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NÍVEL DE EQUILIBRO E FLEXIBILIDADE EM PRATICANTES DE

MUSCULAÇÃO

STIEVEN, Thiago Henrique;


BONDAN, Luiz Eduardo;

RESUMO
Equilíbrio e flexibilidade são dois assuntos que estão deixando de ser
esquecidos e/ou deixados de lado quando se trata de sua importância para o
corpo, tanto na saúde quanto na área do alto rendimento, e também, no
treinamento resistido com pesos. Esta pesquisa identificou o nível de equilíbrio
e flexibilidade em praticantes de musculação. Foi um estudo de campo com
amostragemestratificada, composta por 15 indivíduos da academia FisioFitness
de Fraiburgo de ambos os sexos. Os dados demonstram que o sexo masculino
apresenta pouca superioridade quando comparado a sexo feminino. Quando
realizado a classificação dos resultados, foi encontrado que o equilíbrio na
maioria dos participantes apresentou classificações abaixo do ideal, já a
flexibilidade apresentou resultados superiores com movimentos de
principalmente joelho e quadril apresentando classificação entre ideal e acima
da média, apesar de resultados pouco abaixo em alguns movimentos de ombro
e cotovelo. A pesquisa ainda identificou com a comparação em outros estudos
que estes resultados ocorreram devido ao fato que a musculação pode em
longo prazo melhorar significativamente os níveis de flexibilidade, enquanto o
equilíbrio parece ser pouco alterado com a musculação. Sendo assim conclui-
se que estes indivíduos apresentaram um nível mediano na flexibilidade e fraco
no equilíbrio.
PALAVRAS-CHAVE: Equilíbrio. Flexibilidade. Musculação.

ABSTRACT
Balance and flexibility are topics that are being put aside when deal with their
importance to the body, as much in the healthy as in the high performance area
and also, the resisted training with weights. This research recognized the level
of balance and flexibility in bodybuilding practitioner. It was a field survey with
stratified sampling, composed by 15 individuals of both genders from
FisioFitness academy, in Fraiburgo. The data prove the male shows a little
superiority when compared with female. When the results classification was
performed, the balance in the majority of the participants showed classification
below of the ideal. However, the flexibility reported higher results with
movements, mainly knee and hip showing a good classification between ideal
and above the average, altough results a little beneath in some movements of
shoulder and elbow. The research also identified , with the comparison to other
results , these outcomes occurred because of bodybuilding can, in long term,
improve the flexibility levels significantly, as long as the balance seems being a
little altered with the bodybuilding. Therefore, accomplish that these individuals
showed a median level in flexibility and poor in balance.
KEYWORDS: Balance. Flexibility. Bodybuilding.

