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UFCD

PSICOLOGIA DA VELHICE
3543
Índice
Introdução.........................................................................................................................2

Âmbito do manual.............................................................................................................2

Objetivos e Conteúdos programáticos .............................................................................2

I. GERONTOPSICOLOGIA

1.1. Aspetos biológicos e psicológicos

1.1.1 Emoções……………..…..........………………………………..…………………………………………………..3

1.1.2. Motivação………..………………………………………………………………………………………………….. 5

1.1.3. Personalidade……………………………………………………………………………………………………….9

1.2.Tarefas evolutivas na velhice

1.2.1. Ajustamentos psicossociais da velhice ...………………………………………………………………..12

1.2.2. Fase final da vida /reflexão sobre a morte e o luto ...…………………………………………….13

1.3. Aspetos cognitivos do envelhecimento

1.3.1. Velhice e aprendizagem………………………………………...………………………………………..…. 14

1.3.2. Avaliação das funções cognitivas ……………………………………………….…………………..……..15

1.3.3. Inteligência, memória e aprendizagem……………….….……………………………………………...15

1.3.3.2.Resolução de problemas e criatividade………………………………………………………………..16

II. A SEXUALIDADE E O AMOR

2.1. Fatores que influenciam a mudança de comportamento

2.1.1. Crise da Menopausa e Andropausa…………………………………………...………..17

2.1.2. Sexualidade depois dos 60 anos………………………………………………………….19

2.1.3. Amor e sexualidade na pessoa idosa………………… …………………………….20

Bibliografia...................................................................................................................... 22
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Introdução
Âmbito do manual

O presente manual foi concebido de acordo com o Catálogo Nacional de


Qualificações, como instrumento de apoio à UFCD 3543 – Psicologia da Velhice

Objetivos

 Enunciar a importância da gerontopsicologia no reconhecimento dos problemas que


se colocam à pessoa idosa.
 Reconhecer a importância da sexualidade na velhice.

Conteúdos programáticos

1 – Gerontopsicologia

 Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer


◦ Emoções
◦ Motivação
◦ Personalidade: tipologias
 Tarefas evolutivas da velhice
◦ Ajustamentos psicossociais da velhice
◦ Fase final da vida/reflexão sobre a morte e o luto
 Aspetos cognitivos do envelhecimento
◦ Velhice e aprendizagem
◦ Avaliação das funções cognitivas
◦ Modificações nas funções cognitivas
◦ Inteligência, memória e aprendizagem
◦ Resolução de problemas e criatividade

2 – A sexualidade na velhice

 Fatores que influenciam a mudança de comportamento sexual na velhice


◦ Crise da menopausa
 Sexualidade depois dos 60 anos
◦ Amor e sexualidade na pessoa idosa
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I - GERONTOPSICOLOGIA

1.1.
1.1. Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer

1.1.1. Emoções
A emoção é uma reação fisiológica de todo o nosso organismo, com componentes
fisiológicas e comportamentais que permite ao sujeito se libertar das suas tensões.

São programas de ação programadas pelo cérebro que geram alterações em todo o corpo
– ações – microscópicas (ex. secreção de hormonas) ou secreção de neurotransmissores
nas sinapses dos neurónios ou mais complexas como movimentação das vísceras ou com-
portamentos. São uma forma inteligente da natureza fazer com que um ser vivo aja sem-
perder tempo; são automáticas; e têm o propósito de gerar ação - gerar comportamentos
biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata. As emoções são uma for-
ma de garantir a nossa sobrevivência. A eficácia da nossa emoção deriva do facto de
ser automática. E estão sempre associadas a estímulos. Podem derivar de acontecimentos
externos ou conteúdos mentais. Por exemplo, pensar numa pessoa que se gosta ou que
não se gosta, pensar numa situação desagradável ou agradável, provoca uma reação
emocional – o comportamento altera-se.

Etimologicamente a palavra “emoção” vem do verbo “emovere”, que significa “pôr em mo-
vimento”. Nesta palavra está também contido o termo “moção”, que possui a mesma raiz
que a palavra “motor”. Podemos dizer que as nossas emoções nos põem em movimento,
que elas nos fazem agir de determinada forma. As investigações indicam que cada emo-
ção prepara o corpo para um tipo de resposta muito diferente.

Existem emoções primárias e emoções secundárias.

Primárias: São universais e estão associadas as estados físicos.

Alegria, Aversão, Raiva, Desprezo, Medo, Surpresa e Tristeza.


