Você está na página 1de 19

Superior Tribunal de Justiça

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.507.099 - GO (2019/0142423-3)

RELATOR : MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : TONI ROGERIO RODRIGUES SANDIM
AGRAVADO : FLAVIO RAMOS DE ANDRADE
ADVOGADO : GUSTAVO LUIZ BARBOSA SANTOS - GO043362
AGRAVADO : FLEURY DE SOUZA SOCIEDADE INDIVIDUAL DE
ADVOCACIA
AGRAVADO : JUBE & JUBE CONSULTORIA LTDA
ADVOGADOS : JUBERTO RAMOS JUBÉ - GO014710
CARLOS GÁUDIO FLEURY DE SOUZA - GO022041
INTERES. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL-SECAO DE GOIÁS -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : RAFAEL LOPES DE SOUSA E OUTRO(S) - GO038975
EMENTA

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DE
ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA POR MUNICÍPIO.
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO. NOTÓRIA ESPECIALIDADE E
SINGULARIDADE DO SERVIÇO. REQUISITOS NÃO
CONFIGURADOS.
I - Trata-se, na origem, de ação civil pública por ato de
improbidade administrativa cumulada com pedido liminar de indisponibilidade
de bens proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás, na qual alegou
que o ex-Prefeito do município, atendendo à solicitação formulada pelo, à
época, Secretário Municipal de Administração e Planejamento, contratou
diretamente duas sociedades de advogados mediante declaração de
inexigibilidade de licitação, com intuito de obter a prestação de serviços
jurídicos. Contudo, não estavam presentes os requisitos que justificariam a
inexigibilidade do procedimento licitatório, ficando evidente que o único
interesse nas contratações foi de cunho pessoal. Por sentença, julgaram-se
improcedentes os pedidos. O Parquet interpôs, então, recurso de apelação, o
qual foi, por unanimidade, improvido pelo Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás. Contra o acórdão, opôs embargos de declaração, os quais foram
rejeitados. Inconformado, interpôs recurso especial, no qual sustentou violação
dos arts. 13, II, III e V, e 25, II, §§ 1° e 2°, da Lei n. 8.666/93, bem como do
art. 34, VI, da Lei n. 8.906/94 e, subsidiariamente, do art. 1.022, II, do Código
de Processo Civil. Em juízo de admissibilidade, o recurso foi inadmitido pelo
Tribunal de origem, com base no enunciado da Súmula n. 7/STJ. Sobreveio,
por fim, a interposição de agravo, a fim de possibilitar a subida do recurso

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
especial.
II - De início, impende destacar que, no presente caso, a discussão
em torno da alegação de violação dos arts. 13, II, III e V, e 25, II, §§ 1° e 2°,
da Lei n. 8.666/93, bem como do art. 34, VI, da Lei n. 8.906/94 diz respeito à
interpretação dada pela Corte de origem aos requisitos necessários para a
contratação de escritórios de advocacia pela administração pública mediante
inexigibilidade de licitação, não havendo, então, que se falar em necessidade de
reexame dos fatos e das provas para a análise do recurso, mas sim em
revaloração jurídica da premissa fática contida no acórdão. Inaplicabilidade da
Súmula n. 7/STJ.
III - A jurisprudência mais atual de ambas as Turmas que compõem
a Seção de Direito Público do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que
“a contratação de serviços advocatícios pelos entes públicos submete-se, via de
regra, ao processo licitatório, salvo comprovação das exceções legais, ou seja,
quando for o caso de serviço de natureza singular a ser realizado por
profissional com notória especialização” (EREsp 1.192.186/PR, Rel. Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Og Fernandes, Primeira
Seção, julgado em 26/6/2019, DJe 1º/8/2019).
IV - A natureza singular do serviço, nas palavras de Marçal Justen
Filho, “Caracteriza-se como uma situação anômala, incomum, impossível de ser
enfrentada satisfatoriamente por qualquer profissional 'especializado'. Envolve
os casos que demandam mais do que a especialização, pois apresentam
complexidades que impedem obtenção de solução satisfatória a partir da
contratação de qualquer profissional (ainda que especializado).” (JUSTEN
FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. 3. ed. em e-book
baseada na 18. ed. impressa). A notória especialização jurídica, por sua vez, é
“aquela de caráter absolutamente extraordinário e incontestável, que fala por si.
É posição excepcional, que põe o profissional no ápice de sua carreira e do
reconhecimento, espontâneo, no mundo do Direito, mesmo que regional, seja
pela longa e profunda dedicação a um tema, seja pela publicação de obras e
exercício da atividade docente em instituições de prestígio. A especialidade do
serviço técnico está associada à singularidade, envolvendo serviço específico
que reclame conhecimento peculiar do seu executor e ausência de outros
profissionais capacitados no mercado, daí decorrendo a inviabilidade da
competição.” (REsp 448.442/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 24/9/2010).
V - As balizas adotadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás estão distantes do posicionamento desta Corte sobre a questão. O
Tribunal adotou a errônea premissa de que o exercício da advocacia, em razão
de sua natureza intelectual, por si só, consiste em uma atividade técnica de
conhecimento específico que torna impossível a concorrência. Assim agindo,
deu incorreta qualificação jurídica ao requisito da singularidade do serviço, por

