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Direito das Pessoas

e das
Situações Jurídicas
Princípios básicos de Direito Civil

• Princípio do Personalismo
• dignidade do ser humano
• carácter pré-jurídico da personalidade humana
• reconhecimento dos direitos de personalidade
• Princípio da autonomia
Liberdade de autovinculação (405º)

celebração

es#pulação

direito subjec#vo
• Princípio da responsabilidade
responsabilidade
civil

objec#va subjec#va

pré-contratual

pelo risco
contratual

por factos lícitos extracontratual


• Princípio da protecção da aparência
“o que parece é”

1º) boa fé

em sentido ≠ em sentido
subjectivo objectivo

2º) inves#mento na aparência


• Princípio da paridade

igualdade formal

autonomia da vontade
• Princípio da equivalência

Nos contratos onerosos, deve exis#r


equilíbrio de prestações

mas só o manifesto desequilíbrio é


sindicável (282º)
Pessoas Singulares
• Personalidade jurídica
qualidade para ser #tular de direitos e deveres

Início:
“nascimento completo e com vida”?

- direitos sem sujeito?


- personalidade retroac#va?
- condição suspensiva?
- personalidade do nascituro?

Termo:
a) morte cerebral
b) morte presumida (68º/nº3)
c) morte presumida (114º)
• Capacidade jurídica (26º/nº1 e nº4, Cons#tuição)

• De gozo: quan dade de direitos e deveres de que se pode ser #tular (em abstracto)
• nas pessoas singulares é genérica (67º)

• De exercício: quan dade de direitos e deveres que se podem exercer pessoal e


livremente (em abstracto)
• nas pessoas singulares é igualmente genérica
• Legi midade:
• ap#dão jurídica para actuar no caso concreto por causa da ligação
existente entre o #tular exercente e o interesse que se exerce (v.g.
892º)

• Titularidade:
• designação que se dá à ligação que existe entre o direito
subjec#vo e a pessoa a quem este pertence

• Capacidade natural:
• ap#dão congénita para actuar no caso concreto
• só é relevante nos casos “previstos na lei ” (v.g. 125º/nº1/b))
• normalmente para alargar o âmbito da capacidade de exercício
• Esfera jurídica:
• quan dade de direitos e deveres de que se é efec vamente #tular
num certo momento, abrangendo

• Hemisfério pessoal: composto pelos direitos e deveres insuscep=veis


de avaliação pecuniária
• Hemisfério patrimonial: composto pelos direitos e deveres
suscep=veis de avaliação pecuniária

Os direitos formam o património líquido, o qual


cons#tui a “garan#a geral dos credores” (601º)
Menoridade
• O menor (quem #ver menos de 18 anos ou não #ver sido emancipado
pelo casamento) carece de capacidade genérica de exercício (123º)

• É representado (124º) pelo:


• Poder paternal
• Tutela
• Administração de bens
• Pelo que a prá#ca de actos pelo próprio menor, fora das hipóteses
do 127º, torna-os anuláveis (125º):
• Pelos representantes, até à maioridade ou emancipação
• Pelo próprio ex-menor, após a maioridade ou emancipação
• Pelos seus herdeiros, se o menor falecer dentro do prazo que
dispunha para anular

• Tais actos podem, porém, ser confirmados (125º/nº2 e 288º) pelos


respec#vos representantes
• O regime da menoridade mantém-se mesmo depois da:
• Maioridade, na hipótese do 131º
• Emancipação, na hipótese do 1649º
Acompanhamento de maiores
• Fundamentos:
• Problema de saúde que torne a pessoa especialmente débil do ponto de vista
psíquico (estados avançados de demência, Parkinson, Alzheimer ou doenças
afins).
• Deficiência psíquica ou, mais precisamente, anomalia psíquica que, em
qualquer caso, volva o indivíduo inapto para governar a sua pessoa e os seus
bens (ar#go 138.º, n.º 1, an#ga redação).
• Comportamento errá co ou anómalo (devido v.g. a prodigalidade ou a abuso
de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes).

• Não basta que as referidas imperfeições, insuficiências ou fraquezas (Gsicas ou psíquicas)


a#njam certa pessoa. É sobretudo necessário que delas resulte uma elevada
incapacidade para gerir a sua própria pessoa e património.
• Fundamental, em todos os casos, é que por alguma das razões
expostas (ou mais que uma, em simultâneo) a pessoa se encontre
impossibilitada de “exercer, plena, pessoal e conscientemente, os
seus direitos ou de, nos mesmos termos, cumprir os seus deveres”.

