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Clínica
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Avaliação Nutricional
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Avaliação Nutricional
Objetivo
• Demonstrar para o aluno a importância da escolha do método a ser utilizado para a ava-
liação nutricional, pois as informações coletadas durante esse momento irão nortear o
profissional para a adoção da melhor estratégia nutricional a ser utilizada, bem como
a obtenção de um diagnóstico do atual estado nutricional de seu respectivo paciente.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Nutricional
Contextualização
Todos os profissionais da área da saúde lidam, em seu dia a dia, com diferentes tipos
de pessoas que, por sua vez, têm seus respectivos problemas, anseios e dúvidas.
Pois bem, nesta Unidade, iremos discutir as maneiras pelas quais conseguimos fazer
a coleta de informações fidedignas, para que, então, tenhamos ferramentas para nos
nortear em nosso planejamento alimentar.
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O Primeiro Contato com o Paciente
O primeiro contato com o paciente é extremamente importante, pois os ouvidos aten-
tos de um profissional bem treinado podem coletar informações relevantes do paciente.
Muitas vezes, os dados são obtidos por relatos em forma de queixas ou elogios aos
seus respectivos hábitos alimentares atuais.
Figura 1
Fonte: Getty Images
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Possível doença
Sinais associados Problema
Aparência normal ou deficiência
com a desnutrição não nutricional
de nutriente
Conjuntiva pálida
Membranas vermelhas Anemia (ferro)
Brilhantes, claros, Xerose Conjuntival (secura)
sem feridas
nos epicantos; Xerose córnea (secura) Olhos avermelhados
Vitamina A
Membranas úmidas Queratomalacia (córnea adelgaçada) por exposição ao
Olhos
e róseas; sem vasos tempo, falta de
proeminentes ou Vermelhidão e fissuras nos epicantos sono, fumo ou álcool
acúmulo de tecido Riboflavina,
Arco córneo (anel branco piridoxina
esclerótico ao redor do olho)
Xantelasma (pequenas bolsas
Hiperlipidemia
amareladas ao redor dos olhos)
Estomatite angular (lesões róseas ou
brancas nos cantos da boca) Salivação excessiva
Lisos, sem edemas
Lábios Escaras no ângulo Riboflavina por colocação errada
ou rachaduras
Queilose (avermelhamento ou edema de dentadura
dos lábios e boca)
Língua escarlate e inflamada Ácido nicotínico
Aparência vermelha Língua magenta (púrpura) Riboflavina
Língua profunda; não Língua edematosa Niacina Leucoplasia
edemaciada ou lisa
Ácido fólico
Papila filiforme atrofia e hipertrofia
Vitamina B12
Esmalte manchado Flúor Má oclusão
Sem cavidades; sem
Dentes Cáries (cavidades) Doença periodontal
dor; brilhantes Açúcar em excesso
Dentes faltando Hábitos higiênicos
Saudáveis;
vermelhas; não Esponjosas, sangrando
Gengivas Vitamina C Doença periodontal
sangrantes e sem Gengiva vazante
edema
Aumento da tireoide Iodo Aumento de tireoide
Face não
Glândulas Aumento da paratireoide por alergia ou
edemaciada Inanição
(mandíbulas parecem edemaciadas) inflamação
Xerose (secura)
Hiperqueratose folicular Vitamina A
(pele em papel de areia)
Petéquias (pequenas
Vitamina C
hemorragias na pele)
Dermatose pelagra (pigmentação
Sem erupções, edematosa avermelhada nas áreas Ácido nicotínico Exposição ambiental
Pele de exposição ao sol)
edema ou manchas Traumas físicos
Equimoses em excesso Vitamina K
Dermatose cosmética descamativa Kwashiokor
Dermatoses vulvar e escrotal Riboflavina
Xantomas (depósitos de gordura sob
Hiperlipidemia
a pele e ao redor das articulações
Coiloníquia (forma de colher)
Unhas Firmes róseas Ferro
Quebradiças; rugosas
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Possível doença
Sinais associados Problema
Aparência normal ou deficiência
com a desnutrição não nutricional
de nutriente
Edema Kwashiokor
Tecido Quantidade normal
Gordura a seguir do normal Inanição; marasmo
subcutâneo de gordura
Gordura acima do normal Obesidade
Desgaste muscular Inanição; marasmo
Cranioabes (ossos do crânio finos
e frágeis no lactente)
Bossa frontoparietal Kwashiokor
(edema arredondado da frente
e do lado da cabeça)
Bom tônus
Alargamento epifisário (aumento
muscular; um
Sistema das extremidades dos ossos)
pouco de gordura
músculo Persistência da abertura da Vitamina D
sob a pele; pode
esquelético fontanela anterior
andar ou correr
Perna em X ou perna torta
sem dor
Hemorragias musculoesqueléticas Vitamina D
Frouxidão das panturrilhas Tiamina
Vitamina D;
Rosário raquítico
Vitamina C
Fraturas em idosos Osteoporose
Ritmo cardíaco
normal; sem sopros Aumento do coração
Sistema Tiamina
ou arritmias; Taquicardia
cardiovascular Sódio?