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
vislumbrar singularidade em atividades rotineiras e comuns do município, as
quais poderiam ser satisfatoriamente executadas por qualquer profissional do
direito, bem como deixou de evidenciar a mestria jurídica extraordinária dos
contratados. Ademais, descabido utilizar como critério para fundamentar a
inexigibilidade a alegada confiança da Administração, já que as contratações
devem ser feitas exclusivamente com base no interesse público, o qual não
admite preferências de qualquer natureza, muito menos as pessoais. E mais
descabidas ainda são as afirmações de que não houve dano ao erário porque o
valor do contrato se mostrou razoável e o serviço foi efetivamente prestado,
haja vista que é pacífico o entendimento de que frustrar a licitude de processo
licitatório ou dispensá-lo indevidamente configura ato de improbidade que causa
dano presumido ao erário (in re ipsa).
VI - Ausentes, portanto, os requisitos da singularidade do serviço e
da notória especialização, razão porque a contratação dos recorridos se
configurou ilegal e se amolda aos atos de improbidade administrativa tipificados
nos arts. 10, VIII, e 11, I, da Lei n. 8.429/92.
VII - Recurso de agravo conhecido para conhecer e dar
provimento ao recurso especial, reconhecendo o cometimento dos atos de
improbidade dispostos nos arts. 10, VIII, e 11, I, da Lei n. 8.429/92,
remetendo os autos à origem para a fixação das correspondentes sanções.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,
conhecer do agravo para dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell
Marques e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 17 de
dezembro de 2019(Data do Julgamento)

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


Relator

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.507.099 - GO (2019/0142423-3)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO (Relator):

Trata-se, na origem, de ação civil pública por ato de improbidade administrativa


cumulada com pedido liminar de indisponibilidade de bens movida pelo Ministério Público do
Estado de Goiás em desfavor de Toni Rogério Rodrigues Sandim, Flávio Ramos de Andrade,
Fleury de Souza e Advogados S/S-ME, F & J Consultoria Ltda.-ME (Conjuris Consultoria
Ltda.).

Alegou o autor, em síntese, que o réu Toni Rogério Rodrigues Sandim, na


condição de Prefeito do Município de Acreúna-GO, atendendo à solicitação formulada pelo
réu Flávio Ramos de Andrade, à época Secretário Municipal de Administração e
Planejamento, contratou diretamente as sociedades de advogados Fleury de Souza e
Advogados S/S-ME e F&J Consultoria Ltda. - ME (Conjuris Consultoria Ltda.), mediante
declaração de inexigibilidade de licitação, com intuito de obter a prestação de serviços
jurídicos. Contudo, não estavam presentes os requisitos que justificariam a inexigibilidade do
procedimento licitatório, ficando evidente que o único interesse nas contratações foi de cunho
pessoal.

Por sentença (fls. 1.376-1.386), julgaram-se improcedentes os pedidos, por


entender o magistrado “que os requeridos não incorreram em ato de improbidade
administrativa, por serem as contratações com base nos ditames legais, não ocorrendo
prejuízo ao erário e violação as princípios da administração pública” (fl. 1.386).

O Ministério Público do Estado de Goiás interpôs, então, recurso de apelação


(fls. 1.391-1.438).

Por unanimidade, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás negou provimento


ao recurso (fls. 1.592-1.601). Caminhando para o final de suas razões, asseverou o relator do
acórdão:

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Minucioso exame dos autos revela não ter o município de Acreúna corpo
próprio de procuradores, a despeito de contar em sua estrutura administrativa com
uma Procuradoria-Geral, ao que se percebe formada naquele momento por um
Procurador-Geral (Paulo Lemes Tavares), cargo de provimento em comissão, 2
(duas) servidoras efetivas ocupantes do cargo de analista jurídico (Mônica Alves
Faria e Lívia Karolina da Silva Pires) e 1 (uma), ao que parece, comissionada (Isabel
Cristina Gonçalves), nenhum deles procurador público. Em outros termos, não há
carreira de procuradores públicos de Acreúna e, mesmo que houvesse, essa só
circunstância não infirmaria sem exame específico do caso, a contratação de
profissionais particulares. Além disso, a declaração de inexigibilidade foi precedida de
procedimentos administrativos (fs. 114/245, autos físicos) que sinalizaram aos
requeridos apelados a validade dos expedientes, não se mostrando razoável a
exigência de que agissem de forma contrária à indumentária estatal que lhes foi
apresentada, sobretudo diante do aval do Procurador-Geral do Município à época
(fs. 139/143 e 205/209, processo físico).
De se somar à conclusão, ainda, a constatação da ordinariedade do valor da
contratação - média de aproximadamente R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais - e,
por fim, que há notícias nos autos sobre a prestação do objeto avençado, sem
intercorrências a desqualificar os profissionais constituídos, não servindo a infirmar
a conclusão a assertiva segundo a qual não se faziam presentes diariamente no
município porquanto sediados profissionalmente em Goiânia, já que os serviços
advocatícios, em regra, inexigem presença física do prestador.

Segue a ementa do acórdão:

APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DIRETA DE SERVIÇOS DE ASSESSORIA
JURÍDICA. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO (ARTIGOS 13, II, III E IV, E 25,
CAPUT E INC. II, LEI FEDERAL Nº 8.666/1993). INVIABILIDADE DA
COMPETIÇÃO. OFÍCIO DE NATUREZA SINGULAR. PRECEDENTES DO STF.
RECURSO DESPROVIDO.
1. Diante da inexistência de ordem constitucional para a criação de
procuradorias (artigo 132, Constituição Federal), o município poderá optar por
admitir advogados particulares para o serviço jurídico e, neste caso, será inexigível a
licitação (artigos 13, II, III e V, e 25, caput e II, ambos da Lei federal n°
8.666/1993). A conclusão escora-se na apuração da singularidade dos serviços, da
proibição da concorrência e da impossibilidade lógica do exercício do julgamento
objetivo das propostas oferecidas (artigo 5°, lei federal n.° 8.906/1994). Precedentes
do STF.
2. Não é permitido aos advogados a disputa pela captação de clientes,
infração disciplinar punida pela lei federal n.° 8.906/1994, Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil (artigo 34, VI), e pelo Código de Ética e Disciplina da categoria
(artigo 33), evidenciando a inviabilidade da competição. A conclusão é roborada pela
impossibilidade de julgamento objetivo das propostas apresentadas. Deveras
intrincada seria a tarefa da comissão de licitação de sopesar qual dos licitantes
inspiraria maior confiança ao chefe do Executivo, qual melhor conheceria a realidade
administrativa local, qual possuiria maior poder de persuasão escrita e verbal e maior
perspicácia diante do complexo cenário de atuação e, mais ainda, de constatar se o
trabalho prestado pelo advogado que ofereceu a proposta de menor valor realmente
atenderia a necessidade da contratação. De mais a mais, a natureza intelectual do
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 5 de 4
Superior Tribunal de Justiça
serviço prestado pelo advogado, de per si, demonstra sua singularidade. Não se pode
olvidar que as peças e pareceres produzidos são marcados pelas características
próprias da formação, estudos e particularidades de cada advogado.
3. Conclui-se do enredo que o chefe do Executivo municipal possui
discricionariedade para escolher o melhor profissional a partir da contratação direta,
notória exceção justificada à regra dos artigos 2° da Lei federal n.° 8.666/1993 e 37,
XXI, Constituição Federal.
4. Não se ignora o fato de que, apesar da inexigibilidade da licitação,
determinadas circunstâncias podem enodoar a contratação direta, a exemplo de
vulneração aos princípios basilares da Administração protegidos pela Constituição
Federal (artigo 37, caput) e pela Lei de Improbidade Administrativa (artigo 11,
caput). Contudo, não se verifica mácula se não há, no âmbito do Executivo local,
carreira de procuradores públicos, certo que mesmo que houvesse, essa só
circunstância não infirmaria a contratação de profissionais particulares, sobretudo se
a declaração de inexigibilidade foi precedida por procedimentos administrativos que
sinalizaram aos apelados a validade dos expedientes, não se mostrando razoável a
exigência de que o chefe do Executivo agisse de forma contrária à indumentária
estatal que lhe foi apresentada. De se somar à conclusão, ainda, a constatação da
ordinariedade dos valores dos contratos, sem expressar desequilibrada vantajosidade
aos advogados, e, por fim, a noticiada prestação dos serviços, sem intercorrências a
desqualificar os profissionais contratados.
5. Apelo conhecido e desprovido.

Contra essa decisão, o Ministério Público do Estado de Goiás opôs embargos


de declaração (fls. 1.613-1.619), sustentando que a decisão foi omissa quanto à análise de
cláusulas contratuais que descreviam os serviços prestados pelas empresas rés contratadas e
quanto aos depoimentos dos servidores da Procuradoria Jurídica do Município.

Os aclaratórios foram rejeitados pelo Tribunal de origem (fls. 1.694- 1.700),


em acórdão assim ementado:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. OMISSÕES
INOCORRENTES. MANIFESTAÇÕES EXPRESSAS SOBRE AS QUESTÕES
VENTILADAS. MERO INCONFORMISMO DA PARTE. AMICUS CURIAE.
CONTRARRAZÕES UTILIZADAS COMO EMBARGOS. INEXISTÊNCIA DE
RECURSO INTEGRATIVO ADESIVO. ACLARATÓRIOS DESACOLHIDOS.
1. Tendo o acórdão refutado expressamente a tese de necessidade de
comprovação da natureza singular do serviço e da notória especialização dos
advogados contratados e, no mesmo toar, a partir do exame das provas produzidas
nos autos, inclusive dos depoimentos prestados, concluído que o município não
dispunha, à época, de procuradores públicos de carreira, enfatizando que mesmo
havendo quadro próprio de procuradores, essa circunstância de per si não obstaria a
contratação de advogados particulares, não há omissão a merecer pronunciamento.
2. Mero inconformismo da parte com o julgamento não autoriza o manejo
do integrativo, recurso de natureza vinculada.
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
3. A lei processual civil (artigo 138, § 1°) confere à figura do amicus curiae
a faculdade de opôr embargos de declaração e, por evidente, contra -arrazoar os
opostos. Escoado in albis o prazo para manejá-los, inadequado o uso das
contrarrazões como se aclaratórios fossem, até porque ausente no ordenamento
jurídico a figura do "recurso integrativo adesivo", mesmo considerada a especial
condição do amicus curiae.
4. A título de esclarecimento, as declarações de inexigibilidade de licitação e
os contratos questionados na ação ao modo de revelar a improbidade imputada aos
embargados remontam ao ano de 2013, não se prestando a demonstrar a existência
de Procuradoria -Geral no Município de Acreúna naquela época a lei municipal n.°
1.753, de 17 de setembro de 2015, trazida com as contrarrazões aos aclaratórios.
5. Embargos de declaração desacolhidos.

Inconformado, o Ministério Público do Estado de Goiás interpôs o presente


recurso especial, com fundamento no art. 105, III, a, da Constituição Federal (fls.
1.797-1.817), sustendo violação dos arts. 13, II, III e V e 25, II, §§ 1° e 2°, da Lei n.
8.666/93, bem como do art. 34, VI, da Lei n. 8.906/94, e, subsidiariamente, do art. 1.022, II,
do Código de Processo Civil.

