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Renata D’Onofrio – 9º semestre

Arritmias
1. Introdução; próprio miocárdio podem iniciar a
ativação elétrica, quando o nó SA
Arritmias cardíacas são o resultado
não está funcional ou encontra-se
de uma anormalidade na geração ou
suprimido.
condução do impulso elétrico, ou
 Estímulos anormais gerados
em ambas.
tanto no nodo sinusal, ou nó
O coração não contrai de maneira
atrioventricular, constituem os
rítmica como de costume, o que
distúrbios da formação do
pode levar a situações complicadas impulso.
e graves, como por exemplo, a Outra origem para a arritmia pode
diminuição do débito cardíaco e estar envolvida com o sistema de
insuficiência cardíaca (a contração condução pelo qual o impulso
prejudicada leva a diminuição da elétrico se propaga.
fração de ejeção),  Alterações nessa via nascem
tromboembolismo, e até mesmo a como um bloqueio ou outra
assistolia e fibrilação ventricular. alteração que levam a uma
Existem dois tipos predominantes situação onde o impulso
de arritmia cardíaca: com o ritmo elétrico segue por um

cardíaco acelerado, ou seja, acima caminho anormal e não


consegue despolarizar o
de 100bpm (taquiarritmia); e com o
músculo cardíaco de forma
ritmo cardíaco lento, ou seja,
adequada.
abaixo de 60bpm (bradiarritmia).
Há também as arritmias causadas
por reentrada cíclica, como a
Síndrome de Wolff Parkinson-
White e o Flutter Atrial.
As arritmias podem ser
classificadas ainda como primárias
(aquelas de surgimento
espontâneo), ou secundárias
A ativação elétrica do coração
(consequência de outros distúrbios
normalmente surge no nó sinoatrial
cardíacos), estas últimas muito
(SA); no entanto, outros marca-
presentes no IAM e na doença de
passos subsidiários, como o nó
Chagas.
atrioventricular, os sistemas
2. Fisiopatologia;
especializados de condução e o
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Alterações moleculares no coração impossibilidade de propagar o


predispõem ao desenvolvimento de estímulo despolarizante em

alteração no ritmo cardíaco, no alguma região do coração.


 Os bloqueios são
entanto, as propriedades celulares e
divididos em três
de rede do órgão não devem ser
grupos, segundo
esquecidas. modelo para os
A fisiopatologia das arritmias defeitos ocorridos na
cardíacas envolve mecanismos região

diversos, relacionados à atrioventricular; no


entanto, as alterações
automaticidade na geração do
da condução podem
impulso, pós-despolarização e
atingir qualquer nível.
disparo do automatismo e condução
Os bloqueios podem
do impulso. ser de primeiro,
 Alterações do Automatismo segundo ou terceiro
Cardíaco: a frequência de grau.
descarga de estímulos por  Bloqueios de

uma célula automática primeiro grau


são
depende, essencialmente, da
caracterizado
curva de despolarização
s pela
diastólica, do limiar de
transmissão
excitação e do potencial
de todos os
diastólico. estímulos à
 Com a alteração de região
um ou mais fatores, subsequente,
surgem arritmias por embora com
alteração do atraso.
automatismo cardíaco,  Os de
seja por aumento do segundo grau,

automatismo dos por sua vez,

marca-passos dividem-se
em dois
subsidiários ou por
subtipos:
surgimento de
mobitz I e II.
automatismos
o Os
anormais.
blo
 Alteração na Condução quei
Cardíaca: as arritmias os
consequentes a problemas na de

condução do impulso elétrico seg


und
são denominadas bloqueios,
o
caracterizados pelo atraso ou
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gra são
u aqu
mo eles
bitz nos
I quai
curs sa
am dur
com açã
atra o
so dos
pro estí
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sivo os
dos pré
estí vios
mul àqu
os, ele
até falh
a oé
não fixa
con .
duç  Os bloqueios
ão de terceiro
de grau, por fim,
um representam a
dele ausência total
s
da
(fen
transmissão
ôme
de estímulos
no
através da
de
região
We
problemática.
nck
eba  Alteração Simultânea do
ch). Automatismo e da Condução
o Os Cardíaca: o mecanismo
blo
fisiopatológico mais comum
quei
para a produção de arritmias é
os
de
o fenômeno de reentrada,
seg caracterizado como o desvio
und de uma onda de ativação para
o ultrapassar um obstáculo
gra
inexcitável.
u
 Para que haja
mo
bitz
reentrada é necessária

