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O ciclo da
assistência
farmacêutica
Flávia Soares Lassie
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Sumário
Unidade 2
O ciclo da assistência farmacêutica������������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Aspectos gerais do ciclo da assistência farmacêutica��������������������� 6
Seção 2
Seleção, programação, aquisição e armazenamento de
medicamento�������������������������������������������������������������������������������������17
Seção 3
Distribuição, prescrição, dispensação e
processos finais��������������������������������������������������������������������������������28
Unidade 2
Flávia Soares Lassie
Convite ao estudo
A assistência farmacêutica, dentro da Política Nacional de Assistência
Farmacêutica, é parte integrante da Política Nacional de Saúde, que envolve
um conjunto de ações voltadas para promover, proteger e recuperar a saúde
da população por meio de ações importantes relacionadas ao uso racional
de medicamentos. Essas ações perpassam por uma série de atividades, que
vão desde a pesquisa e desenvolvimento dos medicamentos até a dispen-
sação destes, com atividades relacionadas também à garantia da qualidade
e análise dos resultados obtidos nos programas vigentes. Por se tratar de
um conjunto bem amplo de ações, torna-se necessária a compreensão desse
ciclo da assistência farmacêutica, como também conhecer e compreender as
estratégias e os aspectos fundamentais que fazem referência as suas etapas.
Além disso, é importante conhecer e compreender as ações que determinam
o acesso a medicamentos e serviços farmacêuticos de qualidade, para que
tenhamos capacidade de atuar nas etapas e processos do ciclo geral da assis-
tência farmacêutica com ênfase na gestão de processos e pessoas na prática
profissional.
Para atendermos aos objetivos da disciplina e desta seção de estudos,
teremos discussões sobre a gestão da assistência farmacêutica, quais aspectos
estratégicos e operacionais que determinam o ciclo da assistência farmacêu-
tica, a situação atual da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no
contexto da assistência farmacêutica, como é realizada a seleção, progra-
mação, aquisição e armazenamento de medicamentos, bem como de que
maneira se dá a distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos, além
de compreendermos como é garantida a qualidade dos produtos e serviços.
Seção 1
Diálogo aberto
Caríssimo aluno, é com muita satisfação que iniciamos esta seção de
estudos e aprendizagem! Ao assistir aos telejornais ou ao ler notícias de
revistas e de site de notícias da internet, provavelmente você já se deparou
com notícias relacionadas às pesquisas que indicam a necessidade de inclusão
de um medicamento na lista de disponibilização do SUS. Pois bem, toda essa
gestão é realizada pela assistência farmacêutica, um cenário bem complexo
que envolve processos e pessoas e que, por isso, está sob constante revisão
e adequação.
Seguindo nesse contexto, nesta unidade colocaremos como cenário
algumas situações da rotina de trabalho de um profissional farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica do município em que atua. Durante
as discussões para elaboração das estratégias de saúde, conjuntamente com
representantes de diversas áreas para participarem de uma reunião, houve
debates sobre as políticas de medicamentos e as políticas de assistência farma-
cêutica. Algumas reflexões surgem e é importante dedicarmos momentos
para análise e interpretação dessas questões, tais como: quais elementos
compõem essencialmente o ciclo de assistência farmacêutica? Como são
realizados esses processos?
Você, como profissional farmacêutico, auxiliou na análise situacional de
como se encontra a gestão da assistência farmacêutica no município? Quais
são os aspectos estratégicos que determinam o ciclo da assistência farma-
cêutica? Como se dá a operacionalização da assistência farmacêutica? Como
estavam as pesquisas e o desenvolvimento de medicamentos à luz da assis-
tência farmacêutica?
Para que possamos responder a todos estes questionamentos, precisamos
aprofundar nossos conhecimentos sobre o ciclo da assistência farmacêutica,
então, vamos lá? Bons estudos!
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Não pode faltar
Nível assistencial
Dispensação Prescrição Avaliação Utente
Orientação Plano Terapêutico Diagnosticada Estado de Saúe
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Assim sendo, para que esse ciclo ocorra, precisamos que a gestão da
assistência farmacêutica tenha em suas ações a elaboração e a aplicação
de medidas estruturantes, de modo que a gestão seja caracterizada pelas
diretrizes da participação, do controle social, da descentralização e da trans-
parência, norteado pelas diretrizes e normativas da legislação vigente que
visam garantir o acesso da população aos medicamentos.
Exemplificando
Você já ouviu falar do QUALIFAR-SUS? É um programa cujas ações
destinam-se à implantação, ao desenvolvimento, ao aprimoramento e
à integração sistêmica das atividades da assistência farmacêutica nas
ações e nos serviços de saúde, por meio de estratégias de qualificação
profissional e melhorias de estruturas físicas, tornando-as compatíveis
ao atendimento humanizado.