Em resumo, alega que: a) “nem todo serviço jurídico é necessariamente singular


para efeito de inexigibilidade de licitação” (fl. 1.802); b) “a singularidade objetiva do serviço
decorre de sua natureza pouco comum (quase inédita), com razoável dose de complexidade,
ou seja, decorre do fato de o serviço apresentar uma especificidade tal que requeira, para a
sua execução, uma habilidade diferenciada por parte do profissional, o que não ocorre na
contratação de procurador para as atividades jurídicas rotineiras e contínuas da municipalidade
de Acreúna/GO” (fl. 1.803); c) “nos presentes autos o TJGO não demonstrou a singularidade
dos serviços contratados pelo Município de Alto Horizonte-GO ou a notória especialização
dos respectivos profissionais que justifiquem o afastamento do tratamento isonômico” (fl.
1.805); d) foi “equivocada a interpretação pelo Tribunal de Justiça dada ao art. 34, VI, da Lei
n. 8906/94 (Estatuto da OAB) e ao art. 33 do Código de Ética e Disciplina da OAB” (fl.
1.808), haja vista que “a concorrência entre advogados por contratos com o poder público,
seguindo as regras da Lei de Licitação e Contratos, é distinta da disputa por clientes,
supostamente vedada pela OAB” (fl. 1.808).

Contrarrazões ao recurso especial foram apresentadas por Fleury de Souza e


Advogados S/S-ME e F&J Consultoria Ltda.-ME (fls. 1.825-1.840).

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça

Em juízo de admissibilidade, o recurso foi inadmitido pelo Tribunal de Justiça de


Goiás (fls. 1.861-1.862), com base no enunciado da Súmula n. 7/STJ.

Adveio a interposição de agravo, a fim de possibilitar a subida do recurso


especial (fls. 1.871-1.892).

Foram apresentadas contrarrazões ao agravo em recurso especial por Fleury de


Souza e Advogados S/S-ME e F&J Consultoria Ltda.-ME (fls. 1.915-1.932).

O Ministério Público Federal opinou pelo provimento do agravo em recurso


especial, para que o recurso especial seja conhecido e igualmente provido (fls.1.961-1.965):

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. IRREGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO
DE ADVOGADOS PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSESSORIA
JURÍDICA. AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO. I – NÃO INCIDÊNCIA DOS ÓBICES
SUMULARES APONTADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM NA DECISÃO
AGRAVADA. II – AUSENTES A SINGULARIDADE DO OBJETO CONTRATADO
E A NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO DO PRESTADOR, CONFIGURA-SE
PATENTE A ILEGALIDADE. VIOLAÇÃO À LEI DE LICITAÇÕES (LEI 8.666/93,
ARTS. 13 E 25, II, § 1º). III – NECESSIDADE DE SE RECONHECER A
NULIDADE DOS CONTRATOS CELEBRADOS E DE PUNIR OS
RESPONSÁVEIS NOS MOLDES DA LEI DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. IV – PARECER PELO PROVIMENTO DO AGRAVO, PARA
QUE O RECURSO ESPECIAL POSSA SER IGUALMENTE CONHECIDO E
PROVIDO.

É o relatório.

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.507.099 - GO (2019/0142423-3)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO (Relator):

Verifico que o agravo em recurso especial não encontra em seu caminho


nenhum dos óbices do art. 253, parágrafo único, I, do RISTJ. É dizer, o recurso de agravo
atende aos requisitos de admissibilidade, não se acha prejudicado e impugnou especificamente
todos os fundamentos da decisão de inadmissibilidade do especial.

Assim, autorizado pelo art. 1.042, § 5º, do CPC, promovo o julgamento do


agravo conjuntamente com o recurso especial, passando a analisar, doravante, os fundamentos
do especial.

Alega o recorrente violação dos arts. 13, II, III e V, e 25, II, §§ 1° e 2°, da Lei
n. 8.666/93, bem como do art. 34, VI, da Lei n. 8.906/94, e, subsidiariamente, do art. 1.022,
II, do Código de Processo Civil.

Assevera, em resumo, que “para afastar a exigência de licitação, não basta que
o serviço se enquadre nas hipóteses do art. 13 da Lei 8.666/93, pois, conquanto se saiba que
a confecção de pareceres legislativos e o patrocínio de causas judiciais seja considerado
serviço técnico, é necessário também, para que seja reconhecida a inexigibilidade de licitação,
que o serviço seja de natureza singular. Caso contrário, deve-se observar sempre a
obrigatoriedade de licitação” (fl. 1.802). O órgão julgador a quo, por outro lado, consignou
que “a natureza intelectual do serviço prestado pelo advogado, de per si, demonstra sua
singularidade” (fl. 1.594).

Dessa maneira, verifico que a controvérsia ora posta cinge-se a verificar se o


critério indicado pelo Tribunal de origem para manter a decisão proferida pelo Juízo de
primeiro grau que julgou improcedentes os pedidos iniciais está em consonância com a
legislação federal e com o entendimento deste Tribunal sobre a questão.

De início, impende destacar que, no presente caso, a discussão em torno da


Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 9 de 4
Superior Tribunal de Justiça
alegação de violação dos arts. 13, II, III e V, e 25, II, §§ 1° e 2°, da Lei n. 8.666/93, bem
como do art. 34, VI, da Lei n. 8.906/94, diz respeito à interpretação dada pela Corte de
origem aos requisitos necessários para a contratação de escritórios de advocacia pela
administração pública mediante inexigibilidade de licitação, não havendo, então, que se falar
em necessidade de reexame dos fatos e das provas para a análise do recurso, mas sim em
revaloração jurídica da premissa fática contida no acórdão.

