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na Prática
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Clínica
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Avaliação Nutricional
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Avaliação Nutricional
Objetivo
• Demonstrar para o aluno a importância da escolha do método a ser utilizado para a ava-
liação nutricional, pois as informações coletadas durante esse momento irão nortear o
profissional para a adoção da melhor estratégia nutricional a ser utilizada, bem como
a obtenção de um diagnóstico do atual estado nutricional de seu respectivo paciente.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Nutricional
Contextualização
Todos os profissionais da área da saúde lidam, em seu dia a dia, com diferentes tipos
de pessoas que, por sua vez, têm seus respectivos problemas, anseios e dúvidas.
Pois bem, nesta Unidade, iremos discutir as maneiras pelas quais conseguimos fazer
a coleta de informações fidedignas, para que, então, tenhamos ferramentas para nos
nortear em nosso planejamento alimentar.
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O Primeiro Contato com o Paciente
O primeiro contato com o paciente é extremamente importante, pois os ouvidos aten-
tos de um profissional bem treinado podem coletar informações relevantes do paciente.
Muitas vezes, os dados são obtidos por relatos em forma de queixas ou elogios aos
seus respectivos hábitos alimentares atuais.
Figura 1
Fonte: Getty Images
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Possível doença
Sinais associados Problema
Aparência normal ou deficiência
com a desnutrição não nutricional
de nutriente
Conjuntiva pálida
Membranas vermelhas Anemia (ferro)
Brilhantes, claros, Xerose Conjuntival (secura)
sem feridas
nos epicantos; Xerose córnea (secura) Olhos avermelhados
Vitamina A
Membranas úmidas Queratomalacia (córnea adelgaçada) por exposição ao
Olhos
e róseas; sem vasos tempo, falta de
proeminentes ou Vermelhidão e fissuras nos epicantos sono, fumo ou álcool
acúmulo de tecido Riboflavina,
Arco córneo (anel branco piridoxina
esclerótico ao redor do olho)
Xantelasma (pequenas bolsas
Hiperlipidemia
amareladas ao redor dos olhos)
Estomatite angular (lesões róseas ou
brancas nos cantos da boca) Salivação excessiva
Lisos, sem edemas
Lábios Escaras no ângulo Riboflavina por colocação errada
ou rachaduras
Queilose (avermelhamento ou edema de dentadura
dos lábios e boca)
Língua escarlate e inflamada Ácido nicotínico
Aparência vermelha Língua magenta (púrpura) Riboflavina
Língua profunda; não Língua edematosa Niacina Leucoplasia
edemaciada ou lisa
Ácido fólico
Papila filiforme atrofia e hipertrofia
Vitamina B12
Esmalte manchado Flúor Má oclusão
Sem cavidades; sem
Dentes Cáries (cavidades) Doença periodontal
dor; brilhantes Açúcar em excesso
Dentes faltando Hábitos higiênicos
Saudáveis;
vermelhas; não Esponjosas, sangrando
Gengivas Vitamina C Doença periodontal
sangrantes e sem Gengiva vazante
edema
Aumento da tireoide Iodo Aumento de tireoide
Face não
Glândulas Aumento da paratireoide por alergia ou
edemaciada Inanição
(mandíbulas parecem edemaciadas) inflamação
Xerose (secura)
Hiperqueratose folicular Vitamina A
(pele em papel de areia)
Petéquias (pequenas
Vitamina C
hemorragias na pele)
Dermatose pelagra (pigmentação
Sem erupções, edematosa avermelhada nas áreas Ácido nicotínico Exposição ambiental
Pele de exposição ao sol)
edema ou manchas Traumas físicos
Equimoses em excesso Vitamina K
Dermatose cosmética descamativa Kwashiokor
Dermatoses vulvar e escrotal Riboflavina
Xantomas (depósitos de gordura sob
Hiperlipidemia
a pele e ao redor das articulações
Coiloníquia (forma de colher)
Unhas Firmes róseas Ferro
Quebradiças; rugosas
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Possível doença
Sinais associados Problema
Aparência normal ou deficiência
com a desnutrição não nutricional
de nutriente
Edema Kwashiokor
Tecido Quantidade normal
Gordura a seguir do normal Inanição; marasmo
subcutâneo de gordura
Gordura acima do normal Obesidade
Desgaste muscular Inanição; marasmo
Cranioabes (ossos do crânio finos
e frágeis no lactente)
Bossa frontoparietal Kwashiokor
(edema arredondado da frente
e do lado da cabeça)
Bom tônus
Alargamento epifisário (aumento
muscular; um
Sistema das extremidades dos ossos)
pouco de gordura
músculo Persistência da abertura da Vitamina D
sob a pele; pode
esquelético fontanela anterior
andar ou correr
Perna em X ou perna torta
sem dor
Hemorragias musculoesqueléticas Vitamina D
Frouxidão das panturrilhas Tiamina
Vitamina D;
Rosário raquítico
Vitamina C
Fraturas em idosos Osteoporose
Ritmo cardíaco
normal; sem sopros Aumento do coração
Sistema Tiamina
ou arritmias; Taquicardia
cardiovascular Sódio?
Pressão arterial Hipertensão arterial
normal para a idade
Sem órgão ou
massas palpáveis
Sistema
(em crianças, a Hepatoesplenomegalia Kwashiokor
gastrointestinal
borda hepática
pode ser palpável)
Alterações psicomotoras
Kwashiorkor
Confusão mental
Depressão
Perda sensitiva Ácido nicotínico;
Estabilidade
Fraqueza motora Tiamina Piridoxina;
Sistema Nervoso psicológica;
Perda do senso de posição Vitamina B12
reflexos normais
Perda da sensibilidade vibratória
Perda da contração de punho e
tornozelo Formigamento das mãos e Tiamina
pés (parestesia)
Fonte: Vannucchi; Del Lama de Unamuno; Marchini, 1996
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Dessa forma, deve-se ater a essas variáveis para que a análise do consumo ali-
mentar não se restrinja apenas à quantificação dos nutrientes consumidos. Logo, é
importante a consideração e a identificação dos determinantes demográficos, so-
ciais, culturais, ambientais, cognitivos e emocionais relacionados à alimentação co-
tidiana para que, então, a proposta de plano alimentar seja capaz de se adequar à
realidade do paciente, o que, sem dúvida alguma, irá resultar na melhor adesão ao
tratamento nutricional.
Pense em um paciente acamado. Será que a avaliação nutricional a ser utilizada nessa
pessoa será a mesma que deverá ser aplicada a um atleta de alto rendimento? Pouco pro-
vável, não é?
Ressalta-se que existem ainda diversos meios (fórmulas) para os cálculos energéticos.
Invariavelmente, é importante que a análise da adequação da dieta consumida considere
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as estimativas propostas pelas Dietary Reference Intakes (DRI), utilizando os procedi-
mentos recomendados pelo Institute of Medicine (IOM) e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Recordatório Alimentar
O R24h visa a obter informações referentes à quantidade de todos os alimentos e be-
bidas ingeridas no período anterior a entrevista, que podem ser as 24 horas precedentes
ou, mais comumente, o dia anterior.
Uma boa estratégia a ser utilizada para facilitar a recordação do paciente é se ater a
alguns parâmetros durante a entrevista, tais como o horário em que o indivíduo acordou
ou foi dormir, e até mesmo sua respectiva rotina de trabalho.
Ainda se tratando do R24h, trata-se de uma entrevista pessoal conduzida pelo nutri-
cionista durante a consulta.
Outro ponto importante é que pessoas com algum tipo de deficiência cognitiva ou até
mesmo com idade avançada podem ter algum tipo de dificuldade adicional para recordar
as informações.
Por outro lado, pessoas a partir de 12 ou 13 anos conseguem responder a essas entre-
vistas com extrema precisão, sem ajuda ou auxílio de adultos (FISBERG; MARCHIONI;
COLUCCI, 2009).
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Figura 2
Fonte: Getty Images
Sabe-se que, hoje em dia, o trabalho do nutricionista foi facilitado em função dos
avanços tecnológicos, pois existem diferentes softwares disponíveis no Mercado que são
capazes de fornecer ferramentas para a condução do R24h e, também, para calculá-lo.
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Esses Programas de Computador podem disponibilizar Tabelas de medidas caseiras
e álbuns fotográficos, além de diferentes formas de porcionamento e marcas comerciais
de alimentos tradicionais (FISBERG; MARCHIONI; COLUCCI, 2009).
Figura 3
Fonte: Getty Images
Entretanto, nem tudo são flores. Lembre-se de que nenhum dos métodos utilizados
pela avaliação nutricional está livre de críticas e, dessa forma, o R24h também possui
certas desvantagens.
Dessa forma, se você fizer o recordatório alimentar dessa pessoa durante um dos dias
da semana, exceto segunda-feira, vai parecer que a alimentação do seu paciente está
ótima, mas quando você aplica o mesmo R24h em uma segunda-feira, os relatos dos
alimentos ingeridos irá demonstrar que a alimentação desse mesmo indivíduo não pare-
ce estar tão adequada, pois ele irá se referir aos alimentos que consumiu no domingo e,
nesse dia, basicamente comeu hambúrgueres e batata frita.