Além do QUALIFAR-SUS também temos o Sistema Nacional de Gestão
da Assistência Farmacêutica (Hórus), que apresenta a mesma função de
qualificação da gestão.
Exemplificando
8
Muitos problemas da assistência farmacêutica ocorrem por sua
ausência nos planos de saúde do município, fato este que trava a gestão
e não permite a realização de planejamento adequado no contexto das
demais ações de saúde.
Reflita
A assistência farmacêutica precisa ter clareza nas ações e no seu planeja-
mento. Isso requer a adoção de gestão estratégica de processos e de pessoas
para que as diretrizes do Sistema Único de Saúde sejam atendidas. Mas
será que essas premissas permitem atender a demanda por serviços de
saúde? Será que permitem atender programas ou ações estratégicas em
saúde? Quais pontos estratégicos do planejamento precisam ser conside-
rados para se atingir os objetivos da assistência farmacêutica no Sistema
Único de Saúde?
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2. Discutir as escolhas com diferentes atores deste processo.
3. Repensar sempre as escolhas considerando a assistência farmacêutica
em um processo contínuo e em constante aperfeiçoamento.
4. Possuir indicadores confiáveis e bem fundamentados.
Ao proceder com esse processo, garantimos ao ciclo da assistência farma-
cêutica a adoção de aspectos estratégicos que garantam o acesso da população
a esse serviço, a equidade nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de
assistência farmacêutica já existentes, a regulação e o monitoramento dos
medicamentos e sua articulação com programas estratégicos de saúde, como
os exemplos bem consolidados que temos da hanseníase e da saúde mental.
Aliás, por falar em programas estratégicos da assistência farmacêutica no
âmbito do Brasil, temos que esses são muitos e, ainda, apresentam destaque
internacional. Vamos conhecer alguns:
• Controle de Endemias:
– Tuberculose.
– Hanseníase.
– Malária.
– Leishmaniose.
– Chagas.
• IST/AIDS:
– Antirretrovirais.
– Sangue e hemoderivados.
– Imunobiológicos.
Como podemos observar, os programas estratégicos de Assistência
Farmacêutica necessitam do conhecimento sobre o perfil epidemiológico da
população para que as ações estratégicas tenham o resultado esperado, para
que os planejamentos de cuidado e atenção sejam bem elaborados e possam
atender às necessidades da população.
Porém, quando pensamos em municípios grandes, com alta capaci-
dade de investimento, podemos pressupor que uma boa gestão que faça
uso adequado de seus recursos é capaz de atingir os resultados esperados.
Todavia, também temos municípios menores, que não apresentam capaci-
dade de realizar boas compras e obter ganhos de escala, ficando, assim, com
suas ações mais limitadas. Como agir diante dessa situação?
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Um modelo clássico para se contornar esse desafio é a formação de
Consórcios Intermunicipais de Saúde, os quais permitem aos municípios
menores usufruir do poder de compra e de uma infraestrutura melhor do
que poderiam ofertar sozinhos.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade dos medicamentos, que passam por maior
rigor na concessão de medicamentos, realização de permanente inspeção
nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica, pós-comercialização, farmaco-
vigilância, monitoramento da propaganda de medicamentos, investigação e
a abertura de canal de denúncia para uso da população.
Mesmo com todas essas opções estratégicas para se atingir a excelência na
assistência farmacêutica, observamos que muitos dos problemas enfrentados
pelos municípios brasileiros ocorrem por debilidade de infraestrutura, inefi-
ciência operacional e dificuldade na prestação do atendimento à população.
Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assistência
farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medicamentos
e precisam estar alicerçados em informações técnico-científicas para que,
assim, por esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade
de manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais. Como
consequência desse processo, teremos a adequada realização da assistência
farmacêutica, pois poderemos contar com as prescrições de medicamentos
relacionados na relação orientadora RENAME e a dispensação de medica-
mentos pelo processo informativo/educativo para o uso racional de medica-
mentos, fato que nos leva a entender a presença primordial do profissional
farmacêutico na atenção básica de saúde.
Assimile
A assistência farmacêutica não pode ser vista apenas como um setor
responsável pelo fornecimento de medicamentos com foco na aquisição
e distribuição, o que leva a uma fragmentação das atividades com
impacto na construção da prática centrada no medicamento, pois essa
é uma visão minimalista que traz prejuízos às atividades de supervisão e
orientação sobre o uso racional de medicamentos. Devemos entendê-la
como um programa que promove, protege e recupera a saúde por meio
de ações estratégicas e com alta eficiência operacional, voltadas para o
uso racional de medicamentos.