Pressão arterial Hipertensão arterial
normal para a idade
Sem órgão ou
massas palpáveis
Sistema
(em crianças, a Hepatoesplenomegalia Kwashiokor
gastrointestinal
borda hepática
pode ser palpável)
Alterações psicomotoras
Kwashiorkor
Confusão mental
Depressão
Perda sensitiva Ácido nicotínico;
Estabilidade
Fraqueza motora Tiamina Piridoxina;
Sistema Nervoso psicológica;
Perda do senso de posição Vitamina B12
reflexos normais
Perda da sensibilidade vibratória
Perda da contração de punho e
tornozelo Formigamento das mãos e Tiamina
pés (parestesia)
Fonte: Vannucchi; Del Lama de Unamuno; Marchini, 1996
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Dessa forma, deve-se ater a essas variáveis para que a análise do consumo ali-
mentar não se restrinja apenas à quantificação dos nutrientes consumidos. Logo, é
importante a consideração e a identificação dos determinantes demográficos, so-
ciais, culturais, ambientais, cognitivos e emocionais relacionados à alimentação co-
tidiana para que, então, a proposta de plano alimentar seja capaz de se adequar à
realidade do paciente, o que, sem dúvida alguma, irá resultar na melhor adesão ao
tratamento nutricional.
Pense em um paciente acamado. Será que a avaliação nutricional a ser utilizada nessa
pessoa será a mesma que deverá ser aplicada a um atleta de alto rendimento? Pouco pro-
vável, não é?
Ressalta-se que existem ainda diversos meios (fórmulas) para os cálculos energéticos.
Invariavelmente, é importante que a análise da adequação da dieta consumida considere
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as estimativas propostas pelas Dietary Reference Intakes (DRI), utilizando os procedi-
mentos recomendados pelo Institute of Medicine (IOM) e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Recordatório Alimentar
O R24h visa a obter informações referentes à quantidade de todos os alimentos e be-
bidas ingeridas no período anterior a entrevista, que podem ser as 24 horas precedentes
ou, mais comumente, o dia anterior.
Uma boa estratégia a ser utilizada para facilitar a recordação do paciente é se ater a
alguns parâmetros durante a entrevista, tais como o horário em que o indivíduo acordou
ou foi dormir, e até mesmo sua respectiva rotina de trabalho.
Ainda se tratando do R24h, trata-se de uma entrevista pessoal conduzida pelo nutri-
cionista durante a consulta.
Outro ponto importante é que pessoas com algum tipo de deficiência cognitiva ou até
mesmo com idade avançada podem ter algum tipo de dificuldade adicional para recordar
as informações.
Por outro lado, pessoas a partir de 12 ou 13 anos conseguem responder a essas entre-
vistas com extrema precisão, sem ajuda ou auxílio de adultos (FISBERG; MARCHIONI;
COLUCCI, 2009).
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Figura 2
Fonte: Getty Images
Sabe-se que, hoje em dia, o trabalho do nutricionista foi facilitado em função dos
avanços tecnológicos, pois existem diferentes softwares disponíveis no Mercado que são
capazes de fornecer ferramentas para a condução do R24h e, também, para calculá-lo.
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Esses Programas de Computador podem disponibilizar Tabelas de medidas caseiras
e álbuns fotográficos, além de diferentes formas de porcionamento e marcas comerciais
de alimentos tradicionais (FISBERG; MARCHIONI; COLUCCI, 2009).
Figura 3
Fonte: Getty Images
Entretanto, nem tudo são flores. Lembre-se de que nenhum dos métodos utilizados
pela avaliação nutricional está livre de críticas e, dessa forma, o R24h também possui
certas desvantagens.
Dessa forma, se você fizer o recordatório alimentar dessa pessoa durante um dos dias
da semana, exceto segunda-feira, vai parecer que a alimentação do seu paciente está
ótima, mas quando você aplica o mesmo R24h em uma segunda-feira, os relatos dos
alimentos ingeridos irá demonstrar que a alimentação desse mesmo indivíduo não pare-
ce estar tão adequada, pois ele irá se referir aos alimentos que consumiu no domingo e,
nesse dia, basicamente comeu hambúrgueres e batata frita.