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Tabela 2
Horário Alimento Quantidade
Pão de forma 2 fatias
Presunto 2 fatias
07h45 (Desjejum)
Margarina 1 colher de sobremesa rasa
Suco de laranja natural 1 copo (aprox. 250 ml)
10h (Lanche da manhã) Barra de cereais 2 unidades
Arroz 1 escumadeira
Creme de milho 1 colher de servir
12h30 (Almoço)
Filé de frango à milanesa 1 unidade média
Chocolate 1 barra pequena (aprox. 80g)
14h (Lanche da tarde) Goiaba 1 unidade
Arroz 1 escumadeira
Feijão 1 concha
19h (Jantar)
Bife de alcatra 1 unidade média
Laranja 1 unidade
Leite 1 copo (aprox. 250 ml)
22h (Ceia)
Achocolatado 2 colheres de sopa cheias
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)
E o que você achou do R24h do meu paciente? Você acha que conseguiria calcular
as calorias e quantidades de macro e micronutrientes?
Figura 4
Fonte: Getty Images
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Logo,
100 g 32 Kcal
50 g X
100 X 32 Kcal 50 g
100 X 1600 Kcal / g
1600
X
100
X 16 Kcal
Assim, 2 escumadeiras e meia são capazes de fornecer 112,5 gramas de beterraba cozida.
Mas como eu faço para saber a quantidade de calorias?
Bom, ao consultarmos essa outra referência, obtemos a informação de que em 45g de
beterraba cozida há cerca de 19,8 Kcal.
Logo,
45 g 19, 8 Kcal
112, 5 g X
45 X 112, 5 g 19, 8 Kcal
45 X 2227, 5 Kcal / g
2227, 5
X
45
X 49, 5 Kcal
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Outro ponto importante a ressaltar é que essa mesma linha de raciocínio deve ser
utilizada para calcular as demais variáveis, como, por exemplo, as quantidades de car-
boidratos, e proteínas e de lipídios e, como já mencionado nesta Unidade, é possível
adquirir no Mercado diferentes softwares que fazem todos esses cálculos de maneira
simples e referenciada. Veja a TACO e a Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar
em Medidas Caseiras:
• Taco – Disponível em: http://bit.ly/2GteAeI.
• Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras.
Disponível em: http://bit.ly/2Gx64eM.
Geralmente, esse tipo de avaliação é aplicado ao longo de ao menos três dias, mas
pode compreender períodos maiores de até cinco ou sete dias.
Contudo, não se recomenda que esse tipo de avaliação permeie mais do que sete dias,
pois há possibilidade de comprometer a aderência e a fidedignidade dos dados relatados.
É interessante ressaltar que a aplicação do diário alimentar deve ocorrer em dias al-
ternados, e se recomenda que ao menos um desses dias seja referente a um dia do final
de semana.
Existem duas formas para a aplicação do diário alimentar. Na primeira e mais sim-
ples, o paciente deve relatar todos os alimentos, bem como o tamanho das porções
consumidas ao longo dos dias.
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Resumo das Vantagens e das Desvantagens
do R24h e Diário/Registro Alimentar
Legal, mas provavelmente você deve estar se perguntando: qual método utilizar para
avaliar o meu paciente?
Para você ter uma ideia da dieta de um atleta, assista ao vídeo da alimentação do Ronnie
Coleman, um dos maiores atletas de fisiculturismo que já existiu.
Acesse: https://youtu.be/153nl2Ygu2A.
Pois bem!
Aí vai um breve resumo das vantagens e das desvantagens dos dois métodos sugeri-
dos nesta unidade. Entretanto, devo lembrar você de que existem outros questionários
e entrevistas para fazer a avaliação nutricional do seu paciente, e que nenhum método
está livre de críticas e acertos.
Na verdade, esses dois questionários têm por objetivo avaliar o consumo de alimentos
ou os grupos alimentares e o padrão alimentar, respectivamente.
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Ronnie Coleman – Como ganhar peso Legendado PT-BR
https://youtu.be/jb5LFbrotZk
Ronnie Coleman – Diet – Alimentação
https://youtu.be/153nl2Ygu2A
Leitura
TACO
http://bit.ly/2GteAeI
Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras
http://bit.ly/2Gx64eM
Protocolos clínicos e exames laboratoriais
http://bit.ly/2US5a6l
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Referências
FISBERG, Regina Mara; MARCHIONI, Dirce Maria Lobo; COLUCCI, Ana Carolina
Almada. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão de nutrientes na prática
clínica. [S. l.]: Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabolismo, 2009.
PINHEIRO, Ana Beatriz Vieira et al. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar
em Medidas Caseiras. [S. l.]: Atheneu, 2004.
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Avaliação
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Avaliação Antropométrica
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Avaliação Antropométrica
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Contextualização
A composição corporal pode ser definida como a proporção relativa entre tecido
que contem gordura e tecido isento de gordura. Um erro comum é pensar que a massa
magra é composta apenas por músculos. Na verdade, massa magra compreende não só
o tecido muscular estriado esquelético, mas também os órgãos, vísceras, cabelos, unhas,
ossos etc.
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Antropometria – Composição Corporal
A Antropometria compreende a mensuração do corpo humano. Existem diferentes
técnicas nessa categoria, tais como, altura/peso, circunferência/medição de cintura e
pregas cutâneas.
Para que você avalie as medidas antropométricas do seu paciente, são necessárias
diferentes técnicas antropométricas, locais e instrumentos de mensuração.
Algumas dessas técnicas, como a determinação das pregas cutâneas, estabelecem es-
timativas da composição corporal ou de gordura corporal. Já outras técnicas, como o Ín-
dice de Massa Corporal (IMC), estabelecem avaliações referentes à compleição corporal
(Dwyer; Davis, 2006).
A obesidade deve ser compreendida pelo excesso de tecido adiposo resultante de uma
ingestão energética excessiva em relação ao dispêndio energético (gasto energético).
Como você bem sabe, o peso excessivo está intimamente associado a um maior risco
de mortalidade e morbidez, incluindo doença aterosclerótica coronariana, hipertensão e
diabetes não insulino dependente, entre outras enfermidades.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Basicamente, existem dois tipos de tecido adiposo, sendo eles o Tecido Adiposo Marrom
(Brown Adipose Tissue, BAT) e o Tecido Adiposo Branco (White Adipose Tissue, WAT). O Tecido
Adiposo Marrom é reconhecido por sua relevância termogênica, ou seja, possui capacidade
de gerar calor em função da grande atividade das mitocôndrias nele presentes. Sabe-se,
ainda, que esse tipo de tecido adiposo é extremamente importante para a manutenção
da temperatura corporal de neonatos humanos e também de animais que hibernam.
De maneira geral, os seres humanos não desenvolvem esse tipo de tecido adiposo ao longo
da vida.
Já o Tecido Adiposo Branco é importante para o isolamento térmico, ou seja, na preserva-
ção da temperatura corporal. Acreditava-se que esse tipo de tecido servia meramente para
o armazenamento de energia na forma de triglicerídeos. Entretanto, hoje em dia, sabemos
que o Tecido Adiposo Branco exerce uma função endócrina e imune extremamente rele-
vante. Dessa forma, podemos até dizer que esse tipo de tecido adiposo é classificado como
um órgão endócrino, pois é capaz de liberar substâncias que influenciam diferentes órgãos
e sistemas. Outra importante função do Tecido Adiposo Branco é isolar e proteger órgãos
internos, atuando, principalmente, na proteção de contratraumatismos (CHOE et al., 2016).
Ficou com dúvida quanto aos termos “gerar calor” e “isolamento térmico”? Pois bem,
vou exemplificar.
Imagine o forno da sua casa: esse equipamento é capaz de gerar calor, ou seja, quando você
coloca um bolo no forno, você será capaz de assá-lo.
Agora imagine uma garrafa térmica, aquela em que você coloca o seu café. Nesse caso, a
garrafa térmica serve como um isolante térmico, em outras palavras, a garrafa térmica irá
conservar a temperatura do seu café para que você beba um café bem quentinho, mesmo
o tendo preparado há certo tempo.
Um cafezinho quente cairia bem agora para continuarmos o nosso estudo, não é?
Antes de começarmos, observe a Tabela a seguir, pois ela resume mais alguns ter-
mos que são comumente utilizados para descrever e medir a composição corporal, e
você pode encontrar essas palavras sendo utilizadas tanto na nossa Unidade quanto
no material complementar sugerido para estudos ou até mesmo durante o exercício
da sua profissão.
Vamos lá!
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Termo Definição
Massa corporal no ar dividida pela perda de peso na água (Massa Corporal ÷ Massa
Densidade
Corporal – Peso Corporal na água).
Padrões de referência de Behnke para homens e mulheres que dividem a Massa Corporal
Homem de referência e mulher em Massa Corporal magra, músculo e osso, com a gordura subdividida em gordura de
dereferência reserva e essencial; os padrões para as dimensões corporais foram desenvolvidos a partir
de levantamentos militares e antropométricos.
Índice de Massa Corporal
Razão de MC para estatura ao quadrado (Massa Corporal, kg ÷ estatura2).
(IMC, kg/m2)
Lipídios compostos (fosfolipídios) necessários para a formação das membranas celulares –
Lipídios essenciais
Cerca de 10% da gordura corporal total.
Triacilgliceróis encontrados, principalmente, no tecido adiposo – cerca de 90% da gordura
Lipídios não essenciais
corporal total.
Massa Corporal Magra (MCM) MCSG mais gordura corporal essencial.
MC mais gordura essencial (inclui a gordura essencial sexo-específica); 48,5kg para a mulher
Massa Corporal Mínima
de referência; calculada com base nos diâmetros ósseos, na estatura e nas constantes.