INTRODUÇÃO
A flexibilidade é definida por Araújo (2003, p.205) como a amplitude
máxima passiva fisiológica de um dado movimento articular. O nível de
flexibilidade de um indivíduo irá afetar diretamente a execução de um exercício,
se este for realizado com pouca amplitude ou com algum déficit causado pela
falta desta valência física pode trazer consequências como assimetria corporal
(uma assimetria mais acentuada, pois é normal termos uma leve assimetria)
vale ressaltar que não é apenas a flexibilidade localizada, mas sim de modo
generalizado. Pois segundo Achour (2010, p.187), pouca flexibilidade em uma
determinada região do corpo pode ser compensada com muita flexibilidade em
outra região.
Vale ressaltar que existe diferença entre fazer sessões de treino de
flexibilidade e flexionamento, a flexibilidade visa manter os níveis de amplitudes
articulares já adquiridos ao longo do tempo, e/ou do treinamento, já o
flexionamento visa elevar o nível de amplitude da cápsula articular, e esse
método de treinamento pode se dar através das formas: ativo (realizado
individualmente), que engloba o método balístico (também chamado de
método dinâmico); sendo este definido por Achour (2010, p.251), “[...]
determinado pelo maior alcance do movimento voluntario, utilizando-se a força
dos músculos agonistas e o relaxamento dos músculos antagonistas (músculos
a serem alongados)”.E no método passivo, facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP) que segundo Achour (2010, p.1254), “[...] combinam
alternadamente contração e relaxamento dos músculos agonistas e
antagonistas”.
Segundo Nahas (2003, p.43), “A flexibilidade depende da elasticidade
dos músculos e tendões, de diversas partes corporais”, ou seja, não depende
exclusivamente de um segmento corporal, e sim de um conjunto de fatores, por
exemplo, não se pode diagnosticar a flexibilidade de toda cadeia posterior
corporal, se baseando apenas no quão flexível é a parte musculoarticular a
qual se refere o grupo dos isquiotibiais, e sim se deve levar em conta todo
grupamento cervical, toráxico, lombar, isquiotibiais e de gastrocnêmios.
Destaca Jones; Knapik, (1999 apud Heyward 2013, p.285), “[...]
indivíduos com pouca (ancliose) ou muita (hipermobilidade) flexibilidade correm
risco mais alto do que outros de sofrer lesões musculoesqueléticas”. No que se
refere diretamente aos determinantes da flexibilidade pode-se destacar uma
série de fatores, segundo Achour (2010, p.171), “formato das superfícies
articulares, aderências, contraturas, e cicatrizes nos tecidos moles,
componentes contráteis, ligamentos e tendões, tecido conjuntivo, restrição
neural”.
Peres (2013, p.165) afirma que “Se a intensidade de execução dos
movimentos de alongamento for muito alta, o objetivo é, então, aumentar o
arco de movimento de uma determinada articulação.” Ou seja, o aumento da
flexibilidade em si. Em contrapartida se não for executado de forma tão intensa
quanto a anteriormente descrita, tem-se então a manutenção da flexibilidade,
sobre o tema esclarece Peres (2013, p.165) “Se os exercícios de alongamento
estão sendo realizados de forma leve a moderada, sem muita exigência da
musculatura envolvida, o objetivo é aquecer e/ou manter o arco de movimento.
Também é importante frisar que todo programa de treinamento deve ter um
planejamento de tudo que será efetuado o seu período correspondente.
Existem três componentes das características mecânicas dos tecidos,
que são segundo Achour (2010, p.199) “[...] componente contrátil, componente
elástico em paralelo, e componente elástico em série”, são estes os
componentes contráteis teciduais que interferem diretamente na execução do
exercício.
Segundo Heyward (2013, p.317, 318) “Equilíbrio é a capacidade de
manter o centro de gravidade do corpo dentro da base de sustentação quando
a pessoa se mantem em uma posição estática, executando movimentos
voluntários ou reagindo a perturbações externas”. Sendo assim o equilíbrio
pode ser dividido em três: equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e equilíbrio
funcional.
O equilíbrio estático é segundo Heyward (2013, p.318) “a capacidade de
manter o centro de gravidade dentro da base de sustentação enquanto se esta
em pé ou sentado”. O equilíbrio dinâmico segundo Heyward (2013, p.321) “[...]
é a capacidade de manter a estabilidade postural durante o movimento.
Equilíbrio dinâmico envolve a realização de tarefas funcionais sem
comprometer a base de sustentação durante o movimento”. E equilíbrio
funcional refere-se segundo Heyward (2013, p.318) “a capacidade de executar
tarefas de movimentos do dia a dia que requeiram equilíbrio, tais como apanhar
um objeto do chão, vestir-se, ou virar-se para olhar algo que esta atrás de
você”.E assim como a flexibilidade e demais capacidades físicas existem
alguns determinantes do equilíbrio, segundo Heyward (2013, p.318) “[...] está