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Diante de tudo o que foi exposto, ainda precisamos refletir sobre o ponto
relacionado à pesquisa e desenvolvimento no contexto da assistência farma-
cêutica, pois o atual cenário de desenvolvimento, produção e incorporação de
medicamentos à assistência à saúde está voltado para as grandes doenças que
geram maiores lucros. Isso demonstra a necessidade de se investir recursos
nas pesquisas e no desenvolvimento de medicamentos para programas de
saúde voltados para doenças negligenciadas, pois são justamente estas que
dispõem de poucas opções terapêuticas, caracterizadas pela baixa efetividade
e a alta prevalência de efeitos adversos.
Portanto, podemos considerar que o ciclo da assistência farmacêutica
em todos os seus aspectos de gestão, operacionais e estratégicos, necessita
estar associado no sentido da integralidade das ações nas relações entre as
pessoas que fazem parte desse processo, desde o acolhimento até a dispen-
sação, para que tenhamos um processo organizado com foco em seus três
grandes objetivos, que são a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
da população.
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Atualmente, observamos significativo descompasso entre o que é
proposto pelas normativas e o que se observa na realidade, evidenciado
pelos indicadores e fatores condicionantes da assistência farmacêutica, que
acontece devido ao fato dessa assistência contemporânea trabalhar com foco
nas pessoas que fazem parte dos processos e não com foco nos produtos.
Assim, temos o Planejamento Estratégico Situacional, que exerce a função
de auxiliar no planejamento e na definição das ações a serem desenvolvidas
para reverter os problemas do cotidiano dos serviços de assistência farmacêu-
tica, uma vez que uma boa gestão dessa assistência permite utilizar processos
que apresentam excelentes resultados em sua gestão, tais como realizar
escolhas fundamentadas no contexto técnico, social e político da gestão,
discutir as escolhas com diferentes atores desse processo, repensar sempre
essas escolhas considerando a assistência farmacêutica em um processo
contínuo e em constante aperfeiçoamento, além de apresentar indicadores
confiáveis e bem fundamentados. Ao proceder com esse processo, garan-
timos ao ciclo da assistência farmacêutica a adoção de aspectos estratégicos
que garantam o acesso da população a esse serviço de assistência, a equidade
nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de assistência já existentes, a
regulação e o monitoramento dos medicamentos, bem como sua articulação
com programas estratégicos de saúde.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade na concessão dos medicamentos, a realização
de permanente inspeção nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica,
pós-comercialização, farmacovigilância, monitoramento da propaganda de
medicamentos, investigação e a abertura de canal de denúncia para uso da
população. Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assis-
tência farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medica-
mentos e precisam estar alicerçadas em informações técnico-científicas para
que, com esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade de
manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais, consequen-
temente, adequada realização da assistência farmacêutica.
Avançando na prática
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ações relacionadas a essa área. Considerando os aspectos gerenciais da assis-
tência farmacêutica, como contribuir para garantir a eficiência operacional
e financeira aliada à melhora positiva dos serviços de saúde? Como realizar
conjuntamente com os atores da assistência farmacêutica os direcionamentos
necessários para se atingir essa eficiência?
Resolução da situação-problema
Nesse caso, para que seja aplicada a eficiência operacional e financeira
integrada à assistência farmacêutica, é necessário que haja um trabalho
junto a todos os atores, desde os prescritores até a população, acerca do uso
racional dos medicamentos, deixando evidente que esse deve ser integrado às
demais políticas de saúde como parte do processo de cuidado e como parte
da rede de saúde, seja ela municipal, estadual ou regional.
Trabalho que só será possível se os principais atores que determinam os
direcionamentos que podem levar a eficiência operacional e financeira no
contexto da assistência farmacêutica estejam alinhados com esse fim, e isso
pode se dar com treinamentos e capacitações para garantir que todos estejam
alinhados a boas práticas de saúde.
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I. Controle de endemias: tuberculose.
II. Controle de endemias: cefaleia.
III. Controle de endemias: hanseníase.
IV. Controle de IST: antirretrovirais.
V. Controle de IST: dengue.
Baseado na análise dos programas, quanto a estarem inclusos nas estraté-
gicos da assistência farmacêutica, é correto o que se afirma em:
a. Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
b. Somente as sentenças I, III e V estão corretas.
c. Somente as sentenças II, IV e V estão corretas.
d. Somente as sentenças I, III e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças II, III e V estão corretas.
15
Seção 2
Diálogo aberto
Vivemos, atualmente, em uma geração altamente conectada e ciente de
seus direitos e deveres. Isso leva à necessidade cada vez maior da formação de
profissionais proativos e adaptáveis a mudanças que ocorrem em ritmos mais
velozes. Se analisarmos e aplicarmos ao contexto da assistência farmacêutica
toda essa evolução científica e tecnológica acelerada, torna-se necessário que
o profissional farmacêutico disponha de competências relacionadas à proati-
vidade e adaptáveis a mudanças, além de outras que se apresentarão durante
seu processo formativo.
