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- Licitação; Lei 8.666/93; Lei 10.520/02.

1 – Conceito; Licitação nada mais é do que um processo administrativo em que


se escolhe a proposta mais vantajosa para o interesse público.

- É sempre escolhida a mais barata? Não, opta-se pela mais vantajosa – o que não
significa dizer que seja necessariamente a proposta mais barata.

Embora seja possível o procedimento pelo melhor preço, também pode ter como
critério a escolha de melhor técnica – neste caso, nem sempre valerá o preço.

2 – Finalidade;

a) a primeira ideia é de que a Licitação se presta para selecionar a melhor


proposta;

b) permite que qualquer um que preencha os requisitos possa ser contratado


pelo Poder Público – independentemente de indicação política ou outro fator; ou
seja, viabiliza o Princípio da Impessoalidade e da Isonomia;

c) envolve um grande fluxo de recursos, ao passo que se presta para o


desenvolvimento nacional;

3 – Quem Deve Licitar / Sujeitos; art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.666/93.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos


órgãos da administração direta, os fundos especiais, as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

a) Administração Direta – entes políticos (União; Estado; DF; Município);

b) Administração Indireta – Autarquias; Fundações Públicas; Empresas


Públicas; Sociedade de Economia Mista;
* Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista; estas podem ter 02 (duas)
finalidades – prestadoras de serviço público e exploradoras de atividade
econômica.

Prestando serviço público – regime será mais público do que privado – portanto,
sujeita-se ao art. 37, XXI, CF – e ao art. 1º, parágrafo único da Lei 8.666/93.

Explorando atividade econômica – o seu regime é mais privado do que público – e,


nos termos do art. 173, § 1º, III, CF, elas poderão ter estatuto próprio – previsto em
Lei específica (que até hoje não foi aprovado). Logo, por enquanto elas estão
sujeitas à norma geral (art. 1º, da Lei 8.666/93).

Ocorre que a própria Lei 8.666/93 apresenta situações de Dispensa e


Inexigibilidade de Licitação – ao passo que aqui, por vezes as „EP‟ e „SEM‟ não
licitam nestas próprias situações específicas da Lei de Licitações.

c) Fundos Especiais; em verdade não precisava vir em apartado – uma vez


que pode ter natureza de Fundação – já estariam na Administração Indireta;
também podem ter natureza de Órgão – incluídos na Administração Direta;

d) Entes Controlados – direta ou indiretamente pelo Poder Público;

Atenção 1; tendo dinheiro público – o Estado controla – este será o Ente Controlado
– necessitando de Licitar.

Ex; Entes de Cooperação – Serviço Social Autônomo; Organizações Sociais;


Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; etc.

Atenção 2; para o Serviço Social Autônomo (Sistema „S‟), o Tribunal de Contas da


União entendeu que o Sistema ‘S’ está sujeito a um procedimento simplificado
próprio de Licitações e Contratos.

Atenção 3; no caso da Organização Social, importante ressaltar que a Lei


8.666/93, traz uma dispensabilidade de Licitação no art. 24, XXIV; a Organização
Social nasce do Contrato de Gestão – e, tudo que for celebrado como decorrente
deste Contrato de Gestão, elas estarão dispensadas de Licitar.
4 – Competência para Legislar sobre Licitações e Contratos; esta previsão se
encontra no art. 22, XXVII, da CF:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as


modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;

Observe que a competência privativa da União é referente às normas gerais;


exercendo esta competência através das Leis 8.666/93; 10.520/03; 8.987/95;
11.079/04.

- Trata-se de Lei Nacional (todos os entes) ou de âmbito Federal (União)? Quando a


União legisla em norma geral, ela está fazendo em âmbito Nacional – sendo
aplicável para todos os entes.

- E as normas específicas? A União poderá legislar sobre normas específicas – só


servindo para ela (âmbito Federal); de igual forma, os demais entes poderão legislar
em normas específicas – todavia, só terá validade para o próprio ente.

- A Lei 8.666/93 é mesmo uma Norma Geral? Relativamente ao seu art. 17 a Lei foi
levada ao STF, haja vista ser extremamente detalhado, suscitando ser norma
específica; (ADI 927/DF).

