documentos legislativos administrativos que regula-
mentam as prescrições. Os principais são:
• Boas Práticas de Prescrição da Organização Mundial de Saúde (OMS).
• Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998.
• Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973.
• Boas Práticas em Farmácia do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
• Resolução nº 308, de 2 de maio de 1997 do CFF.
De acordo com a Lei 5.991/73, o controle sanitário do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos estabelece que somente
deve ser atendida a receita escrita a tinta, em vernáculo, por extenso e de
modo legível, que contiver o nome e o endereço residencial do paciente, a
data e a assinatura do profissional, o endereço do consultório ou da residência
e o número de inscrição no respectivo conselho profissional. Já as receitas de
medicamentos de controle especial deve obedecer à Portaria nº 344/98.

Reflita
Baseado no que discutimos até o momento, quais são as principais ações
que o farmacêutico deve realizar durante a entrevista e orientação do
paciente que procura uma farmácia para adquirir medicamentos com
prescrição médica?

Caso o farmacêutico tenha alguma dúvida em relação à prescrição, ele


deverá entrar em contato com o prescritor para esclarecer problemas ou
dúvidas detectadas no momento da avaliação da receita.

30
Já a dispensação deverá seguir os princípios preconizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) na Declaração de Tóquio, os quais determinam
que o farmacêutico deve, além de entregar o medicamento, promover condi-
ções para que o paciente o use da melhor maneira possível, ou seja, deve aliar
o caráter técnico do procedimento de entrega que garanta o recebimento de
um medicamento dentro dos padrões de qualidade, segurança e orientações
que promovam o uso adequado e apropriado dos medicamentos.
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de
Medicamentos (PNM), dá um caráter profissional à dispensação, tornando
o farmacêutico responsável pelo fornecimento do medicamento e pela orien-
tação para seu uso adequado, e inserindo essa atividade em um grupo multi-
profissional. E somente a partir da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
nº 44 de 2009 as atividades de dispensação e atenção farmacêutica foram
abordadas de forma criteriosa.
Assim, a dispensação pode ser um procedimento que representa a etapa
final que sintetiza todas as anteriores da assistência farmacêutica, assim
como pode ser o ponto de partida para o encaminhamento do paciente a
outros serviços de saúde, pois nesse momento o farmacêutico ouve o usuário,
esclarece dúvidas e complementa com informações fornecidas por outros
profissionais da saúde sobre o uso e a guarda do medicamento, com vistas a
garantir a eficiência terapêutica.
São elementos importantes da orientação na dispensação:
• Cumprimento do regime de dosificação.
• Influência dos alimentos.
• Interação com outros medicamentos.
• Reconhecimento de reações adversas potenciais.
• Condições de conservação do produto.
E a dispensação deve cumprir três requisitos básicos:
• Atender 100% dos usuários.
• Ser ágil e eficiente
• Estar integrado à rotina diária do profissional.
E para atingir esse modelo de dispensação é necessário dispor de equipe
de pessoas capacitadas, infraestrutura adequada e procedimentos descritos e
integrados à rotina do farmacêutico. O farmacêutico deve ter conhecimento

31
técnico, habilidade de comunicação com pacientes e outros profissionais da
saúde, liderança para coordenar equipe, saber acolher e ouvir, ser simpático.
Na Figura 2.3 é possível visualizar as ações que devem ser realizadas
durante a dispensação do medicamento.
Figura 2.3 | Fluxo de dispensação de medicamentos
Alguém solicita
o medicamento

não Não dispensa e


Há indicação
orienta
médica? (1)
sim
não
A prescrição segue
normas legais? (2)
sim

