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Renata D’Onofrio Moraes 1

Habilidades Médicas – Simulação 5


1. Avaliação Inicial da Gestante;  Quando a dor for
associada a contração
 Queixa Principal e História
uterina intensa, aguda,
Patológica Atual;
sem melhora ou
A dor em gestante apresenta intervalo pode ser
diferentes perspectivas: decorrente de
 Pode representar um agravo complicação
independente da gravidez, obstétrica, como
como dor musculoesquelética; descolamento

 Pode representar evento prematuro de placenta.

secundário ou decorrente da  Sangramento Genital:

gravidez, como dor lombar ou sangramentos agudos e vivos

cefaleia; são frequentemente

 Pode representar o trabalho de associados a condições

parto; adversas; mas podem ser

 Pode ainda se relacionar a normais quando em pequena

complicação específica da quantidade, escuros e

gravidez, como descolamento misturados a muco cervical.

de placenta.  Rotura da Bolsa Amniótica:

Caracterização da queixa de dor: desencadeia perda de líquido


em grande volume. Nas
 Localização, associada ou não
gestações a termo, o líquido
ao abdome ou ao útero,
apresenta coloração
característica e intensidade,
esbranquiçada; líquido
duração e repetição, fatores de
esverdeado (mecônio) ou
melhora ou piora, associação
sanguinolento indica
com contração uterina,
complicações fetais.
associação com sangramento
ou perda de líquido são
Antecedentes Pessoais e

informações importantes. Obstétricos;

Conceitos:  Tempo de Gravidez -

 Trabalho de Parto: dor considerando a data da última

abdominal e pélvica, em menstruação (DUM) ou

cólicas, associada a contração exame ultrassonográfico do

uterina, com duração próxima primeiro trimestre.


 Pacientes que
a 1 minuto e intervalos de 10
realizam pré-natal,
minutos e intensidade
leitura do cartão de
progressiva.
acompanhamento
permite identificar
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medicações em uso, 20 semanas; a


evolução ponderal e partir de
de níveis pressóricos, então, a

desenvolvimento fetal. medida em

 Anotações de centímetros

exames se

laboratoriais correlaciona

e com o tempo

ultrassonográ de gestação

ficos também em semanas.

devem estar  Antecedentes


registradas. Obstétricos: condições
 Em pacientes sem pré- da gestação atual e
natal: caracteriza-se o complicações e
tempo de gravidez eventos adversos em
pelo tempo decorrido gestações prévias,
desde a data da última tipos de partos e
menstruação (número intercorrências
de dias desde a DUM puerperais.
até a data presente  Antecedentes
dividido pelo numeral Pessoais: doenças
7 provê o tempo em prévias ou atuais, uso
semanas). de medicamentos ou
 A altura drogas (lícitas ou
uterina se ilícitas). Especial
correlaciona atenção para
com o tempo hipertensão arterial,
de gravidez. diabetes, distúrbios de
 A palpação coagulação e doença
do fundo renal.
uterino pouco
Exame Físico;
acima da
 Avaliam-se as condições
sínfise púbica
indica gerais da gestante: em
gestação de decúbito lateral esquerdo para
aproximadam evitar a compressão da veia
ente 12 cava pelo útero gravídico.
semanas;  Durante o terceiro trimestre, a
entre a sínfise
posição supina na gestante
e a cicatriz
obstruindo o fluxo em cerca
umbilical, de
de 25-30% e podendo
16 semanas;
na cicatriz hipotensão.

umbilical, de  Avaliar:
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 FC, FR, PA, TEC; valores > 1,7 apresentando


 Tônus uterino; elevada especificidade para
 Presença de necessidade de suporte
contrações (frequência transfusional maciço,
e intensidade); especialmente no contexto de
 Perceber
hemorragia pós-parto.
movimentação fetal;
 BCF.
2. DHGE;
 No atendimento extra-  Introdução;
hospitalar, evita-se a As síndromes hipertensivas
realização de toque relacionadas à gestação oferecem
vaginal. Apenas
elevada morbimortalidade materna
observação dos
e fetal.
genitais externos e a
 Epidemiologia;
presença de saída de
líquidos ou sangue. Hipertensão gestacional ocorre em
Modificações fisiológicas da até 17% das nulíparas e em até 4%

gestação: discreto aumento da das multíparas; entre 10 e 25%


frequência cardíaca (aumento de 15 destas pacientes apresentarão pré-

a 20 batimentos por minuto no eclâmpsia.


terceiro trimestre) e redução dos A incidência global de pré-

níveis pressóricos (cerca de 10 a 15 eclâmpsia é próxima a 5%.