Pois bem, o profissional farmacêutico responsável pela assistência farma-
cêutica de um município participa ativamente de muitas discussões e debates
das políticas e medicamentos e de debates e ações para aprimoramento da
aplicação das políticas públicas voltadas à assistência farmacêutica. Vamos
nos colocar em uma situação hipotética, em que você é o responsável pela
assistência farmacêutica do município e precisa alinhar junto aos órgãos
gestores quais medicamentos são necessários para atender as demandas de
saúde da população local. Para isso, você precisa responder alguns questio-
namentos: como é feito o processo de seleção de medicamentos? Como é
realizada a programação de medicamentos? Como é procedida a aquisição
desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de medicamentos?
Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os pontos de melho-
rias de todos esses processos?
A partir desses questionamentos faremos todo o processo de aprendi-
zagem de seleção, programação, aquisição e armazenamento de medica-
mentos no contexto da assistência farmacêutica, essenciais para que você se
torne um profissional de destaque e muito sucesso no mercado de trabalho.
Portanto, dedique-se e aproveite bem este momento!
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essencial para que todo o ciclo assistencial funcione adequadamente, pois é a partir
da seleção de medicamentos que se desenvolvem as demais etapas.
A seleção é caracterizada como sendo um processo de escolha de medica-
mentos baseada em critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos,
estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). Essa
comissão busca permitir a disponibilização de medicamentos e insumos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde,
de modo que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção e
políticas farmacêuticas.
Esse processo de seleção é definido, estabelecido e consensuado em
uma relação de medicamentos essenciais, de acordo com o perfil epide-
miológico da população local, para que sejam atendidas as necessidades
reais da população e seja contemplado o elenco mínimo obrigatório para a
atenção básica.
A seleção de medicamentos deve gerar um formulário terapêutico com as
informações técnicas e científicas mais importantes e atualizadas sobre cada
um dos medicamentos selecionados, para que possam ser utilizadas durante
a prescrição e dispensação de medicamentos. Vale destacar que esse processo
deve ser atualizado periodicamente, além de sempre contar com o auxílio da
comunidade científica.
É comum observamos a coordenação do processo de seleção sob
responsabilidade de profissionais farmacêuticos que atuam nas Secretarias
Municipais de Saúde, em Centros de Atendimento Psicossocial e em Serviços
de Atendimento Especializado, além de médicos, dentistas e enfermeiros. O
racional empregado é basicamente o seguinte: segue-se uma cadeia hierár-
quica na qual uma lista nacional é realizada primeiramente (RENAME),
depois é feita a lista estadual (RESME) e, então, a lista municipal (REMUME).
Alguns critérios podem e devem ser utilizados para a seleção de medica-
mentos, por exemplo: para a seleção de medicamentos na lista municipal,
este deve constar no Elenco de Referência do Componente de Assistência
Farmacêutica Básica das esferas federal e estadual; deve atender às doenças
prevalentes; deve ser analisada a facilidade de adesão e o custo e, além disso,
o medicamento deve ser a primeira escolha para tratamento. Assim como são
excluídos os medicamentos poucos prescritos e os já excluídos da RENAME.
Todavia, observamos também que alguns municípios não possuem
REMUME e fazem a seleção dos medicamentos através de processo licita-
tório, muitas vezes baseadas nas prescrições médicas e nos custos dos
medicamentos. Entretanto, vale frisar que, normalmente, o processo de
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seleção dos medicamentos é realizado a partir da indicação de profissionais
da saúde, tendo influência do farmacêutico responsável, pois esse é o profis-
sional conhecedor dos medicamentos que utilizará a denominação genérica,
concentração, forma farmacêutica e apresentação, conforme recomenda
o Ministério da Saúde. Além disso, não se pode esquecer que durante o
processo de seleção é primordial considerar os recursos disponíveis.
Assimile
A seleção de medicamentos é considerada como eixo norteador de
ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica, para
garantir o acesso a medicamentos eficazes, seguros e efetivos para
todos os usuários do Sistema Único de Saúde.
Através da seleção é produzida a Lista Essencial de Medicamentos
(LEM), da qual deriva o formulário terapêutico e diretrizes clínicas, pois
ela é capaz de produzir resultados que orientem as condutas clínicas
e as atividades gerenciais relacionadas à disponibilização de medica-
mentos pelo Sistema Único de Saúde.
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Assim como nas demais etapas, na programação é necessário que haja uma
equipe de alto nível e bem treinada para o desenvolvimento desse processo,
além de um espaço físico específico, materiais administrativos e uma rede de
dados que forneça informações confiáveis para a tomada de decisão.
Assim, a programação consiste em estimar as quantidades necessárias
para atendimento à demanda de serviços, com vistas a evitar o desabaste-
cimento de medicamentos. As atividades de programação dependem de
informações gerenciais consistentes que permitem definir quando e quantos
medicamentos devem ser adquiridos, mas, para tanto, é necessário o estabe-
lecimento de preceitos e procedimentos com estabelecimento de metodo-
logia de trabalho, imputações, encargos e prazos, bem como instrumentos
apropriados (planilhas, formulários e instrumentos de avaliação), periodici-
dade e método.