É o paciente/cuidador não Entrega o medicamento


quem solicita? (3) e a cartilha e orienta
sim
Possui alguma sim Encaminhar impede a sim Não dispensa
contraindicação ou dispensação? e orienta
para outros
alergia? (4)
serviços não
não
não
Sabe para que Orienta motivo
está usando? (5) do uso
sim
não não Encaminhar
É possível orientação para outros
É efetivo? (6) imediata? serviços
sim
Orienta intervenção
sim
não É possível orientação não Encaminhar impede a sim
É seguro? (7) imediata? dispensação?
para outros
sim serviços
sim não
Orienta intervenção Não dispensa
e orienta
Usa outros não
sim É possível avaliação
medicamentos Encaminhar impede a sim
e/ou
que sugerem orientação imediata? para outros dispensação?
interação? (8) sim serviços
não Não dispensa
não Orienta intervenção e orienta

não
Sabe uso correto? (9) Orienta uso correto

sim
não
Sabe precauções? (10) Orienta precauções
durante o uso
sim

Avalia integridade da caixa e prazo de validade entrega o


medicamento, reforça as orientações e registra.

Fonte: Angonesi e Rennó (2011).

32
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
tiverem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medicamentos
que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros, eficazes e de quali-
dade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde promovida, a ter doenças
prevenidas e recuperadas quando instaladas.
A garantia da qualidade dos produtos e serviços da assistência farmacêutica
necessitam basicamente da atenção a alguns fatores considerados importantís-
simos, dos quais destacamos:
• Garantia de recursos financeiros.
• Capacitação dos recursos humanos envolvidos na assistência farmacêutica.
• Capacitação dos gestores envolvidos na assistência farmacêutica.

Exemplificando
Para que o farmacêutico possa atingir o nível de qualidade esperado
para assistência farmacêutica adequada, ele primordialmente neces-
sita atender de forma humanizada os usuários do SUS, estabelecendo
vínculo e acolhendo-o, para que as orientações repassadas sobre o uso
racional de medicamentos tenham adesão dos usuários e sejam parte
do cotidiano na unidade de saúde.

Portanto, podemos determinar que, basicamente, a assistência farmacêu-


tica necessita ter medicamentos de qualidade em momentos oportunos para
garantir o acesso dos usuários à farmacoterapia, ter orientações assertivas e
coerentes quanto ao uso correto e racional dos medicamentos.
Além disso, a garantia da qualidade dos produtos e serviços também
abrange a farmacovigilância, que acompanha o desempenho dos medica-
mentos que já estão no mercado. Há diversas estratégias para o estímulo à
identificação, notificação e investigação de suspeitas de desvio de qualidade
dos medicamentos, tais como as Farmácias Notificadoras, a Rede Sentinela
e o Notivisa. Essa ação da assistência farmacêutica abrange, exemplificativa-
mente, a identificação de desvios de qualidade, a identificação de medica-
mentos falsificados, a verificação de comercialização de medicamentos por
empresas sem autorização de funcionamento da Vigilância Sanitária e efeitos
adversos ainda não relatados de medicamentos.
Para finalizar, compreende-se que o acompanhamento e a avaliação da
utilização de um medicamento encerram o ciclo da assistência farmacêutica
e isso tem por finalidade verificar a repercussão da política assistencial na
saúde da população.