mmHg) durante o segundo  No Brasil, um estudo
demonstrou incidência de
trimestre com retorno aos níveis
1,5%, porém acredita-se que
habituais no terceiro trimestre.
haja subnotificação.
O volume sanguíneo aumenta
 Um estudo nacional encontrou
durante a gravidez, durante o
mortalidade de até 22% em
terceiro trimestre a gestante pode regiões brasileiras menos
tolerar perdas sanguíneas de até desenvolvidas, demonstrando
30% da volemia com baixa a importância do
repercussão da pressão sistólica. reconhecimento e do manejo
 Deste modo, deve-se estar desta síndrome.
atento a outros sinais de  Diagnóstico;
choque para que seja realizado O diagnóstico de hipertensão
diagnóstico precoce. arterial relacionada à gestação é
 O uso do Shock Index definido como pressão arterial
(FC/PAS) pode ser utilizado, sistólica ≥ 140 mmHg ou pressão
com valores > 0,9
arterial diastólica ≥ 90 mmHg que
apresentando alta
se iniciam após 20 semanas de
sensibilidade para choque, e
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gestação e se resolvem em até 6 de enzimas hepáticas e


semanas após o parto. trombocitopenia.
Pré-Eclâmpsia: ocorre quando Eclampsia: é definida como a
hipertensão gestacional se associa ocorrência de crise convulsiva em
com proteinúria OU lesão de órgão- paciente com síndrome hipertensiva
alvo, definida por critérios clínicos gestacional na ausência de outras
e laboratoriais, podendo ser condições neurológicas que
classificada como leve ou grave. justifiquem o quadro.
 Conduta;
Toda paciente com diagnóstico de
pré-eclâmpsia deve ser
hospitalizada, independentemente
da gravidade, e referenciada para
um serviço obstétrico terciário.
 A cura da pré-eclâmpsia só
ocorre após a retirada da
placenta, de modo que a
conduta clínica deve
estabelecer uma relação entre
 PE grave: na presença de pelo a gravidade da paciente e a
menos um dos cinco critérios. idade gestacional em que se
 PA ≥ 160x110 apresenta.
mmHg. Em pacientes que se apresentem no
 Proteinúria de 5g ou
DE com PAS ≥ 160 mmHg ou
mais em urina 24h ou
PAD ≥ 110 mmHg persistente por
presença de ≥ 3+ em
> 15 minutos, está indicado início
proteinúria de fita.
de terapia anti-hipertensiva com
 Oligúria ou diurese <
400 mL/dia. objetivo de redução inicial da PAM
 Iminência de em 20%.
eclâmpsia (cefaleia,  A droga de escolha é a
dor epigástrica e nifedipina oral.
transtornos visuais)  Pode-se utilizar hidralazina,
ou edema pulmonar. porém essa droga está
Síndrome HELLP: manifestação ou relacionada a maior risco de

subtipo de pré-eclâmpsia em que hipotensão materna e


bradicardia fetal.
ocorre microangiopatia trombótica
 Em pacientes que não
manifestada por hemólise, elevação
respondem a essas estratégias
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pode-se utilizar nitroprussiato a infusão do MgSO4 e


de sódio, não ultrapassando a administrar gluconato de
dose de 4 mcg/kg/min. cálcio na dose de 1 g
infundido em 2 a 4 minutos;
caso a paciente se apresente
em PCR ou com
comprometimento
Deve haver particular cautela no hemodinâmico grave pode ser
uso de fluidos em pacientes com administrada uma dose de
pré-eclâmpsia, devido ao risco de gluconato de cálcio de até 3 g.
sobrecarga volêmica e edema
agudo de pulmão.
A profilaxia de crises convulsivas
com sulfato de magnésio está
indicada em todas as pacientes com
pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia.
 Existem diferentes esquemas Em pacientes com síndrome
de administração do MgSO4, HELLP que apresentem dor
porém, independentemente do
abdominal em hipocôndrio direito
esquema escolhido, o seu uso
ou epigastralgia deve-se suspeitar
deve ser mantido por até 24
de hematoma hepático com
horas após o parto.
distensão subcapsular, que tem
 Pacientes recebendo MgSO4
devem ser continuamente elevado risco de rotura e óbito,
reavaliadas devido ao risco de sendo indicação de parto cesáreo
toxicidade da droga. imediato.
 Ao iniciar a infusão,  Deve-se estar atento a sinais
deve-se testar de CIVD e necessidade de
reflexos patelares e reposição de fatores de
avaliar frequência coagulação.
respiratória. Pacientes com pré-eclâmpsia
 Reavaliação destes devem estar sob monitorização
parâmetros e do multiparamétrica e monitorização
débito urinário (que
cardiofetal contínuas.
deve ser maior do
 Após estabilização clínica e
que 25 mL/h) deve
hemodinâmica devem ser
ser feita a cada 1
imediatamente referenciadas a
hora.
serviço especializado.
 Em pacientes com depressão
respiratória deve-se suspender
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elas, 50% evoluem com


abortamento, que é a principal
causa de sangramento no primeiro
trimestre.
 Etiologia;
Dentre as causas de sangramento
gestacional com < 20 semanas, a
gestação ectópica, devido à sua
elevada gravidade com risco de
evolução catastrófica, deve ser
sempre excluída.
 Definição: é a implantação e o
desenvolvimento ovular em
local distinto da cavidade
Pré-eclâmpsia Grave: intrauterina.
 Os locais mais
comuns de
implantação ectópica
são as tubas uterinas
(90% dos casos),
ovários e cérvix
uterino.
 Deve-se suspeitar de
gestação ectópica em
toda mulher em idade
fértil com atraso
menstrual ou elevação
de β-HCG associados
a sangramento vaginal
ou dor abdominal.
 Epidemiologia: é uma
etiologia pouco comum,
correspondendo a apenas 2%
3. Sangramento na Primeira
dos casos, mas com até 10-
Metade da Gestação; 16% de incidência em
 Introdução; mulheres que buscam o DE
Aproximadamente 20% das com queixa de sangramento e
mulheres sabidamente gestantes dor abdominal.