associado à idade, sexo, tamanho corporal, e nível de aptidão física”.
Segundo (Heyward 2013, p.318) “[...] o desempenho do equilíbrio é
afetado pela força muscular e pela flexibilidade, programas de treinamento de
força e de alongamento podem ser uteis para manter e melhorar o equilíbrio”.
A propriocepção também tem um papel fundamental para se obter bons
índices de equilíbrio, é um mecanismo que funciona da seguinte forma,
segundo Achour (2010, p.202) “[...] primeiro, os receptores das terminações
nervosas informam as alterações mecânicas das estruturas
musculoarticulares.” Complementa ainda Achour (2010, p.202) “Em seguida, as
aferências dos sistemas musculoarticulares projetam-se para os centros de
processamento do cérebro, por meio de reflexos algumas vezes imperceptíveis
das vias de controle motor”. Um eficiente mecanismo que são para (Ekman,
2000 apudAchour 2010, p.202) “[...] os quais podem influenciar os neurônios
motores que controlam a atividade muscular e as atividades das vias neurais
que regulam o próprio sistema musculoarticular”.
Dentro da propriocepção, encontram-se algumas divisões, dentre elas
pode-se destacar os proprioceptores articulares e os receptores musculares.
Sobre os proprioceptores articulares pode-se enfatizar nos seus subtipos,
segundo Achour (2010, p.202) “As articulações tem quatro tipos de
terminações nervosas aferentes para informar os níveis de modificações
mecânicas e manter sua estabilidade”.Tipo 1: posturais, estão localizados na
parte externa da capsula articular, que são segundo Achour (2010, p.202) “[...]
terminações de Ruffini, que informam a posição da articulação. Tipo 2:
dinâmicos, encontram-se embutidos na capsula, que segundo Achour (2010,
p.203) “[...] corpúsculo de Paccini, que informa a velocidade dos movimentos
das articulações”. Tipo 3: inibidores, são receptores que ativam-se durante uma
posição que exija uma extrema AM, que são segundo Achour (2010, p.203)
“[...] receptores de ligamentos, que informam a verdadeira posição das
articulações”. Tipo 4: nociceptores, que são ativados no processo de
inflamação da articulação, mas segundo (Cailliet, 2000 apud Achour 2010,
p.203) “[...] alguns deles são ativados nos movimentos em situações normais”,
estes são segundo (Ahonen et al., 1996; Ekman, 2000 apud Achour 2010,
p.203) “ terminações nervosas livres, que informam a sensibilidade à dor”.
Destaca-se também os proprioceptores musculares que segundo (Hunt,
1990 apud Achour 2010, p.203) “Os proprioceptores musculares tem como
função informar ao sistema nervoso central as alterações na extensão e a
contração muscular, bem como as mudanças de posição corporal”.Porém para
que tal fato ocorra são necessários dois neurônios, um aferente e um eferente,
segundo Achour (2010, p.203) “[...] um neurônio aferente situado no gânglio da
raiz posterior, que conduz a informações dos músculos para o sistema nervoso
central”, sobre o neurônio eferente dizAchour (2010, p.203) “[...] neurônio
eferente (motor), situado no corno anterior da medula, que conduz as
informações do sistema nervoso central para os músculos. [...] São elas que
comandam a contração muscular”. Segundo Enoka(2000 apud Achour 2010,
p.203) “Os axônios do neurônio motor unem-se e formam a raiz anterior, e
cada raiz posterior acopla-se à raiz anterior para formar um nervo espinal”.
Ainda há outro mecanismo, o fuso muscular, que é segundoAchour (2010,
p.208) “[...] um órgão sensitivo ao alongamento, composto por fibras
musculares envolvidas pela cápsula e localizado entre as fibras musculares e
paralelamente a elas”. Segundo (Silverthorn, 2003 apud Achour 2010, p.208)
“As extremidades das fibras dos fusos são presas aos envoltórios das fibras
musculoesqueléticas vizinhas”. Que para (Guyton, 1986 apud Achour 2010,
p.208) “Nessas condições, o fuso muscular reage qualquer quantidade de
alongamento”.
Através dos itens anteriormente mencionados nota-se a importância e
relevância do tema, vindo por meio destes justificar a importância do equilíbrio
e da flexibilidade para o treinamento resistido com pesos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracterizou como pesquisa de campo com amostragem
estratificada, de 15 indivíduos, sendo 7 do sexo feminino e 8 do sexo
masculino, praticantes de musculação a pelos um ano na academia
FisioFitness localizada na cidade de Fraiburgo, com idades entre 18 e 25 anos.
Todos os indivíduos que aceitaram participar da pesquisa receberam um termo
de consentimento livre e esclarecido, nele continha todas as informações
necessárias para o participante, o qual mencionava os objetivos da pesquisa,
as formas de avaliação, o sigilo dos dados, e a forma de extrapolação dos
dados. Esta amostra foi submetida ao protocolo de Star Excursion Balance
Test (SEBT) que tem por objetivo avaliar o equilíbrio dos eixos corporais, e a
avaliação da flexibilidade articular através do flexômetro de Leighton.