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 Alegria – ativa zonas do cérebro que ativam sentimentos positivos. Gera um estado
geral de contentamento, facilitando a cooperação;

 Aversão – perante um estimulo considerado desagradável, repugnante ou contami-


nante, surge uma urgência de se afastar dele. Há a aversão básica (com gatilhos conside-
rados universais, tais como urina, fezes, vômito, sangue, muco) e a aversão interpessoais
(gatilhos universais: estranho, doente, desafortunado e o moralmente corrompido)
 Raiva – forte negativa experienciada como um estado de antagonismo ou oposição
face a alguém ou algo, percebido como causa de um acontecimento negativo. A raiva é
despoletada por acontecimentos considerados injustos ou danosos. O sangue flui para as
mãos, a adrenalina gera uma onda de energia;
 Desprezo - acontece em respeito a pessoas ou ações, e não a todo e qualquer
estímulo. Quando não gostamos de certas pessoas ou dos seus comportamentos e ações
e há sensação de superioridade.
 Medo – Trata-se de uma emoção primitiva que age como um mecanismo de prote-
ção, pois é um alerta para a presença de perigo, essencial na preservação da espécie. O
sangue corre para os grandes músculos;
 Surpresa – É a emoção mais breve de todas, aparece de forma repentina e desapa-
rece da mesma forma. Permite o alargamento do campo visual, em virtude do arquear das
sobrancelhas e a entrada de mais luz na retina.
 Tristeza – ajuda a adaptarmo-nos a uma perda significativa, como a morte de al-
guém querido ou um grande desapontamento, causa uma grande quebra de energia e do
entusiasmo pela vida, aproxima a depressão e baixa o metabolismo do corpo.

Secundárias: São emoções sociais e surgem devido à relação sociocultural.

Simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, inveja, ciúme, admiração e


desprezo.

A idade pode trazer experiências emocionais. Várias são as emoções que podem surgir,
dependendo das experiências positivas ou negativas pelas quais os idosos passam. Os
idosos podem sentir-se felizes e realizados, com sentimento de integridade, valorizando
quem se encontra à sua volta; ou, pelo contrário, podem sentir-se desvalorizados e ter a
sua autoestima afetada. Neste aspeto, as pessoas que trabalham com esta faixa etária têm
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aqui uma responsabilidade acrescida. Muitas vezes, por falta de informação e de


conhecimento, os cuidadores prejudicam a pessoa idosa, por exemplo, infantilizando e
gerando emoções e sentimentos desagradáveis.
Estes sentimentos podem comportar desafios para os profissionais que trabalham em
serviços geriátricos, que muitas vezes querem que os idosos se mantenham ativos, física e
mentalmente, sem trabalharem as emoções, uma vez que nem sempre os idosos se
encontram motivados para tal. Há mesmo os idosos que oferecem grande resistência
psicológica e que tendem a deprimir-se. É necessário ter empatia e perceber a importância
das formas de compensação, que cada um de nós utiliza para fazer face às perdas
associadas ao envelhecimento, pois estas vão influenciar significativamente a qualidade de
vida e o bem-estar psicológico do idoso.

Características do envelhecimento emocional


- Redução da tolerância a estímulos
- Vulnerabilidade à ansiedade e à depressão
- Sintomas hipocondríacos, depreciativos ou de passividade
- Conservadorismo de carácter de ideias

Para tomar nota:

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1.1.2. Motivação

A motivação é a força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um organismo.


As pessoas são diferentes no que toca à motivação:
- As necessidades variam de indivíduo para indivíduo
- Os valores sociais também podem ser diferentes
- As capacidades para atingir objetivos, também diferentes
- Os objetivos são distintos, de pessoa para pessoa
- As necessidades, os valores e as capacidades variam no mesmo indivíduo, conforme o
tempo
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Ciclo Motivacional

O organismo permanece em estado de equilíbrio psicológico, até que um estímulo o rompa


e crie uma necessidade. Essa necessidade provoca um estado de tensão que conduz a
um comportamento ou ação com vista a atingir a satisfação daquela necessidade. Se
satisfeita a necessidade, o organismo retornará ao seu estado de equilíbrio inicial. Toda a
satisfação é a libertação de tensão que permite retornar ao estado de equilíbrio.

Motivo é a razão que leva o organismo a agir.


No ciclo motivacional, temos a necessidade, impulso e meta.
Necessidade: estado de falta fisiológica ou psicológica que origina o impulso ou pulsão.
Impulso: força que impele a pessoa à ação, ao conjunto de comportamentos que
permitem atingir o objetivo. O impulso termina quando a meta (o objetivo) é alcançada. Se
a meta é atingida, a necessidade é satisfeita e o impulso é reduzido.

No ciclo motivacional, a necessidade pode ser:


Satisfeita: se a necessidade for satisfeita, deixa de ser motivadora de comportamento,
já não causa tensão ou desconforto.
Frustrada: há um obstáculo para o alcance do objetivo, e pode causar agressividade,
desconforto, descontentamento, tensão emocional, apatia, indiferença.
Compensada: acontece quando a satisfação de outra necessidade reduz a intensidade
de uma necessidade que não pode ser satisfeita.

A FRUSTRAÇÃO é o bloqueio do comportamento motivado.


Frustração primária: resulta da ausência da satisfação da motivação.
Frustração secundária: resulta da interposição de um obstáculo.

O CONFLITO surge quando há motivações incompatíveis.


