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PT/BR
FICHA TÉCNICA
abr. 2010
A Segurança e Saúde no Trabalho e Empregabilidade:
Os Programas, Práticas e Experiências
Síntese de um relatório da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho
Nos últimos anos, a empregabilidade sur-
ge como uma das principais iniciativas
dentre as políticas dos Governos e tem
o objetivo de aumentar os níveis de em-
pregabilidade nas economias nacionais.
É considerada especialmente como uma
intervenção no mercado de trabalho.
Apesar de não haver uma definição consen-
sual, a empregabilidade visa principalmente
a melhoria do conhecimento e das capacida-
des básicas dos trabalhadores e dos desem-
pregados através da requalificação e da for-
mação profissional. O objetivo consiste em
dar apoio aos trabalhadores na procura ou manutenção de um emprego.
Em Setembro de 1999, a ligação entre a segurança e a saúde no trabalho
e a empregabilidade foi aprofundada, pela primeira vez, numa conferên-
cia organizada conjuntamente pela Agência Europeia e a Presidência
finlandesa da União Europeia1.
Desde então, a Agência tem organizado uma série de atividades de acom-
panhamento, bem como o relatório aqui apresentado de forma sintetizada.
Segundo o relatório, a segurança e a saúde no trabalho podem contribuir para
a melhoria da empregabilidade dos trabalhadores em vários níveis, incluindo a
(re)concepção do local de trabalho, a manutenção de um ambiente de traba-
lho que respeite normas de segurança e de saúde, formação e requalificação,
avaliação das exigências do trabalho, diagnóstico médico, visitas médicas pe-
riódicas e a avaliação das capacidades para o exercício das funções.
O relatório reúne 26 estudos de casos de iniciativas de uma variedade de
organizações e dividem-se em quatro categorias principais: os programas
principais que incidem nos riscos para a segurança e saúde têm como obje-
tivo prevenir lesões e doenças relacionadas com o exercício de uma profis-
são. Frequentemente, estes programas focam grupos de risco específicos; a
reabilitação dos trabalhadores doentes através da prestação de serviços ou
adaptação de locais de trabalho destinados a ajudar esses trabalhadores do-
entes ou incapacitados a se recuperarem das suas lesões e reintegrá-los no
local de trabalho; as iniciativas de reintegração para pessoas incapacitadas
a longo prazo; as iniciativas de promoção da saúde no local de trabalho que
utilizam o local de trabalho como pano de fundo para empreender atividades
que visam a melhoria da saúde dos trabalhadores em geral.
Mais do que descrever as 26 iniciativas, os principais intervenientes que
participaram, os resultados obtidos e os programas que surgiram, o rela-
tório avalia também o seu impacto e considera a possibilidade de gene-
ralizar e de transmitir as lições aprendidas .
Sete exemplos são sucintamente retratados como ilustração do relatório.
Os principais programas de prevenção e grupos
de risco específicos
Casos apresentados no relatório
ƒƒ Três programas nacionais sobre a manutenção da capacidade de
trabalho (Finlândia);
ƒƒ Acordos entre os grupos de interesse nos setores de risco (Países Baixos);
ƒƒ Abordagem holística do mercado de trabalho no setor da saúde
(Países Baixos);
ƒƒ Rumo a uma maior segurança através da formação da segurança
no trabalho (Itália);
ƒƒ A prevenção nos trabalhos de alto risco através do trabalho em
equipes multidisciplinares nos municípios (Países Baixos).
1
AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E A SAÚDE NO TRABALHO. Safety and
Health and Employability: Conference Proceedings, [s.l], [19--?]. ISBN 92-828-3016-0.