II a existência de
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circuito celular, frequentes naqueles com


anatômico ou cardiopatia estrutural, logo a
fisiológico, para que
determinação da presença ou
determinado estímulo
ausência de tal condição é de
possa percorrer, no
qual se tenha bloqueio
fundamental importância
unidirecional e diagnóstica e prognóstica quando
condução lenta em um há suspeita de arritmia.
dos ramos, tornando o 4. Diagnóstico;
tempo para percorrê-
A avaliação de um paciente com
lo maior que aquele
do período refratário
suspeita de arritmia cardíaca
dos tecidos de começa pela obtenção de uma
condução. história clínica detalhada,
3. Manifestações Clínicas; caracterizando o tipo, os fatores
O paciente com arritmia pode desencadeantes, a frequência, a
apresentar quadros clínicos duração e o comprometimento
variados, podendo ocorrer hemodinâmico.
palpitações, síncope, pré-síncope, Para maior facilidade diagnóstica,
dor precordial ou mesmo morte costuma-se dividir as arritmias em
súbita. bradiarritmias, taquiarritmias e
 A mais comum é a palpitação. extrassístoles.
As arritmias também podem ser
assintomáticas, e evoluir
diretamente para uma morte
cardíaca súbita, o que nos lembra
da importância do diagnóstico
precoce e da conduta adequada
diante do tipo de arritmia
encontrado.

Arritmias ameaçadoras à vida em


pacientes com sintomas são mais
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 O registro contínuo
(Holter) é
particularmente útil
nos pacientes que
apresentam sintomas
diários.
 Naqueles com
sintomas esporádicos
o uso do gravador de
eventos é o mais
adequado.
O teste de inclinação ortostática
consiste na monitoração contínua
da frequência cardíaca e pressão
arterial durante inclinação com a
cabeça para cima.
 É mais bem usado para a
confirmação diagnóstica em
pacientes com história
sugestiva de síncope
neurocardiogênica ou

O esclarecimento da origem naqueles com síncope, em que

arrítmica de sintomas tais como a doença cardíaca estrutural e


outras causas de síncope
palpitações, tonturas, síncopes ou
foram excluídas.
equivalentes, depende do registro
5. Taquiarritmias;
do eletrocardiograma (ECG)
durante sua ocorrência, conseguido o Introdução e Definições;

com sistemas de monitoração As taquicardias são alterações do

prolongada do ECG. ritmo cardíaco caracterizadas por

 No momento, estão FC > 100 bpm.


disponíveis duas técnicas para o Fisiopatologia;
esse registro: uma grava Os principais mecanismos de
continuamente o ECG, taquiarritmia são o automatismo
conhecida como sistema aumentado e os circuitos de
Holter; outra, com gravação
reentrada. Ainda, existem as
intermitente, é denominada de
arritmias por atividade deflagrada.
monitorização de eventos
a) Automatismo: ocorre quando um
sintomáticos ou Loop Event
conjunto de células despolariza com
Recorder.
um limiar menor do que as outra.
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- A despolarização ocorre em sua frequência cardíaca máxima.