Nos termos da jurisprudência desta Corte, não se aplica o preceituado no


enunciado da Súmula n. 7/STJ no caso de mera revaloração jurídica das provas e dos fatos.
“Exige-se, para tanto, que todos os elementos fático-probatórios estejam devidamente
descritos no acórdão recorrido, sendo, portanto, desnecessária a incursão nos autos em busca
de substrato fático para que seja delineada a nova apreciação jurídica”. (AgInt no AREsp
1.252.262/AL, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 23/10/2018, DJe 20/11/2018).

Esse é precisamente o caso dos autos, pois o acórdão relata fatos e


circunstâncias (que adota como razões de decidir) nos quais as condutas dos agentes são
minuciosamente descritas.

Dessa maneira, descabida a aplicação da Súmula n. 7/STJ.

Nesse sentido são os precedentes:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. COMPRA DE
AMBULÂNCIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7/STJ. REVALORAÇÃO
JURÍDICA DOS FATOS NARRADOS NO ACÓRDÃO RECORRIDO.
POSSIBILIDADE. FRUSTRAÇÃO DE PROCESSO LICITATÓRIO. ART. 10,
VIII, DA LEI N. 8.429/1992. EXISTÊNCIA DE DOLO E PREJUÍZO AO ERÁRIO.
AGRAVO INTERNO PROVIDO PARA CONHECER DO AGRAVO E DAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL, JULGANDO PROCEDENTE A AÇÃO
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, DIVERGINDO DO MINISTRO
RELATOR. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À CORTE DE ORIGEM A FIM DE
ANALISAR AS CONDUTAS DOS AGRAVADOS DE FORMA
INDIVIDUALIZADA E APLICAR AS SANÇÕES QUE ENTENDER CABÍVEIS.
(AgInt no AREsp 1252262/AL, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
Rel. p/ Acórdão Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 10 de 4
Superior Tribunal de Justiça
em 23/10/2018, DJe 20/11/2018) (grifei)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. VALORAÇÃO


JURÍDICA DOS FATOS. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ. PRAZO
PRESCRICIONAL. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. APLICAÇÃO DAS
NORMAS DE DIREITO CIVIL.
1. A revaloração jurídica dos fatos não implica a incidência do óbice da
Súmula 7 do STJ, quando a análise do recurso especial é baseada nas
premissas estabelecidas pelas instâncias ordinárias. Precedentes.
2. O prazo de prescrição quinquenal, previsto no Decreto n.º 20.910/32 e
no Decreto-Lei n. 4.597/42, aplica-se apenas às pessoas jurídicas de direito público
(União, Estados, municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas),
excluindo-se, portanto, as pessoas jurídicas de direito privado da Administração
Pública Indireta (sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações).
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1715046/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 06/11/2018, DJe 14/11/2018) (grifei)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA


POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. QUESTÃO FÁTICA BEM
DELIMITADA NO ACÓRDÃO RECORRIDO. AFASTAMENTO DA SÚMULA 7.
CUMULAÇÃO ILÍCITA DE CARGOS OU FUNÇÕES PÚBLICAS. FATO
INCONTROVERSO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, MORALIDADE E
IMPESSOALIDADE. PRESENÇA DO DOLO GENÉRICO E DO PREJUÍZO
PRESUMIDO. ATOS ÍMPROBOS CARACTERIZADOS.
I - Trata-se de ação civil pública que imputou ao agravado a prática de ato
de improbidade administrativa em face de acumulação ilícita de cargos públicos.
II - Fundamentos fáticos da acumulação ilícita de cargos públicos bem
delineados no acórdão recorrido. Hipótese de revaloração jurídica dos fatos.
Afastamento da Súmula 7 como óbice para o conhecimento do recurso
especial. Precedentes: AgInt no AREsp 824.675/SC, Rel. Ministro Humberto
Martins, Rel. p/ Acórdão Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 29/08/2016, DJe 02/02/2017 e REsp 1245765/MG, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 28/6/2011, DJe 3/8/2011.
III - Agente público, por conduta livre e consciente, ocupava dois cargos
ou funções públicas, quais sejam cargo público de Engenheiro Gestor em regime de
dedicação exclusiva e Perito da Receita Federal. Dolo genérico demonstrado e dano
in re ipsa ao erário.
V - Indevida improcedência dos pedidos contidos na ação civil pública por
improbidade administrativa no acórdão recorrido, por violação ao art. 9º, XI, e art.
11 da Lei 8.429/92.
VI - Agravo interno provido.
(AgInt no AREsp 1.122.596/MS, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda
Turma, DJe 17/8/2018) (grifei)

Superado esse ponto, passo ao exame do recurso.

A jurisprudência mais atual de ambas as Turmas que compõem a Seção de


Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 11 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Direito Público do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que “a contratação de serviços
advocatícios pelos entes públicos submete-se, via de regra, ao processo licitatório, salvo
comprovação das exceções legais, ou seja, quando for o caso de serviço de natureza singular
a ser realizado por profissional com notória especialização.” (EREsp 1.192.186/PR, Rel.
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Og Fernandes, Primeira
Seção, julgado em 26/6/2019, DJe 1º/8/2019).

