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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: LITERATURA PORTUGUESA I
PROFESSOR: DR.GERALDO AUGUSTO FERNANDES
DISCENTES: JOÃO SANTIAGO LIMA, MARIA
MARIANE COSTA FERREIRA E LYVIA GERMANO
ALVES.

ATIVIDADE HUMANISMO EM PORTUGAL


PARTE I

1. Como o Humanismo vê o homem?


Fazia com que o homem valorizasse e preocupasse consigo mesmo, contemplando seus
atributos e realizações.
2. Qual o fato/acontecimento que desencadeou as mudanças de VALORES
morais de Portugal?
Com o aumento das riquezas, o poder transformou os valores das pessoas, que
passaram a se preocupar mais consigo mesmo e com o foco sempre em satisfazer suas
vontades e aumentar seu capital. Com isso, a luxúria, vaidades hipocrisia, orgulho
começaram a transparecer em suas atitudes e, consequentemente, virou pauta dos
autores humanistas.
3. Quais foram essas mudanças que Gil Vicente e o Cancioneiro Geral de Garcia de
Resende criticam?
Essas mudanças são em relação às pessoas terem mudado seus valores morais,
colocarem suas vontades acima de tudo e todos, sem se importar com as
consequências de seus atos e com os pecados que estão cometendo contra sua moral.
4. Os homens durante o Humanismo conviviam entre dois planos. Que planos são
esses? Leve em consideração o período anterior e o próprio nome “Humanismo”.
Eles viviam entre o plano do rigoroso teocentrismo medieval e do antropocentrismo
renascentista.
O período anterior se tratava do Trovadorismo, no qual, em plena Idade Média, tinha
uma maior valorização e centro: Deus, por isso o teocentrismo. No entanto, ocorrem
transformações sociais e científicas, como a criação da imprensa e,
consequentemente, modificação de cunho literário, mudança nos saberes e avanços
tecnológicos.Dessa forma, tudo isso refletiu no homem, que passou a focar em si.
Explicando, portanto, o nome humanismo.
5. Por que o texto historiográfico de Fernão Lopes é considerado também um texto
literário?
Porque a sua narrativa, apesar de ser algo real, aparece como contos de fadas, de
novelas de cavalaria, de fantasia. Deixou alguns protagonismos, para trazer à tona
elementos mais populares, e com o uso de uma linguagem simples ele fazia os fatos
históricos serem bem vistos, o que atraia os leitores.
PARTE II

1. Leia o texto a seguir e responda às questões:

AUTO DA LUSITÂNIA
1532, Gil Vicente

Entra Todo o Mundo, homem como rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa
que se lhe perdeu; e logo após ele um homem, vestido
como pobre. Este se chama Ninguém e diz:

Ninguém: Que /an/das/ tu/ aí/ bus/can/do? a


Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:b
delas não posso achar, b
porém ando porfiando a (disputar)
por quão bom é porfiar. b
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro? c
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo d (tenho)
e meu tempo todo inteiro c
sempre é buscar dinheiro c
e sempre nisto me fundo. d
Ninguém: Eu hei nome Ninguém, e
e busco a consciência. f
Belzebu: Esta é boa experiência: f
Dinato, escreve isto bem. e
Dinato: Que escreverei, companheiro? c
Belzebu: Que Ninguém busca consciência. f
e Todo o Mundo dinheiro. c

Ninguém: E agora que buscas lá?


Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse? (maior)

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse


tudo quanto eu fizesse.
Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.
Belzebu: Escreve mais.
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que quer em extremo grado (desejo)
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?


Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,


a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida: (bela, com graça, galante)
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,


sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar


quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,


e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?