apresentam sangramento vaginal  Diagnóstico: a Febrasgo


sugere que seja realizada uma
até a 20ª semana de gestação; entre
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abordagem com dosagem com sinais de defesa e


seriada de β-HCG, e o irritação peritoneal.
diagnóstico seja definido a  Sinais de
choque estão
partir da sua variação.
frequentemen
 Existe um valor de
te ausentes no
βHCG considerado
início do
discriminatório (>
quadro, mas
2000 mUI/mL), que é
podem se
aquele a partir do qual
instalar
espera-se que uma
rapidamente.
gravidez intrauterina  Se instável,
com desenvolvimento realizar
normal seja FAST.
visualizada na  Conduta: deve-se realizar
ultrassonografia imediatamente medidas de
(USG).
suporte. A conduta definitiva
 Quando o β-
padrão é cirúrgica.
HCG é <
 Pode-se realizar
2000
tratamento
mUI/mL
medicamentoso em
deve-se
pacientes estáveis com
repetir o
exame em 48 metotrexato desde que

horas; caso a massa anexial seja <


não haja 3,5 cm e o β-HCG <
elevação ou 5.000 mUI/mL. Essa
esta seja < decisão terapêutica
35%, há deve ser tomada pelo
elevada especialista em
probabilidade conjunto com a
de gestação paciente.
ectópica ou
O abortamento também constitui
gestação
uma das causas de sangramento
inviável;
elevações > gestacional antes das 20 semanas.
35% sugerem  Definição: é definido pela
gravidez Organização Mundial de
intrauterina Saúde (OMS) como
viável.
interrupção da gestação antes
 Deve-se suspeitar de
de 20 semanas ou com
gestação ectópica rota
concepto pesando menos de
em pacientes com dor
500 gramas.
abdominal moderada a
grave, persistente,
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 Etiologia e Epidemiologia: Essa definição deve


cerca de 50% dos abortos ser feita pelo obstetra

espontâneos ocorrem até a 8ª em conjunto com a

semana de gestação e são paciente.


 Abortos Sépticos:
secundários, principalmente, a
requerem coleta de
anomalias cromossômicas.
hemocultura e cultura
 Classificação: pode-se
de tecido endometrial,
classificar o aborto em -
além de introdução
ameaça de aborto, aborto
precoce de
inevitável ou em curso, aborto
antibioticoterapia de
incompleto, aborto retido,
largo espectro com
aborto séptico e aborto cobertura para
completo. clamídia, gonococo,
 A classificação do estreptococo, bacilos
aborto depende de Gram-negativos e
uma avaliação anaeróbios.
ultrassonográfica,  Pode-se
caracterização do utilizar
óstio interno da associação de
cérvice uterina e cefalosporina
confirmação da de 2ª geração
eliminação de tecidos (cefoxitina

fetais. 2g, IV, 6/6h)

 Ameaça de Aborto: + doxiciclina

pacientes com ameaça 100mg, VO,


12/12h ou
de aborto devem ser
associação de
devidamente
clindamicina
orientadas sobre o
900mg, IV,
risco de evolução para
8/8h +
aborto. Nenhum
gentamicina
tratamento mostrou-se
3-5 mg/kg,
eficaz para redução
IV, diária por
deste risco e sabe-se 10-14 dias.
que atividades  A avaliação
cotidianas moderadas obstétrica
não afetam a gravidez. será
 Abortamento importante
Incompleto e Retido: para definir o
o manejo pode ser momento
medicamentoso ideal de

(misoprostol) ou curetagem

cirúrgico (curetagem). uterina.


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 Abortamento
Completo: pacientes
com suspeita de
abortamento completo
que chegam ao DE
levando o conteúdo
eliminado devem ter
este material enviado
para estudo
histopatológico, a
menos que as partes
fetais sejam óbvias.
Devem ter garantido
encaminhamento para 4. Referências;
reavaliação em até 2
1. Medicina de emergência: abordagem
semanas, uma vez que prática / editores Irineu Tadeu
podem apresentar Velasco ... [et al.]. - 16. ed., rev., atual.
tecido retido, bem e ampl. - Barueri [SP]: Manole, 2020.
como pode se tratar de
uma gestação ectópica
que não foi
identificada.
 Diagnóstico: estabelecer o
diagnóstico do tipo de
abortamento no DE pode ser
difícil, por vezes requerendo
exames ultrassonográficos e
dosagens de β-HCG seriados.
 Conduta: depende do tipo de
aborto.

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