Os conflitos intra-pessoais podem ser de três tipos:
- atração-atração (ou aproximação-aproximação): quando o indivíduo se encontra entre
duas opções agradáveis e motivadoras da aproximação, mas só pode escolher uma.
- repulsão-repulsão (ou afastamento-afastamento): quando se encontra entre duas opões
desagradáveis e motivadoras ao afastamento, contudo apenas pode escolher evitar uma.
- atração-repulsão: quando o indivíduo se encontra perante uma opção que apresenta
fatores positivos e atrativos e motivadores à aproximação e, ao mesmo, tempo, aspetos
desagradáveis e que o motivam ao afastamento.
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Teoria das Necessidades de Maslow

A Pirâmide de Maslow ou a Hierarquia das Necessidades de Maslow, é um conceito


que organiza as necessidades humanas de forma hierárquica. Ou seja, na base da
pirâmide, estão as necessidades fisiológicas, por exemplo. Já no topo, estão as
realizações pessoais de uma pessoa.

O suprimento físico básico, a necessidade de segurança pessoal e a necessidade de


relacionamentos sociais representam as chamadas necessidades deficitárias e são
encontradas nos três níveis inferiores da hierarquia de necessidades de Maslow, que
teorizou que uma pessoa só pode sentir satisfação quando essas necessidades primárias
são satisfeitas. Só então os requisitos de crescimento seguem.

O reconhecimento social é uma das necessidades de crescimento. Essas são


necessidades muito individuais de uma pessoa, que incluem dinheiro, carreira, poder e
também estatuto social. A hierarquia de necessidades de Maslow termina no nível da auto-
realização. Essa necessidade de reconhecer o próprio potencial e também a necessidade
de desenvolvê-lo é o último passo. Mas também deve ser mencionado que essas
necessidades dificilmente podem ser atendidas.
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Necessidades fisiológicas
Necessidades como sede, fome e sono, que devem ser satisfeitas. Essas necessidades
surgem repetidas vezes, seja diariamente ou em intervalos curtos.

Necessidades de Segurança
As necessidades de déficit também incluem necessidades de segurança. Eles incluem o
desejo de saúde, o medo de perder (incluindo perder o emprego) e ameaças indiretas.

Necessidades sociais (pertencimento)


Essas necessidades representam uma forte influência: a necessidade de família, parceiro

e interação social. A necessidade de amor está firmemente ancorada nas pessoas. Mas

isso não deve ser entendido com a necessidade de sexo. Essa necessidade pode ser

encontrada nas necessidades fisiológicas. Pelo menos essa é a teoria de Maslow.

Necessidades individuais (significado)


Depois de satisfazer todas as necessidades mencionadas até aqui, o homem se esforça

para satisfazer necessidades como dinheiro, poder, reconhecimento e status. Mas essas

necessidades diferem de pessoa para pessoa.

Auto-realização (atualização)
Essa necessidade está no topo da hierarquia de necessidades de Maslow. Para isso, no

entanto, todas as outras necessidades devem ter sido satisfeitas. Para muitas pessoas,

perceber a si mesmo significa primeiro dar um sentido real à sua vida.

Para tomar nota:

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1.1.2. Personalidade

Cada pessoa tem a sua singularidade, a sua personalidade. Havighurst, Neugarten &
Tobin (1968) fizeram os primeiros estudos sobre a personalidade dos idosos. Os autores
descobriram 4 grandes tipos de personalidades presentes em indivíduos entre os 50 e os
90 anos: integrado, defensivo-combativo, passivo-dependente e desintegrado.

Integrado: pessoas que apresentam um bom funcionamento psicológico, com interesses


variados, competências cognitivas e com elevado nível de satisfação nas atividades que
desempenham.

Defensivo-combativo: pessoas orientadas para a realização, combativas e controladas,


com níveis de satisfação entre moderado e elevado.

Passivo-dependente: dependendo do tipo de funcionamento ao longo da vida, assim


estas pessoas apresentam na velhice uma orientação passiva ou dependente, mostrando
graus de satisfação muito variados.

Desintegrado: pessoas com lacunas no funcionamento psicológico, pouca atividade,


pouco autocontrolo emocional e problemas cognitivos, com baixa satisfação pela vida.

Ao contrário do que se acreditava, as nossas personalidades não são estáticas. Os


estudos têm demonstrado que há uma modificação gradual da nossa personalidade. A
psicologia chama a este processo de mudança, que ocorre à medida que envelhecemos,
de "maturação da personalidade". É uma mudança gradual e impercetível que começa
na nossa adolescência e continua até pelo menos a nossa oitava década no planeta.
Curiosamente, parece ser universal: a tendência é observada em todas as culturas
humanas, da Guatemala à Índia.