A título ilustrativo, trago o seguinte precedente sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LICITAÇÃO.
INEXIGIBILIDADE. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO POR MUNICÍPIO.
NOTÓRIA ESPECIALIDADE. SINGULARIDADE DO SERVIÇO. ACÓRDÃO
RECORRIDO ASSENTADO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DO
FEITO. REEXAME. SÚMULA 7/STJ.
1. A contratação direta de advogado pela Administração Pública é
condicionada ao preenchimento dos requisitos de inexigibilidade de licitação
previstos na Lei n. 8.666/1990, quais sejam: a singularidade do objeto
contratado e a notória especialidade do profissional escolhido.
2. Tendo a Corte de origem concluído pela singularidade do serviço
prestado e pela notória especialização do contratado, impossível afastar tal conclusão
sem incorrer na reanálise do conteúdo probatório do caso em questão. Incidência da
Súmula 7/STJ. Precedentes: AgInt no AgRg no REsp 1.330.842/MG, Rel. p/
Acórdão Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 19/12/2017; AgInt
no REsp 1.459.772/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 9/3/2018;
AgInt no REsp 1.335.762/PB, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe
5/2/2018.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp 1.600.264/GO, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/9/2018, DJe 17/9/2018) (grifei)

A natureza singular do serviço, nas palavras de Marçal Justen Filho (JUSTEN


FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. 3. ed. em e-book baseada na 18. ed. impressa):

Caracteriza-se como uma situação anômala, incomum, impossível de ser


enfrentada satisfatoriamente por qualquer profissional “especializado”. Envolve os
casos que demandam mais do que a especialização, pois apresentam complexidades
que impedem obtenção de solução satisfatória a partir da contratação de qualquer
profissional (ainda que especializado).
[...]
A identificação de um “caso anômalo” depende da conjugação da natureza
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 12 de 4
Superior Tribunal de Justiça
própria do objeto a ser executado com as habilidades titularizadas por um
profissional-padrão que atua no mercado. Ou seja, não basta reconhecer que o objeto
é diverso daquele usualmente executado pela própria Administração. É necessário
examinar se um profissional qualquer de qualificação média enfrenta e resolve
problemas dessa ordem, na atividade profissional comum.
Ou seja, a natureza singular resulta da conjugação de dois elementos, entre
si relacionados. Um deles é a excepcionalidade da necessidade a ser satisfeita. O
outro é a ausência de viabilidade de seu atendimento por parte de um profissional
especializado padrão. Portanto, a viabilidade de competição não pode ser avaliada
apenas em face da necessidade estatal, mas também depende da verificação do
mercado. É perfeitamente imaginável que uma necessidade estatal excepcional e
anômala possa ser atendida sem maior dificuldade por qualquer profissional
especializado.

A notória especialização jurídica, por sua vez, é:

[...] aquela de caráter absolutamente extraordinário e incontestável, que fala


por si. É posição excepcional, que põe o profissional no ápice de sua carreira e do
reconhecimento, espontâneo, no mundo do Direito, mesmo que regional, seja pela
longa e profunda dedicação a um tema, seja pela publicação de obras e exercício da
atividade docente em instituições de prestígio. A especialidade do serviço técnico está
associada à singularidade, envolvendo serviço específico que reclame conhecimento
peculiar do seu executor e ausência de outros profissionais capacitados no mercado,
daí decorrendo a inviabilidade da competição. (REsp 448.442/MS, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24/9/2010).

Acerca da notória especialização, já se manifestou este Tribunal em outras


oportunidades:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA. AÇÃO POPULAR. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO SEM
LICITAÇÃO. MUNICÍPIO. NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO. DESNECESSIDADE
DO SERVIÇO RECONHECIDA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. AUSÊNCIA
DE SIMILITUDE FÁTICA.
1. Trata-se, na origem, de Ação Popular para anular o contrato firmado
diretamente entre o Município de Bataguassu/MS e o advogado, com ressarcimento
dos valores recebidos. Em Embargos de Divergência, o causídico insurge-se contra
a ordem de devolução da remuneração percebida como contraprestação dos serviços,
sob pena de enriquecimento sem causa da Administração.
2. A especialidade do serviço técnico está associada à singularidade que
veio a ser expressamente mencionada na Lei 8.666/1993. Envolve serviço específico
que reclame conhecimento peculiar do seu executor e ausência de outros
profissionais capacitados no mercado, do que decorre a inviabilidade de certame.
[...]
(EREsp 448.442/MS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, Rel. p/
Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
27/2/2019, DJe 9/10/2019) (grifei)

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 13 de 4
Superior Tribunal de Justiça

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AGRAVO


INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATAÇÃO DE
ADVOGADO PARTICULAR SEM PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ATOS
ÍMPROBOS COMPROVADOS NA ORIGEM. REQUISITOS PARA A DISPENSA
DE LICITAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. "A notória especialização jurídica é aquela de caráter
absolutamente extraordinário e incontestável, que fala por si. É posição
excepcional, que põe o profissional no ápice de sua carreira e do
reconhecimento, espontâneo, no mundo do Direito, mesmo que regional, seja
pela longa e profunda dedicação a um tema, seja pela publicação de obras e
exercício da atividade docente em instituições de prestígio. A especialidade do
serviço técnico está associada à singularidade, envolvendo serviço específico
que reclame conhecimento peculiar do seu executor e ausência de outros
profissionais capacitados no mercado, daí decorrendo a inviabilidade da
competição." (REsp 448.442/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, DJe 24/09/2010). 2. Na hipótese dos autos, rever o
entendimento da origem de que não foram demonstrados os requisitos necessário à
regular dispensa do procedimento licitatório demandaria o reexame de provas, o que
é vedado nessa Corte de Justiça, ante a incidência da Súmula 7/STJ.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1.026.225/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 5/6/2018, DJe 8/6/2018) (grifei)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE.


CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO.
PRESSUPOSTOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
[...]
6. O cerne do debate está na subsunção dos fatos aos arts. 13 e 25, II, §
1º, da Lei de Licitações ("Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: (...) V - patrocínio ou
defesa de causas judiciais ou administrativas; Art. 25. É inexigível a licitação quando
houver inviabilidade de competição, em especial: (...) II - para a contratação de
serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação. (...) § 1º. Considera-se de notória
especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros
requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu
trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
objeto do contrato.").
(REsp 1.192.186/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Rel. p/
Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
14/10/2014, DJe 10/11/2016) (grifei)

No caso vertente, ao entender pela ausência de cometimento de ato ímprobo


ante a contratação direta dos réus a fim de prestarem serviços advocatícios para a
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 14 de 4
Superior Tribunal de Justiça
municipalidade, asseverou a Corte de origem:

De se registrar, de mais a mais, que a natureza intelectual do serviço


prestado pelo advogado, de per si, demonstra sua singularidade. Não se pode olvidar
que as peças e pareceres a serem produzidos são marcados pelas características
próprias da formação, estudos e particularidades de cada advogado.
Desse quadro extrai-se que, por motivo de interesse público, o prefeito
possui discricionariedade para escolher o melhor profissional a partir da contratação
direta, notória exceção justificada à regra dos artigos 2° da Lei federal n.º 8.666/1993
e 37, XXI, Constituição Federal (fl. 1.594).
[...]
Minucioso exame dos autos revela não ter o município de Acreúna corpo
próprio de procuradores, a despeito de contar em sua estrutura administrativa com
uma Procuradoria-Geral, ao que se percebe formada naquele momento por um
Procurador -Geral (Paulo Lemes Tavares), cargo de provimento em comissão, 2
(duas) servidoras efetivas ocupantes do cargo de analista jurídico (Mônica Alves
Faria e Lívia Karolina da Silva Pires) e 1 (uma), ao que parece, comissionada (Isabel
Cristina Gonçalves), nenhum deles procurador público. Em outros termos, não há
carreira de procuradores públicos de Acreúna e, mesmo que houvesse, essa só
circunstância não infirmaria sem exame específico do caso, a contratação de
profissionais particulares. Além disso, a declaração de inexigibilidade foi precedida de
procedimentos administrativos (fs. 114/245, autos físicos) que sinalizaram aos
requeridos apelados a validade dos expedientes, não se mostrando razoável a
exigência de que agissem de forma contrária à indumentária estatal que lhes foi
apresentada, sobretudo diante do aval do Procurador -Geral do Município à época
(fs. 139/143 e 205/209, processo físico).
De se somar à conclusão, ainda, a constatação da ordinariedade do valor da
contratação - média de aproximadamente R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais - e,
por fim, que há notícias nos autos sobre a prestação do objeto avençado, sem
intercorrências a desqualificar os profissionais constituídos, não servindo a infirmar
a conclusão a assertiva segundo a qual não se faziam presentes diariamente no
município porquanto sediados profissionalmente em Goiânia, já que os serviços
advocatícios, em regra, inexigem presença física do prestador (fl. 1.598).

A leitura do acórdão hostilizado não deixa dúvidas de que os escritórios Fleury


de Souza e Advogados S/S-ME e F&J Consultoria Ltda.-ME (Conjuris Consultoria Ltda.)
foram contratados primordialmente para a prestação de serviços técnicos perante a
municipalidade. Ademais, dele se extrai que o município tinha corpo jurídico próprio.

Ocorre que as balizas adotadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


estão distantes do posicionamento desta Corte sobre a questão.

O Tribunal adotou a errônea premissa de que o exercício da advocacia, em


razão de sua natureza intelectual, por si só, consiste em uma atividade técnica de conhecimento

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 15 de 4
Superior Tribunal de Justiça
específico que torna impossível a concorrência. Assim agindo, deu incorreta qualificação
jurídica ao requisito da singularidade do serviço, por vislumbrar singularidade em atividades
rotineiras e comuns do município, as quais poderiam ser satisfatoriamente executadas por
qualquer profissional do direito, bem como deixou de evidenciar a mestria jurídica
extraordinária dos contratados.

Ademais, descabido utilizar como critério para fundamentar a inexigibilidade a


alegada confiança da Administração, já que as contratações devem ser feitas exclusivamente
com base no interesse público, o qual não admite preferências de qualquer natureza, muito
menos as pessoais. E mais descabidas ainda são as afirmações de que não houve dano ao
erário porque o valor do contrato se mostrou razoável e o serviço foi efetivamente prestado,
haja vista que é pacífico o entendimento de que frustrar a licitude de processo licitatório ou
dispensá-lo indevidamente configura ato de improbidade que causa dano presumido ao erário
(in re ipsa).