frequência aumentada, de forma a Além disso, não há variação de
assumir o controle do ritmo cardíaco. frequência entre os batimentos (RR
- Alterações estruturais do tecido regular) e cessam abruptamente, sem
miocárdico, autonômicas, distúrbios desaceleração.
hidroeletrolíticos e medicamentos - Flutter atrial, taquicardia por
podem facilitar esse mecanismo. reentrada nodal e taquicardia por
- Essas arritmias são frequentemente reentrada atrioventricular.
precipitadas por estimulação c) Atividade Deflagrada: ocorre
adrenérgica, tendem a acelerar até a quando o potencial de ação pode
frequência cardíaca máxima e não são deflagrar despolarizações anormais
precipitadas por contrações adicionais.
prematuras. Possuem variabilidade a - Arritmias ventriculares associadas a
cada batimento e tendem a QT longo, como Torsades de Pointes
desacelerar gradualmente. e arritmias associadas a digoxina, são
- Taquicardia atrial focal e causadas por esse mecanismo.
taquicardia juncional.
o Quadro Clínico e
b) Reentrada: nesse caso, há 2 vias de
Avaliação Inicial;
condução do estímulo elétrico, uma
Entre as principais manifestações
via de condução rápida e uma de
clínicas estão: mal-estar
condução lenta. A via rápida possui
um período refratário mais inespecífico, dor torácica, dispneia,
prolongado, enquanto a via lenta palpitações, alteração do nível de
conta como característica um consciência e hipotensão.
período refratário curto. - É importante caracterizar as
- O mecanismo de reentrada mais palpitações: duração, início, percepção,
comum se inicia com um estímulo entrada e saída do episódio.
precoce, como uma extrassístole. Anamnese: deve-se interrogar sobre
Nesse momento, a via rápida estará
dispneia, síncope, precordialgia,
em período refratário e o estímulo
tontura e episódios de confusão
será conduzido pela via que sobra, a
mental.
lenta. Durante o período que o
estímulo percorre a via lenta, a via - Nos antecedentes patológicos,

rápida não estará mais refratária. A questionar sobre histórico de arritmia


via rápida é estimulada (só que em (tipo e tratamento), cardiopatias (IAM
sentido retrógrado). O circuito se prévio, IC), doenças respiratórias,
completa quando a via lenta é endocrinológicas e fatores de risco para
reestimulada, criando assim um ciclo distúrbios hidroeletrolíticos (diarreia,
repetitivo de despolarização celular. vômitos, DRC etc.).
- As arritmias por reentrada são - Os medicamentos em uso pelo
frequentemente precipitadas por paciente e as drogas de abuso (se
contrações prematuras e iniciam-se na usadas), devem ser investigados.
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Pacientes com sinais de gravidade


devem ser examinados na sala
vermelha, com monitorização
continua e início rápido do
tratamento.
- Exame Físico: avaliar regularidade do
pulso e comparação com a FC;
A depender dos diagnósticos
pulsação visível em fúrcula (frogging);
diferenciais, outros exames podem
medida da PA em ambos os membros
ser solicitados, como eletrólitos,
e/ou em decúbito dorsal e posição
função renal, marcadores de
ortostática. Ainda, atentar para edema
assimétrico em MMII e sinais de necrose miocárdica, dosagem sérica
hipertireoidismo. de substâncias (p. ex., digoxina).
- Ausculta Cardíaca: avaliar presença o Taquicardia Sinusal;
de B3 ou B4, atrito pericárdico ou É a arritmia cardíaca mais comum e
abafamento de bulhas. pode ser causada por: hipoxemia,
Sinais de instabilidade: 4 D’s/5 anemia, febre, hipertireoidismo,
D’s. hipovolemia, choque,
a) Diminuição da PA: hipotensão.
tromboembolismo pulmonar,
b) Diminuição do nível de
ansiedade, atividade física,
consciência.
medicamentos, abstinência.
c) Dor torácica
Fisiopatologia: hiperautomatismo
d) Dispneia
do nó sinusal, sem necessariamente
e) Desmaio: síncope. *
o Exames representar uma condição
patológica. Na maioria das vezes a
Complementares;
taquicardia é apropriada para uma
O ECG é o principal exame a ser
condição clínica do paciente
realizado na suspeita de uma
(hemorragia ou febre, p. ex.), e
arritmia.
- O ECG realizado em período raramente uma taquicardia não

assintomático é menos sensível, mas apropriada.