Massa Corporal Sem Todas as substâncias e tecidos residuais sem lipídios, incluindo água, músculo, osso, tecido
Gordura (MCSG) conjuntivo e órgãos internos.
Massa de Gordura (MG) Todos os lipídios que podem ser extraídos dos tecidos corporais adiposos e de outros tipos.
Gordura (aproximadamente 83%) mais suas estruturas de apoio (aproximadamente 2% de
Massa de Tecido Adiposo (MTA) proteína e 15% de água); consiste predominantemente em adipócitos brancos (células com
uma única gotícula de gordura, principalmente, na forma de triacilglicerol).
Tecido adiposo dentro e circundando as cavidades torácica (por exemplo, coração, fígado,
Tecido adiposo visceral
pulmões) e abdominal (por exemplo, fígado, rins, intestinos).
Volume Pulmonar Residual Volume de ar remanescente nos pulmões após expiração máxima forçada.
Fonte: McArdle; Katch; Katch, 2016, p.1082-131
Dessa forma, existe uma frequente necessidade de avaliar a Massa Corporal e a com-
posição corporal desses indivíduos e, com esses dados, estabelecer o peso alvo do atleta,
respeitando, é claro, os limites fisiológicos dele.
A composição corporal pode ser estimada por diferentes técnicas, tanto em labo-
ratório quanto em campo, e que variam em termos de complexidade, custo e exatidão
(Dwyer; Taranto, 2006).
Um dos meios mais precisos para determinar a composição corporal é a pesagem hidros-
tática, que também é conhecida como pesagem subaquática. Entretanto, para que você
utilize esse método são necessários alguns recursos específicos, entre eles, um recipiente
com água para que a pessoa seja submetida. Logo, é importante refletir, embora seja um
método extremamente fidedigno: será que todos os profissionais têm à sua disposição
uma piscina para aplicar esse tipo de técnica? Eu creio que não.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Segundo McArdle; Katch e Katch (2016), existem dois procedimentos que avaliam a
composição corporal.
1. Mensuração direta por análise química da carcaça do animal ou do cadáver
humano (acredito que o seu paciente não vá se interessar por esse método);
2. Estimativa indireta por pesagem hidrostática, mensurações antropométricas
simples e outros procedimentos clínicos e de laboratório (esta opção parece ser
melhor, não acha?).
É claro que a primeira das opções listadas não parece adequada para nós, mas, ba-
sicamente, essa opção consiste em dissolver o cadáver em uma solução química para
determinar a mistura dos componentes que possuem gordura e os sem gordura. A esse
tipo de método, atribuímos o nome de determinação direta.
Bom, já que a determinação direta não é uma opção para nós, pois é pouco provável
que você vá trabalhar com cadáveres, devemos utilizar as técnicas por determinação indireta.
Na nossa Unidade, iremos ver diferentes técnicas que têm um bom nível de fidedigni-
dade, são de fácil acesso e baixo custo. Mas também vamos trabalhar alguns conceitos de
técnicas mais sofisticadas e que podem requerer aparelhos e estruturas mais específicas.
É importante que antes de pensar em uma técnica ou até mesmo adquirir um equipa-
mento para a execução dela, você pense na eficiência, na precisão relativa, na confiabi-
lidade e na exatidão do método e das equações disponíveis.
Tabela 2 – Escalas de validade e objetividade dos métodos de composição corporal. Dados em Antropometria
Método Precisão Objetividade Exatidão Equações válidas Global
Índice de massa corporal 1 1 4, 5 4,5 4
Interactância quase infravermelha 1 1, 2 4 4 3, 4
Pregas cutâneas 2 2, 3 2, 3 2, 3 2, 5
Impedância bioelétrica 2 2 2, 3 2, 3 2, 5
Circunferências 2 2 2, 3 2, 4 3
1, Excelente; 2, Muito bom; 3, Bom; 4, Regular; 5, Inaceitável.
A precisão é a confiabilidade dentro dos investigadores; a objetividade é a confiabilidade entre os investigadores; exatidão se refere à comparação com um
método baseado em critérios; as equações válidas comportam uma validação cruzada
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Índice de Massa Corporal (IMC)
O famoso IMC é amplamente utilizado para expressar o peso em relação à altura,
possuindo leve associação com a gordura corporal. Basicamente, essa técnica compara
o peso do indivíduo em quilogramas à sua estatura (metros ao quadrado). O cálculo do
IMC é extremamente simples.
Veja:
Figura 1 – Índice de Massa Corporal (IMC), classificações ponderais e riscos associados para a saúde
Fonte: McArdle; Katch, 2016
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Figura 2 – Índice de Massa Corporal (IMC), classificações ponderais e riscos associados para a saúde
Fonte: McArdle; Katch, 2016
Uma crítica importante ao IMC é que esse valor não diferencia a massa gorda da massa
magra, e sua correlação com o percentual de gordura costuma ser bastante modesta.
Imagine irmãos gêmeos. O irmão A e o irmão B. Os dois medem 1,80m de estatura e ambos
pesam 100 kg. Entretanto, o irmão A leva uma vida fisicamente ativa, faz musculação e
exercícios a maior parte do tempo, e sua profissão é fisiculturista. Por outro lado, o irmão
B gosta de passar o máximo de horas do seu dia em frente à televisão, alimentando-se de
doces e não faz nenhum tipo de exercício físico.
Ao calcularmos o IMC do irmão A e do irmão B, vemos que ambos possuem um IMC de
30,86, ou seja, ambos estão classificados como obesidade grau I. Mas, não é plausível que
o irmão A, que faz exercícios físicos a maior parte do tempo e é fisiculturista tenha uma
massa muscular desenvolvida? Como eu posso classificar esse indivíduo como obeso?
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Figura 3
Fonte: Getty Images
Pesagem hidrostática
Existem diversos procedimentos indiretos que determinam a composição corporal,
entre eles, a pesagem hidrostática (também denominada hidrodensitometria ou pesa-
gem subaquática).
Embora existam diversas técnicas para esse tipo de pesagem, a mais simples consiste
em pesar o indivíduo no ar; em seguida, pede-se para que fique sentado em uma cadeira
tubular de plástico leve, suspensa em uma balança, e a pessoa é submersa a seguir da
superfície da água.
Imagine que você vai entrar em uma banheira e ela está completamente cheia de
água. No momento em que você entra, é normal que parte da água transborde e caia da
banheira; logo, conseguimos visualizar o deslocamento da água.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
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Figura 6 – Foto real de um Bod Pod
Fonte: McArdle; Katch, 2016
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Segundo McArdle; Katch e Katch (2016), a base lógica para o uso das pregas
cutâneas com a finalidade de estimar a gordura corporal reside nas inter-relações de
três fatores:
1. Tecido adiposo diretamente a seguir da pele (gordura subcutânea);
2. Gordura interna;
3. Densidade corporal total.
Os locais anatômicos mais comuns para as mensurações das pregas cutâneas in-
cluem as áreas tricipital, subescapular, suprailíaca, abdominal e superior da coxa.
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Ficou com dúvidas?
Eu tenho duas dicas para você que não tem muita prática em mensurar dobras cutâneas:
1 – Sempre marque o local em que você deverá aferir a dobra, de forma que você nunca
deve segurar o tecido naquele exato ponto; sempre segure o tecido adjacente ao ponto
marcado, cerca de 2cm acima da sua marcação;
2 – Essa é para você não errar nunca! O dedo mínimo (dedinho) e o seu cotovelo do mem-
bro que você vai utilizar para segurar o tecido adjacente ao ponto que será mensurado
devem sempre estar apontando para cima (veja nas imagens como o dedo mínimo da mão
esquerda do pesquisador está direcionado para cima.
Devo lembrar que a prática leva à perfeição. Logo, você deve praticar sempre que puder,
para que adquira experiência e possa aplicar esse método no exercício da sua profissão.
Imagine que na primeira consulta de um paciente, ele relata ser sedentário e que não
se alimenta como deveria.
Pois bem! Você fez a avaliação dele, adotou uma abordagem nutricional e aplicou
no paciente.
Depois de 1 mês, o mesmo paciente volta, alegando ter seguido todas as suas reco-
mendações e também começou a praticar exercícios. Ainda utilizando esse exemplo, po-
demos comparar os valores obtidos na primeira consulta com os valores obtidos depois
de um mês de abordagem para verificarmos se nosso paciente evoluiu ou não.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Por meio da análise da nossa Tabela com os valores relativos à primeira e à segunda
consulta, além da modificação absoluta e em percentual, podemos constatar alguns
parâmetros importantes:
1. As maiores mudanças nas espessuras das pregas cutâneas ocorrem nas áreas
ilíaca e abdominal (veja os valores absolutos);
2. A prega tricipital mostrou a maior redução porcentual, e a área subescapular a
menor redução porcentual (veja os valores percentuais);
3. A redução total na gordura subcutânea das pregas cutâneas nos cinco locais
foi de 16,6 mm, ou 12,6% a seguir da condição “anterior” (veja o valor total da
modificação percentual).
Essa é a maneira mais simples de você saber se a sua intervenção está surtindo efeito.
Uma ressalva extremamente importante é a de permitir que a pessoa que aferiu as do-
bras do paciente na primeira consulta seja a mesma que irá aferir na segunda consulta.
Essa recomendação é importante para que não ocorram erros relacionados à técnica
aplicada pelo avaliador.