O STF reconheceu que o art. 17 vai além de norma geral – STF promoveu uma
interpretação conforme, dizendo que, embora seja Constitucional, o legislador
neste artigo promoveu normas específicas (de âmbito Federal – só serve para a
União).

Em Leis mais novas (a exemplo da Lei 11.079/04), o legislador já promove a


separação – norma geral e específica.

5 – Princípios da Licitação;
Todos os princípios estatuídos no art. 37, da CF, bem como os demais atinentes à
Administração Pública, serão aplicáveis ao procedimento licitatório. Aqui serão
explanados os princípios específicos da Licitação. Muitos estão elencados no art.
3º, da Lei 8.666/93.

5.1 – Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório; art. 41, da Lei


8.666/93.

Fala-se na vinculação ao Edital; é dizer que o Edital é a Lei do certame – tudo o que
for importante, relevante, que interessa ao procedimento licitatório, deve estar
previsto no Edital.

O administrador não pode exigir nem mais, nem menos do que está previsto no
Edital. Logo, não estando presente qualquer informação, não se poderá exigir (nem
mais); e, estando no mesmo, não poderá ser eliminada alguma exigência no
decorrer do certame (nem menos).

5.2 – Princípio do Julgamento Objetivo;

O Edital deve definir de forma clara/precisa, qual será o critério de julgamento – o


Licitante quando entra no certamente, deve ser informado do que deve fazer para
ganhar o procedimento.

- Quais são os Tipos de Licitação? Art. 45, da Lei 8.666/93 – Preço; Técnica;
Técnica + Preço; Maior Lance ou Maior Oferta. Isso que é critério de julgamento –
Tipo de Licitação.

Cuidado; Concorrência, Tomada de Preço, Convite, Concurso, Leilão e Pregão–


são Modalidades – (art. 22, da Lei 8.666/93).

O Administrador não pode levar em consideração situações estranhas/alheias ao


Edital.

Ex; Licitação por Preço;


Licitante „A‟ oferece caneta por R$ 1,00; Licitante „B‟ oferece por R$ 1,01 – caneta
banhada a ouro, parcelada em 10 vezes; quem ganha é o Licitante „A‟, uma vez que
o tipo de licitação é pelo menor preço.

5.3 – Princípio do Procedimento Formal;

O procedimento licitatório tem várias formalidades previstas em Lei – Licitação é um


procedimento vinculado – o Administrador deve atender a todas as formalidades
previstas em Lei e no Edital – não há liberdade sobre isto.

Todavia, não se deve considerar formalidade por mera formalidade – não se deve
levar em consideração aquela formalidade que não causa prejuízos.

Ex; envelope em cor distinta da que foi prevista no Edital.

Formalidade Necessária – que não observada causará prejuízo às partes – estas


não poderão ser descumpridas; enquanto as meramente formais – que não causam
prejuízo às partes, o parâmetro é o bom senso.

5.4 – Princípio do Sigilo das Proposta;

As propostas são sigilosas – devendo ser entregues em envelope lacrado, somente


podendo ser abertas em seção pública designada para esta finalidade. Todos irão
conhecer ao mesmo momento.

A violação ao Princípio do Sigilo das Propostas configura Crime em Licitação (art.


93, 94, Lei 8.666/93), bem como Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92).

- Em qual modalidade de Licitação não há sigilo de Proposta? É o Leilão – haja


vista que as propostas são verbais. Em todas as outras modalidades de Licitação,
haverá sigilo de Proposta.

Cuidado; Pregão – primeiro se tem a Proposta escrita, e após a verbal – logo, na


primeira etapa há sigilo de Proposta.

6 – Contratação Direta;
A regra no Brasil é de Licitar; excepcionalmente a Licitação não irá ocorrer –
hipóteses de contratação direta. Na maioria dos casos o problema está na
contratação direta – extrema margem de fraude.

* Inf. 755, STF;

É inconstitucional regra prevista na Constituição Estadual que


determine que o Tribunal de Contas não pode sustar licitação,
dispensa ou inexigibilidade que estejam sendo analisadas naquela
Corte.

É também inconstitucional regra da CE que preveja recurso contra


as decisões do Tribunal de Contas para o Plenário da
Assembleia Legislativa.