33
Sem medo de errar

Seguindo o contexto de aprendizagem da seção, partimos da reunião de


alinhamento e definição de diretrizes para os as políticas de medicamentos
e de assistência farmacêutica no município, para a qual você convidado a
contribuir com informações sobre os pontos para que os objetivos de melhora
dos processos de distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos no
município fossem alcançados de maneira satisfatória.
O processo de distribuição de medicamentos em âmbito nacional utiliza
a logística de transporte multimodal (aéreo e terrestre) dos insumos conside-
rados estratégicos para as políticas nacionais de saúde, realizada geralmente
por empresa contratada pelo Ministério da Saúde. E como um processo
complexo, necessita de uma análise acurada de todo o processo, conside-
rando as características da região que se pretende atender (quente, fria,
longe, pobre). Após a finalização da compra, os medicamentos e insumos são
remetidos ao Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do
Ministério da Saúde, das secretarias estaduais ou municipais de saúde, que
providenciam a disponibilização dos medicamentos aos usuários do SUS.
Geralmente, a logística de distribuição de medicamentos inicia-se com
sua falta em um dos serviços de saúde do município, quando o diretor do
serviço elabora a lista de necessidades e a envia para Unidade Básica de
Saúde, na qual o farmacêutico analisa e autoriza o pedido. Em seguida, os
produtos são retirados da Central de Abastecimento Farmacêutica e essa
saída é registrada no sistema Hórus. E para que não haja desabastecimento
nem custos excessivos com a distribuição, faz-se necessário estabelecer um
cronograma com fluxos, prazos de execução e periodicidade da entrega,
considerando a capacidade de armazenamento, demanda, local, tempo de
aquisição, disponibilidade de transporte e recursos humanos. Para isso, é
necessário dispor de dados consistentes sobre consumo, perfil epidemioló-
gico, oferta e demanda de serviços de saúde.
A prescrição, como parte do processo de assistência farmacêutica, neces-
sita da atuação ativa do farmacêutico, e deve ser elaborada por um profis-
sional autorizado. O farmacêutico realiza a avaliação, analisando a quem está
direcionada, a legalidade e a legibilidade da prescrição, e a análise da data da
prescrição para saber se há reutilização da prescrição. As prescrições devem
seguir uma série de orientações para atender à legislação e garantir a oferta
adequada do tratamento medicamentoso.
E a dispensação determina quando o farmacêutico deve, além de entregar
o medicamento, promover condições para que o paciente o use da melhor
maneira possível, com a orientação para uso adequado, e inserindo essa

34
atividade em um grupo multiprofissional. Assim, a dispensação pode ser um
procedimento que representa a etapa final que sintetiza todas as anteriores
da assistência farmacêutica, assim como pode ser o ponto de partida para
o encaminhamento do paciente a outros serviços de saúde. É nela que o
farmacêutico garante o cumprimento do regime de dosificação, explica a
influência dos alimentos, interação com outros medicamentos, adverte sobre
potenciais reações adversas e explica as condições adequadas de conservação
do produto.
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
passarem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medica-
mentos que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros,
eficazes e de qualidade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde
promovida, a ter doenças prevenidas e recuperadas quando instaladas.

Avançando na prática

Ciclo da assistência farmacêutica para


programas estratégicos

Você é farmacêutico da Central de Abastecimento Farmacêutico e


recebeu algumas solicitações de medicamentos para tratamento de pacientes
com tuberculose. Como, atualmente, são observados grande número de
ações judiciais para o provimento de medicamentos, a gestora do município
questionou se haviam os medicamentos e quais as ações que podem ser reali-
zadas para evitar o desabastecimento. Como você responderia à gestora?

Resolução da situação-problema
Os medicamentos elencados na RENAME, RESME e REMUME são
usados tanto para atendimento da atenção primária quanto para a aquisição
de medicamentos para tratamentos de média e alta complexidade, caso da
AIDS e da tuberculose, por exemplo.
E basicamente para não haver desabastecimento há necessidade de
planejamento para aquisição dos medicamentos conforme demanda e
dados epidemiológicos, além da consideração da disponibilidade financeira,
comunicação eficiente, monitorização contínua e envolvimento da comissão
de farmácia e terapêutica.