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UNIDADE
Avaliação Nutricional
Tabela 2
Horário Alimento Quantidade
Pão de forma 2 fatias
Presunto 2 fatias
07h45 (Desjejum)
Margarina 1 colher de sobremesa rasa
Suco de laranja natural 1 copo (aprox. 250 ml)
10h (Lanche da manhã) Barra de cereais 2 unidades
Arroz 1 escumadeira
Creme de milho 1 colher de servir
12h30 (Almoço)
Filé de frango à milanesa 1 unidade média
Chocolate 1 barra pequena (aprox. 80g)
14h (Lanche da tarde) Goiaba 1 unidade
Arroz 1 escumadeira
Feijão 1 concha
19h (Jantar)
Bife de alcatra 1 unidade média
Laranja 1 unidade
Leite 1 copo (aprox. 250 ml)
22h (Ceia)
Achocolatado 2 colheres de sopa cheias
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)
E o que você achou do R24h do meu paciente? Você acha que conseguiria calcular
as calorias e quantidades de macro e micronutrientes?
Figura 4
Fonte: Getty Images
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Logo,
100 g 32 Kcal
50 g X
100 X 32 Kcal 50 g
100 X 1600 Kcal / g
1600
X
100
X 16 Kcal
Assim, 2 escumadeiras e meia são capazes de fornecer 112,5 gramas de beterraba cozida.
Mas como eu faço para saber a quantidade de calorias?
Bom, ao consultarmos essa outra referência, obtemos a informação de que em 45g de
beterraba cozida há cerca de 19,8 Kcal.
Logo,
45 g 19, 8 Kcal
112, 5 g X
45 X 112, 5 g 19, 8 Kcal
45 X 2227, 5 Kcal / g
2227, 5
X
45
X 49, 5 Kcal
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Avaliação Nutricional
Outro ponto importante a ressaltar é que essa mesma linha de raciocínio deve ser
utilizada para calcular as demais variáveis, como, por exemplo, as quantidades de car-
boidratos, e proteínas e de lipídios e, como já mencionado nesta Unidade, é possível
adquirir no Mercado diferentes softwares que fazem todos esses cálculos de maneira
simples e referenciada. Veja a TACO e a Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar
em Medidas Caseiras:
• Taco – Disponível em: http://bit.ly/2GteAeI.
• Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras.
Disponível em: http://bit.ly/2Gx64eM.
Geralmente, esse tipo de avaliação é aplicado ao longo de ao menos três dias, mas
pode compreender períodos maiores de até cinco ou sete dias.
Contudo, não se recomenda que esse tipo de avaliação permeie mais do que sete dias,
pois há possibilidade de comprometer a aderência e a fidedignidade dos dados relatados.
É interessante ressaltar que a aplicação do diário alimentar deve ocorrer em dias al-
ternados, e se recomenda que ao menos um desses dias seja referente a um dia do final
de semana.
Existem duas formas para a aplicação do diário alimentar. Na primeira e mais sim-
ples, o paciente deve relatar todos os alimentos, bem como o tamanho das porções
consumidas ao longo dos dias.
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Resumo das Vantagens e das Desvantagens
do R24h e Diário/Registro Alimentar
Legal, mas provavelmente você deve estar se perguntando: qual método utilizar para
avaliar o meu paciente?
Para você ter uma ideia da dieta de um atleta, assista ao vídeo da alimentação do Ronnie
Coleman, um dos maiores atletas de fisiculturismo que já existiu.
Acesse: https://youtu.be/153nl2Ygu2A.
Pois bem!
Aí vai um breve resumo das vantagens e das desvantagens dos dois métodos sugeri-
dos nesta unidade. Entretanto, devo lembrar você de que existem outros questionários
e entrevistas para fazer a avaliação nutricional do seu paciente, e que nenhum método
está livre de críticas e acertos.
Na verdade, esses dois questionários têm por objetivo avaliar o consumo de alimentos
ou os grupos alimentares e o padrão alimentar, respectivamente.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Ronnie Coleman – Como ganhar peso Legendado PT-BR
https://youtu.be/jb5LFbrotZk
Ronnie Coleman – Diet – Alimentação
https://youtu.be/153nl2Ygu2A
Leitura
TACO
http://bit.ly/2GteAeI
Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras
http://bit.ly/2Gx64eM
Protocolos clínicos e exames laboratoriais
http://bit.ly/2US5a6l
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Referências
FISBERG, Regina Mara; MARCHIONI, Dirce Maria Lobo; COLUCCI, Ana Carolina
Almada. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão de nutrientes na prática
clínica. [S. l.]: Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabolismo, 2009.
PINHEIRO, Ana Beatriz Vieira et al. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar
em Medidas Caseiras. [S. l.]: Atheneu, 2004.
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