Os resultados desta pesquisa foram organizados em tabelas com


valores médios e desvio padrão dos testes organizados por gênero e
classificados de acordo com as classificações do SEBT e American
AcademyofArthopaedicSurgeons (1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 demonstrou que os níveis de flexibilidade dos indivíduos


oscilaram mediante as classificações propostas, sendo os movimentos de
rotação interna de ombro, flexão de quadril com joelho estendido, abdução de
quadril, adução de quadril e extensão de joelho.

Tabela 1. Nível de flexibilidade nos praticantes de musculação


MOVIMENTO (Graus) MASCULINO FEMININO CLASSIFICAÇÃO
Flexão de ombro 167,5±14,6 162,4±21,3 Ideal
Extensão de ombro 49,4±17,2 40,0±16,3 Abaixo
Abdução de ombro 170,6±12,9 167,9±20,0 Abaixo
Rotação interna de ombro 173,1±19,8 160,7±11,0 Acima
Rotação externa de ombro 11,2±9,2 6,4±3,8 Abaixo
Flexão de cotovelo 134,4±19,3 132,9±9,9 Abaixo
Extensão de cotovelo 1,2±3,5 0,7±1,9 Ideal
Flexão quadril (joelho ext) 128,1±58,4 114,3±11,7 Acima/Ideal
Abdução de quadril 82,5±9,6 77,1±10,7 Acima
Adução de quadril 42,5±16,9 22,9±9,9 Acima/Ideal
Flexão de joelho 129,4±13,2 127,9±10,3 Abaixo
Extensão de joelho 14,4±5,6 12,1±6,4 Acima
Fonte: STIEVEN (2016).