35
Faça valer a pena

1. Quando faltam medicamentos para atender as demandas de saúde dos


usuários da atenção básica, inúmeros fatores pode ser os condicionantes para
desencadear este processo, sendo eles basicamente vinculados com o plane-
jamento dos serviços de assistência farmacêutica. Ao associar as competên-
cias e habilidades do farmacêutico com as atividades de planejamento para
evitar desabastecimento de medicamentos essenciais na assistência farma-
cêutica, entendemos quais atitudes podem contribuir para esse desfecho
desfavorável.
Com base no texto, assinale a alternativa que contenha os fatores que
geram desabastecimento de medicamentos.

a. Ausência de cronograma, baixa capacidade de armazenamento, alta


demanda por medicamentos e falta de capacitação dos recursos
humanos envolvidos.
b. Estabelecimento de prazos de execução, baixa capacidade de armaze-
namento, alta demanda por medicamentos e falta de capacitação dos
recursos humanos envolvidos.
c. Ausência de cronograma, alta capacidade de armazenamento, baixa
demanda por medicamentos e recursos, além de recursos humanos
capacitados.
d. Estabelecimento de prazos de execução, alta capacidade de armaze-
namento, baixa demanda por medicamentos e recursos, além de
recursos humanos capacitados.
e. Ausência de cronograma, baixa capacidade de armazenamento, alta
demanda por medicamentos e recursos humanos capacitados.

2. Todas etapas do ciclo da assistência são importantes para que seja garan-
tida a oferta de medicamentos e realizada as ações de promoção da saúde,
prevenção e recuperação de doenças. Considerando as informações apresen-
tadas, analise as afirmativas a seguir:
I. O farmacêutico deve entregar o medicamento e promover condições
para o que o paciente use da melhor maneira possível.
II. O farmacêutico deve promover o uso adequado e apropriado dos
medicamentos.
III. O farmacêutico não participa do procedimento de entrega dos
medicamentos.

36
IV. O farmacêutica participa apenas do processo de entrega dos medica-
mentos.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

3. A Política Nacional de Medicamentos baliza as ações da assistência


farmacêutica estabelecendo parâmetros importantes voltados basicamente
para se garantir o direto à saúde estabelecido na Constituição Federal.
Com base na Assistência Farmacêutica, avalie as seguintes asserções e a
relação proposta entre elas.
I. A dispensação é um procedimento que representa a etapa final que
sintetiza todas as anteriores da assistência farmacêutica.
PORQUE
II. O farmacêutico ouve o usuário, esclarece dúvidas e entrega o medica-
mento conforme prescrição médica.
A respeito das asserções apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

37
Referências

ANDREOLI, G. L. M.; DIAS, C. L. L; KONAN, A. T. B. Planejamento e gestão logís-


tica de medicamentos em uma central de abastecimento farmacêutico hospitalar. 2014.
Disponível em: http://www.simpoi.fgvsp.br/index.cfm?FuseAction=arquivo.monta&ID_
EdicaoArquivo=2014&Pagina=busca_det&ID=306 . Acesso em: 16 set. 2019.

ANGONESI, Daniela; RENNÓ, Marcela Unes Pereira. Dispensação farmacêutica: proposta de


um modelo para a prática. Ciênc. saúde coletiva, 2011, vol.16, n.9, pp.3883-3891. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232011001000024&script=sci_abstract&tln� -
g=pt. Acesso em: 6 nov. 2019.

ARAÚJO, Mônica Cristina Moraes e Souza. Uma análise da judicialização da saúde na


aquisição e na distribuição de medicamentos e insumos no Brasil pelo Ministério da Saúde
no período de 2010 a 2014. 2016. 35 f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em
Gestão Pública na Saúde)-Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: http://bdm.
unb.br/handle/10483/14351. Acesso em: 24 set. 2019.

BARRETO, Joslene Lacerda; GUIMARAES, Maria do Carmo Lessa. Avaliação da gestão descen-
tralizada da assistência farmacêutica básica em municípios baianos, Brasil. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 26, n. 6, p. 1207-1220, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0102-311X2010000600014&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 13 set. 2019.