ainda pode ajudar em algumas ECG: presença de ondas P
condições OU denunciar alterações precedendo cada QRS, positivas em
estruturais cardíacas. DI, DII, DIII, aVF e negativa em
- Diante de uma taquicardia, 3 aVR. A FC varia entre 100-160
perguntas devem ser feitas:
bpm.
1. O QRS é estreito ou largo?
2. O ritmo é regular ou irregular?
3. Existe onda P?
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Tratamento: tratar causa base.


o Taquiarritmia
Supraventricular; - Em pacientes instáveis, indica-se a

Trata-se de uma arritmia comum na cardioversão elétrica sincronizada com


50-100J.
prática médica, especialmente nos
o Fibrilação Atrial;
setores de emergência. Pode
aparecer em qualquer idade, porém A FA é a arritmia sustentada mais

concentra-se nas mulheres jovens. comum no departamento de

É tipicamente paroxística e pode emergência.

ocorrer espontaneamente ou pode Fisiopatologia: é caracterizada por

ser provocada por exercícios hiperautomatismo de veias

físicos, ingestão de café, chá ou pulmonares, gerando impulsos mais

álcool. precocemente que o nó sinoatrial.

Fisiopatologia: envolve um circuito ECG: ausência de ondas P;

de reentrada formado dentro do nó presença de ondas irregulares,

AV com via anterógrada lenta e denominadas ondas f; QRS estreito;

retrógrada rápida. e RR irregular.

ECG: FC entre 150 e 250 bpm;


ausência de onda P precedendo o
QRS; QRS em geral estreito e RR
regular. Pode haver presença de
Classificação:
pseudo-ondas P e onda P
- FA Paroxística (autolimitada): os
retrógrada. episódios duram menos de sete dias,
geralmente menos de 24h, e se
resolvem espontaneamente. Pode ser
recorrente, ou seja, dois
ou mais episódios (FA paroxística
Tratamento: recorrente).
- Em casos estáveis, pode-se optar - FA Persistente: a arritmia persiste por
pelas manobras vagais (massagem dos mais de sete dias, mantendo-se
seios carotídeos ou manobra de valsava indefinidamente, caso o paciente não
modificada). seja “cardiovertido” (não se resolve
- Caso não haja a reversão do quadro espontaneamente).
com as manobras, opta-se pelo uso da Pode recidivar após a cardioversão (FA
Adenosina. persistente recorrente).
A Adenosina age no nó AV - FA Permanente: (tipo mais comum:
interrompendo a condução do impulso 40-50% dos casos): a arritmia se
elétrico proveniente dos átrios. mantém por mais de um ano ou é
Dose: 6mg em bólus EV, em 1-2s + flush
de 20ml.
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refratária à cardioversão. A FA (Diltiazem ou Verapamil) e


persistente pode evoluir para digitálicos.
FA permanente (às vezes após diversas
recidivas pós-cardioversão).
Tratamento:
- Paciente estável: controle do ritmo e
3. Realizar anticoagulação.
controle da FC.
1. Deve-se avaliar o risco cardioembólico Se CHA₂DS₂VASC > 1 em homens
com os scores HAS-BLED e ou > 2 em mulheres, deve-se
CHA₂DS₂VASC. anticoagular.
Anticoagulação plena: Enoxaparina
Critérios HAS-BLED Pontuação
1mg/kg, SC, de 12/12h ou com os
HAS 1
novos anticoagulantes orais
Alteração renal ou hepática 1-2
(Rivaroxabana 20mg, 1x/dia).
AVC 1
Hemorragia 1
INR lábil 1
Idade > 65 anos 1
4. Controle do Ritmo: cardioversão
Drogas que interfiram na varfarina ou 1-2
química e elétrica.
uso de álcool
Se paciente instável: cardioversão
elétrica sincronizada (120-200J).
Critérios Pontuação Medicações usadas: Amiodarona
CHA₂DS₂VASC ou Propafenona.
IC 1
HAS 1 Amiodarona 150mg/3mL