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA. SUBSUNÇÃO. LICITAÇÃO. SISTEMA DE LIMPEZA DA
CIDADE. COLETA DE LIXO. VARRIÇÃO DE VIAS E LOGRADOUROS
PÚBLICOS. TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS. EDITAL E
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ERRO NO EDITAL. CLÁUSULAS NULAS.
CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. NÃO CONFIGURADO. SERVIÇO DE
COLETA DE LIXO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. APLICAÇÃO DA LEI
N. 8.666/93. TIPO DE LICITAÇÃO. TÉCNICA E PREÇO. EXCLUSIVIDADE
PARA SERVIÇO PREDOMINANTE INTELECTUAL. NÃO ABRANGE O CASO
EM EXAME. SERVIÇO MANUAL. VEDAÇÃO EXPRESSA À PARTICIPAÇÃO DE
EMPRESA CONSORCIADA SEM FUNDAMENTAÇÃO. AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. FRUSTRAÇÃO DA LICITUDE
DO PROCESSO LICITATÓRIO. PRESCINDIBILIDADE DE DILAÇÃO
PROBATÓRIA. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 10, VIII, E 11, AMBOS DA LEI N.
8.429/92.
I - O magistrado singular reconheceu expressamente na sentença que: "o
Edital 10/2003, sem observar a natureza jurídica de uma ou de outra prestação de
serviços, mesclou ambos os institutos. Permitiu uma concessão de serviço, por
conta e risco do Município, com prazo de 12 (doze) anos, prorrogável por mais 12
(doze) anos, em completo desrespeito ao art. 57, II, da Lei 8.666/93. Logo, o Edital
não pode subsistir na forma como foi lançado. (...) No entanto, considerando que o
preço será pago pelo Município e não pelos usuários, nada há a justificar a incidência
de outra Lei que não a Lei 8.666/93" (fl. 1.371).
II - O critério de técnica e preço é previsto exclusivamente para as
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 16 de 4
Superior Tribunal de Justiça
licitações de natureza predominantemente intelectual. Ao adotar referido critério,
houve afronta ao art. 46, caput, da Lei 8.666/93, pois o serviço licitado é
preponderantemente manual.
III - Segundo entendimento consolidado nesta Corte de Justiça, para
a caracterização de improbidade administrativa, por frustação da licitude do
processo de licitação, tipificada no art. 10, VIII, da Lei n. 8.429/92, o dano
apresenta-se presumido, ou seja, trata-se de dano in re ipsa.
IV - Recurso especial provido, a fim de remeter os autos à origem para a
fixação das sanções previstas no art. 12, II e III, da Lei n. 8.429/92.
(REsp 1.624.224/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 1/3/2018, DJe 6/3/2018) (grifei)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 10, VIII, DA LEI 8.429/1992.
DISPENSA INDEVIDA DE LICITAÇÃO. DANO IN RE IPSA À
ADMINISTRAÇÃO.
1. A jurisprudência do STJ entende que o prejuízo decorrente da
dispensa indevida de licitação é presumido (dano in re ipsa), consubstanciado
na impossibilidade da contratação pela Administração da melhor proposta.
2. O próprio art. 10, VIII, da Lei 8.492/1992 "conclui pela existência
de dano quando há frustração do processo de licitação, inclusive abarcando a
conduta meramente culposa. Assim, não há perquirir-se sobre a existência de
dano ou má-fé nos casos tipificados pelo art. 10 da Lei de Improbidade
Administrativa." (Resp 769.741/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
DJe 20.10.2009).
3. Recurso Especial não provido.
(REsp 1.685.214/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017) (grifei)

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 10,


VIII, DA LEI N. 8.429/1992. DISPENSA INDEVIDA DE LICITAÇÃO. DANO IN
RE IPSA À ADMINISTRAÇÃO. REVISÃO DAS SANÇÕES IMPOSTAS.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. OBSERVÂNCIA.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos
com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de
2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista,
com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2).
2. Segundo entendimento consolidado no âmbito das Turmas que
compõem a Primeira Seção, o prejuízo decorrente da dispensa indevida de
licitação é presumido (dano in re ipsa), consubstanciado na impossibilidade da
contratação pela Administração da melhor proposta, não tendo o acórdão de
origem se afastado de tal entendimento.
3. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a revisão da
dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade administrativa implica
reexame do conjunto fático-probatório, esbarrando na dicção da Súmula 7 do STJ,
salvo quando, da leitura do acórdão recorrido, verificar-se a desproporcionalidade
entre os atos praticados e as sanções impostas.
4. Hipótese em que, muito embora o Tribunal de origem tenha excluído as
demais sanções impostas no primeiro grau de jurisdição, fixou a multa civil prevista
no art. 12, II, da LIA em 5 remunerações mensais atualizadas, louvando-se nas
Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 17 de 4
Superior Tribunal de Justiça
peculiaridades da questão, notadamente no dano presumido causado à administração
pública, inocorrendo qualquer laivo de violação aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. 5. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1.499.706/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 2/2/2017, DJe 14/3/2017) (grifei)

É possível perceber, portanto, que estão ausentes os requisitos da singularidade


do serviço e da notória especialização, razão por que a contratação dos recorridos se
configurou ilegal e se amolda aos atos de improbidade administrativa tipificados nos arts. 10,
VIII, e 11, I, da Lei n. 8.429/92, in verbis:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência;

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para
celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente;

Ante o exposto, conheço do recurso de agravo para conhecer e dar provimento


ao recurso especial, reconhecendo o cometimento dos atos de improbidade dispostos nos arts.
10, VIII, e 11, I, da Lei n. 8.429/92, remetendo os autos à origem para a fixação das
correspondentes sanções.

É o voto.

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 18 de 4
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2019/0142423-3 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 1.507.099 /


GO

Números Origem: 0195664.49.2014.8.09.0002 01956644920148090002 19566449 1956644920148090002

PAUTA: 17/12/2019 JULGADO: 17/12/2019

Relator
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. NÍVIO DE FREITAS SILVA FILHO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : TONI ROGERIO RODRIGUES SANDIM
AGRAVADO : FLAVIO RAMOS DE ANDRADE
ADVOGADO : GUSTAVO LUIZ BARBOSA SANTOS - GO043362
AGRAVADO : FLEURY DE SOUZA SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA
AGRAVADO : JUBE & JUBE CONSULTORIA LTDA
ADVOGADOS : JUBERTO RAMOS JUBÉ - GO014710
CARLOS GÁUDIO FLEURY DE SOUZA - GO022041
INTERES. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL-SECAO DE GOIÁS - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADO : RAFAEL LOPES DE SOUSA E OUTRO(S) - GO038975

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos


Administrativos - Improbidade Administrativa

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, conheceu do agravo para dar provimento ao recurso
especial, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques e
Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1904025 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 19 de 4

Você também pode gostar