BRASIL. Comissão Intergestores Bipartite/RS. Resolução n° 069 de 2008. Porto Alegre, 16 de


abril de 2008a. Disponível em: http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php/download/
category/198-gases-medicinais?download=953:resolucao-federal-rdc-n-69-2008-boas-prati-
cas-de-fabricacao-de-gases-medicinais. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 308, de 02 de maio de 1997. Dispõe


sobre a Assistência Farmacêutica em farmácias e drogarias. Brasília/DF, 2 maio 1997. Disponível
em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/308.pdf. Acesso em: 25 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Aquisição de medicamentos para assistência farmacêu-


tica no SUS: orientações básicas. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos,
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da
Saúde, 2006. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/judicializacao/pdfs/284.
pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções


técnicas para a sua organização. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde,
2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf. Acesso em: 16
set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções técnicas


para sua organização. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento
de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/judicializacao/pdfs/283.pdf. Acesso em:
16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções técnicas


para sua organização. Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 114 p. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal�-
-ensp/judicializacao/pdfs/283.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica no SUS. 1. ed. Brasília: CONASS, 2007.
Coleção progestores – Para entender a gestão do SUS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/colec_progestores_livro7.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio


de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Brasília/DF, 6 maio 2004.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html.
Acesso em: 25 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes e proposições metodológicas para a elaboração da


programação geral das ações e serviços de saúde. Caderno de informações para a gestão inter-
federativa no SUS. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Articulação
Interfederativa. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://sites.multiweb.ufsm.
br/residencia/images/Disciplinas/Caderno%20de%20informaes%20para%20a%20Gesto%20
Interfederativa%202012%20PDF.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete Ministerial. Portaria MS nº 3916 de 30 de outubro


de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos. Brasília/DF, 30 out. 1998. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3916_30_10_1998.html. Acesso em:
25 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 3.237, de 24 de dezembro de 2007. Aprova as


normas de execução e de financiamento da assistência farmacêutica na atenção básica em saúde.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez. 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/gm/2011/prt3237_29_12_2011.html. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.135, de 25 de setembro de 2013. Estabelece


diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do Sistema Único de Saúde. Portal da
Imprensa Nacional: Pesquisa Avançada. 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2013/prt2135_25_09_2013.html. Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento


Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Secretaria de Vigilância
em Saúde. Diário Oficial da União. Brasília/DF, 15 maio 1998. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 25 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME.


Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_nacional_medicamentos_rename_2017.pdf.
Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução CMED nº 4, de 18 de dezembro de 2006. Dispõe


sobre o Coeficiente de Adequação de Preços – CAP, sua aplicação, e altera a Resolução CMED nº.
2, de 5 de março de 2004. Portal da Anvisa: Resoluções da CMED. 2006. Disponível em: http://
portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2920593/Resolu%C3%A7%C3%A3o+n%C2%BA+4%
2C+de+18+de+dezembro+de+2006+%28PDF%29/212d6552-e74a-4efd-a0c4-c519be3926db.
Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre
Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da
comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias
e dá outras providências. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília/DF, 17 ago. 2009.
Disponível em: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/
rdc-44-2009. Acesso em: 25 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.


Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Aquisição de medica-
mentos para assistência farmacêutica no SUS: orientações básicas. Ministério da Saúde,
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro7.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.


Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Assistência farmacêutica
na atenção básica: instruções técnicas para sua organização. Ministério da Saúde, Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e
Insumos Estratégicos. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde/Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 06 de maio


de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, estabelecida com base nos
princípios constantes no anexo desta Portaria. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 maio 2004.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html.
Acesso em: 16 set. 2019.

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a


Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema único de
Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá
outras providencias. Portal da Legislação: Decretos. 2011. Disponível em: http://www.planalto.
gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm. Acesso em: 16 set. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o
controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos e
dá outras providências. Brasília/DF, 17 set. 1973. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/
file/educacao_farmaceutica/Comissao_Ensino/Outras%20Legislacoes/Lein5991_1973.pdf.
Acesso em: 4 set. 2019.

BRASIL. Presidência da República. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta


o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm. Acesso em: 16 set. 2019.