Todo o Mundo: Lisonjear.
Ninguém: Eu sou todo desengano.
Belzebu: Escreve, ande lá, mano.
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

QUESTÕES
a. Qual personagem se responsabiliza por promover a ambiguidade?
Belzebu.
b. Explique a ambiguidade que adquirem os nomes Todo o Mundo e Ninguém.
Aparece a ambiguidade no texto pois a forma como é interpretada os nomes dos
personagens "todo mundo" e "ninguém" , que não são visto apenas como pessoas da
história mas sim o "todo mundo" como a maioria das pessoas e o pronome indefinido
"ninguém" como a menor ou inexistente parte das pessoas.

c. Gil Vicente (1465?-1540?), na rubrica de seu texto, ao introduzir em cena os


personagens Todo o Mundo e Ninguém, indica-os dissimulados por suas
aparências. Isto implica considerar que podem não ser o que parecem. Tendo em
vista que a farsa é uma peça cômica irreverente, com elementos da comédia de
costumes, e fazendo uso dos equívocos e dos enganos. Qual a classificação
gramatical do vocábulo empregado duas vezes na indicação inicial da maneira
que deve ser executada a cena (rubrica); esse vocábulo permite inferir que as
aparências de Todo o Mundo e Ninguém são dissimuladas.
Nos trechos ‘‘Homem como rico mercado’’ e ‘‘homem, vestido como pobre’’, repete-
se o vocábulo como. Nesse sentido, nos dois casos, como é uma conjunção
comparativa, além de está explicando a condição socioeconômica dos personagens.
d. Apesar de ser uma peça de teatro, Gil Vicente escreveu-a obedecendo às regras
da lírica poética. Qual a métrica escolhida? 7 sílabas poéticas ou redondilha maior.
e. Existe um esquema rimático na farsa? Aponte o esquema rimático da
PRIMEIRA estrofe.
abbabcdccdeffecfc.

2. Leia o texto a seguir e responda às questões

-114- -364 i
PREGUNTA DE DUARTE DE BRITO A DOM JOAM DE
MENESES.

A/ vós/ que/ ten/des/ po/der, a


poder pera insinar, b
a vós que tendes saber, a
saber pera responder a
o que quero preguntar. b
De que qualidade vem, c
pregunto, qual animal d
quer mal a quem lhe quer bem c
e bem a quem lhe quer mal? d

Reposta de Dom Joam


polos consoantes.

Quem poder satisfazer a


vossos louvores louvar, b
poderá fazer e crer a
que fareis vivos morrer a
e mortos reçucitar. b
Molher vi querer a quem c
lhe queria mal mortal, d
e ir mal a quem na tem c
bem servido desigual. d

a. A que tipo de poema, dos seis grupos estudados no Cancioneiro Geral de


Garcia de Resende, se enquadra o texto de Duarte de Brito? Trova, tendo
como subgênero pergunta e resposta.
b. Qual a métrica usada pelo poeta? Está em vermelho no poema.
c. Qual o esquema rimático do poema? abaabcdcd.
d. Interprete o conteúdo do poema. Primeiramente o eu lírico se questiona que ser
é capaz de querer bem uma pessoa que não lhe quer e não querer bem. A segunda
parte faz justamente a relação com uma pessoa que age assim, trata bem quem lhe
faz mal e mal quem faz de tudo por ela.

3. Leia o texto a seguir e responda às questões .

UM DOS POEMAS MAIS BELOS DO CANCIONEIRO GERAL

CANTIGA SUA, PARTINDO-SE. (autoria: J. Rodriguez de Castel Branco,


n. 396)

Se/nho/ra, /par/tem/ tam/ tris/tes A


meus olhos por vós, meu bem, B
que nunca tam tristes vistes A
outros nenhũs por ninguem. B

Tam tristes, tam saudosos, a


tam doentes da partida, b
tam cansados, tam chorosos, a
da morte mais desejosos a
cem mil vezes que da vida. b
Partem tam tristes os tristes, A
tam fora d'esperar bem B
que nunca tam tristes vistes A
outros nenhũs por ninguem. B

a. A que tipo de poema, dos seis grupos estudados no Cancioneiro Geral de Garcia
de Resende, se enquadra o texto de João Rodriguez de Castel Branco? Cantiga.
b. Qual a métrica usada pelo poeta? Está em vermelho no poema. 7 sílabas poéticas
ou redondilha maior.
c. Qual o esquema rimático do poema? ABAB abaabbABAB.
d. Qual a função do advérbio tam (tão) no desenvolvimento do poema? Enfatizar os
sentimentos do autor, procura trazer exagero.
e. Interprete o conteúdo do poema. O eu lírico está lamentando a partida/saudade de
sua amada, descrevendo suas angústias e declarando seu amor, desejando a morte do
que perder sua amada.

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