Idade > 75 anos 2 Ataque: 1 amp., diluída em 100mL de SG 5%, IV,


em 10-30min.
DM 1
Manutenção: 6 amp., diluídas em 482ml de SG
AIT ou AVC prévio 2 5%, IV, em BIC.
- 1mg/min nas primeiras 6h (33,3 ml/h).
Doença Vascular 1
- 0,5 mg/min nas próximas 18h (16,6 ml/h).
Idade (65-74 anos) 1
o Flutter Atrial;
Sexo feminino 1
O Flutter Atrial é uma arritmia
2. Realizar controle da FC com drogas supraventricular.
inibidoras do nó AV. Fisiopatologia: causada por um
A meta é uma FC < 110 bpm em
circuito de macrorreentrada no átrio
repouso.
direito.
Medicações usadas: BB
ECG: taquicardia de QRS estreito,
(Metoprolol ou Esmolol), BCC
com ondas F, em “dente de serra”,
Metoprolol
Ataque: 5mg, IV, em bolus. Pode-se repetir
a dose até 3x a cada 5min.
Manutenção: 50-400mg/dia, VO, de
12/12h.
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mais bem vistas em DII, DIII e ECG: observa-se FC >100 bpm,


aVF; frequência das ondas F 250- ritmo irregular com ondas P de pelo
350 bpm; frequência ventricular menos três morfologias diferentes
mais comum de 150 bpm com com intervalos PR irregulares.
condução atrioventricular 2:1, mas
podem existir outros padrões de
condução ou até condução
atrioventricular variável; e ausência
de período isoelétrico entre ondas Tratamento:
F, em razão da atividade atrial - Deve ser direcionado a causa base,
contínua. com correção da hipoxemia e
eletrólitos. A frequência pode ser
controlada com BCC (Verapamil,
Diltiazem) ou Amiodarona.
o TV Monomórfica;
São menos frequentes que as
Tratamento:
taquicardias supraventriculares, no
- Paciente estável: usar BB ou BCC
entanto, representam maior
OU cardioversão elétrica eletiva.
- Paciente instável: cardioversão gravidade.

elétrica sincronizada (50J-100J). Fisiopatologia: surge por um


- Tratamento definitivo: ablação por circuito de reentrada que se
radiofrequência. desenvolve no miocárdio
o Taquiarritmia Atrial ventricular.
Multifocal; Comumente estão associadas a
A taquicardia atrial multifocal cardiomiopatias (isquêmica,
(TAM) é um ritmo atrial irregular. dilatada, hipertrófica, doença de
Fisiopatologia: secundária a Chagas, estenose aórtica etc.) e
múltiplos focos ectópicos de representam uma complicação
automatismo dos átrios. importante do infarto agudo do
É associada a doença pulmonar em miocárdio (IAM).
60 a 85% dos casos, geralmente Classificação: sustentadas ou não
quadros de exacerbação de doença sustentadas.
pulmonar obstrutiva crônica - Sustentadas: ocorrem por mais de 30
(DPOC), mas também em segundos ou geram instabilidade

distúrbios eletrolíticos como hemodinâmica.


- Não Sustentadas: ocorrem por menos
hipomagnesemia ou uso de
de 30 segundos e não geram
aminofilina ou teofilina.
instabilidade.
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ECG: FC > 130 bpm, QRS miocárdio ventricular isquêmico. A


alargado e regular, com a mesma isquemia altera a repolarização dos
morfologia, dissociação entre as miócitos, encurtando o seu período
ondas P e o complexo QRS. refratário e predispondo ao
surgimento de focos de reentrada
funcional.
ECG: FC tipicamente > 200 bpm,
complexos QRS com duração,
Tratamento:
amplitude, eixos e morfologias
- Sustentada: o paciente deve ser
diferentes.
levado para a sala de emergência e
monitorizado.
 Pacientes instáveis e com pulso:
cardioversão elétrica
sincronizada (100J-200J) +
antiarrítmico (Amiodarona).
 Pacientes estáveis:
antiarrítmico (Amiodarona ou
Procainamida*).
- Não Sustentada: consiste em procurar
e tratar a causa de base:
Classificação: pode ser com
hipomagnesemia, hipocalemia,
isquemia, hipóxia etc. Não há intervalo QT normal ou QT longo.