LOCAIS DE TRABALHO
SEGUROS E SAUDÁVEIS BOM PARA VOCÊ. BOM PARA OS NEGÓCIOS
A manutenção da capacidade de trabalho – Finlândia
A Finlândia introduziu o seu programa em 1992 com o objetivo de com-
bater a crescente tendência de aposentadoria antecipada e reduzir da
alta incidência de casos de invalidez relacionados com o exercício pro-
fissional . As alterações na legislação nacional integraram as atividades
do programa nas funções de base dos serviços de medicina do trabalho
do país. E foram lançados mais de 100 programas diferentes. O pro-
grama foi introduzido nos serviços de medicina do trabalho num modelo
a ser desenvolvido em três fases: a promoção da saúde, a prevenção
de acidentes/lesões e ações de reabilitação. No âmbito da empresa foi
desenvolvido um modelo “triangular” de aplicação que descreve as inter-
venções que visam a saúde individual dos trabalhadores, a segurança
no local de trabalho e a função da organização do trabalho. A principal
inovação do conceito do programa, no âmbito da empresa, consistiu em
encorajar as partes envolvidas a unir esforços e participarem no desen-
volvimento da saúde e da produtividade relacionadas com o trabalho.
Os acordos de grupos de interesse (Arbo convenanten) – Países Baixos
Os Arbo convenantes são acordos de grupos de interesse em matéria
de segurança e saúde no trabalho em setores em que o Governo e os
parceiros sociais aceitaram partilhar uma responsabilidade conjunta para
promover a melhoria das condições de trabalho num conjunto de situações
de alto risco. Os objetivos nacionais relativos a horários específicos foram
concebidos relativamente aos riscos relacionados com o levantamento
manual de cargas, as pressões do trabalho, lesões provocadas por esfor-
ços repetitivos, ruídos excessivos, exposição a solventes, ao quartzo e a
substâncias que provocam reações alérgicas. O objetivo consiste em re-
duzir estas exposições mediante acordos com as entidades patronais e os
trabalhadores nos setores em que os riscos surgem com mais frequência.
Os objetivos do acordo podem consistir em normas de exposição ou em
limites de exposição para as quais as empresas tencionam tomar medi-
das de prevenção ou medidas de extinção do risco na fonte, levando em
consideração a evolução da técnica. Os instrumentos incluem incentivos
financeiros, campanhas de informação públicas e reduções de impostos.
As organizações setoriais contribuem frequentemente para o seu finan-
ciamento. O Governo, através destes acordos, espera atingir aproxima-
damente 40% dos trabalhadores expostos em ambientes de trabalho de
alto risco. As entidades patronais e os trabalhadores podem igualmente
incorporar o acordo nos seus contratos coletivos de trabalho.
A reabilitação dos trabalhadores doentes
Casos apresentados no relatório:
ƒƒ O programa de assistência a médicos doentes (Espanha);
ƒƒ O regresso ao trabalho depois de ter sofrido lesões cerebrais (Suécia);
ƒƒ O fundo social de seguros por acidente: a prevenção de acidentes
e doenças profissionais (Áustria);
ƒƒ O tratamento de casos de trabalhadores com lesões nas mãos (Bélgica);
ƒƒ Os processos judiciais e regresso ao trabalho (Irlanda);
ƒƒ A vantagem das entidades patronais na gestão de trabalhadores
incapacitados (Países Baixos);
ƒƒ A gestão do trauma psicológico e retorno ao trabalho (Bélgica);
ƒƒ A reintegração de trabalhadores incapacitados nas câmaras muni-
cipais (Portugal);
ƒƒ A manutenção e a reabilitação de trabalhadores a nível empresarial
(Dinamarca);
ƒƒ O acordo empresarial destinado a promover o emprego para traba-
lhadores incapacitados (França).
ƒƒ As estratégias de reabilitação como instrumento para o médico do
trabalho (Alemanha);
www.sesi.org.br/pro-sst
http://osha.europa.eu/pt
O programa de assistência a médicos doentes (PAIMM) – Espanha
O Programa d’atenció integral al metge malalt (PAIMM) é um exemplo
de uma iniciativa efetiva do setor privado em nível regional. Como grupo
profissional, os médicos têm a quinta maior incidência de morbidade psi-
cológica na Espanha. O Conselho da Associação Médica da Catalunha,
um organismo profissional, reconheceu que o stress relacionado com o
exercício da profissão tornou-se um elevado preço a ser pago pelos
profissionais. Além disso, os pacientes estavam expostos a “riscos se-
cundários”, pois, apesar de sofrerem de problemas relacionados com o
stress, os médicos continuavam a exercer suas atividades profissionais
o que poderia comprometer a sua capacidade e competência.