A segunda forma de você trabalhar com os valores obtidos por meio da mensuração
das pregas cutâneas é aplicando fórmulas matemáticas específicas para determinadas
populações e, dessa forma, estimar a densidade corporal ou percentual de gordura.
Para exemplificar, podemos muito bem utilizar uma fórmula que foi desenvolvida
para atletas de um determinado Esporte X em atletas do Esporte y, mas não podemos
aplicar essa mesma fórmula para idosos sedentários.
É interessante que quando essas fórmulas são bem empregadas e as coletas dos
valores de dobras cutâneas são bem-feitas, a gordura prevista para um indivíduo cos-
tuma oscilar entre 3 e 5% das unidades de gordura corporal computadas a partir da
pesagem hidrostática.
18
• Mulheres jovens, 17 a 26 anos de idade
% de gordura corporal 0, 43 A 0, 58 B 1, 47
Deve-se assumir que para ambas as equações a prega A faz referência à dobra cutâ-
nea tricipital (mm) e a B à prega cutânea subescapular (mm).
0, 55 A 0, 31B 6,13
0, 55 . 22, 5 0, 31. 19 6,13
12, 38 5, 89 6,13
= 24, 4%
Nesse caso, o ACSM preconiza que a aferição das dobras cutâneas deve ser feita com
as características presentes na Tabela a seguir.
Observe:
Tabela 5 – Descrição padronizada dos locais das pregas cutâneas e dos procedimentos de aferição.
Local da prega Descrição
Abdominal Prega vertical; 2,5cm à direita do umbigo
Prega vertical; na linha média posterior do braço, a meio caminho entre o acrômio e o olecrânio, com
Tríceps
o braço mantido livremente ao lado do corpo
Prega vertical; na parte anterior do braço sobre o ventre do músculo bíceps, 1cm acima do nível usado
Bíceps
para marcar o local do tríceps
Prega diagonal; metade da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo (homens) e um terço
Tórax/Peitoral
da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo (mulheres)
19
19
UNIDADE
Avaliação Antropométrica
DC
1,112 0, 00043499 SOMA DAS 7 DOBRAS
Fórmula 7 dobras (tórax, médio-axilar, tríceps,
subescapular, abdome, suprailíaco, coxa) 0, 00000055 SOMA DAS 7 DOBRAS
2
0, 00028826 IDADE
0, 0002574 IDADE
20
Mulheres
DC 1, 097 0, 00046971 SOMA 7 DOBRAS
Fórmula 7 dobras
0, 00000056 SOMA 7 DOBRAS
2
(tórax, médio-axilar, tríceps, subescapular,
abdome, suprailíaco, coxa)
0, 00012828 IDADE
0, 0001392 IDADE
Deve-se utilizar uma fita métrica adequada, de preferência que não fique retorcida durante
o uso, inelástica e capaz de ficar justa, mas não aperte, a ser utilizada na superfície cutânea.
21
21
UNIDADE
Avaliação Antropométrica
De maneira geral, as circunferências podem ser utilizadas para comparações (antes e de-
pois) e obtenção de valores referentes aos resultados decorrentes da abordagem terapêutica.
Basicamente, essa corrente elétrica flui mais rapidamente por meio dos tecidos cor-
porais livres de gordura, hidratos e também da água extracelular do que no tecido adi-
poso e ósseo. Logo, por meio dessa técnica, é possível estabelecer massa de gordura
relativa e absoluta.
Na prática, o indivíduo deverá se deitar numa superfície plana não condutora. Os ele-
trodos fonte, ou injetores, são ligados às superfícies dorsais dos pés e dos punhos e o
eletrodo detector é ligado entre o rádio e a ulna.
22
A conversão do valor de impedância em densidade corporal – somando a massa cor-
poral e a estatura, o gênero, a idade e, algumas vezes, a etnia, o nível de gordura e várias
circunferências à equação – calcula o percentual de gordura corporal a partir da equa-
ção de Siri ou de outra equação de conversão de densidade semelhante (McARDLE;
KATCH; KATCH, 2016).
Entretanto, existem fatores que podem comprometer a eficiência da BIA, por se tra-
tar de um método que depende da quantidade de água corporal, é plausível que o nível
de hidratação e também a temperatura ambiente possam influir nesse tipo de avaliação.
• Hipoidratação causada por sudorese em decorrência de exercícios físicos ou res-
trição hídrica → Diminuição da medida de impedância, reduzindo a estimativa do
percentual de gordura corporal;
• Hiperidratação em função do consumo excessivo de água e líquidos → Causa maior
estimativa de gordura;
• Temperatura da pele → Um valor de gordura corporal menor é obtido em ambiente
quente, ao passo que ocorre o oposto num ambiente frio.
23
23
UNIDADE
Avaliação Antropométrica
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Pesagem hidrostática
https://youtu.be/51-eXculjbc
Bod Pod – Pletismografia – Instituto Vita – Drª. Patricia Campos
https://youtu.be/GbDVNyFifxM
Bioimpedância – O Que é e Como é Feita?
https://youtu.be/1WNNTU3k05U
Leitura
Cálcular % de gordura por meio das circunferências
http://bit.ly/2GsI6kG
24
Referências
CHOE, S. S. et al. Adipose Tissue Remodeling: Its Role in Energy Metabolism and
Metabolic Disorders. Front. Endocrinol., Lausanne, v. 7, n. 30, 2016. doi: 10.3389/
fendo.2016.00030.
DWYER, G.; DAVIS, S.; TARANTO, G. Manual do ACSM para avaliação da aptidão
física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 44-72.
McARDLE, W., KATCH; F.; KATCH, V. Sports and exercise nutrition. 8.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p.1082-131.
25
25
Avaliação
Inserir Título
Nutricional
Aqui
Inserir
na Prática
Título
Clínica
Aqui
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Avaliação Antropométrica
de Crianças e Adolescentes
Objetivo
• Demonstrar os meios para realizar a Avaliação Nutricional/Antropométrica de pacientes
pediátricos e de adolescentes, explorando a utilização de Tabelas e percentis.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para
o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no
material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades
solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos
ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico
espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Contextualização
Todos nós sabemos que existem à disposição dos Profissionais da Área da Saúde
diferentes formas, métodos e equipamentos para fazer a Avaliação Antropométrica
dos pacientes.
6
Avaliação Nutricional e Antropométrica
O objetivo da Avaliação Nutricional em crianças e adolescentes é aferir o
Estado Nutricional durante etapas fundamentais que implicam o crescimento e o
desenvolvimento dos indivíduos dessas populações.
Figura 1
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
7
7
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Figura 2
No caso de pacientes com edema, não há medida antropométrica que seja adequada para
o diagnóstico do Estado Nutricional.
Estatura
Devemos considerar que crianças com menos de 2 anos devem ser medidas
deitadas e essa medida irá caracterizar-se como sendo o comprimento. Já para
crianças com idade superior, podemos aferir a estatura com elas de pé (VITOLO,
2014; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
Figura 3
Fonte: Getty Images
Perímetro Braquial
O perímetro braquial costuma ser uma boa medida para avaliações rápidas do
estado nutricional de crianças de 1 até 5 anos de idade. É claro que devemos consi-
derar esse tipo de aferição quando diante da impossibilidade de aferir massa corporal
e estatura (VITOLO, 2014; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
8
Veja a medição do perímetro braquial disponível em: https://bit.ly/2yruOV6
Tabela 1
Vantagens Desvantagens
Simplicidade do instrumento Por ser uma medida isolada, ou seja, de apenas um segmento
corporal, podemos estar limitados para um diagnóstico global
Facilidade e rapidez de coleta e interpretação dos dados
Boa aceitabilidade
Baixo custo
Maior cobertura populacional
Replicabilidade
Figura 4
Fonte: Adaptado de cdc.gov
Figura 5
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commvons
9
9
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Tabela 2 – Meninos
Semanas OMS – Perímetro Cefálico (cm) – Meninos
de vida −3 DP −2 DP −1 DP 0 +1 DP +2 DP +3 DP
0 30,7 31,9 33,2 34,5 34,5 37 38,3
1 31,5 32,7 33,9 35,2 35,2 37,6 38,8
2 32,4 33,5 34,7 35,9 35,9 38,2 39,4
3 33 34,2 35,4 36,5 36,5 38,9 40
4 33,6 34,8 35,9 37,1 37,1 39,4 40,6
5 34,1 35,3 36,4 37,6 37,6 39,9 41,1
6 34,6 35,7 36,9 38,1 38,1 40,4 41,6
7 35 36,1 37,3 38,5 38,5 40,8 42
8 35,4 36,5 37,7 38,9 38,9 41,2 42,4
9 35,7 36,9 38,1 39,2 39,2 41,6 42,8
10 36,1 37,2 38,4 39,6 39,6 41,9 43,1
11 36,4 37,5 38,7 39,9 39,9 42,3 43,4
12 36,7 37,9 39 40,2 40,2 42,6 43,7
13 37 38,1 39,3 40,5 40,5 42,9 44
Fonte: OMS. Perímetro cefálico por idade
Tabela 3 – Meninas
Semanas OMS – Perímetro Cefálico (cm) – Meninos
de vida −3 DP −2 DP −1 DP 0 +1 DP +2 DP +3 DP
0 30,3 31,5 32,7 33,9 35,1 36,2 37,4
1 31,1 32,2 33,4 34,6 35,7 36,9 38,1
2 31,8 32,9 34,1 35,2 36,4 37,5 38,7
3 32,4 33,5 34,7 35,8 37 38,2 39,3
4 32,9 34 35,2 36,4 37,5 38,7 39,9
5 33,3 34,5 35,7 36,8 38 39,2 40,4
6 33,7 34,9 36,1 37,3 38,5 39,6 40,8
7 34,1 35,3 36,5 37,7 38,9 40,1 41,3
8 34,4 35,6 36,8 38 39,2 40,4 41,6
9 34,7 35,9 37,1 38,4 39,6 40,8 42
10 35 36,2 37,4 38,7 39,9 41,1 42,3
11 35,3 36,5 37,7 39 40,2 41,4 42,7
10
12 35,5 36,8 38 39,3 40,5 41,7 43
13 35,8 37 38,3 39,5 40,8 42 43,2
Fonte: OMS. Perímetro cefálico por idade
Logo, podemos dizer que se a criança que estiver nessa faixa etária (6 meses
até 5 anos) e a relação PT/PC for menor do que 1, temos um caso de desnutrição
energético-proteica, vez que o aumento da medida do perímetro torácico é sustenta-
do pelo desenvolvimento normal da criança, que só será possível se houver substrato
suficiente para embasá-lo (FISBERG et al. 2016; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
Figura 6
Fonte: Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, 2012
Circunferência da Cintura
A circunferência da cintura é uma medida antropométrica amplamente utilizada
em diferentes grupos populacionais, inclusive em crianças e adolescentes.