• A plenitude supõe a inexistência de restrições ou limitações factuais.
• A pessoalidade exige que a pessoa seja competente para agir sem
necessidade de intermediação de um subs#tuto (representante), sendo
incapaz, portanto, sempre que não puder agir por si própria.
• A consciência pressupõe a presença de normal compreensão acerca do
significado e alcance dos efeitos (jurídicos) da atuação.
• Quando o recurso ao ins#tuto do acompanhamento acarrete a
atribuição de poderes representa#vos gerais ao acompanhante, o
maior acompanhado equipara-se ao menor. O que significa, nos casos
mais radicais, que a pessoa acompanhada passa a sofrer de uma
incapacidade genérica de exercício equivalente à daquele.

• Mas, ao contrário da menoridade que opera automa#camente os seus


efeitos a par#r de uma determinação legal (a ver#da v.g. no ar#go
122.º), a incapacidade do acompanhado somente existe juridicamente
a par#r do instante em que haja sido ordenada por decisão judicial.
• Ante a necessidade de indigitação de um acompanhante, ao tribunal
cabe adotar a medida de acompanhamento mais drás#ca instalando
um representante (legal). Pode fazê-lo com fundamento:

• (i) na #tularidade das responsabilidades parentais [145.º, alínea a)], nos


termos dos ar#gos 1878.º, n.º 1, e 1881.º, se, designadamente, o
acompanhante selecionado for algum dos progenitores;
• (ii) na sujeição do subs#tuto ao regime da tutela [145.º, n.º 2, alínea b), e n.º
4];
• (iii) na nomeação, nos termos dos ar#gos 1967.º a 1972.º, de um
administrador rela#vamente a parte ou à totalidade dos bens do
acompanhado [145.º, n.º 2, alínea c), e n.º 5].
• Nas situações (i) e (ii), o acompanhante exercerá tanto os direitos e deveres de natureza
patrimonial na #tularidade do acompanhado como os de caráter pessoal.

• Na segunda hipótese, no entanto, será necessariamente assim apenas quando a


representação tenha âmbito geral. Ao invés, quando ela seja especial (limited
guardianship), tudo dependerá, por “indicação expressa” do tribunal, “das categorias de
atos para que seja necessária” [145.º, n.º 2, alínea b)].

• Em qualquer caso, porém, não ficam sujeitos ao descrito regime de representação legal,
podendo ser pra#cados pessoalmente:
• (i) os atos patrimoniais integráveis na categoria dos chamados negócios da “vida corrente” e
• (ii) os “actos pessoalíssimos” (147.º)

Em vez de nomear um subs#tuto, o tribunal pode proceder à nomeação de um curador que,


a =tulo de assistente legal, se limite a conferir autorização para as atuações que o
acompanhado esteja autorizado a realizar pessoalmente ou a dar-lhe auxílio para qualquer
outro efeito [145.º, n.º 2, alínea d)].
• São anuláveis:

• Nos termos do ar#go 125.º, n.º 1, alínea a), os atos do acompanhado para os
quais ele não disponha da per#nente capacidade de exercício quando hajam
sido realizados depois de inscrita no registo civil [ar#gos 1.º, n.º 1, alínea h), e
69.º, n.º 1, alínea g), Código de Registo Civil] a decisão de promover a
ins tuição de acompanhante.
• Também nos termos do ar#go 125.º, n.º 1, alínea a), os atos do potencial
acompanhado pra#cados antes do referido registo se encontrar lavrado, mas
“depois de anunciado o início do processo”, desde que (i) os seus efeitos o
hajam prejudicado e (ii) a decisão que decrete o regime de acompanhamento
seja final.
• Nos termos do “regime da incapacidade acidental” (ar#go 257.º), os atos do
eventual acompanhado pra#cados antes daquele anúncio.
Mandato com vista a acompanhamento

• Para esquivar o recurso à representação ou à assistência, permite-se ao potencial


acompanhado celebrar contrato de mandato com alguém da sua confiança que,
até porventura ser proferida decisão judicial em idên#co sen#do, o auxilie
juridicamente. As par#cularidades que apresenta são:

• Se, por qualquer razão, alguma das pessoas iden#ficadas pelo ar#go 141.º entender dever
requerer a ins#tuição judicial do acompanhante, ao tribunal cabe aproveitar “o mandato,
no todo ou em parte”, e tê-lo “em conta na definição do âmbito da proteção e na
designação do acompanhante”.