O primeiro passo da programação perpassa pela identificação das neces-
sidades da população por meio de critérios técnicos para estimar a demanda,
como a carga da doença e sua prevalência, oferta de serviços disponíveis e
outras informações de sistemas de informação do Sistema Único de Saúde.
Precisamos destacar, no entanto, que o mais importante a ser considerado
para definição da quantidade de medicamentos é o perfil de morbimorta-
lidade. Além desses, outros elementos também são considerados indispen-
sáveis, tais como: a gestão de estoque, infraestrutura de recursos físicos,
humanos e de materiais, a disponibilidade orçamentária e financeira, os
protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas, o formulário terapêutico
nacional e o custo unitário de cada tratamento.
O método de programação parte de informações como: a descrição
detalhada das especificações do medicamento, a justificativa, o cronograma
de aquisição e entrega, a forma ou modalidade de aquisição, a pesquisa de
preço e o cálculo do custo.
Como a disponibilidade orçamentária é algo fundamental na progra-
mação da assistência farmacêutica, a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos criou o Coeficiente de Adequação de Preço, caracterizado
como um abatimento mínimo obrigatório incidente sobre o valor de fábrica
de alguns medicamentos nas compras executadas pela administração pública
(direta ou indireta) das três esferas de governo, o que possibilita otimizar a
utilização dos recursos disponíveis para aquisição de medicamentos.
Além disto, a etapa de programação necessita determinar critérios de
aceitação bem específicos, como: a data de fabricação até a data de entrega,
que não pode ter passado mais de 20% do prazo de validade do medica-
mento; a embalagem deve estar íntegra e em perfeito estado; o transporte
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e o armazenamento devem ser realizados de acordo com as especificações
técnicas do produto, apresentação do laudo de controle de qualidade no
momento da sua entrega; cópia autenticada da licença de funcionamento ou
alvará sanitário; e cópia autenticada dos documentos emitidos pela Anvisa
(autorização de funcionamento do fabricante, autorização especial do fabri-
cante se o medicamento for de controle especial, registro válido do medica-
mento, certificado de boas práticas de fabricação e controle de medicamentos
válido por linha de produção, cerificado de boas práticas de distribuição e
armazenamento de medicamentos válido).
Assim, conclui-se que a programação permite a aquisição de medica-
mentos de qualidade e com menor custo.
Reflita
Se programar consiste em estimar a quantidade de medicamentos que
devem ser adquiridos para atendimento a determinada demanda da
assistência farmacêutica por determinado período de tempo, reflita
sobre como evitar aquisições desnecessárias, perdas e descontinuidade
na assistência farmacêutica.
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vários meios de divulgação (diário oficial, internet e jornal de grande circu-
lação local).
Mas, para divulgar o edital, a administração pública precisa demonstrar a
necessidade de aquisição, o consumo médio mensal do produto e os estoques
para, posteriormente, definir o objeto e as condições, dentre outras informa-
ções que devem constar no edital para, em seguida, submeter à análise do
órgão jurídico.
Após a divulgação do edital é elaborada a Ata de Registro de Preços, que
fica à disposição da Administração Pública por 12 meses, para ser utilizada
quando for necessário efetuar a contratação. Em seguida, tem-se a fase de
aquisição, que é simples e rápida, pois já foi procedida a normalização do
processo de aquisição, os pedidos de compras já foram devidamente instru-
ídos, já foi realizada a reserva orçamentária, a contratação e a emissão da
ordem de fornecimento.
Entretanto, as aquisições sem licitação precisam manter a formalidade
processual, ou seja, apresentar a justificativa da necessidade de aquisição,
demonstração de que os preços são compatíveis com os praticados no
mercado, demonstração de recursos orçamentários, apreciação de minuta
de contrato pelo departamento jurídico, juntamente com as propostas e
documentos necessários, ato de dispensa ou inexigibilidade da licitação
devidamente fundamentado.
A aquisição é financiada com valor per capita destinado à aquisição de
medicamentos para atenção básica, transferida a estados, Distrito Federal
e municípios, conforme pactuação nas Comissões Intergestores Bipartite,
totalmente descentralizada, na qual os gestores estaduais e federais têm a
responsabilidade de financiamento como contrapartida aos recursos do
gestor federal. Já a aquisição de medicamentos de dispensação excepcional
segue sob responsabilidade dos estados e/ou Ministério de Saúde, e a dispen-
sação de responsabilidade, do estado.
Quando a aquisição e distribuição dos medicamentos é executada pelo
Ministério da Saúde, obedecem aos quantitativos programados pelos estados,
e o valor da tabela do medicamento será igual a zero.
Exemplificando
Uma forma de analisar o desempenho de processos relacionados à
gestão de compras é buscar o volume de compras e a pontualidade do
atendimento das requisições de compra.