BRUM, Lucimar Filot da Silva. Assistência farmacêutica e acesso a medicamentos. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 6, p. 1457-1458, jun. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008000600028. Acesso em: 13 set. 2019.

CORRER, Cassyano Januário; OTUKI, Michel Fleith; SOLER, Orenzio. Assistência farmacêu-
tica integrada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medicamento. Rev Pan-Amaz
Saude, Ananindeua, v. 2, n. 3, p. 41-49, set. 2011. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232011000300006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 5 set.
2019.

COSENDEY, M. A. E. et al. Assistência farmacêutica na atenção básica de saúde: a experiência


de três estados brasileiros. Cad Saúde Pública. v. 16, p. 171-82, 2000. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2000000100018&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em
25 set. 2019.

COSTA, E. A. et al. Situação sanitária dos medicamentos na atenção básica no Sistema Único de
Saúde. Rev. Saúde Pública. v. 51, Supl 2, p. 12s, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007106.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

COSTA, E. A. Vigilância Sanitária: proteção e defesa da saúde. 2. ed. Aum. São Paulo:
Sobravime; 2004.

DUPIM, J. A. A. Assistência Farmacêutica: um modelo de organização. Belo Horizonte:


SEGRAC, 1999.

ESTEVES, A. L. Gerenciamento de projetos de desenvolvimento de medicamentos sinté-


ticos em um laboratório farmacêutico oficial brasileiro: proposta para melhoria da gestão a
partir da modelagem de um processo padrão. 2018. 104 f. Dissertação (Mestrado Profissional
em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica) - Fundação Oswaldo Cruz,
Instituto de Tecnologia em Fármacos, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://www.arca.
fiocruz.br/handle/icict/26198. Acesso em: 24 set. 2019.

GALATO, D. et al. A dispensação de medicamentos: uma reflexão sobre o processo para


prevenção, identificação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia. Revista
Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 3, p. 465-75, jul./set. 2008. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/rbcf/v44n3/a17v44n3.pdf. Acesso em: 25 set. 2019.

GERLACK, L. F. et al. Gestão da assistência farmacêutica na atenção primária no Brasil. Rev


Saude Publica., v. 51, Supl 2, p. 15s, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/
pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007063.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.

LEITE, Silvana Nair et al. Gestão da Assistência Farmacêutica. Florianópolis: Ed. da


UFSC, 2016.

LIMA, G. B.; NUNES, L. C. C.; BARROS, J. A. C. Uso de medicamentos armazenados em


domicílio em uma população atendida pelo Programa Saúde da Família. Ciência Saúde
Coletiva, v. 15, Supl. 3, p. 3517-22, nov. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?s�-
cript=sci_arttext&pid=S1413-81232010000900026. Acesso em: 16 set. 2019.

MAGARINOS-TORRES, R.; et al. Medicamentos essenciais e processo de seleção em práticas


de gestão da Assistência Farmacêutica em estados e municípios brasileiros. Cienc Saude
Coletiva. v. 19, n. 9, p. 3859-68, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n9/1413-
8123-csc-19-09-3859.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

MARIN, N. et al. (org.). Assistência farmacêutica para gerentes municipais. 20. ed. Rio de
Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, 2003. 373 p.
Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/84%20-%20MARIN%20N%20ET%20AL%20
Assistencia%20Farmaceutica%20para%20gerentes%20municipais_2003.pdf. Acesso em: 16
set. 2019.

MESSEDER, A. M.; OSORIO-DE-CASTRO, C. G. S.; LUIZA, V. L. Mandados judiciais como


ferramenta para garantia do acesso a medicamentos no setor público: a experiência do Estado do
Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. v. 21, n. 2, p. 525-34, mar./abr. 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2005000200019. Acesso
em: 16 set. 2019.