Todos nós estamos familiarizados com a transformação física que o envelhecimento


impõe, mas nem sempre com a psicológica. Após décadas de pesquisas sobre os efeitos
do envelhecimento, os cientistas descobriram mudanças misteriosas. A conclusão é que
não somos a “mesma pessoa” durante toda nossa vida. Isto quer dizer que a nossa
personalidade, apesar de ter traços que possam ser relativamente estáveis ao longo da
vida, várias pesquisas sugerem que podem haver características que se alteram ao longo
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do tempo e que, quando se entra na casa dos 70 e 80 anos, se passa por uma
transformação significativa.
As pesquisas sugerem também que as pessoas se tornam mais conscientes, agradáveis e
menos neuróticas. Os níveis dos traços de personalidade da chamada "tríade obscura" —
maquiavelismo, narcisismo e psicopatia — tendem a diminuir e, com eles, o risco de
comportamentos antissociais, como crimes e uso abusivo de substâncias. Embora nossa
personalidade mude em certa direção à medida que envelhecemos, quem somos em
relação a outras pessoas na mesma faixa etária tende a permanecer bastante estável. Por
exemplo, é provável que o nível de neurose de uma pessoa diminua como um todo, mas
os mais neuróticos aos 11 anos de idade geralmente ainda são os mais neuróticos aos 81
anos.
As pesquisas mostram que nos tornamos pessoas mais altruístas e confiantes. A força
de vontade pode tender a aumentar e acontece um desenvolvimento de um sentido de
humor melhor. Ou seja, é possível que os idosos tenham mais controlo das suas emoções
em comparação daquela que tinham quando eram mais novos.

Para tomar nota:

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Na verdade, a nossa personalidade está intrinsecamente ligada ao nosso bem-estar à


medida que envelhecemos. Por exemplo, aqueles com maior autocontrolo são mais
propensos a ser saudáveis na idade adulta; mulheres com níveis mais elevados de
neurose são mais suscetíveis a apresentar sintomas durante a menopausa; e um certo
grau de narcisismo foi associado a taxas mais baixas de solidão, o que por si só é um fator
de risco para morte precoce.
No futuro, compreender como certos traços da personalidade estão ligados à nossa saúde
— e como podemos esperar que nossa personalidade evolua ao longo da nossa vida —
pode ajudar a prever quem tem mais risco de sofrer de certos problemas de saúde e assim
intervir.
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Padrões de comportamento

Negação: Não aceitar que se está a envelhecer ou que está mais velho. Manifesta-se
através de comportamentos exuberantes que podem ser excessivos e colocar em risco a
saúde do idoso. Este tipo de comportamento requer muita sabedoria e competência por
parte de quem lida com o idoso, porque se por um lado por ser necessário acalmar alguns
excessos, por outro, corremos o risco de ofender o idoso e prejudicar a autoestima.

Apatia:É possível ver, em alguns idosos, um declínio na manifestação da afetividade, dos


interesses, das ações, das emoções e dos desejos. Os sinais de apatia devem ser
detetados e tratados precocemente para evitar um declínio das capacidades sociais e
afetivas que comprometa seriamente a qualidade de vida. Há que evitar que o idoso fique
muito tempo isolado. Se possível, tentar compreender que emoções negativas é que esse
idoso está a enfrentar e tentar proteger a sua origem.

Rigidez: Corresponde a uma dificuldade na assimilação ou mesmo aversão a ideias,


coisas e situações novas. Em contrapartida, existe um apego maior aos valores já
conhecidos e convencionados, aos costumes e às normas já instituídas. Trata-se de um
mecanismo de defesa natural. A pessoa tende a agarrar-se ao que lhe é familiar e aos
territórios nos quais sempre se sentiu seguro. Contrariar este comportamento é
contraproducente. Forçar um idoso a aceitar algo a que resiste ou tentar mostrar-lhe que a
sua resistência é exagerada apenas acentua os mecanismos reativos de defesa. É
preferível darmos-lhe tempo. No fundo, o princípio é a “flexibilidade não se força.”

Isolamento:A pessoa idosa pode tender a evitar o contato com os outros. Essa tendência
pode não corresponder a uma procura intencional de solidão mas a uma dificuldade de se
confrontar com sentimentos que as relações lhe produzem. O isolamento pode ser
acompanhado de sentimentos de profunda tristeza, baixa autoestima, inutilidade, menos
valia e, paradoxalmente, da sensação de abandono e rejeição pelos outros. Ou seja, não é
incomum a pessoa idosa sentir que os outros a rejeitaram. Nestes casos, é preciso
mostrar-lhes que são valiosas, válidas e a sua presença é apreciada e desejada.

Vitimização:É uma forma de captar atenção e condescendência dos ouros e nos


desresponsabilizarmos do mal que nos acontece. É um refúgio, um padrão difícil que é
importante evitar alimentar.
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Infantilização:Outra forma de reivindicar atenção e afeto. O amuo, a manipulação podem


provocar aproximações com emoções negativas. Reações de zanga, confronto, controlo. É
o famoso “ prefiro que me ralhes do que me desprezes”. Provocar os outros pelo lado da
irritação é uma forma desesperada de quem sente não ser capaz de atrair pessoas de uma
forma positiva. Cientes desta motivação, cabe ao cuidador corresponder aos pedidos de
atenção de uma forma não reativa. Ou melhor ainda, devemos agir de forma preventiva
para que o idoso não tenha necessidade de recorrer a estratégias infantis de chamada de
atenção.

Obsessão:Os idosos são vulneráveis à obsessão, a pensamentos e comportamentos


obsessivos como os sintomas hipocontríacos e as fobias. Com o envelhecimento, é
frequente haver um aumento de ansiedade. A demonstração de empatia e vontade de
ajudar acalma os pensamentos obsessivos e traz alguma tranquilidade ao idoso. Importa
proteger e preservar a saúde mental dos idosos.