Em pesquisa realizada por Batista et al. (2006) foi encontrado níveis em


20 mulheres praticantes de ginástica em fase de ciclo menstrual médias de
flexibilidade de 171,2 graus em flexão de ombro e 98,3 graus em abdução de
quadril. Bertolini et al. (2002) encontrou em 46 indivíduos praticantes de
academia médias entre 98 e 100 graus para o teste de flexão de quadril com
joelho estendido. Em pesquisa com 30 praticantes de musculação em períodos
de 3meses a 2 anos, Brandão e Silva (2013) encontraram variações no
movimento de flexão de ombro entre 150 e 180 graus, 25 a 45 graus no
movimento de extensão de ombro, 110 a 150 graus em flexão de cotovelo, 100
a 125 graus em flexão de quadril com joelho estendido, sendo estes resultados
semelhantes ao deste grupo.
Carvalho et al. (2015) ao avaliar um grupo de 45 individuos, com idades
entre 35 a 50 anos praticantes de spinning , jump e musculação encontrou
resultados para níveis de flexibilidade muito inferiores nos praticantes de
musculação. Ainda o mesmo verificou resultados pouco superiores em
praticantes do sexo feminino.
Em estudo realizado por Barros (2010) com 32 indivíduos de 20 a 35
anos praticantes de musculação, foi encontrado no grupo que houve evolução
nos mesmos quanto ao nível de flexibilidade, porém 50% do grupo ainda
apresentaram no teste Banco de Wells classificações como fraco e abaixo da
média.
Hartmann (2015) ao avaliar 20 idosos separados em grupos de
praticantes e não praticantes de musculação não encontrou diferença
significativa entre os grupos, sendo o resultado da maioria do grupo
classificado como médio-baixo e médio.Aggelousiset al. (2002 apud Cyrino et
al. 2004) ao avaliar oito sujeitos idosos submetidos a treinamentos com pesos
por 16 semanas apresentaram aumentos significantes na amplitude dos
movimentos de flexão do joelho (nove graus); flexão do cotovelo (nove graus);
flexão e extensão do ombro (18 e 15 graus, respectivamente); flexão e
extensão do quadril (nove e seis graus, respectivamente). Com relação à
flexibilidade, Hollandet al. (2002 apud Fidelis et al. 2013)referem que é possível
observar um declínio de 20-50% desta entre os 30 e 70 anos. Ainda afirma que
os exercícios físicos impedem o declínio gradual das aptidões físicas, que
podem alterar os hábitos de vida e rotinas diárias das pessoas.
Bacchiet al. (2012) ao avaliar o nível de flexibilidade de 20 praticantes de
musculação de 18 a 25 anos encontrou resultados em 67% do grupo
classificado como médio e médio-alto.Em pesquisa com 80 praticantes de
musculação de Curitiba com idades entre 20 e 40 anos, Silva (2007) encontrou
que os níveis de flexibilidade em membros inferiores de indivíduos do sexo
masculino foram superiores no grupo que realiza musculação, porém quando
analisado o sexo feminino, os resultados foram inversos, onde o grupo não
praticante apresentou resultados muito superiores. Onde desta forma, o autor
concluiu que a flexibilidade é algo individual e apesar de treinável, pode-se
demorar grandes períodos para que ocorram alterações significativas.Da
mesma forma que a pesquisa anterior, Merlo e Maldonano (2009) encontraram
diferenças significativas para 6 indivíduos de 18 a 30 anos praticantes e não
praticantes de musculação.
Liberalliet al. (2010) encontrou em 22 mulheres entre 40 e 59 anos,
divididas em um grupo de praticantes e não praticantes de musculação, através
do teste de banco de Wells o nível de flexibilidade de 33,64cm em mulheres
praticantes e 21 cm em mulheres não praticantes, sendo classificado com uma
diferença bastante superior e com altos níveis de significância. Reis et al.
(2011) em sua pesquisa, mostraram que o treinamento resistido tem relação
positiva na redução da dor lombar, devido a um aumento da flexibilidade de
músculos posteriores da coxa, glúteos e da região lombosacra.
Junior (2009) apud Hartmann (2015) descreve que praticantes de treino
de força não valorizam o trabalho da capacidade flexibilidade, mas que ao
decorrer do tempo o indivíduo passa a identificar a importância de introduzir os
alongamentos de uma forma direcionada e individualizada para obtenção de
um melhor resultado mecânico. Deve se realizar antes uma avaliação do
treinamento e do sujeito para um melhor direcionamento e realização do
trabalho de flexibilidade em conjunto com a força.
Santarém (1998) afirma que musculação pode não ser a melhor maneira
de se melhorar os níveis de flexibilidade, mas também não diminui, pelo
contrário, pode até melhorar, dependendo do nível de aptidão que individuo
possua. Cyrino et al. (2004) afirma que considerando que a flexibilidade de
uma articulação é dependente do seu nível de utilização, o envolvimento em
programas regulares de exercícios físicos pode favorecer a melhoria dos níveis
de flexibilidade, principalmente de sujeitos sedentários, uma vez que as
articulações, até então pouco utilizadas e, provavelmente, encurtadas,
passarão a receber um estímulo progressivo que acarretará adaptações
bastante positivas em médio ou longo prazo.
Diferente dos testes de flexibilidade, a tabela 2 que buscou demonstrar o
nível de equilíbrio, demonstrou que os praticantes de musculação na maioria
dos eixos corporais que foram medidos os resultados encontrados
apresentaram valores baixos. Estando com classificação abaixo do ideal em
treze dos dezesseis movimentos avaliados.