O PAIMM é um programa que procura ajudar os médicos que sofrem com
problemas psicológicos ou comportamentos de dependência que podem
interferir no exercício da sua profissão. A experiência revela que uma
intervenção precoce pode ajudar o médico a prosseguir com a sua ativi-
dade mesmo durante o tratamento. De 1999 a Junho de 2000, o PAIMM
acompanhou 170 casos. Segundo resultados preliminares, dos 72 mé-
dicos tratados, 98% apresentaram estabilidade ou abstinência durante
os primeiros 7 meses a partir do tratamento (as previsões de iniciativas
semelhantes nos EUA revelam uma taxa de reabilitação na ordem de
80% dois anos mais tarde).
A reabilitação de trabalhadores incapacitados – Dinamarca
As iniciativa de reabilitação de trabalhadores incapacitados são levadas a
cabo, na sua grande maioria, pelas seguradoras de acidentes e doenças
profissionais, mas podem também partir da iniciativa das próprias empre-
sas. A Novo Nordisk A/S fabrica e comercializa uma variedade de produtos
farmacêuticos e é líder mundial na produção de insulina e acompanha-
mento de diabéticos. Em 1992 foi introduzida uma política de reabilitação
pela empresa. Neste âmbito foram definidas linhas de orientação, papéis
e responsabilidades e esta política passou a ser reconhecida como parte
integrante da gestão da empresa. O processo de reabilitação visa solu-
ções sustentáveis que dão aos trabalhadores as melhores oportunidades
de regresso ao trabalho. Tanto o gestor como o trabalhador têm a res-
ponsabilidade de identificar uma situação de reabilitação potencial o mais
cedo possível e estabelecer posteriormente contatos com o assistente so-
cial, Departamento de SST ou de Recursos Humanos. Muitos casos são
resolvidos nos próprios departamentos com os trabalhadores atribuindo-
lhes postos de trabalho simples, com algumas adaptações individuais.
Os conhecimentos de SST estão quase sempre presentes no processo
de reabilitação. O processo de reabilitação aumenta, com frequência, a
empregabilidade dando uma mais-valia, acrescentando competências ou
remodelando o ambiente de trabalho. Em 1 de Janeiro de 2000, 691 casos
foram concluídos. 55% dos trabalhadores mantiveram o posto de trabalho,
39% receberam pensões de invalidez e 6% deixaram a empresa antes que
fosse encontrada uma solução para o seu caso.
As iniciativas de reintegração para pessoas incapacitadas a
longo prazo
Casos patentes no relatório:
ƒƒ Permitir a deficientes competir no mercado de trabalho (Reino Uni-
do);
ƒƒ O programa para encorajar a integração dos trabalhadores incapa-
citados (França);
ƒƒ A assistência na manutenção e integração de pessoas incapacita-
das para o trabalho (Áustria);
ƒƒ O Brainwave; a formação e informação na pré-contratação de tra-
balhadores com epilepsia (Irlanda);
ƒƒ O emprego e reabilitação para pessoas com deficiências congêni-
tas ou adquiridas (Espanha);
Permitir a trabalhadores incapacitados competir no mercado de tra-
balho - Reino Unido
Lançado em 1994, Access to Work é um programa governamental do
Reino Unido que presta apoio a trabalhadores incapacitados à procura
de trabalho e financia adaptações e a compra de equipamentos especiais
Este produto é baseado no material original produzido pela EU-OSHA e adaptado pelo SESI. EU-OSHA é a Agência de Informação da União Européia para Segurança e Saúde no Trabalho.
Disponível em: <http://osha.europa.eu/en>.O SESI é responsável pela tradução para o português e pela adaptação do texto para o contexto legal do Brasil.
