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Ceticismo

atitude de questionamento para o


conhecimento, fatos, opiniões ou
crenças estabelecidas como fatos

Cepticismo[1] ou ceticismo é qualquer


atitude de questionamento para com o
conhecimento, fatos, opiniões ou
crenças estabelecidas.[2]
Filosoficamente, é a doutrina da qual a
mente humana pode não atingir certeza
alguma a respeito da verdade.[3]
O ceticismo filosófico é uma abordagem
global que requer todas as informações
suportadas pela evidência.[4] O ceticismo
filosófico clássico deriva da Skeptikoi,
uma escola que "nada afirma".[5] Adeptos
de pirronismo, por exemplo,
suspenderam o julgamento em
investigações.[6] Os céticos podem até
duvidar da confiabilidade de seus
próprios sentidos.[7] O ceticismo
religioso, por outro lado é "a dúvida sobre
princípios religiosos básicos (como a
imortalidade, a providência e a
revelação)".[8]

História
Antiguidade

O ceticismo filosófico se manifestou na


Grécia clássica. Um de seus primeiros
proponentes parece ter sido Pirro de Elis
(360-275 a.C.), que estudou na Índia e
defendia a adoção de um "ceticismo
prático". Carneades discutiu o tema de
maneira mais minuciosa e, contrariando
os estoicos, dizia que a certeza no
conhecimento seria impossível. Sexto
Empírico (200 a.C.) é tido como a
autoridade maior do ceticismo grego.[9]
Mesmo atualmente, o ceticismo
filosófico costuma ser confundido com o
ceticismo vulgar e com aquilo que a
tradição cética denominou de
"dogmatismo negativo". Nada mais está
tão em desacordo com o espírito do
ceticismo do que a reivindicação de
quaisquer certezas, seja as positivas ou
as negativas.[10][11]

Na Filosofia islâmica, o ceticismo foi


estabelecido por Al-Ghazali (1058–
1111), conhecido no Ocidente como
"Algazel". Ele era parte da Ash'ari, a
escola de teologia islâmica, cujo método
de ceticismo compartilha muitas
semelhanças com o método de René
Descartes.[12]

Idade Média
Os principais textos do ceticismo
clássico hoje disponíveis não foram
conhecidos no período medieval,[13] mas
por volta de 1430 apareceu uma edição
latina das Vidas dos Filósofos de
Diógenes Laércio, feita por Ambrogio
Traversari. Esse texto teve ampla
circulação e pode ter despertado o
interesse pelo ceticismo.
Aparentemente, é a partir deste
momento que o próprio termo scepticus
se difunde.[14]

Ceticismo científico
Um cientista cético (ou empírico)
questiona crenças com base na
compreensão científica. Sendo cientistas
céticos, a maioria dos cientistas testa a
confiabilidade de certos tipos de
afirmações, submetendo-as a uma
investigação sistemática, usando
alguma forma de método científico.[15] O
ceticismo científico é uma defesa do
público crédulo contra o charlatanismo e
de explicações sobrenaturais para
fenômenos naturais.[16]

Apesar de o ceticismo envolver o uso do


método científico e do pensamento
crítico, isto não necessariamente
significa que os céticos usem estas
ferramentas constantemente.
Frequentemente os céticos são
confundidos ou até mesmo apontados
como cínicos.[17] Porém, o criticismo
cético válido (em oposição a dúvidas
arbitrárias ou subjetivas sobre uma ideia)
origina-se de um exame objetivo e
metodológico que geralmente é
consenso entre os céticos. Note também
que o cinismo é geralmente tido como
um ponto de vista que mantém uma
atitude negativa desnecessária acerca
dos motivos humanos e da sinceridade.
Apesar de as duas posições não serem
mutuamente exclusivas, céticos também
podem ser cínicos, cada um deles
representando uma afirmação
fundamentalmente diferente sobre a
natureza do mundo.

Os céticos científicos constantemente


recebem também acusações de terem a
"mente fechada"[18] ou de inibirem o
progresso científico, devido às suas
exigências de evidências cientificamente
válidas. Eles se defendem argumentando
que tais críticas são, em sua maioria,
provenientes de adeptos de
pseudociências como homeopatia, reiki,
paranormalidade e
espiritualismo,[18][19][20][21] cujas visões
não são adotadas ou suportadas pela
ciência. Segundo Carl Sagan, cético e
astrônomo, "você deve manter sua
mente aberta, mas não tão aberta que o
cérebro caia". Ele também afirmava que
"o primeiro vício da humanidade foi a fé,
e a primeira virtude foi o ceticismo".

A necessidade de evidências
cientificamente adequadas como
suporte a teorias é mais evidente na área
da saúde, onde utilizar uma técnica sem
a avaliação científica dos seus riscos e
benefícios pode levar à piora da doença,
gastos financeiros desnecessários e
abandono de técnicas
comprovadamente eficazes. Por esse
motivo, no Brasil é vedado aos médicos
a utilização de práticas terapêuticas não
reconhecidas pela comunidade
científica.[22]

Desenganadores
Um desenganador (em inglês: debunker)
é um cético engajado no combate a
charlatões e ideias que, na sua visão, são
falsas e não científicas.

Alguns dos mais famosos são: James


Randi, Basava Premanand, Penn & Teller,
e Harry Houdini.[23][24][25][26][27]

Religiosos contrários aos grupos de


céticos desenganadores dizem que suas
conclusões estão cheias de interesse
próprio e que nada mais são que novos
movimentos de cruzadas de
crentes[28][29] com a necessidade de
assim se afirmarem.