II- TAREFAS EVOLUTIVAS NA VELHICE

2.2.1. Ajustamentos psicossociais da velhice

As tarefas evolutivas são formas de organização da vida que possibilitam até a aceitação
da morte. Um ambiente agressivo, assuntos familiares não resolvidos, ausência de
cuidadores adequados podem dificultar esse processo. Cumprir todas as tarefas é
importante, assim como é importante que o idoso conte com o apoio da família, da
sociedade e dos profissionais que trabalham na área. Desta forma, ele poderá ter uma
velhice bem sucedida e usufruir do prazer de viver, contribuindo para o bem de todos.

Durante o envelhecimento, os principais fatores de influência da sociedade sobre o


indivíduo são:
- A resposta social ao declínio biológico;
- O afastamento do trabalho;
- A mudança da identidade social;
- A desvalorização social da velhice;
- A falta de definição sociocultural de atividades em que o idoso possa perceber-se útil e
alcançar reconhecimento social.
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A vida do idoso é, portanto, dominada por um alto nível de stress, devido às expectativas e
obrigações formalizadas. Assim, as tarefas passam pela aceitação do corpo, manutenção
da intimidade, relacionamento com os filhos, afastamento do trabalho, definição
sociocultural de atividades em que o idoso possa sentir-se útil e reconhecido socialmente.
Envelhecer bem requer ajustamento pessoal e social, que pode ser comprometido por
condições deficitárias de saúde e educação ao longo do curso da vida.

Medidas preventivas:
 Manter a saúde, prevenindo doenças;
 independência económica;
 Ter o seu próprio espaço físico ou morada;
 Criar/manter laços de amizade;
 Manter vínculos fortes com a família;
 Ter um relacionamento íntimo com um(a) companheiro(a);
 vínculo com a comunidade;
 Manter-se ocupado e com planos para o futuro;
 Praticar atividade física regular (exemplo: caminhadas, ginástica, etc.)

1.2.2. A morte e o luto

Lidar com o luto é doloroso! Geram-se sentimentos de tristeza, raiva, choque, ansiedade,
angústia e incompreensão. Cada pessoa vive o luto de forma diferente, mas, tipicamente, o
luto assume 5 fases: negação, raiva, negociação, depressão, aceitação.

1ª Fase do Luto: Negação

É difícil entender e aceitar a perda. Há tendência a racionalizar a situação e minimizar o


impacto que ela tem e terá na vida, negando o ocorrido.

2ª Fase do Luto: Raiva

Direcionar a raiva aos que são próximos. Inclui sentimento de raiva de si próprio por não
ter feito as coisas de forma diferente, com culpabilização.
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3º Fase do Luto: Negociação

Nesta fase, compreendemos que a raiva que sente não muda o que aconteceu. Começa a
adquirir mais paz interior e serenidade e é a altura de retomar a rotina. É natural que, nesta
fase, se criem reflexões em que a pessoa se compromete a ser melhor para consigo
própria e tenta ter uma vida mais calma e saudável, para que tudo volte a ser como era
antes.

4ª Fase do Luto: Depressão

Depois de uma perda, é normal que haja a sensação de cansaço extremo. Muita tristeza e
choro fácil. Ficar mais silencioso, ter alterações no apetite ou no sono são sintomas
característicos desta fase. De uma forma geral, a pessoa fica emocionalmente mais
fragilizada.

5ª Fase do Luto: Aceitação

A tristeza e a saudade poderão ainda estar presentes nesta fase, porém já começa a ser
possível pensar no futuro e sentir que mudanças positivas poderão ocorrer. Pode ainda
não ser o momento de total felicidade, mas é a fase em que já há diminuição/ausência da
depressão e se consegue voltar a sentir emoções serenas e a estar predisposto para a
mudança.

Para tomar nota:

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1.3.
1.3. Aspetos cognitivos do envelhecimento

1.3.1. Aprendizagem

Aprendizagem implica capacidade de retenção dos conhecimentos, ou seja, memória. O


que afetar a memória, afeta a capacidade de aprendizagem.
 A linguagem também é importante no processo de aprendizagem.
◦ A leitura é um exercício excelente de enriquecimento da linguagem.
 A interação também é fundamental.
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◦ É na interação com os outros que enfrentamos os maiores desafios. Daí ser


fundamental que o idoso se mantenha socialmente ativo.

1.3.2. Avaliação das funções cognitivas

A avaliação funcional do idoso é a base da avaliação geriátrica ampla (AGA), onde são
medidos os fatores físicos, psicológicos e sociais que afetam a saúde do idoso.
Memória a curso prazo e memória a longo prazo. A memória a curto prazo é também
designada de memória de trabalho. É a memória que permite fazer tarefas complexas.
Este tipo de memória envolve muita atenção e com a idade, a atenção pode ficar
prejudicada. A memória a longo prazo refere-se ao armazenamento de acontecimentos
antigos.