indicação de antiarrítmicos. - TV Polimórfica com QT Normal: é


secundária à isquemia aguda; o
paciente frequentemente se apresenta
com dor anginosa e alterações
isquêmicas no ECG.
- TV Polimórfica com QT Longo: é
chamada de Torsades de Pointes,
causada por distúrbios
hidroeletrolíticos, uso de algumas
medicações e Síndrome do QT Longo
Congênita (rara).
o TV Polimórfica:
Tratamento QT Normal:
É uma arritmia ventricular em que - Desfibrilação.
há vários estímulos elétricos de - Correção de distúrbios eletrolíticos,
diferentes focos ventriculares. especialmente hipocalemia e
Fisiopatologia: o mecanismo hipomagnesemia.
eletrofisiológico é a reentrada no
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- Prevenção de episódios seguintes automatismo. No entanto, existe um


com amiodarona ou lidocaína. grupo de células do coração
- Betabloqueadores, como o esmolol ou diferenciadas nas quais o
metoprolol, também podem ser
automatismo é maior, conhecido
utilizados como segunda linha.
por sistema de condução, que é
Tratamento Torsades de Pointes:
constituído pelo nó sinoatrial
- A maioria das TdP são autolimitadas.
(NSA), nó atrioventricular (NAV) e
Se não reverter espontaneamente, a
sistema His-Purkinje (SHP).
conduta é desfibrilação com 200 J se
- O NSA localiza-se no teto do átrio
instável.
direito, próximo à desembocadura da
- Todos os pacientes com TdP devem
veia cava superior e é o local onde as
receber magnésio, mesmo que a
células cardíacas dispõem de maior
dosagem de magnésio esteja normal.
automatismo.
Sulfato de Magnésio 10%
Em condições normais, o impulso
Ataque: 2g, IV, em 10min.
elétrico é originado no NSA, que
Manutenção: 1-4g/hora.
envia o impulso ao átrio esquerdo
através de células denominadas
6. Bradicardias;
feixes de Bachman. A
o Introdução e Definições;
despolarização segue então por
As bradicardias ou bradiarritmias
células específicas até o NAV e
caracterizam-se por FC < 60/50
então ao SHP, que se divide em
bpm.
ramos direito e esquerdo.
A bradicardia pode ser considerada
normal em pessoas jovens com NSA SHP
Ramo
direito
bom condicionamento físico. Átrio
esquerdo
Atletas comumente apresentam NAV
frequência cardíaca abaixo de 50
- Quanto mais próxima do NSA, maior
bpm sem repercussão
o automatismo de determinada célula
hemodinâmica.
cardíaca e maior a frequência cardíaca
A bradicardia é considerada
que esta será capaz de gerar.
patológica apenas quando há Quando uma região alta do sistema
sintomas secundários a de condução é acometida, incapaz
repercussões hemodinâmicas na de desempenhar sua função, a
condição do paciente. tendência é que a região seguinte
o Etiologia e Fisiopatologia; assume o comando.
Todos os miócitos têm alguma - Assim, quanto mais distante o
capacidade de despolarização acometimento estiver do NSA, mais
espontânea, conhecida por acentuada será a bradicardia.
Renata D’Onofrio – 9º semestre

o Achados Clínicos; o Bloqueios


A bradicardia desencadeará Atrioventriculares;
sintomas normalmente quando a FC Nos bloqueios atrioventriculares
< 50 bpm. (BAV), a falha de condução ocorre
O paciente pode apresentar-se ao na transição entre átrios e
pronto-socorro com queixa de ventrículos.
confusão mental, síncope, pré- Essa falha pode ser contínua ou
síncope, fraqueza inespecífica, intermitente.
dispneia ou dor torácica. A relação entre as ondas P
Em todas as circunstâncias faz-se (resultantes da despolarização
necessário exame físico cuidadoso, atrial) e o complexo QRS
o qual deve incluir palpação de (resultante da despolarização
pulsos, medida da pressão arterial, ventricular) é o que determina a
avaliação da perfusão periférica, classificação do bloqueio.
ausculta cardíaca e exame Bloqueio ECG
neurológico sumário. Primeiro Grau Intervalo PR > 200ms
o Exames Segundo Grau Ondas P bloqueadas