Entretanto, devemos nos ater a qual técnica de aferição está sendo adotada como
sendo a circunferência da cintura. Outra peculiaridade acerca da circunferência da
cintura é a sua utilização como medida isolada ou em conjunto com demais parâme-
tros antropométricos.
11
11
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Outro dado importante a ser coletado é o da Envergadura (E). Para ele, devemos
considerar a distância medida entre os extremos dos dois dedos médios, estando a
criança em pé, com braços paralelos, em plano horizontal.
Para não ficar na dúvida, dê uma olhada nas figuras abaixo e no link a seguir.
Figura 7
Fonte: Adaptado de pucgoias.edu.br
Percentis
Ao analisarmos uma determinada amostra populacional e suas respectivas
medidas antropométricas, podemos obter valores de referência, aos quais designa-
mos o nome de Percentis (P).
12
O P pode ser compreendido como a frequência com que ocorre determinada me-
dida, como, por exemplo, massa corporal e estatura para uma faixa etária específica.
Podemos considerar, ainda, o seguinte exemplo: quando falamos que uma criança
está no P10 de estatura para idade, isso significa que 10% das crianças da população
tomada como referencial apresentam essa estatura.
13
13
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Outro ponto que devemos considerar é a condição nutricional para a idade gesta-
cional (<37 semanas: pré-termo; 38−42 semanas: termo; >42 semanas: pós-termo)
e o peso ao nascer a ela correspondente: menor que o percentil 10: Pequeno para a
Idade Gestacional (PIG); entre o P10 e P90: Adequado para a Idade Gestacional (AIG);
e maior que P90: Grande para a Idade Gestacional (GIG) (VITOLO, 2014):
• Proporcional ou crônico: nasce com baixo peso, mas proporcional em relação
ao comprimento, que está comprometido. Contudo, dificilmente essa criança
conseguirá recuperar a estatura no período pós-natal;
• Desproporcional ou agudo: recém-nascido que sofre restrição nutricional
somente no último período de gestação. Pode ser resultante de patologias
obstétricas ou diminuição da permeabilidade placentária. Logo, seu peso é
baixo e desproporcional em relação à estatura.
Tabela 4
Idade Gestacional Peso ao Nascer Comprimento Classificação
39 semanas 2200 g 46 cm Proporcional
39 semanas 2200 g 50 cm Desproporcional
Fonte: VITOLO, 2014 p. 175
Podemos, ainda, trabalhar com o aumento ponderal médio por trimestre espe-
rado para RN nascido a termo, adequado para a idade gestacional e com peso no
percentil 50:
• 1º trimestre: 700g/mês – 25 até 30g/dia;
• 2º trimestre: 600g/mês – 20g/dia;
g
ÍndicedeRohrer = Peso ×
100
estatura ³(cm)
14
• 3º trimestre: 500g/mês – 15g/dia;
• 4º trimestre: 300g/mês – 10g/dia.
Lactentes
No caso de crianças com menos de um ano, devemos mensurar a massa corporal,
o comprimento e o perímetro cefálico.
Os primeiros seis meses de vida são conhecidos por haver ganho de massa cor-
poral mensal, e podem ser usados como indicativo fidedigno e prático para o diag-
nóstico nutricional.
Imagine um caso de uma criança que nasceu a termo, com baixo “peso”, mas que mantém
uma velocidade de ganho de “peso” pós-natal adequado. Se você for analisar apenas os nú-
meros disponíveis no cartão, provavelmente, você terá uma interpretação equivocada, pois,
a criança sempre estará classificada como desnutrida ou com risco de desnutrição. Isso ocor-
rerá porque os números de identificação do cartão irão corresponder ao percentil a seguir de
10 ou 3. Podemos dizer que isso irá ocorrer porque essas crianças são pequenas e o “peso”
para a idade desconsidera esse fato. Para contornarmos esse problema, podemos considerar
um ganho de “peso” maior do que 20g para crianças com idade a seguir de 6 meses.
Nas duas Tabelas a seguir, podemos ver os valores do percentil 50 para peso e
estatura, de acordo com a idade, e a classificação quanto ao estado nutricional.
15
15
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Adolescentes
Crescimento e maturação sexual
Sabe-se que a adolescência é classificada como o segundo período da vida ex-
trauterina em que há crescimento em velocidade máxima, após a primeira infância.
Outro ponto importante referente a essa fase são as intensas mudanças de natu-
rezas distintas e que ocorrem concomitantemente, tais como alterações fisiológicas,
psicossociais, comportamentais, culturais e emocionais.
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A partir das ações dos hormônios sexuais, as transformações físicas que ocorrem
na adolescência apresentam diferenças entre meninos e meninas, e essas alterações
são claramente visíveis durante o estirão de crescimento. Em função dessas transfor-
mações, foram estabelecidos estágios de maturação sexual, que receberam a deno-
minação de Tanner (VITOLO, 2014).
Tabela 8
Gênero Masculino Pelos Pubianos Genitália
Estágio 1 Ausentes. Características infantis sem alteração.
Estágio 2 Presença de pelos finos e claros. Aumento do pênis pequeno ou ausente, aumento
inicial do volume testicular.
Estágio 3 Púbis coberta. Crescimento peniano em comprimento, maior cresci-
mento dos testículos e do escroto.
Estágio 4 Tipo adulto: sem extensão para coxas. Crescimento peniano, principalmente, no diâmetro.
Estágio 5 Tipo adulto: com extensão para as coxas. Desenvolvimento completo da genitália.
Fonte: VITOLO, 2014 p. 267
Tabela 9
Gênero Feminino Pelos Pubianos Mamas
Estágio 1 Ausentes. Sem modificação da fase infantil.
Estágio 2 Pequenas quantidades: longos, finos e lisos, Brotos mamários: elevação da aréola e papilas,
distribuídos ao longo dos grandes lábios. formando uma pequena saliência.
Estágio 3 Aumento em quantidade e espessura, mais Maior aumento da mama e da aréola, mas sem
escuros e encaracolados. separação dos contornos.
Estágio 4 Pelos do tipo adulto: cobrindo mais densa- Maior crescimento da mama e da aréola, sendo que
mente a região púbica, sem atingir as coxas. há separação dos contornos.
Estágio 5 Pilosidade pubiana igual à do adulto, invadin- Mamas com aspecto adulto. O contorno areolar é
do a parte interna das coxas. incorporado novamente ao contorno da mama.
Fonte: VITOLO, 2014 p. 268
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17
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
O emprego das dobras cutâneas em conjunto com o IMC visa a distinguir o elevado excesso
de gordura ou massa muscular desenvolvida. Existem muitos adolescentes que praticam
esportes e, em alguns casos, já são adeptos ao alto rendimento. Se formos considerar
apenas o IMC para esses adolescentes, provavelmente, iremos ter um diagnóstico errado
apontando para sobrepeso ou obesidade.
A seguir, veja uma Tabela de IMC, que leva em consideração o percentil para o
diagnóstico do Estado Nutricional.
Tabela 10
<5 Baixo peso
5 a 85 Eutrofia
>85 Excesso de peso
Quando o percentil do IMC for >85 e as dobras tricipital e subescapular também,
devemos classificar como obesidade.
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Podemos considerar pré-púberes no estágio 1 e 2 de Tanner; púberes no estágio 3
de Tanner e pós-púberes nos estágios 4 e 5 de Tanner.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Crianças e Adolescentes
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
World Health Organization
No site você pode encontrar todas as Tabelas necessárias para a avaliação
antropométrica dos pacientes.
https://bit.ly/2xCtNtu
Sociedade Brasileira de Pediatria
Nesse site é possível encontrar todo o material necessário (Tabelas) para a aplicação
dos métodos descritos na Unidade.
https://bit.ly/2RMsCyn
Cuidados de Enfermagem na Assistência a Crianças em Estado Grave/Crítico
Para se aprofundar no cuidado pediátrico.
https://bit.ly/3cpwRI1
Orientações para a Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços de Saúde
https://bit.ly/2XJIPsb
Avaliação Nutrológica no Consultório
https://bit.ly/2KeEWDq
Escala de Tanner
https://bit.ly/2wNjxy5
Vídeos
Eu Nutricionista
Canal do YouTube para conhecer mais sobre metabolismo energético e bioquímica.
https://bit.ly/3bjiC7E
20
Referências
FISBERG, R. M.; MARCHIONI, D. M. L.; COLUCCI, A. C. A. Avaliação do consumo
alimentar e da ingestão de nutrientes na prática clínica. [S. l.]: Arquivo Brasileiro de
Endocrinologia e Metabolismo. São Paulo, 2009.