Outra memória que pode ficar bastante afetada é a memória prospetiva (ou memória “de
agenda”), dirigida para acontecimentos futuros. A memória semântica (que guarda o
significado de objetos e factos) parece resistir muito mais com o avenço da idade. Para
ajudar os idosos a manter o seu bem-estar, as suas funções cognitivas saudáveis, é
preciso motivá-lo a fazer atividades, tais como (exemplos): - Xadrez - Palavras cruzadas -
A leitura - Os jogos - A arte - A bricolage – Etc.

O envelhecimento normal é acompanhado de modificações no funcionamento cognitivo. As


mais frequentes englobam alguns componentes da memória, da atenção, das habilidades
visuoespaciais. Tais mudanças são moduladas pelas reservas cognitivas de que os
indivíduos dispõem e pela maneira como estes continuam a mantê-las e explorá-las.

1.3.3. Inteligência, memória e aprendizagem


A inteligência cristalizada, que é a capacidade de lembrar e usar conhecimentos adquiridos
ao longo da vida, tende a permanecer estável, enquanto a inteligência fluida, que é a
habilidade para resolver problemas novos que exigem pouco ou nenhum conhecimento
prévio, tende a declinar gradualmente. É necessário que a pessoa idosa permaneça
sempre ativa para não deteriorar as reservas e adquirir outras possibilidades. A
deterioração no cognitivo das pessoas pode estar relacionada a vários fatores, dentre elas,
a falta do uso. Algumas ações em prol de manter o cérebro do idoso funcionando, podem
ser feitas através do treino cognitivo com o objetivo de manter e expandir essa capacidade
de reserva, evitando assim, o declínio cognitivo, por isso devem manter-se sempre ativos.
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1.3.4. Resolução de problemas e criatividade

O envelhecimento populacional tem propiciado uma mudança na perceção dessa fase, a


qual, mais recentemente, passou a ser visualizada como um período que pode ser
vivenciado de forma saudável e com qualidade de vida. Nesse contexto a criatividade tem
sido reconhecida como uma característica que pode contribuir para um envelhecimento
bem-sucedido. A mudança de compreensão do processo de envelhecimento, como uma
fase que pode ser vivenciada de maneira saudável e positiva tem englobado, dentre os
vários aspectos, a criatividade como um diferencial. A substituição daquela compreensão
de velhice como uma fase marcada somente por perdas se mostra urgente, a fim de que
políticas voltadas à manutenção do bem-estar dos idosos possam ser planeadas e
oferecidas para a população. De modo geral, a investigação da criatividade e
envelhecimento têm apresentado resultados divergentes. Algumas pesquisas mostram que
quando não há declínios na memória de trabalho, os idosos podem demonstrar criatividade
como os indivíduos mais jovens. Além disso, o tipo de criatividade também se mostraria
diferente nessa idade, sendo marcada por produções mais reflexivas e introspetivas,
apoiadas na experiência subjetiva, nas experiências anteriores do sujeito, baseada na
resolução de problemas do dia a dia e no emprego de estratégias focadas na resolução de
problemas. É comum encontrar exemplos de pessoas que alcançaram seu auge criativo na
velhice.

Para tomar nota:

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III – A SEXUALIDADE E O AMOR

21. Fatores que influenciam a mudança de comportamentos

2.1.1. A crise da Menopausa e da Andropausa

A menopausa é o momento que marca o fim dos ciclos menstruais. É diagnosticado depois
de 12 meses sem menstruação. A menopausa pode acontecer antes dos 50 anos, mas a
idade média é de 51 anos.
A menopausa é um processo biológico natural. Mas os sintomas físicos, como ondas de
calor e sintomas emocionais da menopausa, podem atrapalhar o sono, diminuir a energia
ou afetar a saúde emocional. Existem muitos tratamentos eficazes disponíveis, desde
ajustes no estilo de vida até terapia hormonal.

Nos meses ou anos que antecedem a menopausa (perimenopausa), a mulher pode


experimentar estes sintomas:

• Períodos irregulares
• Secura vaginal
• Ondas de calor
• Arrepios
• Suor noturno
• Problemas de sono
• Mudanca de humor
• Ganho de peso e metabolismo lento
• Cabelo ralo e pele seca
• Perda de plenitude mamária

Os sinais e sintomas, incluindo alterações na menstruação, podem variar entre as


mulheres. Muito provavelmente, sentirá alguma irregularidade na menstruação antes que
ela termine. Frequentemente, os períodos menstruais ficam ausentes um mês e retornam,
ou ficam ausentes por vários meses e depois iniciam os ciclos mensais novamente por
alguns meses. Os períodos também tendem a acontecer em ciclos mais curtos, por isso
são mais próximos. Apesar dos períodos irregulares, a gravidez continua a ser possível.

Até a década de noventa, o climatério feminino era tema raramente abordado, tanto na
literatura científica quanto na leiga. A maior parte das mulheres entrevistadas afirmou que
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a menopausa devia ser vivida de forma discreta e silenciosa. Os sentimentos dessas


mulheres em relação à menopausa eram, em grande parte, negativos decorrendo
principalmente das alterações corporais que costumam ser características dessa fase.