• Esclarece-se, mediante o respe#vo reconhecimento legal, que o contrato de mandato não


só se pode celebrar sob condição suspensiva, como, sobretudo, que a futura e “eventual
necessidade de acompanhamento” de que o mandatário venha a carecer é razão
suficiente para o efeito.
Testamento vital:
Acto através do qual o respec#vo autor declara por
antecipação quais os cuidados de saúde que pretende (ou não)
receber caso, eventualmente, se torne inapto para expressar,
nesse sen#do, a sua vontade de modo pessoal e autónomo

• Trata-se de acto:
1. Inter vivos (os seus efeitos produzem-se em vida do seu
autor)
2. Pessoalíssimo (não admite representação)
3. Unipessoal (apenas pode envolver uma pessoa)
4. Unilateral (tem uma única parte)
• O teor do testamento vital não é, por inteiro,
livremente conformável pelo declarante. Mediante a
respec#va celebração, ele apenas pode preordenar
acerca da sua:
• i) Não submissão a tratamento de suporte ar ficial das funções
vitais (v.g. pacemakers, desfibriladores, máquinas de diálise ou
ven#ladores) = morte natural ou ortotanásia.
• ii) Não sujeição a tratamento fú l, inú l ou desproporcionado no
seu quadro clínico …, nomeadamente no que concerne às medidas
de suporte básico de vida e às medidas de alimentação e
hidratação ar ficiais que apenas visem retardar o processo natural
de morte (proibição de distanásia que incide sobre os médicos por
dever deontológico).
• iii) Disponibilidade para receber os cuidados palia vos adequados
(ortotanásia).
• iv) Não aceitação de tratamentos que se encontrem em fase
experimental.
• v) Permissão, ou falta dela, para par cipar em programas de
inves gação cien9fica ou ensaios clínicos.

• As hipóteses que ficam descritas cons#tuem casos paradigmá#cos.


Por isso, outras situações que futuramente se possam iden#ficar
devem manter, para serem lícitas, forte analogia com elas (assim v.g.
a rejeição prévia de transfusão sanguínea para quando esta se tornar
eventualmente indispensável não se pode considerar afim).
Direitos de Personalidade
• Direitos sobre bens ligados à própria pessoa (v.g. 24º,
25º, 26º, 27º, CRP; 79º, 80ºCC)
• Absolutos
• Pessoais
• Indisponíveis (v.g. 67º)
• A=picos

• Dis#nguem-se formalmente dos


• Direitos Humanos (para o Direito Internacional)
• Direitos, Liberdades e Garan#as Pessoais (Direito Cons#tucional)
• Para o Direito Cons#tucional o que está em causa,
nesta matéria, é a limitação da soberania do Estado
para protecção dos direitos dos cidadãos: 18º, CRP

• Em Direito Privado, dado o princípio da paridade,


qualquer limitação sobre direitos de personalidade a
favor de terceiros somente se pode fundar no
consen#mento do #tular a#ngido
• O consen#mento pode ser:

• Tolerante (340º): quando apenas está em causa a


jus ficação da ilicitude de uma conduta
• Autorizante (81º): quando, por contrato, se concede a
terceiro o direito de lesar a esfera jurídica do lesado
• Vinculante (405º): quando os usos sociais aceitam que
certos riscos para bens primordiais são, apesar disso,
aceitáveis e, portanto, obrigam quem a eles se sujeitou
livre e esclarecidamente
• Protecção dos direitos de personalidade:

• Responsabilidade civil (483º)


• Responsabilidade penal
• Remédios adequados ao caso concreto (70º/nº2; 878º/879º, CPC)
• Direito à liberdade pessoal

Regra: art. 27º/n.º 1

Excepções

Sentença judicial
privativa desde que a lei
puna com prisão ou medida
de segurança

Casos do 27º/n.º 3

contra a detenção ou
prisão ilegal: habeas
corpus (31º)
• A liberdade pessoal fundamenta:

A liberdade de movimentos, logo, liberdade de


deslocação, fixação, emigração e imigração (44º)

Proibição de expulsão
(33º)

Somente os estrangeiros (Lei 23/2007) podem ser expulsos mas desde que:
a) Não tenham título de permanência válido
b) Tendo-o, tenha existido decisão judicial nesse sentido

Os portugueses podem ser extraditados desde que:


a) Se verifiquem condições de reciprocidade
b) Em casos de terrorismo e criminalidade internacional organizada
c) Com garantia de processo justo e equitativo
d) Em que haja garantia de não aplicar pena de prisão perpétua
e) Que não tenha fundamento político
f) A que não corresponda pena de morte ou lesão irreversível da integridade física
g) Que seja autorizada por decisão judicial
• Direito à iden dade pessoal

História pessoal

Nome
(direito-dever)

Nome pessoal

Nome profissional

Pseudónimo

Firma (por analogia)


• Direito ao bom nome e reputação
• É ilícito “afirmar ou difundir um facto capaz de prejudicar o crédito
ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou colec#va” (484º
CC).