21
21
Avaliação
Inserir Título
Nutricional
Aqui
Inserir
na Prática
Título
Clínica
Aqui
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Avaliação Antropométrica de
Idosos e Pacientes Acamados
Objetivo
• Discutir os métodos de avaliação nutricional e antropométrica de pacientes acamados e ido-
sos, bem como fórmulas a serem utilizadas nessas populações quando não houver a possi-
bilidade de locomoção desses pacientes ou quando os seus movimentos forem limitados.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para
o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no
material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades
solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos
ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico
espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Contextualização
Nós sabemos que os idosos correspondem à parcela da população que mais cresce
ao redor do mundo, inclusive em países como o Brasil. O envelhecimento da população
brasileira impactará em diferentes setores, não apenas na economia do país, mas tam-
bém na área da saúde.
6
Introdução
Já é bem estabelecida a importância da avaliação nutricional para o correto diagnós-
tico nutricional, para então embasar o profissional a adotar as estratégias nutricionais
mais eficientes e fidedignas para promover a melhora do estado geral do paciente ou até
mesmo para atuar de maneira profilática nas mais variadas populações.
Mas tome cuidado, lembre-se de comparar os dados coletados do seu paciente com
os grupos populacionais corretos.
Avaliação Nutricional de
Idosos e Pacientes Acamados
Senescência
O envelhecimento é marcado a partir do momento em que nascemos. Além disso,
sabemos que durante certo período ao longo de nossa vida seremos marcados pelo
anabolismo, ou seja, pelo crescimento e desenvolvimento dos tecidos, e durante outro
período haverá o catabolismo, o qual faz parte do processo de envelhecimento. Ainda
se tratando do processo de envelhecimento, as características observadas em cada indi-
víduo podem variar, sendo praticamente impossível, ou no mínimo muito difícil, distin-
guirmos quais características foram determinadas por fatores genéticos ou ambientais
(VITOLO et al., 2014).
Conheça o indonésio Saparman Sodimejo, que faleceu aos 146 anos de idade.
Disponível em: https://youtu.be/qhz_r6-WScU
7
7
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
funcionais em que a proteína corpórea no idoso sadio é 35% inferior à do adulto jovem,
além de haver a diminuição da densidade óssea, o que torna a osteoporose uma compli-
cação frequente entre idosos.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Existem alguns fatores que costumam influenciar o estado nutricional de idosos, entre
eles: a idade, cognição, dentição, mobilidade, autonomia, aspectos familiares (se mora
sozinho ou com família), escolaridade, situação atual e pregressa de saúde e comorbida-
des. Devemos levar em consideração um estado de saúde que capacite aspectos como a
atividade física, capacidade de mastigar, deglutir e digerir alimentos.
Fatores econômicos
Ambiente
Comportamento emocional Infecção, doença,
alimentar febre ou estresse
Manutenção fisiológico
Padrão Estresse
Doença Ingestão alimentar corpórea e
cultural psicológico
bem-estar
8
Avaliação do Estado Nutricional de Idosos e Pacientes Acamados
A avaliação do estado nutricional de pacientes idosos não envolve técnicas que dife-
rem muito das demais populações, entretanto, é importante considerarmos as limitações
eminentes de cada indivíduo, como, por exemplo, casos de Alzheimer ou até mesmo
aspectos cognitivos e sociais relacionados (ÂCUNA et al., 2004; VITOLO et al., 2014).
Basicamente, podemos falar que a avaliação nutricional pode ser feita por intermédio
de técnicas como:
• Anamnese alimentar, incluída a ingestão;
• Parâmetros bioquímicos;
• Histórico clínico;
• Medidas antropométricas;
• Estado psicossocial.
Veja no esquema a seguir como cada uma dessas ferramentas pode ser utilizada para
que ocorra a correta intervenção alimentar.
Doença carencial
Figura 3
9
9
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Contudo, de maneira mais específica pode-se utilizar diferentes pontos de corte para
a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC):
Tabela 1
Referência Magreza Eutrófico Sobrepeso
OMS, 1995 <18,5 18,5 a 25 ≥ 27
Perissinotto e cols. 2002 <20 20 a 30 >30
Lipschitz, 1994 <22 22 a 27 >27
Suponhamos que você tenha um paciente idoso e que tenha calculado o IMC dele e avaliado
que ele está classificado como Baixo peso. Legal, mas e agora?
Nesse caso, o seu paciente deverá receber uma orientação dietética imediata, seguida, é cla-
ro, de acompanhamento médico e nutricional constantes. Um ponto muito importante a ser
considerado nesse caso é que a principal causa desse diagnóstico costuma ser a deficiência
crônica de energia (baixo consumo de alimentos), e que é comum ter como consequência a
morbidade, mortalidade, o declínio funcional e a dependência para atividades diárias.
Em outa situação, agora com um paciente classificado como “Adequado”. Nesse caso, a
conduta correta a ser adotada é a orientação nutricional para que esses pacientes se man-
tenham nessa classificação. O grande desafio concerne em acompanhar esses pacientes
para que eles não adquiram peso.
É evidente que para casos de sobrepeso e obesidade devemos orientar a evitar o ganho de
peso e a continuarem a avaliação de parâmetros de risco, como valores antropométricos,
bioquímicos e sinais e sintomas clínicos.
Bom, vamos ver como nós poderemos contornar esse tipo de situação.
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Basicamente, recomenda-se a utilização de uma balança de base larga. O exami-
nador deverá ficar próximo ao paciente, para que ele não se sinta desconfortável ou
vulnerável. Uma outra solução é a utilização da mesma balança (base larga) em conjun-
to com uma cadeira, pois, dessa forma, o paciente poderá se sentar para ser pesado.
Mas atenção: não se esqueça de descontar o peso da cadeira para saber quanto o
paciente está pesando.
Se por algum acaso não houver a possibilidade de levar o paciente até a balança,
vamos ter que resolver de outra forma, correto? Nesse caso, teremos que estimar a mas-
sa corporal total do paciente por meio da utilização de fórmulas. Para isso, precisamos
aferir a circunferência do braço (CB), circunferência da panturrilha (CP), a dobra cutânea
subescapular (DCS) e a altura do joelho (AJ) – veremos adiante como aferir essas me-
didas. Não se esqueça que a CB, CP e AJ devem ser aferidas em centímetros; já a CP,
em milímetros.
Ao mensurar as circunferências, tome muito cuidado para não comprimir os tecidos moles.
É extremamente comum que pacientes idosos e acamados apresentem certa flacidez, prin-
cipalmente nos braços.
Figura 4
Fonte: Getty Images
Os cálculos que deverão ser empregados para a estimativa de massa corporal são os
propostos por Chumlea et al. (1985; 1988). Veja a seguir:
• Gênero masculino:
Massa Corporal = (1,73 X CB) + (0,98 X CP) + (0,37 + DSE) + (1,16 X AJ) – 81,69
• Gênero feminino:
Massa Corporal = (0,98 X CB) + (1,27 X CP) + (0,4 X DSE) + (0,87 X AJ) – 62,35
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
PU − PA
% PFR ( Percentual de perda ponderal ) = ×100
PU
Tabela 2
Tempo Perda de Peso Significativa (%) Perda Grave de Peso (%)
1 semana 1a2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 >7,5
6 meses 10 >10
Estimativa de estatura
Sabemos que o ser humano apresenta uma redução de cerca de 1 a 2,5 cm por déca-
da a partir dos 40 anos. Já a OMS, em 1995, relatou uma variação de perda de estatura
de 1,9 até 6,7 cm em homens; e de 2 a 6 cm em mulheres. Esse encurtamento ocorre
em função da redução dos discos intervertebrais, achatamento das vértebras, acentuação
da cifose dorsal, lordose e escoliose. Adicionalmente, pode ocorrer o arqueamento dos
membros inferiores, além do achatamento do arco plantar.
Para aferir a estatura, podemos utilizar as mesmas técnicas que utilizamos em outras
populações, ou seja, empregando o uso do estadiômetro ou até mesmo uma fita métrica
bem presa à parede.
Para aferirmos a estatura, devemos fazer com que o nosso paciente fique de costas para
o estadiômetro, com a face posterior dos joelhos tocando a parede, descalço, com os pés
juntos, em posição ereta, o máximo que conseguir e com a cabeça olhando o horizonte.
Mas existem casos em que o nosso paciente não conseguirá seguir as orientações
preconizadas. Para isso, podemos estimar a sua estatura utilizando a idade (I) em anos
e a altura do joelho (AJ) em centímetros.
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• Gênero feminino:
Figura 5
Fonte: Getty Images
Provavelmente você deve estar pensando: Mas como fazer para aferir a altura
do joelho?
Bom, com o paciente deitado em posição supinada (com a barriga para cima), de-
vemos flexionar a perna direita dele em um ângulo de 90° – o comprimento deve ser
medido entre a planta do pé e a superfície anterior da perna, na altura do joelho, você
pode utilizar uma fita métrica ou até mesmo um antropômetro pediátrico.