A partir do final dos anos noventa as publicações a respeito da menopausa aumentaram


consideravelmente. O aspeto emocional dessa fase, no entanto, continuou pouco
discutido. Uma forma de abordá-lo, que parece promissora, é considerar a fase de
menopausa como um momento de “crise de desenvolvimento” (crise caracterizada pela
mudança das tarefas psicológicas e dos papéis sociais). O papel da informação também é
fundamental nesse processo, uma vez que as mulheres lamentam desconhecer as
alterações orgânicas e emocionais características desse período, alterações essas que
podem ser de grande impacto na auto-estima das mulheres. Os “grupos informativos sobre
menopausa” têm-se mostrado uma excelente opção para a veiculação dessas informações
e neles, é essencial o papel do psicólogo cognitivo-comportamental.

A denominação “andropausa” surgiu como um paralelismo à menopausa (quando os


ovários da mulher deixam de produzir óvulos, no final do período fértil reprodutivo) e são
ambos caracterizados por uma diminuição da produção de hormonas sexuais.
Na menopausa os níveis de estrogénio (hormonal sexual feminina) diminuem de forma
mais abrupta e, após esse acontecimento, a mulher deixa de poder ter filhos. Na
andropausa, os níveis de testosterona sofrem igualmente uma redução, embora mais
gradual: segundo a International Society for Sexual Medicine, a partir dos 30 anos estes
níveis vão diminuindo 1% por ano, processo que se prolonga por vários anos, embora
possa conseguir ter filhos até uma idade avançada.

Sintomas da Andropausa
•diminuição da libido (desejo sexual)

•disfunção erétil

•redução do tamanho dos testículos

•diminuição da força, da massa muscular e da densidade óssea (osteoporose)

•inchaço das mamas (ginecomastia)

•alterações do tecido adiposo, com maior concentração de gordura na zona


abdominal

•perda de pelos corporais


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A diminuição dos níveis de testosterona pode ainda ter impacto na qualidade do


sono (insónia ou mais sonolência) e provocar distúrbios do humor (diminuição da
capacidade intelectual, ansiedade e depressão) e fadiga. Em muitos casos, os sintomas da
andropausa podem ser aliviados através de mudanças do estilo de vida, tais como a
adoção de uma alimentação saudável e a prática regular de exercício físico, que podem
ajudá-lo a manter-se forte e com energia, a prevenir a perda de massa muscular, a dormir
melhor e a melhorar o humor. Noutros casos, o médico pode optar pela terapia de
reposição de testosterona, que pode ajudar no alívio de alguns sintomas, melhorando a
libido, a depressão e a fadiga. Este tipo de tratamento pode ser feito através de injeções,
emplastros, entre outros. Contudo, tal como qualquer tratamento, apresenta riscos (como
risco aumentado de apneia do sono, ataque cardíaco e de acidente vascular cerebral) e,
por isso, o médico especialista deve avaliar, caso a caso, a relação risco-benefício.

A menopausa e andropausa, como crise, envolve potencial para superação. Esse potencial
inclui a oportunidade de novas experiências e a aquisição de novas habilidades e
comportamentos. Qualquer que seja o fator desencadeante da crise, seja a menopausa, a
andropausa ou outro, o potencial para mudança varia de pessoa para pessoa,
dependendo, naturalmente, da história de vida de cada uma e de seus padrões cognitivos.

2.2. A sexualidade depois dos 60 anos

A sexualidade é uma faceta da afetividade. É uma forma de comunicação, através da qual,


nos aproximamos da pessoa amada. É uma necessidade do ser humano, cuja dinâmica e
riqueza deve ser vivida plenamente. A OMS define saúde sexual como: “integração dos
aspetos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser humano sexual, em formas
que enriquecem e realçam a personalidade, a comunicação e o amor.” As pessoas com
mais de 60 anos de idade estão cada vez mais saudáveis e ativas. Dentre os aspetos
relacionados à temática da terceira idade, a sexualidade é um ponto fundamental, porém
ainda pouco abordado.
A sexualidade é vista por parte dos idosos sob uma nova ótica. Há uma maior relação com
o afeto. A intensidade do desejo sexual pode ser substituída por uma relação emocional de
cuidado e carinho pelo parceiro, na qual a vida sexual é colocada em segundo plano e um
senso de companheirismo fica em evidência. O sexo na terceira idade, traz satisfação
física, reafirma a identidade e demonstra o quanto cada pessoa pode ser valiosa para
outra, estimulando sensações de aconchego, afeto, amor e carinho.
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A sexualidade desempenha um papel de destaque ao longo do ciclo vital, permanecendo


na velhice, porém de uma nova forma, a depender das características da pessoa. A alegria
de viver do idoso depende também da expressão sexual e afetiva. O direito ao amor e à
sexualidade não são apenas dos jovens. Isto é um tabu em torno do amor e da
sexualidade na terceira idade
O envelhecer não implica uma fase assexuada, mas outra etapa no processo da
sexualidade humana. O fato de haver diminuição na frequência das atividades sexuais não
significa o fim da expressão ou do desejo sexual, mas sim uma transformação da energia
sexual, que deixa de ser
quantitativa e passa a ser qualitativa. Isso significa que, com a chegada da terceira idade,
os momentos de intimidade passam a representar maior importância para a pessoa.