• 1º: A solução é evidente sempre que em causa estejam factos ou


qualidades inexistentes ou inverídicas

• 2º: afirmação ou a divulgação de factos verídicos há-de fazer-se no


respeito por duas condições decorrentes da fórmula con#da no nº2
do art. 80º do Cód.Civil:
- primeira, que a violação do “bom nome e da reputação”
alheia se funde em alguma causa jus#fica#va (por exemplo, o
interesse público);
- segunda, que o meio ou o instrumento u#lizado para o
efeito não envolva uma ofensa excessiva ao referido “bom nome e
reputação” (v.g., no conhecido exemplo, jus#fica-se que uma dívida
fiscal de um membro do Governo seja anunciada nos meios de
comunicação social, mas já não o mesmo género de dívida de um
qualquer par#cular ainda que se trate de pessoa com notoriedade
pública)
• Direito à imagem (79º CC)
• Regra: a imagem só pode ser ob#da/divulgada:
• 1º: mediante o consen#mento do visado
• 2º: para o efeito consen#do

• Excepção: não se requer o consen#mento tratando-se:


• de “figura pública” (por si ou pelo cargo que represente)
• de exigências de polícia ou de jus#ça
• de finalidades cien=ficas, didác#cas ou culturais
• de “factos públicos” (lugares públicos, factos de interesse público ou
que tenham sucedido publicamente)

• Contra-excepção: requer-se o consen#mento se a divulgação


ofender a honra, reputação ou decoro
• Direito à palavra

Direito à voz

Direito às “palavras ditas”

• Regime: o mesmo do direito à imagem


• Direito à in#midade privada (80º CC)
• Regra: a in#midade alheia só pode ser acedida e/ou divulgada:
• 1º: mediante o consen#mento do visado
• 2º: para o efeito consen#do

• Esta regra pode entender-se em termos:


• absolutos – de modo em que existe um conteúdo mínimo
intangível
• rela vos – de modo em que existe um conteúdo mínimo
variável consoante o caso concreto: parece ter sido esta a
orientação geral do CC pois “a extensão da reserva é definida
conforme a natureza do caso e a condição das pessoas”
(80º/nº2);
• todavia, há um conjunto de informações pessoais quase
ina#ngível – 35º/3 CRP
• Self-ownership e integridade sica

• A) sobre o próprio corpo: o respec#vo domínio é objecto de um direito de


personalidade (o caso não pode ser visto como propriedade simples porque o
conteúdo =pico desta – 1305º – não é genericamente extensível à self-ownership)

• B) sobre partes do corpo que dele hajam sido separadas: o direito que sobre elas
incide é de propriedade, ainda que porventura sujeito a diversas especialidades
de regime

• Do domínio sobre o corpo decorre o direito de exigir o respeito pela integridade Gsica e
psíquica
• Decorre igualmente o dever de respeito pela vida con#da no corpo
• Personalidade post mortem (ar#go 71º)?

• Con nuação da personalidade?


• Sucessão em direitos pessoais?
• Direito à memória
Curadoria
Ausência provisória

Curadoria
defini#va

Morte
presumida
Pessoas
colec#vas

Fundação (de
interesse social)

Corporação

Associação

Sociedade
Aquisição de personalidade:

escritura pública

Associação
com as indicações
do 167º/nº1
em alterna#va,
“associação na
hora”
escritura pública ou
testamento

Fundação

acto individual de
reconhecimento
• Sociedades

- anónimas
- por quotas
- em nome colectivo
- em comandita
Comerciais
(objecto Pessoas
comercial) Colectivas

sob forma comercial

Civis
(objecto não
comercial)

sob forma civil


Capacidade de gozo (160º/nº1):

- a entender que o 160º/nº1 consagra o princípio


da especialidade, serão nulos os actos pra#cados pela
pessoa colec#va fora dos seus fins