Tabela 2. Nível de equilíbrio nos praticantes de musculação


MOVIMENTO (%) MASCULINO FEMININO CLASSIFICAÇÃO
Anterior direito 76,6±13,8 75,8±5,7 Abaixo
Anterior esquerdo 77,0±10,9 77,7±10,7 Abaixo/Ideal
Anterolateral direito 75,8±13,0 65,6±10,5 Ideal/Abaixo
Anterolateral esquerdo 73,7±18,3 62,2±6,4 Abaixo
Lateral direito 76,5±12,3 68,8±10,0 Abaixo
Lateral esquerdo 78,0±9,2 67,3±7,2 Abaixo
Posterolateral direito 88,1±10,8 72,3±11,1 Abaixo
Posterolateral esquerdo 86,0±10,2 71,7±10,1 Abaixo
Posterior direito 92,3±4,6 81,0±5,6 Abaixo
Posterior esquerdo 94,9±5,3 76,9±7,9 Ideal/Abaixo
Posteromedial direito 74,9±6,8 74,2±7,5 Abaixo
Posteromedial esquerdo 78,5±10,3 76,8±10,1 Abaixo
Medial direito 83,7±5,6 77,4±7,3 Abaixo
Medial esquerdo 85,2±5,3 80,2±9,6 Abaixo
Anteromedial direito 84,8±7,1 73,2±7,8 Abaixo
Anteromedial esquerdo 82,2±6,2 77,5±10,7 Abaixo
Fonte: STIEVEN (2016).

Carvalho et al. (2015) comparou o nível de flexibilidade entre 45


praticantes de spinning, jump e musculação e encontrou resultados muito
semelhantes entre os mesmos, sendo o spinning pouco superior.
Araújo et al. (2010) ao realizar uma revisão de 35 estudos concluiu que
em idosos o nível de atividade física, influenciou significativamente os efeitos
do treino de musculação sobre a flexibilidade. Onde idosos independentes e
ativos fisicamente sofreram efeitos pouco significantes na flexibilidade
mediante ao treino de musculação, sendo diferente de idosos com baixo nível
de atividade física, onde a melhora na flexibilidade foi bastante significativa.
Coelho et al. (2014) encontrou em uma comparação de idosos de grupos de
musculação, hidroginástica e não praticante de atividades física, diferença
quase nula quanto ao nível de equilíbrio.
Corazzaet al. (2010) em pesquisa com 60 indivíduos praticantes de
musculação de 18 a 24 anos não encontrou relação significativa entre o nível
de fora de membros inferiores com o equilíbrio desta amostra. Ainda o estudo
encontrou como único fator significativo à relação entre o peso corporal e o
equilíbrio, em indivíduos do sexo masculino.
Bouissetet al. (2007) apud Corazza (2010) afirma que na musculação,
pode ocorrer um aumento da massa corporal magra o que, consequentemente,
requer músculos mais fortalecidos. Logo, indivíduos com estas características,
deveriam apresentam um melhor controle neuromuscular e consequentemente,
menor dificuldade para manter a estabilidade do corpo.

CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como objetivo identificar o nível de equilíbrio e
flexibilidade de 15 praticantes de musculação de ambos os sexos. Detectado
que na maioria dos testes os indivíduos do sexo masculino apresentaram
resultados pouco superiores a indivíduos do sexo feminino.
Quando realizado as classificações de acordo com os resultados, foi
que, quanto ao equilíbrio a maioria das medidas apresentou valores baixos,
quanto à flexibilidade foi encontrado valores bem diversificados, onde na
flexibilidade, principalmente de quadril e joelho os indivíduos apresentaram
resultados satisfatórios, enquanto em alguns movimentos de ombro e cotovelo
os resultados foram mais fracos. Ao comparar com outros estudos foram
verificados valores semelhantes e ainda identificado que a flexibilidade pode
ser aumentada significativamente com o treino de musculação, diferente do
equilíbrio que não parece sofrer grandes alterações com o treinamento.
Contudo se fazem necessários mais estudos para verificar como a musculação
pode vir a melhorar estes padrões e quanto estes padrões podem melhorar a
eficácia dos praticantes de musculação.

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