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Veja na Figura 6 como fazemos para estimar a altura utilizando a envergadura men-
surada a partir de apenas um dos membros superiores do paciente.
Figura 6
Circunferências
Como nós já sabemos, as circunferências podem estar facilmente relacionadas com
a distribuição de gordura corporal, sendo que as mais utilizadas são: circunferência do
braço, panturrilha, cintura, quadril e pescoço (FISBERG et al., 2009).
Circunferência do braço
Embora existam orientações para que o braço a ser utilizado para aferir essa medida
seja o braço direito, há quem diga que na verdade deva ser o lado não dominante, o que faz
sentido se pensarmos que provavelmente o lado não dominante será o menos desenvolvido.
Independente de qual orientação você vá seguir, o fato é que o membro a ser avaliado
deverá ser o mesmo nas avaliações subsequentes. Ainda se tratando da circunferência
do braço (CB), essa medida é capaz de refletir os depósitos de massa gorda e massa mus-
cular do braço, sendo que os valores de referência não diferem dos utilizados em adultos.
Tabela 3
Desnutrição Desnutrição Desnutrição
Eutrofia Sobrepeso Obesidade
Grave Moderada Leve
Circunferência
<70% 70-80% 80-90% 90-110% 110-120% >120%
do Braço (CB)
CMB = CB − (π × DCT )
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Tabela 4
Desnutrição Desnutrição
Desnutrição Leve Eutrofia
Grave Moderada
Circunferência Muscular
<70% 70-80% 80-90% 90%
do Braço (CMB)
Circunferência da panturrilha
Essa medida deve ser aferida na região de maior circunferência da panturrilha,
sendo um importante e sensível marcador de desnutrição e uma medida sensível da
massa muscular.
Ao passar a fita ao redor do paciente, tenha certeza de que a fita não está torta.
A CC pode ser usada para medir o risco de doença aterosclerótica, com valores supe-
riores a 88 cm para mulheres e 102 para homens. Devemos considerar que em idosos a
CC pode sofrer alterações em função de osteoporose ou alterações na coluna vertebral
(decorrentes da senescência).
Figura 7
Fonte: Adaptado de Getty Images
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Após localizar a região a ser tomada como referencial para a aferição, marque-a com
uma caneta (Figura 8).
Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista
Como demonstrado na Figura 9, a fita deve ser passada ao redor do tronco do pa-
ciente e no plano horizontal. Tome cuidado para que a fita não enrole nem fique torta.
Figura 9
Fonte: Getty Images
Circunferência do pescoço
A circunferência do pescoço (CP) apresenta uma boa correlação com o acúmulo de
gordura corporal e consequente aumento de risco cardiovascular, além de ser um parâ-
metro não invasivo de fornecer dados de fácil obtenção.
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Dobras cutâneas
A aferição de dobras cutâneas apresenta baixo custo e costuma ser fidedigna quando
há a utilização de um aparelho bem calibrado e um avaliador experiente; são medidas
utilizadas com frequência em idosos. As dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular
(DCSE) correlacionam-se significativamente com a quantidade de gordura subcutânea
do corpo (VANNUCCHI et al., 1996).
No caso da DCT, deve-se aferir o ponto médio entre o acrômio e o olécrano na face posterior
do braço: https://bit.ly/2WJO2zI
Subescapular (SB): https://bit.ly/2WE8ylc
Tabela 5
Idade P10 P50 P90
Homens
60 a 69 anos 7,7 12,7 23,1
70 a 79 anos 7,3 12,4 20,6
>80 anos 6,6 11,2 18
Mulheres
60 a 69 anos 14,5 24,1 34,9
70 a 79 anos 12,5 21,8 32,1
>80 anos 9,3 18,1 28,9
Fonte: NHANES III (National Health and Nutrition Examination Survey, 1988-1991)
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UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Eu Nutricionista
https://bit.ly/2xoP8WZ
Morreu aos 146 anos o Homem Mais Velho do Mundo
https://youtu.be/qhz_r6-WScU
Leitura
Antropometria
https://bit.ly/2JeYk2L
Saúde da Pessoa Idosa: Prevenção e Promoção à Saúde Integral
https://bit.ly/2UgdKdj
18
Referências
ACUÑA, K.; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação
nutricional da população brasileira. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Meta-
bologia, São Paulo, v. 48, n. 3, p. 345-361, jun. 2004. Disponível em: <http://dx.doi.
org/10.1590/s0004-27302004000300004>. Acesso em: 23 mar. 2020.
LIPSCHITZ, D. A. Screaning for nutricional in the elderly. Prim Care, v. 21, n.1,
p. 55-67, 1994.
19
19
Avaliação
Inserir Título
Nutricional
Aqui
Inserir
na Prática
Título
Clínica
Aqui
Interpretação de Exames Bioquímicos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Interpretação de Exames Bioquímicos
Objetivo
• Demonstrar a importância do requerimento de Exames Bioquímicos por parte dos Nutri-
cionistas, e como os dados obtidos podem auxiliar esse profissional a desempenhar o seu
trabalho na prática clínica.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para
o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no
material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades
solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos
ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico
espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Contextualização
Imagine que você faz parte de uma Equipe Multiprofissional de um Hospital e, ao
verificar o prontuário de um dos seus pacientes, percebe que há diversos relatórios
e Exames Bioquímicos.
Como fazer para interpretar esses dados e, então, adotar a melhor conduta nu-
tricional possível?
É exatamente sobre isso que iremos discutir ao longo de nossa Unidade, isto é,
vamos ver como interpretar os valores mais relevantes para o exercício da profissão
no âmbito da Nutrição Clínica.
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Introdução
A Lei Federal nº 8.234/1991, em seu Art. 4º, Inciso VIII regulamenta a profissão
de Nutricionista, e no Art. 3º dispõe sobre as atividades privativas dos Nutricionistas,
que são:
I – direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação em nutrição;
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7
UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Podemos ver que, na Lei citada, no Artigo 4º, mais precisamente, no Inciso VIII,
os Nutricionistas podem fazer a solicitação de Exames Laboratoriais necessários ao
acompanhamento dietoterápico, isto é, Nutricionistas podem fazer o requerimento
de Exames Bioquímicos.
Em outras palavras:
• Nutricionistas podem fazer o requerimento de Exames Bioquímicos?
• Sim!
• O convênio é obrigado a autorizar?
• Não!
Assim, se, por um lado, os Nutricionistas dispõem de aparato legal para a soli-
citação desse tipo de exame, por outro, os Convênios não são obrigados a aceitar.
É óbvio que esse evidente conflito de interesses engessa o trabalho dos Nutricionistas.
É importante frisar que o pedido de exames laboratoriais por parte dos Nutricio-
nistas não visa ao fechamento de diagnóstico nosológico (doenças), e serve ape-
nas para que sejam adotadas as melhores condutas dietoterápicas para o paciente.
Diante desse empasse, o Conselho Federal de Nutrição (CFN) já moveu uma ação
pública, apelando para que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reveja
os conceitos estabelecidos, o que parece ter sido julgado legítimo pela Justiça Federal.
Entretanto, foi dado prosseguimento ao julgamento de apelação interposto pela ANS
contra o CFN. Desde então, aguardamos atualizações.
É claro que toda essa situação depende de onde o profissional estiver atuando e,
provavelmente, esse imbróglio ocorrerá, principalmente, durante a atuação em um
Consultório particular.
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Por outro lado, na atuação em Hospitais, é pouco provável que isso ocorra, vez que
o pedido de exames é facilitado pelo trabalho de uma Equipe Multiprofissional com a
participação de Médicos, e os exames feitos ficam anexados no prontuário do paciente.
Eu acredito que possamos fazer uma autocrítica para a categoria. Quantos Nutricionistas
conseguem interpretar de maneira efetiva esse tipo de exame?
Eu ousaria dizer que poucos...
Bem, é por isso que estamos aqui e vamos discutir os resultados desses exames, bem como
as suas possíveis variáveis.
9
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Tipos de Amostras
A seguir, iremos ver os tipos de amostras comumente examinadas e analisadas:
• Sangue total: coletado com anticoagulante, todos os componentes sanguíne-
os devem ser preservados no momento da coleta para posterior análise. Logo,
deve conter Glóbulos Vermelhos (GV), Glóbulos Brancos (GB) e Plaquetas
suspensas no plasma;
• Soro: o sangue obtido é centrifugado e acaba coagulando, excluindo-se o
coágulo e as células sanguíneas, o líquido obtido é analisado;
• Plasma: líquido com cor levemente amarelada, praticamente transparente, compos-
to por água, proteínas sanguíneas, eletrólitos inorgânicos e fatores de crescimento;
• Células sanguíneas: são separadas a partir do sangue total e não coagulado
para a medição do conteúdo celular;
• Eritrócitos: GV;
• Leucócitos: GB e frações de leucócitos;
• Manchas de sangue: sangue total seco coletado a partir da perfuração do dedo
ou do calcanhar, colocado sobre papel. É utilizado para alguns testes hormonais
e rastreamento de fenilcetonúria infantil;
• Urina: as amostras podem ser coletadas de maneira aleatória ou horários
específicos e servem para a avaliação de metabólitos excretados;
• Fezes: pode ser utilizado para a análise nutricional de nutrientes não absorvidos
pelo intestino, para avaliar a flora intestinal ou até mesmo para determinar a
presença de parasitas;
• Teste respiratório: pode ser utilizado para a avaliação do metabolismo de nutrientes,
ou má absorção, principalmente, de açúcares;
• Cabelos e unhas: fácil de ser coletado e pode ser utilizado para determinar
a exposição a metais tóxicos, mas não é um bom indicador de níveis reais de
nutrientes no corpo;
• Saliva: utilizado para avaliar estresse adrenal e níveis hormonais;
• Suor: teste de eletrólitos para detectar níveis de cloro no suor e possibilidade de
fibrose cística.