SESI/DN – Unidade de Saúde e Segurança do Trabalho (UniSaúde)
Normalização: SSC/ACIND Projeto Gráfico e Editoração: CT Comunicação
Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho
Gran Vía, 33, E-48009 Bilbao
Tel.: (+ 34) 94 479 43 60, Fax: (+ 34) 94 479 43 83
E-mail: information@osha.europa.eu
http: //osha.europa.eu
© Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho.
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte.
em função das necessidades dos candidatos individuais. Ao visar traba-
lhadores incapacitados desempregados e empregados, mas em risco de
perderem o seu emprego, o programa tem como objetivo permitir que
estes trabalhadores possam competir em pé de igualdade com colegas
saudáveis. Três quartos dos participantes entrevistados sentem que o
programa teve um impacto positivo nos seus esforços de assegurar ou
manter os postos de trabalho. Muitos dos relatórios da iniciativa provêm
dos Departamentos de Segurança e Saúde ou do médico do trabalho
das empresas.
A integração de trabalhadores incapacitadas – França
Os parceiros sociais podem igualmente ter um papel importante na inte-
gração dos trabalhadores incapacitados a longo prazo. Em 1992, a união
regional dos empregadores do Departamento de Ariège, França, iniciou
uma ação denominada Passerelles 09 para encorajar a integração e a
reabilitação de trabalhadores incapacitados. Levada a cabo em parceria
com os intervenientes locais, públicos ou privados, implica na promo-
ção da consciência que as empresas devem ter das suas obrigações na
contratação de trabalhadores incapacitados e nos incentivos que podem
beneficiá-las, bem como, no apoio para manter trabalhadores declarados
como incapacitados para diversas profissões. A Passerelles 09 foi imple-
mentada com a assistência e financiamento da associação gestora das
verbas financeiras para a integração de pessoas incapacitadas (AGE-
FIPH). A associação iniciou parcerias e eliminou os entraves entre as
várias organizações em questão, permitindo-lhes trabalhar em conjunto
com mais eficiência. Esta ação conseguiu criar uma atitude favorável à
integração de trabalhadores incapacitados, que passou a ser um lugar
comum entre os parceiros.
As iniciativas de promoção da saúde no local de trabalho
Casos apresentados no relatório:
ƒƒ Os serviços de medicina do trabalho no Serviço Nacional de Saúde
(Reino Unido);
ƒƒ A promoção da saúde no local de trabalho, nas padarias (Alema-
nha);
ƒƒ O fundo de Segurança e de Saúde Regional da Renânia (Alema-
nha).
Os serviços de medicina do trabalho no Serviço Nacional de Saúde
(HAWNHS) – Reino Unido
O HAWNHS é uma iniciativa que já dura mais de 10 anos – iniciada em
1992 – criada para permitir a promoção da saúde e do bem-estar dos
trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde através de programas para
a saúde no local de trabalho, da incorporação de questões de saúde, de
segurança e medicina do trabalho, bem como a promoção da saúde. O
projeto inclui objetivos relativos à gestão de recursos humanos no Servi-
ço Nacional de Saúde. A gestão do Serviço Nacional de Saúde apontou
doze áreas principais de ações para a saúde no trabalho. O principal ob-
jetivo consistiu em fazer do Serviço Nacional de Saúde um empregador
exemplar em matéria de saúde e bem-estar do pessoal, o que satisfaz
explicitamente uma vasta gama de necessidades de saúde do pessoal. O
papel da medicina do trabalho relacionou-se principalmente com a pres-
tação de serviços para os programas de saúde no trabalho.
Como obter o relatório
O texto completo do relatório em inglês está disponível no website da
Agência: <http://agency.osha.eu.int/publications/reports>.
O relatório impresso “Occupational Safety and Health and Employabili-
ty: programmes, practices and experiences” (A Segurança e Saúde no
Trabalho e Empregabilidade: Os Programas, Práticas e Experiências),
Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2001, ISBN
92-95007-18-2, pode ser encomendado ao Serviço das Publicações das
Comunidades Europeias no Luxemburgo (<http://eur-op.eu.int/>) ou aos
seus agentes de vendas.
Adaptação do texto: Eliane Cardoso Sales
Serviço Social da Indústria
www.sesi.org.br/pro-sst