O volume de compras é a razão entre o valor total das compras efetivas
pelo valor total previsto para compras. Assim como a pontualidade do
21
atendimento das requisições de compra é a razão entre o número total
de requisições no prazo pelo número total de requisições realizadas.
22
quais medicamentos serão selecionados. Para tanto, surgem algumas
questões: como é realizada a programação de medicamentos? Como é proce-
dida a aquisição desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de
medicamentos? Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os
pontos de melhorias de todos esses processos?
A seleção de medicamentos é baseada em critérios epidemiológicos,
técnicos e econômicos, estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT). Essa seleção visa garantir a oferta de medicamentos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde
para que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção
e políticas farmacêuticas. Ele segue alguns critérios, por exemplo: para a
seleção de medicamentos na lista municipal, o medicamento deve constar
no Elenco de Referência do Componente de Assistência Farmacêutica Básica
das esferas Federal e Estadual, deve atender às doenças prevalentes e deve
ser analisada a facilidade de adesão, o custo e se o medicamento é a primeira
escolha para tratamento.
Já a etapa de programação assegura um sistema de abastecimento de
saúde confiável, com disponibilização de medicamentos seguros e eficazes,
por meio de disponibilidade oportuna de medicamentos e, além disso,
consiste na base para definir prioridades, garantir a oferta de medicamentos
e assegura intervenções efetivas, observando a disponibilidade de recursos
financeiros.
Temos ainda o processo de aquisição de medicamentos, que é umas das
principais atividades da assistência farmacêutica e encontra-se muito relacio-
nada às ofertas de serviços e cobertura de programas de saúde. Assim, para
se ter uma boa aquisição, primeiramente deve ser feita uma seleção adequada
do que, quando e quanto comprar, sendo o principal fator o como comprar.
Importante destacar que essa aquisição de medicamentos pode ser reali-
zada através de cooperação entre municípios, e pode ser feita por meio de
licitação, dispensa de licitação ou inexigibilidade de licitação, processadas
com laboratórios oficiais ou por meio do sistema de registro de preços,
obedecendo critérios técnicos e legais. Porém, a aquisição não se restringe
apenas a como comprar, mas deve levar em conta outros fatores de planeja-
mento e estratégia.
Por fim, não devemos nos esquecer de que, após a compra, o adequado
armazenamento permite que o uso dos medicamentos alcance sua finalidade
no sistema de saúde. As condições ambientais devem ser garantidas, tanto
na área de armazenamento quanto nas áreas de dispensação, pois os medica-
mentos são produtos delicados e sensíveis, fabricados a partir de técnicas
23
rigorosas, que requerem condições adequadas de transporte, armazena-
mento e manuseio.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
A disponibilização eficiente de medicamentos e o uso racional de medica-
mentos depende de todo o ciclo gerencial da assistência farmacêutica, desde
a efetiva interação e gerenciamento das finanças e orçamentos, utilização
precisa dos sistemas de informação, identificação e capacitação das equipes,
estabelecimento de sistemas de monitoramento e avaliação. Portanto, para
evitar o desabastecimento, é necessária a compreensão do ciclo e da estru-
tura organizacional.
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IV. A seleção de medicamentos é baseada na relação de medicamentos
essenciais
Assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças I e II estão corretas.
b. Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I e III estão corretas.
d. Somente as sentenças II e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças I e IV estão corretas.
25
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
26
Seção 3
Diálogo aberto
Nos últimos tempos tem se tornado comum visualizarmos notícias
sobre falta de medicamentos de distribuição gratuita em diversos estados. É
alarmante, pois muitos pacientes/usuários do Sistema Único de Saúde ficam
meses sem o acesso aos medicamentos e, consequentemente, sofrem com
comprometimento do tratamento.
Seguindo o contexto de aprendizagem desta unidade, o farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica de um município se depara com
mais uma reunião de alinhamento e definições de diretrizes que se fazem
necessárias para cumprimento das políticas públicas de medicamentos e
assistências farmacêuticas no âmbito do SUS. Nessa reunião, a pauta dos
gestores da secretaria de saúde era sobre as adequações e melhoramentos
nos processos de distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos no
município, bem como formas de avaliar e garantir a qualidade dos serviços
farmacêuticos prestados à população. Você, no lugar do profissional farma-
cêutico, elencaria quais pontos para que esses objetivos fossem alcançados de
maneira satisfatória?
Para que possamos responder a esse e a outros questionamentos, traba-
lharemos nesta seção conteúdos inerentes aos processos de distribuição,
prescrição e dispensação de medicamentos, bem como procedimentos que
garantam a qualidade de produtos e serviços.