- se, para protecção de terceiros, se entender que


a capacidade de gozo das pessoas colec#vas é
genérica, tais actos serão válidos e vincula#vos
(podendo, no máximo, gerar eventual
responsabilização interna daqueles que os
pra#caram)
Capacidade de exercício:

As pessoas colec#vas são sempre capazes de agir


(salvo no caso de insolvência, mas apenas
entendendo-se esta como incapacidade)

Essa capacidade efec#va-se através dos


respec#vos órgãos externos – nisto consiste a
chamada representação orgânica (o órgão é a pessoa
colec#va)
Desconsideração do ente colec vo
• A personalidade colec#va é um instrumento

Por isso pode ser mal usado, designadamente defraudando terceiros

É para estes casos que se diz que se pode desconsiderar (“disregard”) a


personalidade colec#va
TIPOS
i) desvio de finalidade
• u#lização dolosa da pessoa jurídica
• com o propósito de lesar credores
• para a prá#ca de atos ilícitos de qualquer natureza.

ii) confusão patrimonial (ausência de efec#va separação factual entre os


patrimónios) :
• I - cumprimento repe##vo pela sociedade de obrigações do sócio ou
do administrador ou vice-versa;
• II - transferência de a#vos ou de passivos sem efe#vas
contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente
insignificante
• Há essencialmente dois modos de proceder à
desconsideração:
• Fraude à lei
• Abuso do direito

• Efeitos:
• Manutenção da personalidade mas tornando-a irrelevante para o
caso concreto
• Responsabilidade civil
• Regime jurídico mínimo
• Órgãos:
• Direcção Colegiais,
com n.º ímpar
• Conselho Fiscal
de titulares
(mas o CF pode,
pelos estatutos,
ter titular único)

• E, nas corporações, Assembleia Geral

• Os #tulares dos órgãos são designados pela forma estabelecida nos


estatutos – nas corporações, na falta de estatuto, cabe à assembleia
geral fazer a designação (170º)

• Os estatutos são o conjunto de normas que regulam a


organização e o funcionamento da pessoa colec va
• Nas associações, os estatutos podem ser modificados por
deliberação da assembleia (172º/nº2) embora com maioria
qualificada (175º/nº3); nas fundações, os estatutos podem ser
modificados pela en#dade competente para o reconhecimento
desde que “se não contrarie a vontade do fundador” (189º)

• Nas corporações, a assembleia geral tem uma competência


necessária (172º/n.º2) e uma competência residual (172º/n.º1)

• Em princípio, a qualidade de associado é pessoal (180º), pelo que:


• é intransmissível
• não admite representação voluntária
Associações sem personalidade

• Associações “vulgares” em tudo o que não pressuponha


personalidade
• Regime específico de responsabilidade social
• 1º: fundo comum
• 2º: património daqueles que #verem contraído a dívida
• 3º: património dos (demais) associados

• Fundo comum: conjunto de bens em compropriedade mas com regime especial pois
nenhum associado tem o poder potesta#vo de fazer a respec#va divisão
Comissões especiais

• Associações de fim transitório
• Responsabilidade por dívidas sociais:
• 1º: os bens entregues pelos subscritores
• 2º: os membros da comissão

• Os subscritores só podem exigir o valor que #verem subscrito quando se não cumpra,
por qualquer mo#vo, o fim para que a comissão foi cons#tuída
Direito subjec vo
Situações
jurídicas

activas passivas

direito relativo
obrigação
direito
subjectivo
direito absoluto dever genérico
direito
potestativo sujeição

direito- ónus
-dever

expectativa
• Direito subjec vo:
• Para a teoria da vontade, o direito subjec#vo é a vontade
juridicamente protegida
• Para a teoria do interesse, o direito subjec#vo é um interesse
juridicamente protegido
• Para as teorias mistas, o direito subjec#vo é, por exemplo, a
vontade juridicamente protegida através da tutela do
correspondente interesse

• O problema subjacente está nisto: na origem, o direito subjec#vo


coincidia com os “direitos dos cidadãos” e, portanto, #nha um
âmbito muito circunscrito; hoje, é um instrumento técnico de
extraordinária abrangência e, portanto, de grande abstracção
• Direitos absolutos: são aqueles que valem por si, não
dependendo de nenhuma situação passiva simétrica
que os sustente (por isso não pressupõem relação
jurídica) – v.g. direitos reais, de autor, de
personalidade, de propriedade industrial
• Direitos rela vos: ao contrário, são aqueles cuja
existência depende de relação jurídica inter-subjec#va
(v.g., direitos de crédito)
• Direito potesta vo: é o direito de provocar, por
declaração unilateral de vontade, efeitos jurídicos na
esfera jurídica de outra pessoa (v.g. 1550º)