10
Figura 2
Fonte: Getty Images
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
A Alanina Aminotransferase (ALT) é uma das enzimas que participa dos processos de tran-
saminação hepática, ou seja, que transfere o grupo amino do aminoácido Alanina para que
a cadeia carbônica desse aminoácido seja utilizada para outros fins, que não a síntese de
proteínas. Entretanto, a ALT pode ser chamada de TGP ou Transaminase Glutâmica Pirúvica,
o que é julgado por muitos bioquímicos como um termo ultrapassado.
Já no caso da Aspartato Aminotransferase (AST), também participar dos processos de tran-
saminação no fígado, mas agora ele transfere o grupo amino do aminoácido aspartato, e a
cadeia carbônica será utilizada para outros fins. Contudo, essa enzima pode ser chamada de
Transaminase Glutâmica Oxalacética ou TGO, o que, para muitos bioquímicos, também é um
termo ultrapassado, mas que é comumente utilizado pelos profissionais da Área da Saúde.
Veja as Tabelas a seguir, mas não se esqueça que os intervalos de referência po-
dem variar de acordo com faixa etária e gênero da pessoa.
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Alíquotas Intervalo de referência Significado
• Neutrofilia: cetoacidose, trauma, estresse, infecções formadoras
de pus, leucemia;
• Neutropenia: DPC, anemia aplástica, quimioterapia, infecção grave;
55%-70% neutrófilos; • Linfocitose: infecção, leucemia, mieloma, mononucleose;
20%-40% linfócitos; • Linfocitopenia: leucemia, quimioterapia, sepse, AIDS;
Diferencial 2%-8% monócitos; • Eosinofilia: infestação parasítica, alergia, eczema, leucemia,
1%-4% eosinófilos;
doença autoimune;
0,5%-1% basófilos. • Eosinopenia: aumento na produção de esteroides;
• Basofilia: leucemia;
• Basopenia: alergia.
Fonte: KRAUSE, 2018; SAMPAIO, 2012
Tabela 4
Alíquota Intervalo de referência Significado
Eletrólitos Séricos
É de interesse monitorar os níveis de Na+ em pacientes sob
diferentes condições, pois a diminuição do sódio pode levar a
condição de Hiponatremia, é dessa forma haver dificuldade na
Na+ 135-145 mEq/L
manutenção da euhidratação do paciente.
Por outro lado, níveis elevados de sódio podem se relacionar ao
aumento da pressão arterial.
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
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Alíquota Intervalo de referência Significado
Eletrólitos Séricos
• Hipercalcemia pode estar associadas a distúrbios
endócrinos, tumores malignos, e Hipervitaminose D;
• Hipocalcemia pode estar associada à deficiência de
Cálcio Total 8,5-10,5mg/dL
vitamina D e ativação renal ou hepática inadequada
de vitamina D, hipoparatireoidismo, deficiência de
magnésio, insuficiência renal e síndrome nefrótica.
• Hiperfosfatemia associada a hipoparatireoidismo e
3-4, 5mg/dL
Fósforo (fosfato) diminuição da ingestão;
0,75-1,35mmol/L • Pode ser também hiperparatireoidismo ou insuficiência renal.
<200mg/dL Reduzido em pacientes com má nutrição proteico-calórica, doenças
Colesterol total
5,15mmol/L hepáticas e hipertireoidismo.
Elevado em pacientes com intolerância à glicose ou naqueles
Triglicerídeos <100mg/dL
que não estejam em jejum.
Valores aumentados podem ser indicativos de desidratação ou
insuficiência renal.
Proteína
No caso de valores a seguir da referência, podem estar asso-
Transportadora 3 a 5mEq/dl
ciados a estresse metabólico (trauma, sepse, queimaduras,
de Retinol infecções/ inflamações), doenças hepáticas, hiper-hidratação,
carência de vitamina A e zinco.
Fonte: KRAUSE, 2018; SAMPAIO, 2012
Figura 3
Fonte: Adaptado de prohemo.org
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Pré-albumina
A pré-albumina transporta hormônios tireodianos (tiroxina) e forma um complexo
com a proteína ligante do retinol. Possui rápido turnover, com tempo de meia vida
de 2 até 3 dias. Por possuir meia vida tão curta, podemos dizer que essa proteína é
considerada um melhor indicador das mudanças nutricionais do que a transferrina e
a albumina (SAMPAIO et al., 2012).
Albumina
A albumina possui várias funções no corpo. Sabemos, ainda, que essa proteína
que é sintetizada pelo fígado é a mais abundante no plasma e nos líquidos extra-
celulares. Possui meia-vida longa (18 até 20 dias) e consegue se ligar a diferentes
substâncias (cálcio, zinco, magnésio, cobre, ácidos graxos de cadeia longa, esteroi-
des, drogas etc.), além de ser responsável pela distribuição de água nos comparti-
mentos corporais.
Transferrina
Esse tipo de proteína é uma globulina transportadora de ferro. Possui uma meia-
-vida de 8 até 10 dias e sua função é transportar o ferro sérico no plasma. Sabemos
que a transferrina não responde de forma rápida nas situações de desnutrição.
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Fibronectina (Alfa-2 Glicoproteína)
A fibronectina desempenha um papel fundamental nos mecanismos defesa do
corpo humano, possui uma vida média de 24 horas. Nos casos de desnutrição e
até mesmo durante condutas nutricionais com conteúdo calórico muito baixo e/ou
carentes em aminoácidos e lipídeos, podemos encontrar seus valores reduzidos.
Proteína C Reativa
A Proteína C reativa possui meia vida de algumas horas e é considerada um mar-
cador inflamatório de fase aguda em situações de estresse metabólico.
Balanço Nitrogenado
O Balanço Nitrogenado (BN) permite avaliar o grau de equilíbrio nitrogenado e,
dessa forma, podemos avaliar o grau de equilíbrio nitrogenado. Logo, é um impor-
tante parâmetro para verificar a eficácia da Terapia Nutricional.
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Tabela 6
Classificação Valores BN
Normal 0 ou +
Depleção leve –5 até –10
Depleção moderada –10 a –15
Depleção grave Menor que – 15 (ex. sepse)
Fonte: BOTTONI, 2002
Tabela 7
BN Negativo Ingestão < Excreção Catabolismo
BN Positivo Ingestão > Excreção Anabolismo
BN Equilíbrio Ingestão = Excreção –
Fonte: MAICÁ; SCHWEIGERT, 2008
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É claro que também há a síntese endógena de colesterol e a capacidade de excre-
ção do organismo. Sabemos que valores baixos, incluindo as frações de HDL e LDL,
podem indicar desnutrição.
Tabela 8
Menos de 20 anos (mg/dl) Acima de 20 anos (mg/dl)
Elevado Acima de 200 Acima de 240
Limítrofe 170 a 199 200 a 239
Desejável Inferior a 170 Inferior a 200
Baixos (indicadores de desnutrição) – A seguir de 150
Fonte: KAMIMURA e outros, 2002
Veja as classificações:
Tabela 9
Depleção leve 1200 a 2000/mm3
Depleção moderada 800 a 1199/mm3
Depleção grave < 800/mm3
Fonte: BLACKBURN; THORNTON, 1979
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Tabela 10
Aceitável Deficiência
Ácido ascórbico (mg/dl) Maior ou igual 0,2 < 0,1
Vitamina A plasmática (μg /dl) >20 < 10
Caroteno plasmático (μ /dl) Maior ou igual 40 < 20
Vitamina E plasmática (mg/dl) Maior ou igual a 0,6 <0,2
Folacina plasmática (ng/dl) Maior ou igual a 6 <2
Vitamina B12 (mg/dl) Maior ou igual a 100 < 100
Fonte: Adaptado de NIEMAN, 2010
Tabela 11
Ferro (μg /dl) Zinco (μg /dl) Cobre (mg/dl) Selênio (ng/dl)
0 a 6 meses 40-100 70-150 20-70 95-165
6 anos 50-120 – 90-190 –
12 anos 50-120 – 80-160 –
Adulto 50-170 – 70-155 –
Fonte: Adaptado de NIEMAN, 2010
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Eu Nutricionista
https://bit.ly/3eWpGcx
Como Interpretar a Gasometria Arterial – Acidose e Alcalose
https://youtu.be/zjonhdz-KBA
Leitura
O nutricionista pode solicitar exames laboratoriais? Por que os planos de saúde estão recusando os pedidos?
https://bit.ly/2SdwNDR
Informativos Home
https://bit.ly/2YdpcbW
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UNIDADE
Interpretação de Exames Bioquímicos
Referências
BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional assessment of the hospitalized
patients, Medical Clinics of North America, Maryland Heights, USA, v. 63, p.
1103-1115, 1979.
NIEMAN, C. L. et al. Parenteral and enteral nutrition support: determining the best
way to feed. In: CORKINS M. R. (Ed). The A.S.P.E.N. Pediatric Nutrition Support
Core Curriculum. American Society of Parenteral and Enteral Nutrition, Fenton
Street, p. 460-476, 2010.
22