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A distribuição de medicamentos necessita de uma análise acurada de todo o
processo, pois ela depende das características da região que se pretende atender
(quente, fria, longe, pobre, etc.), já que essas informações influenciam o planeja-
mento para as condições ideais de distribuição, desde a embalagem secundária ao
acondicionamento, bem como toda cadeia de logística envolvida nesse processo.
Um exemplo clássico da falta dessa informação é quando há medicamentos
necessitam de armazenamento em geladeira logo após seu desenvolvimento. Esse
tipo de medicamento necessitará de transporte em cadeia logística fria, que nem
sempre está disponível; assim como nem sempre os usuários disporão de geladeiras
para acondicioná-los.
Após a finalização da compra, os medicamentos e insumos são remetidos
ao Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do Ministério da
Saúde, das secretarias estaduais ou municipais de saúde, que providenciam a dispo-
nibilização dos medicamentos aos usuários do SUS.
A logística de distribuição de medicamentos inicia-se quando há falta ou
diminuição dos estoques dos medicamentos nos serviços de saúde do município.
Isso fará com que o diretor do serviço elabore uma lista de necessidades e, após
autorização do pedido, os produtos sejam retirados da Central de Abastecimento
Farmacêutica e posteriormente enviados para a unidade básica de saúde. Todo
esse processo é registrado no sistema Hórus (sistema informatizado, disponibili-
zado aos estados e municípios pelo Ministério da Saúde, para gestão da assistência
farmacêutica).
Assimile
A etapa de distribuição de medicamentos é caracterizada pelo supri-
mento às unidades de saúde em quantidade, qualidade e tempo
oportuno, ou seja, ela se inicia com a solicitação de medicamentos para
o nível de distribuição envolvido, com vistas a suprir as necessidades
desses medicamentos por um determinado período de tempo.
28
demanda, local, tempo de aquisição, disponibilidade de transporte e recursos
humanos. Para isso, é necessário dispor de dados consistentes sobre consumo de
produtos pelas unidades dispensadoras, perfil epidemiológico do município, oferta
e demanda de serviços de saúde, recursos humanos capacitados e disponibilidade
financeira.
Portanto, a adoção de Procedimentos Operacionais Padrões (POP), acompa-
nhada de instrumentos de controle, é imprescindível para orientar a execução de
tarefas de controle quali e quantitativo de medicamentos, que remetem a atividades
desde a recepção dos medicamentos até às movimentações realizadas.
Em resumo, é fundamental que a distribuição seja centrada no paciente/
usuário e não na estrutura administrativa, com pilares que permitam o acesso e
o uso racional de medicamentos. Pois a distribuição de medicamentos não deve
ser abordada apenas como um componente do ciclo da assistência farmacêutica,
mas sim como um importante instrumento para aumento da resolubilidade da
promoção integral à saúde.
Veja na Figura 2.2 um fluxograma que traz um padrão de distribuição de
medicamentos no contexto municipal.
Figura 2.2 | Fluxograma da distribuição de medicamentos em municípios
Fornecedor
Prefeitura
Municipal
Secretaria
Municipal de
Saúde
Distribuição
29
A prescrição como parte do processo de assistência farmacêutica necessita
da atuação ativa do farmacêutico, por ele ser o profissional capaz de interagir
com os prescritores e os pacientes, tendo a informação como alicerce dessas
relações. A prescrição deve ser elaborada por um profissional autorizado.
A avaliação da prescrição é realizada pelo farmacêutico de acordo com as
seguintes etapas:
1. Saber a quem a prescrição está direcionada.
2. Averiguar a legalidade e a legibilidade da prescrição.
3. Analisar a data da prescrição para saber se há reutilização da
prescrição.
Existem muitos documentos legislativos administrativos que regula-
mentam as prescrições. Os principais são:
• Boas Práticas de Prescrição da Organização Mundial de Saúde (OMS).
• Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998.
• Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973.
• Boas Práticas em Farmácia do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
• Resolução nº 308, de 2 de maio de 1997 do CFF.
De acordo com a Lei 5.991/73, o controle sanitário do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos estabelece que somente
deve ser atendida a receita escrita a tinta, em vernáculo, por extenso e de
modo legível, que contiver o nome e o endereço residencial do paciente, a
data e a assinatura do profissional, o endereço do consultório ou da residência
e o número de inscrição no respectivo conselho profissional. Já as receitas de
medicamentos de controle especial deve obedecer à Portaria nº 344/98.
Reflita
Baseado no que discutimos até o momento, quais são as principais ações
que o farmacêutico deve realizar durante a entrevista e orientação do
paciente que procura uma farmácia para adquirir medicamentos com
prescrição médica?
30
Já a dispensação deverá seguir os princípios preconizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) na Declaração de Tóquio, os quais determinam
que o farmacêutico deve, além de entregar o medicamento, promover condi-
ções para que o paciente o use da melhor maneira possível, ou seja, deve aliar
o caráter técnico do procedimento de entrega que garanta o recebimento de
um medicamento dentro dos padrões de qualidade, segurança e orientações
que promovam o uso adequado e apropriado dos medicamentos.