• Podem ser:
• De exercício necessariamente judicial
• Ou de exercício extrajudicial

• Podem ter efeitos:


• Cons#tu#vos
• Modifica#vos
• Ex#n#vos
• Direito-dever: é o direito subjec#vo ou potesta#vo
concedido para a protecção de um interesse dis#nto
daquele que radica no #tular destes direitos (v.g.,
poder paternal ou tutela)
• Expecta va jurídica: é uma situação jurídica que
surge integrada num processo de aquisição de um
(outro) direito e que (v.g., arts. 272º e 273º):
• É protegida por si, quer desemboque quer não na aquisição desse
direito
• Subsiste enquanto a possibilidade de aquisição desse direito se
man#ver
Situações passivas
• Obrigação: é o recíproco dos direitos rela#vos (art. 397º)
• Dever genérico: é o neminem laedere – dever de não lesar a esfera
jurídica alheia; é a correspondência passiva dos direitos absolutos
• Sujeição: dever de suportar os efeitos jurídicos decorrentes do
exercício de um direito potesta#vo
• Ónus jurídico: “dever” no interesse próprio, ou seja, possibilidade de
optar entre duas condutas (pelo menos), igualmente lícitas, mas em
que a adopção de uma delas evita desvantagens ou traz vantagens
(916º/917º)
Limites ao exercício
• A) Colisão de direitos (335º)
• Entre direitos de igual espécie
• Entre direitos de espécie diferente
• B) Abuso de direito (334º)
• Venire contra factum proprium
• Surrec o
• Inalegabilidades formais
• Consequências:
• impossibilidade de exercício do direito no sen#do pretendido
• responsabilidade civil se o abuso for subjec#vo
AQUISIÇÃO

ORIGINÁRIA

TRANSLATIVA
DERIVADA

CONSTITUTIVA

ABSOLUTA

PERDA
RELATIVA
prestações

Bens

Corpóreas/incorpóreas

coisas

Dentro e fora do
comércio
Prédios rús#cos/
urbanos árvores e
águas

imóveis
imóveis por partes
incorporação componentes

partes ≠ coisas
“direitos integrantes acessórias
inerentes”

registáveis

móveis
não
registáveis
presentes

coisas
objec#vamente

futuras

subjec#vamente
simples

coisas

compostas = universalidades de facto

≠ universalidades de direito
necessárias

benfeitorias úteis

voluptuárias
Representação
• Representação: subs#tuição de uma pessoa (representada) por outra
(representante) no exercício jurídico

• Espécies:
• Legal: sempre que a lei imponha a existência do representante
• Voluntária: quando decorra da vontade do representado através do negócio jurídico
procuração
• Efeitos: o acto jurídico realizado pelo representante em
nome do representado produz os seus efeitos na esfera
jurídica deste úl#mo

• Considera-se, porém, anulável o acto celebrado pelo


representante consigo mesmo, seja em nome próprio, seja
em representação de terceiro, a não ser:
• 1 - que o representado tenha especificadamente consen#do na
celebração, ou
• 2 - que o negócio exclua por sua natureza a possibilidade de um
conflito de interesses
• Cons tuição da relação de representação voluntária:
• Forma: a do negócio para o qual se concederam poderes
representa#vos (excepto “as procurações que exijam intervenção
notarial podem ser lavradas por instrumento publico, por documento
escrito e assinado pelo representado com reconhecimento presencial da
letra e assinatura ou por documento auten#cado” – 116º/nº1, Cod.Not.)
• Capacidade de agir: basta a capacidade natural
• O procurador só pode fazer-se subs#tuir por outrem:
• se o representado o permi#r ou
• se a faculdade de subs#tuição resultar do conteúdo da procuração ou
da relação jurídica que a determina
• Ex nção da relação de representação voluntária:
• Renúncia do procurador
• Cessação da relação jurídica que lhe serve de base
• Caducidade
• Revogação
• Sem necessidade de justa causa, por regra
• Com justa causa ou por acordo se
• a procuração #ver sido conferida também no interesse do
procurador
• a procuração #ver sido conferida também no interesse de
terceiro
• Abuso de representação: sempre que o procurador actue
fora do âmbito das instruções recebidas ou contra a
vontade conjectural do representado

• Representação sem poderes ou aparente: sempre que o


“procurador” nem sequer tenha poderes representa#vos

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