A sexualidade é influenciada por fatores fisiológicos, éticos, socioculturais, religiosos e


psicológicos. Sendo assim, é importante considerar a sexualidade do idoso como um todo,
uma vez que se trata de um processo natural e saudável.

2.3. Amor e sexualidade na pessoa idosa

Aspetos que podem influenciar a vida amorosa e sexual na terceira idade

Fator fisiológico: O envelhecimento pode estar relacionado a doenças degenerativas,


porém esse não deve ser associado à incapacidade. A doença poderá minimizar e até
mesmo impedir o relacionamento amoroso ou o interesse sexual em qualquer fase do
desenvolvimento. O amor e a sexualidade mantêm-se por toda a vida, apesar das
mudanças fisiológicas, que, por sua vez, afetam homens e mulheres de maneiras distintas.
As mudanças fisiológicas percebidas na terceira idade não justificam a perda da atividade
sexual, sendo importante uma readaptação às mesmas,voltando a atenção para a
qualidade sexual e o envolvimento afetivo.

Fator psicológico:
marcado por uma série de fatores que influenciam diretamente a sexualidade do idoso. Há
evidências de que a psique desempenha um papel de grande importância na determinação
do amor e do impulso sexual dos idosos.

Fator cultural
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A compreensão dos papéis, funções e costumes sexuais da sociedade são imprescindíveis


para se entender o comportamento sexual do idoso, uma vez que acabam por adotar
estereótipos apresentados pela sociedade em que estão inseridos.
Os costumes sociais podem reprimir o desejo que o idoso sente de continuar com uma
vida sexual ativa e alimentam crenças que perpassam ao longo dos anos.
Os aspetos culturais têm influência direta no comportamento humano, uma vez que
vivemos em um meio onde as pessoas ainda carregam muitos preconceitos. Os
preconceitos levam a uma série de tabus que se consolidam com o passar do tempo. Por
ex, para o senso comum, existe a ideia de que o idoso não tem desejo ou vida sexual.
Dessa forma, tenta-se negar a existência da sexualidade do idoso, por se achar
insignificante a ideia de que uma pessoa idosa possa ter desejos sexuais.
As pessoas esquecem que sexualidade é também afetividade que é essencial ao ser
humano.O sexo em todas as idades é, geralmente, uma ligação entre duas pessoas, de
ordem física e emocional e que não muda com a chegada da terceira idade.

Fator religioso
Nos dias atuais, o discurso sobre sexualidade tornou-se mais amplo e passível
de discussão, entretanto, ainda é possível perceber resistência por parte dos idosos
em relação ao sexo de maneira geral. Algumas pessoas, apoiadas nas suas crenças
religiosas podem sublimar ou desviar esta para outras atividades ou apetências, praticando
e desfrutando de uma sexualidade sem conflitos. Entretanto, se nos ativermos às
investigações sociais, a maioria deles vive sentindo-se culpada por transgredir esses
códigos que não lhes abrem a porta da sexualidade digna, própria da sua idade. Os
aspetos religiosos que orientam a conduta de algumas pessoas grande influência na vida
da população de modo geral, podendo-se citar com grande ênfase
as pessoas da terceira idade e muitos autores defendem que os líderes religiosos podem
transmitir o ensinamento de que a sexualidade é um dom para que as pessoas sejam
felizes.
A partir da ideia de que a sexualidade é percebida como algo necessário e inerente ao ser
humano, entende-se que o ato sexual e a sexualidade estão presentes em todos os
momentos da vida, não devendo ser excluídos durante a terceira idade, que é um
momento de contato e prazer importante para o ser humano em todas as etapas da vida.
A expressão “vou viver tudo e aproveitar enquanto não fico velho”, é muito comum nos
diálogos de jovens e adultos que colocam na terceira idade o rótulo de inutilidade e
enfraquecimento. Essa inverdade acaba por se propagar e traz a ideia errada de que a
sexualidade na terceira idade é errada ou não acontece. Entretanto, para os idosos, esse
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momento de vida pode ser percebido de forma mais afetiva, tornando a relação sexual
mais carinhosa, afetuosa.

Para tomar nota:

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Bibliografia
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Manual Técnico, Ed. IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano, 2007
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Instituto da Segurança Social, 2005.
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2007.
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aspetos influenciadores, Ciências Biológicas e de Saúde, 2020.
Cerqueira, M., Imagens do envelhecimento e da velhice: um estudo na sociedade portuguesa,
Dissertação de Doutoramento em Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro, 2010
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Sites Consultados

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https://unric.org/pt/envelhecimento/´´

Simões, C. “Velhice: realidade vivida ou imagem sofrida?”


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http://cassiopeia.esel.ipleiria.pt/esel_eventos/files/
1808_Celia_Simoes__Painel_3__427f842fab6c6.pdf

Siqueira, R.Idadismo: Crime de preconceito que fere a dignidade de profissionais 40+.


https://medium.com/@renatho/idadismo-crime-contra-profissionais-com-mais-de-40-anos-
966a39d3fcdc

Gorvet, Z. como a personalidade muda conforme se envelhece?


https://www.bbc.com/future/article/20200313-how-your-personality-changes-as-you-age

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