Pseudo-ceticismo
O termo pseudo-ceticismo ou ceticismo
patológico é usado para denotar as
formas de ceticismo que se desviam da
objetividade. A análise mais conhecida
do termo foi conduzida por Marcello
Truzzi que, em 1987, elaborou a seguinte
conceituação:

Uma vez que o ceticismo


adequadamente se refere à
dúvida ao invés da negação -
descrédito ao invés de crença -
críticos que assumem uma
posição negativa ao invés de
uma posição agnóstica ou
neutra, mas ainda assim se
auto-intitulam "céticos" são,
na verdade, "pseudo-
céticos".[30]

Em sua análise,[30] Marcello Truzzi


argumentou que os pseudo-céticos
apresentam a seguinte conduta:

A tendência de negar, ao invés de


duvidar;
A realização de julgamentos sem uma
investigação completa e conclusiva;
Uso de ataques pessoais;
A apresentação de evidências
insuficientes;
A tentativa de desqualificar
proponentes de novas ideias taxando-
os pejorativamente de 'pseudo-
cientistas', 'promotores' ou 'praticantes
de ciência patológica';
A apresentação de contra-provas não
fundamentadas ou baseadas apenas
em plausibilidade, ao invés de se
basearem em evidências;
A sugestão de que evidências
inconvincentes são suficientes para se
assumir que uma teoria é falsa;
A tendência de desqualificar 'toda e
qualquer' evidência.
O termo pseudo-ceticismo parece ter
suas origens na filosofia, na segunda
metade do século 19.[31]

Ceticismo como inércia


A ciência moderna é baseada no
ceticismo. Por outro lado, a ciência deve
estar sempre aberta a novas ideias (por
mais estranhas que pareçam), desde que
apoiadas em evidências científicas, mas
deve fazê-lo de forma que sejam sempre
devidamente escrutinadas, de modo a
assegurar a veracidade de suas
implicações e resultados. Sempre que
uma nova hipótese é formulada ou uma
nova alegação é realizada, toda a
comunidade científica se mobiliza de
modo a comprovar sua viabilidade
teórica e prática. Como em qualquer
outro plano, quanto mais incomuns
forem as novas ideias e invenções, mais
resistência tendem a enfrentar durante
seu escrutínio por meio do método
científico.

Uma consequência disso é que através


da história, ao apresentarem suas ideias,
vários cientistas foram inicialmente
recebidos com alegações de fraude por
colegas que não desejavam ou não eram
capazes de aceitar algo que requereria
uma mudança em seus pontos de vista
estabelecidos. Por exemplo, Michael
Faraday foi chamado de charlatão por
seus contemporâneos quando disse que
podia gerar uma corrente elétrica
simplesmente movendo um ímã por uma
bobina de fio.[carece de fontes

?
]

Em janeiro de 1905, mais de um ano


após Wilbur e Orville Wright terem feito o
seu primeiro voo em Kitty Hawk em 17
de dezembro de 1903, a revista Scientific
American publicou um artigo
ridicularizando o voo dos Wright. Com
assombrosa autoridade, a revista citou
como principal razão para questionar os
Wright o fato de a imprensa americana
ter falhado em cobrir o voo.[32] Outros a
se juntarem ao movimento cético foram
o New York Herald, o Exército dos
Estados Unidos e inúmeros cientistas
americanos. Somente em 1908, quando
o presidente Theodore Roosevelt
ordenou tentativas públicas no Forte
Mayers, após o voo do 14-bis de Alberto
Santos Dumont, numa aeronave
aprimorada, os irmãos Wright
comprovaram suas afirmações e
compeliram até os céticos mais zelosos
a aceitarem a realidade das máquinas
voadoras mais pesadas que o ar. Na
verdade, os irmãos Wright foram bem
sucedidos em demonstrações públicas
do voo de sua máquina cinco anos antes
do voo histórico.[carece de fontes

?
] Nesse contexto, o voo dos irmãos
Wright, mesmo não calando os céticos,
pode ter sido o primeiro em que alçou
voo uma nave mais pesada que o ar,
após os voos pioneiros de Otto Lilienthal.
No entanto, o primeiro voo de uma
máquina capaz de alçar voo totalmente
por conta própria, sem ajuda de
catapultas, é corretamente creditado a
Santos Dumont, esse devidamente
registrado e documentado.
A maioria das invenções revolucionárias
modernas, como o microscópio de
corrente (ou varredura) de tunelamento),
que foi inventado em 1981, ainda
encontram intenso ceticismo e até
mesmo ridicularizados quando
anunciados pela primeira vez. Como
físico, Max Planck observou em seu livro
"The Philosophy of Physics" [A Filosofia
da Física], de 1936: "uma importante
inovação científica raramente faz seu
caminho vencendo gradualmente e
convertendo seus oponentes: raramente
acontece que 'Saulo' se torne 'Paulo'. O
que realmente acontece é que os seus
oponentes morrem gradualmente e a
geração que cresce está familiarizada
com a ideia desde o início".

Ver também
Ateísmo Ceticism Materialis
Agnostici o moral mo
smo Convicçã Pirro de
Certeza o Élis

Ceticism Dogmatis Pirronism


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Notas e referências
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Ceticismo: significado e 6 argumentos
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Ceticismo» Stough

Ceticismo , de Ceticismo
Jean-Paul moderno , de
Dumont Richard Popkin
Pirro e o «CSI (antigo
ceticismo CSICOP) - The
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Victor Brochard Skeptical
Os problemas da Inquiry» (em
Filosofia , de inglês)
Bertrand Russell «Society for
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gregos , de Exploration»
Victor Brochard. (em inglês)
São Paulo: «The Skeptics
Odysseus, 2009. Society» (em
Sexto Empírico e inglês)
o Ceticismo «James Randi
Grego , Trad. Educational
Jaimir Conte
Foundation»
(em inglês)

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