Complementares; Mobitz I Aumento do intervalo PR


progressivo
Na emergência, certamente o ECG
Intervalo PR antes da onda P
de 12 derivações é o exame de
bloqueada é maior do que o
maior valia.
intervalo PR após onda P bloqueada
- Além do ECG, pode-se solicitar na
Segundo Grau Intervalo PR constante
emergência eletrólitos,
Mobitz II Ondas P bloqueadas aleatoriamente
hemoglobina/hematócrito, função
Bloqueio 2:1 A cada duas ondas P, uma é
renal, gasometria, troponina, função
bloqueada
tireoidiana, ecocardiograma e dosagem
Bloqueio de Alto A cada 3 ou mais ondas P, apenas
de antiarrítmicos, conforme a suspeita
Grau uma conduz
clínica.
Bloqueio Total Não há condução do ritmo atrial
As bradicardias estáveis
para ventrículos
encaminhadas para avaliação
cardiológica ambulatorial podem
requerer avaliação complementar
através de outros exames como
Holter, monitor de eventos, teste de
ergométrico, tilt-test e até mesmo
estudo eletrofisiológico.
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naqueles com sintomas secundários à


bradicardia.
- A Atropina pode ser utilizada não
com o intuito de estabilização
hemodinâmica do paciente, mas com o
propósito de elucidação diagnóstica da
Atropina
capacidade de resposta cronotrópica do
É um antimuscarínico que bloqueia a ação da
paciente.nos receptores cardíacos.
acetilcolina

Apresentação: 0,25mg/mL; 0,5mg/mL; e, 1mg/mL.


Dose: 1mg, EV, em bolus a cada 3-5min.
Dose Máxima: 3mg.

Dopamina

É um agonista adrenérgico β1 e alfa, atua


estimulando os receptores dopaminérgicos,
aumentando a FC.

Apresentação: 50mg/10mL.
Diluição: 5 amp., + 250mL de SG 5% -
Adrenalina

É uma amina vasoativa, atua estimulando os


receptores alfa, β1 e β2.
o Tratamento; Apresentação: 1mg/mL.
Diluição: 16mg + 250mL de SG 5% - concentração
Bradicardias Estáveis: quando a
bradicardia não gera repercussões Bradicardias Instáveis: deve-se
hemodinâmicas e não há assegurar que o ritmo do paciente
necessidade de aumento imediato seja a causa da instabilidade.
da FC, é preciso avaliar se o - A abordagem inicial deve ser a
bloqueio é avançado ou não. estabilização do paciente, com suporte
BAV de 2º grau Mobitz II e BAVT de via aérea e ventilação, além de
necessitam de internação hospitalar oxigênio suplementar se necessário,

em ambiente com monitorização monitorização e avaliação de sinais

cardíaca e avaliação do vitais (PA, FC, saturação periférica de


O²), além do estabelecimento de acesso
cardiologista.
venoso central.
- A passagem de marca-passo
- Exames: ECG, marcadores de necrose
transvenoso deve ser considerada para
miocárdica, eletrólitos, função renal,
pacientes com frequência de escape
gasometria arterial, hemograma, perfil
ventricular < 30bpm e QRS > 120 ms e
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toxicológico, função tireoidiana,


dosagem de digoxina etc.

7. Referências;
1. CARNEIRO, B. V. et al. Arritmias:
fisiopatologia, quadro clínico e
diagnóstico. Revista de Medicina e
Saúde Brasileira, v. 1, n. 2, p. 93-104,
2012.
2. Medicina de Emergência, 16ª ed.

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