Essas duas regras violam o modelo previsto pela CF/88 a respeito dos
Tribunais de Contas (art. 71) e que deve ser obedecido pelas Cartas
Estaduais (art. 75).

Poderá ocorrer nos casos de Dispensa de Licitação e Inexigibilidade de Licitação;

6.1 – Dispensa; hipótese em que a competição é viável, possível, todavia, o


legislador entendeu que não necessita. Evidente que o rol disciplinado pelo
legislador é taxativo.

a) Licitação Dispensada; a competição é possível / viável, no entanto, o


legislador liberou; não poderá ocorrer nem mesmo por vontade do Administrador.

Hipóteses do art. 17, da Lei 8.666/93 (Alienação de Bens Públicos da União).

b) Licitação Dispensável; a Lei dispensou a exigência, mas se o


Administrador quiser, poderá Licitar – tem juízo de valor – o Administrador tem
liberdade.

Hipóteses do art. 24, da Lei 8.666/93. (Valor baixo; situação emergencial).

6.2 – Inexigibilidade; quando houver inviabilidade de competição.


Hipóteses do art. 25, da Lei 8.666/93. Trata-se de rol exemplificativo.

Considerando que se trata de competição inviável, a Licitação será inexigível.

Viabilidade da Competição; Requisitos cumulativos:

i) Pressuposto Lógico; pluralidade de fornecedor, produtor, fabricante e


objeto.

Ex; fornecedor ou ofertante singular – não há possibilidade de competir.

Objeto Singular; falta pluralidade (pressuposto lógico – competição inviável –


Licitação inexigível).

* no caráter absoluto; Ex – fábrica só fez um.

* por participar de evento externo/especial; Ex – chuteira do jogador „x‟.

* por caráter pessoal; Ex – escultura; pintura.

O serviço singular que justifica a inexigibilidade é diferente da pessoalidade de um


serviço; o que necessita para que um serviço singular enseje uma contratação
direta (Inexigibilidade de Licitação) é a previsão no art. 13, da Lei 8.666/93.

Não basta estar na lista do art. 13; o profissional deve ter notória especialização – o
mercado reconhece que ele é bom em referido assunto. E mais, a administração
deve necessitar deste profissional „com notória especialização‟.

Quando o mercado não tem consenso e mais de um tem especialidade – acaba o


administrador escolhendo.

Não se pode contratar para resolver o “dia a dia” – se deve contratar por
Inexigibilidade, e, somente quando for um profissional diferenciado (com
especialização) que seria inexigível a licitação.

Trabalho artístico; reconhecido pela especialização não tem igual – neste caso,
haverá contratação direta (Inexigibilidade de Licitação).

ii) Pressuposto Jurídico; a Licitação deve perseguir o interesse público.


Se a Licitação prejudica o interesse público, estará prejudicando o que deveria
proteger; ou seja, falta viabilidade de competição; logo, a Licitação é inexigível.

Ex; se a licitação prejudicar a atividade fim de uma Empresa Pública – estará


prejudicando o interesse público – será Inexigível a Licitação.

iii) Pressuposto Fático; para Licitar, é preciso que o mercado tenha interesse
no objeto.

Ex; ofertando remédio vencido – não adianta a Administração licitar para isso.

Ex; contratar médico especializado por 500 reais.

A contratação direta é uma exceção – deve ser comprovada; sendo importante o


Procedimento de Justificação – art. 26, da Lei 8.666/93.

* Inf. 756, STF;

O STF julgou denúncia contra ex-prefeito pela prática do delito


previsto no art. 89 da Lei 8.666/93. Para ser válida, a contratação
direta de escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação
precisa atender aos seguintes requisitos:

a) é necessário que se instaure um procedimento administrativo


formal;

b) deverá ser demonstrada a notória especialização do profissional a


ser contratado;

c) deverá ser demonstrada a natureza singular do serviço;

d) deverá ser demonstrado que é inadequado que o serviço a ser


contratado seja prestado pelos integrantes do Poder Público (no caso,
pela PGM); e

e) o preço cobrado pelo profissional contratado deve ser compatível


com o praticado pelo mercado.

Sendo cumpridos esses requisitos, não há que se falar em crime do


art. 89 da Lei 8.666/93.

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