OLIVEIRA, C. F. O.; ASSIS, M. M. A.; BARBONI, A. R. Assistência Farmacêutica no Sistema


Único de Saúde: da Política Nacional de Medicamentos à Atenção Básica à Saúde. Ciência
& Saúde Coletiva, v. 15, supl. 3, p. 3561-7, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S1413-81232010000900031&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 6 nov. 2019.

ORGANIZACIÓN PAN-AMERICANA DE LA SALUD. El papel del farmacéutico en la atención


a salud: Informe de la reunión de la OMS. Tokio, Japón, 31 ago. al 3 sep. de 1993. Buenas
Prácticas de Farmácia: Normas de Calidad de los Servicios Farmacéuticos. La Declaración
de Tokio-Federación Internacional Farmacéutica, 1995.

PAIVA, C. R.; BATISTA, A. M. Distribuição de medicamentos em serviço de saúde de um


município do Rio Grande do Norte. J Assist Farmac Farmacoecon, v. 2, n.3, p. 12-22, jul.
2017. Disponível em: http://www.jaff.org.br/jornal/Upload/anexo_revista/JAFF%2005%20-%20
P%C3%81GINAS%2012%20A%2022%203.pdf. Acesso em: 25 set. 2019.
PEREIRA, R. M. Planejamento, Programação e Aquisição: prever para prover. Uso Racional de
Medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos macroprocessos da Assistência
Farmacêutica. V. 1, n. 10, jun. 2016. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?op�-
tion=com_docman&view=download&alias=1538-planejamento-programacao-e-aquisicao-
-prever-para-prover-8&category_slug=serie-uso-racional-medicamentos-284&Itemid=965.
Acesso em: 15 set. 2019.

REIS, A. L. A. et al. Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro.


Organização Pan-Americana da Saúde; Organização Mundial da Saúde, 2003. Disponível em:
http://www.cff.org.br/userfiles/84%20-%20MARIN%20N%20ET%20AL%20Assistencia%20
Farmaceutica%20para%20gerentes%20municipais_2003.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

SERRANO, R. M. S. M.; MÁSCULO, F. S. Aquisição e armazenagem de medicamentos pelos


serviços públicos de saúde. Associação Brasileira de Engenharia da Produção, 2001. Disponível
em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2001_tr10_0974.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

SFORSIN, A. C. P. et al. Gestão de compras em farmácia hospitalar. Farmácia Hospitalar, n. 16,


mar.-maio 2012. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/137/encarte_
farmAcia_hospitalar_85.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

SOARES, Danaise Lopes; MANCILHA, Raquel Aparecida. Implantação de um sistema


de gerenciamento de projetos no desenvolvimento de produtos farmacêuticos. 2008.
92 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso)-CEAI - Curso de Especialização em
Administração Industrial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2008.
Disponível em: https://vanzolini.org.br/download/TCC_IMPLANTA%C3%87%C3%83O%20
DE%20UM%20SISTEMA%20DE%20GERENCIAMENTO%20DE%20PROJETOS%20NO%20
DESENVOLVIMENTO%20DE%20%20PRODUTOS%20FARM.pdf. Acesso em: 24 set. 2019.

THE WORLD BANK. Programmes and projects: essential medicines. 2008. Disponível em:
http://projects.worldbank.org/P002125/essential-drugs-program-project?lang=en&tab=over-
view. Acesso em: 16 set. 2019.

WANNMACHER, L. Seleção de medicamentos essenciais: propósitos e consequências. Rev.


Tempus Actas Saude Coletiva, v. 4, n. 3, p. 23-9, 2010. Disponível em: http://www.tempus. unb.
br/index.php/tempus/article/viewFile/875/838. Acesso em: 16 set. 2019.

WEBER, D. et al. Seleção de medicamentos: uma visão do processo em quatro municípios do


Rio Grande do Sul – RS. Rev. Bras. Farm., v. 91, n. 3, p. 141-8, 2010. Disponível: http://www.
rbfarma.org.br/files/06_rbfar91_3_29_08.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.

Você também pode gostar