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de
Medicamentos (PNM), dá um caráter profissional à dispensação, tornando
o farmacêutico responsável pelo fornecimento do medicamento e pela orien-
tação para seu uso adequado, e inserindo essa atividade em um grupo multi-
profissional. E somente a partir da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
nº 44 de 2009 as atividades de dispensação e atenção farmacêutica foram
abordadas de forma criteriosa.
Assim, a dispensação pode ser um procedimento que representa a etapa
final que sintetiza todas as anteriores da assistência farmacêutica, assim
como pode ser o ponto de partida para o encaminhamento do paciente a
outros serviços de saúde, pois nesse momento o farmacêutico ouve o usuário,
esclarece dúvidas e complementa com informações fornecidas por outros
profissionais da saúde sobre o uso e a guarda do medicamento, com vistas a
garantir a eficiência terapêutica.
São elementos importantes da orientação na dispensação:
• Cumprimento do regime de dosificação.
• Influência dos alimentos.
• Interação com outros medicamentos.
• Reconhecimento de reações adversas potenciais.
• Condições de conservação do produto.
E a dispensação deve cumprir três requisitos básicos:
• Atender 100% dos usuários.
• Ser ágil e eficiente
• Estar integrado à rotina diária do profissional.
E para atingir esse modelo de dispensação é necessário dispor de equipe
de pessoas capacitadas, infraestrutura adequada e procedimentos descritos e
integrados à rotina do farmacêutico. O farmacêutico deve ter conhecimento
31
técnico, habilidade de comunicação com pacientes e outros profissionais da
saúde, liderança para coordenar equipe, saber acolher e ouvir, ser simpático.
Na Figura 2.3 é possível visualizar as ações que devem ser realizadas
durante a dispensação do medicamento.
Figura 2.3 | Fluxo de dispensação de medicamentos
Alguém solicita
o medicamento
não
Sabe uso correto? (9) Orienta uso correto
sim
não
Sabe precauções? (10) Orienta precauções
durante o uso
sim
32
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
tiverem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medicamentos
que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros, eficazes e de quali-
dade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde promovida, a ter doenças
prevenidas e recuperadas quando instaladas.
A garantia da qualidade dos produtos e serviços da assistência farmacêutica
necessitam basicamente da atenção a alguns fatores considerados importantís-
simos, dos quais destacamos:
• Garantia de recursos financeiros.
• Capacitação dos recursos humanos envolvidos na assistência farmacêutica.
• Capacitação dos gestores envolvidos na assistência farmacêutica.
Exemplificando
Para que o farmacêutico possa atingir o nível de qualidade esperado
para assistência farmacêutica adequada, ele primordialmente neces-
sita atender de forma humanizada os usuários do SUS, estabelecendo
vínculo e acolhendo-o, para que as orientações repassadas sobre o uso
racional de medicamentos tenham adesão dos usuários e sejam parte
do cotidiano na unidade de saúde.
33
Sem medo de errar
34
atividade em um grupo multiprofissional. Assim, a dispensação pode ser um
procedimento que representa a etapa final que sintetiza todas as anteriores
da assistência farmacêutica, assim como pode ser o ponto de partida para
o encaminhamento do paciente a outros serviços de saúde. É nela que o
farmacêutico garante o cumprimento do regime de dosificação, explica a
influência dos alimentos, interação com outros medicamentos, adverte sobre
potenciais reações adversas e explica as condições adequadas de conservação
do produto.
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
passarem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medica-
mentos que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros,
eficazes e de qualidade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde
promovida, a ter doenças prevenidas e recuperadas quando instaladas.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Os medicamentos elencados na RENAME, RESME e REMUME são
usados tanto para atendimento da atenção primária quanto para a aquisição
de medicamentos para tratamentos de média e alta complexidade, caso da
AIDS e da tuberculose, por exemplo.
E basicamente para não haver desabastecimento há necessidade de
planejamento para aquisição dos medicamentos conforme demanda e
dados epidemiológicos, além da consideração da disponibilidade financeira,
comunicação eficiente, monitorização contínua e envolvimento da comissão
de farmácia e terapêutica.
35
Faça valer a pena
2. Todas etapas do ciclo da assistência são importantes para que seja garan-
tida a oferta de medicamentos e realizada as ações de promoção da saúde,
prevenção e recuperação de doenças. Considerando as informações apresen-
tadas, analise as afirmativas a seguir:
I. O farmacêutico deve entregar o medicamento e promover condições
para o que o paciente use da melhor maneira possível.
II. O farmacêutico deve promover o uso adequado e apropriado dos
medicamentos.
III. O farmacêutico não participa do procedimento de entrega dos
medicamentos.
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IV. O farmacêutica participa apenas do processo de entrega dos medica-
mentos.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.
37
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